Na Telinha - Frozen: Uma Aventura Congelante

17 de janeiro de 2020

Título: Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)
Elenco: Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff
Gênero: Fantasia/Animação/Musical
Ano: 2013
Duração: 1h 42min
Classificação: Livre
Nota:★★★★★
Sinopse: Acompanhada por um vendedor de gelo, a jovem e destemida princesa Anna parte em uma jornada por perigosas montanhas de gelo na esperança de encontrar sua irmã, a rainha Elsa, e acabar com a terrível maldição de inverno eterno, que está provocando o congelamento do reino.

Ok, sei que essa crítica está com um atraso de uns seis anos, mas, com o lançamento de Frozen 2, resolvi postar as críticas na sequência, pra ficarem bonitinhas e organizadas aqui no blogdoce.

Frozen é a 53° animação musical dos Clássicos Disney inspirado no conto de fadas A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen. Apesar de bastante modificado, o longa vai contar a história de Elsa e Anna, as irmãs reais de Arendelle.

Elsa, a irmã mais velha, nasceu com poderes mágicos e é capaz de criar neve, gelo e provocar geadas, e o passatempo preferido das meninas era criar neve nas mais diversas formas para poderem brincar. Porém, numa dessas brincadeiras, Elsa fere Anna, a irmã mais nova, acidentalmente, e seus pais logo buscam ajuda de Pabbie, o rei Troll, para que Anna pudesse ser curada. Para evitar maiores problemas, a memória de Anna é alterada por Pabbie para que ela esqueça de tudo ligado à magia da irmã, elas são separadas e o castelo fechado a mando do rei, até que Elsa conseguisse controlar seus poderes. Com medo de ferir a irmã, Elsa fica isolada, mas Anna não entende o motivo do afastamento já que não se lembra do acidente e nem dos poderes de gelo.

Alguns anos se passam, as meninas já são adolescentes, mas acabam perdendo os pais num naufrágio. Quando Elsa completa 21 anos, ela se prepara para ser coroada como Rainha de Arendelle, momento mais do que esperado por Anna, que, finalmente, iria poder reencontrar e se reaproximar da irmã. Mas, durante a festa, as duas acabam discutindo, Elsa perde o controle e expõe seus poderes em público, causando espanto em todo mundo. Com medo de ferir as pessoas por considerar que seus poderes são perigosos, Elsa foge para as Montanhas do Norte se exilando do próprio reino, mas não sem antes instaurar um inverno eterno na cidade, sem querer. Anna não quer perder a irmã mais uma vez e nem quer deixar Arendelle congelada, então ela parte atrás de Elsa para que ela possa voltar pra casa e também desfazer a maldição.
No meio do caminho, Anna vai conhecer Kristoff e sua rena Sven, além de Olaf, o boneco de neve criado por Elsa que ganhou vida tornando a jornada uma verdadeira aventura.


Antes de mais nada, Frozen é um espetáculo visual. Os tons em azul e branco do cenário, que se remetem ao gelo e a neve, se contrastam com as cores fortes e coloridas das roupas ou das características físicas dos personagens formando uma combinação de cores de encher os olhos.
Como sempre, não poderia faltar musicas num clássico da Disney, e todas as músicas são divertidas e marcantes, principalmente o fenômeno Let it go que virou hit mundial. É a música cantada por Elsa, quando ela se exila, se liberta de sua "amarras", se aceita como é, e vai morar sozinha num castelo de gelo construído por ela mesma. Até hoje eu fico emocionada quando ouço - e canto - essa bendita música, sério.



Elsa é uma personagem incrível, é justa e bondosa, mas é uma vítima de sua condição já que ter crescido com tanta repressão e isolamento, e por ter sido levada a acreditar que seus poderes eram uma maldição, a fez ter medo de machucar os outros o tempo todo, e ela não consegue entender isso porque ainda não sabe lidar com a ideia de que o amor é o que transforma, e não o medo.


Anna é divertida e corajosa, mas muito impulsiva. Depois de ter passado tantos anos sozinha, ela se tornou muito carente e toma decisões sem pensar nas consequências, como ficar noiva de Hanz, um cara vindo das Ilhas do Sul que acabou de conhecer, ou sair sozinha no escuro em meio a nevasca atrás da irmã. Se não fosse por Kristoff e Sven, que a ajudaram, ela estaria lascada. Mas Anna mostra que tem um coração enorme, e tudo o que ela quer é ajudar os outros e ficar bem ao lado da irmã que ela tanto ama, mesmo depois do afastamento.


Os personagens secundários são ótimos, mas não são muito explorados. Olaf, o boneco de neve criado por Elsa, encanta qualquer um com sua fofura e seu jeito engraçado de ser e de encarar a vida, principalmente quando seu maior sonho é aproveitar o calor do verão. Um boneco de neve debaixo do sol é, no mínimo, hilário.

Kristoff não é príncipe, é meio desajeitado, é pobre e ganha a vida vendendo gelo (e a cidade ter ficado congelada arruinou seu negócio), seus únicos amigos são Sven e os trolls da floresta, ele não tem muito jeito com as mulheres, e as cenas das pequenas brigas que ele e Anna têm são bem engraçadinhas. E por mais que a aproximação entre os dois sugira um provável romance, o foco aqui não é esse.


Vou ser sincera em dizer que a trama em si é bastante simples e até previsível, principalmente no que diz respeito ao "vilão" (que não é bem um vilão, só um ganancioso e oportunista que obviamente não teria vez). A parte da fantasia podia ser melhor trabalhada, assim como algumas origens explicadas para que não ficássemos boiando. Os trolls, por exemplo, aparecem como seres mágicos (e pesados) que ajudam o rei e a rainha, e acolhem Kristoff quando ele ainda era uma criança (mas sem explicações do que aconteceu com ele pra ter ficado sozinho no mundo sendo tão pequeno e só ter Sven como companhia), mas não há maiores informações de onde vieram ou o que fazem, de fato. A falta da explicação das origens dos poderes de Elsa, que é a única em todo o reino que tem poderes, só faz com que a gente fique na expectativa para continuação nos esclarecer isso.

Mas, apesar de alguns buracos, o que fica evidente, e o que acabou revolucionando as animações das Princesas da Disney e contrariando estereótipos, foi o fato de que o amor verdadeiro não precisa ser necessariamente algo lindo e romântico entre um casal, ou com um príncipe encantado e destemido que aparece pra salvar a princesa em apuros, mas o amor fraternal entre duas irmãs, que é o sentimento mais forte e verdadeiro que há aqui.


No mais, Frozen é uma animação surpreendente, seja pelo visual com tons que se destacam, cheio de brilhos e texturas, pelas belas canções memoráveis, ou pela ideia da liberdade e do amor entre irmãs ser o grande fio condutor da trama. Não é a toa que o longa foi record de bilheteria, faturou bilhões e ainda foi indicado ao Oscar e ganhou como Melhor Canção Original e Melhor Animação.
Você quer brincar na neve?

1984 - George Orwell (Edição Especial)

14 de janeiro de 2020

Título: 1984 (Edição Especial)
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Distopia/Romance/Clássico
Ano: 2019
Páginas: 544
Nota: ★★★★★
Sinopse: "1984" não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar para o cenário antevisto em 1984 , o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de mobilizá-las pela humanização do mundo.

Resenha: No final de 2019 a Companhia das Letras lançou a edição especial de "1984"em comemoração aos setenta anos desde a primeira publicação. Mesmo tendo sido publicada em 1949, pouco antes da morte do autor, George Orwell, a obra continua sendo muito influente devido a crítica explícita ao totalitarismo e não deixa de ser um tipo de protesto contra os estratagemas do governo.


O mundo foi dividido em três superpotências que estão em guerra entre si desde sempre: Oceânia, Lestásia e Eurásia. A história se passa no ano de 1984, em Oceânia, uma sociedade estática, rígida e controlada pelo "Partido", cujo líder é um ditador "invisível", mas amado, reverenciado, idolatrado, nunca contradito e que, além de ser considerado um grande salvador, sempre está de olho você: O "Grande Irmão" (ou Big Brother).
É uma sociedade onde tudo é feito coletivamente mas, ao mesmo tempo, todos estão sozinhos, pois medo é um sentimento que domina a população, constantemente vigiada e controlada pelo Partido, seja no que diz respeito ao que vestem, ao que comem, ao que fazem e até mesmo ao que pensam. O Partido dita suas vidas, todos devem obedecer, e, se, porventura, alguém se opor, sofrerá todas as consequências possíveis e inimagináveis.

"Novafala" é a língua do país, que irá substituir a "Velhafala" até 2050. É uma linguagem desenvolvida para que as pessoas, em hipótese alguma, possam se opor ao Partido, e tudo seja direcionado a uma coisa só, a fim de extinguir opiniões diversas ou contraditórias sobre o governo, distorcer e canalizar o pensamento em uma única direção: a palavra absoluta e verdadeira do Grande Irmão.
O "duplipensamento" é um exemplo, e é definido como "o poder de sustentar duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando as duas." 2+2 nem sempre resultará em 4 pois isso depende do que o sujeito acredita, ou no que alguém o levou a acreditar.
"Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força"
- pág. 57
Através das "teletelas", as pessoas assistem paralisadas a um programa, "Dois Minutos de Ódio", patrocinado pelo Grande Irmão, cuja única finalidade é odiar e condenar tudo e todos que ousarem se opor ao Partido. Até as crianças agem como "fiscais", e aprendem a vigiar e entregar os próprios pais ao menor indício de comportamento suspeito ou inadequado que demonstrem.


Neste cenário aterrorizante, somos apresentados a Winston Smith, um homem beirando a meia idade, infeliz e medíocre, que trabalha em um dos Ministérios criados, o "Ministério da Verdade" (ou seria da Mentira?) e é responsável por manipular notícias, apagando verdades ou criando mentiras a favor da conveniência do Partido. Quem determina o que é verdade, ou não, é o Grande Irmão e ninguém mais... Mas Winston está cansado de se submeter a tudo isso, não concorda mais com toda essa ditadura e só quer ser um homem livre...
Eis que surge Julia, uma mulher de espírito livre, jovem e rebelde que não tem o menor interesse ou respeito pela política, vive desafiando o sistema e quebrando regras, mas que nunca foi descoberta, caso contrário já teria se tornado uma "despessoa" (alguém "apagado" da existência para que não haja nenhuma evidência relacionada a oposição, e consequentemente, algo que poderia comprometer os ideais do Partido se fosse à tona)... Winston se arrisca num romance proibido, e até criminoso, quando se depara e se deixa envolver intimamente com alguém bem diferente de sua ex esposa, que tem coragem para pensar e fazer tudo o que ele nunca teve, mesmo que escondido... Julia, de certa forma, representa a coragem, a alegria e a vida que Winston sempre sonhou, mas que nunca teria...
Outros Ministérios, como o Ministério do Amor, responsável por condenar e reprimir desejos ou aproximações mais íntimas, o Ministério da Paz, que tem controle sobre a guerra sem fim e a administra, e até o Ministério da Fartura, responsável pelo controle da alimentação da população, distribuindo as rações necessárias para a sobrevivência, são "departamentos" desse governo totalitário e opressor.

É difícil falar sobre a obra de forma resumida devido aos incontáveis elementos que ela possui. É necessário ler para que tudo seja entendido, absorvido e apreciado, e, por mais que seja chocante, intragável e inaceitável, é algo necessário para abrir os olhos de muitos que vivem estagnados, influenciados pelo que vêem, e entorpecidos, ou até enganados, por palavras fáceis, mas que nem sempre são compreendidas em sua totalidade...


Essa edição em particular está um espetáculo de linda. Além da capa dura e texturizada que parece ser um tipo de tecido, ainda conta com ilustrações que compõe um belíssimo ensaio visual de Regina Silveira, uma apresentação bastante esclarecedora da obra escrita por Marcelo Pen, vários modelos de capas (em cores) de diversas edições do livro que já foram publicados em diversos países nesses setenta anos, e algumas análises cirúrgicas feitas por alguns críticos da literatura, escritores, mestres e filósofos de renome.

1984 traz uma história pesada, cruel, complexa e perturbadora, e é capaz de fazer o leitor refletir acerca do poder totalitário e da manipulação a qual a sociedade está sujeita, mesmo que de forma inconsciente. O que vemos na TV é a realidade, ou o que querem nos impor como verdade? Somos cidadãos livres, ou estamos sob vigilância constante? Estamos acordando e fazendo algum progresso através de manifestações, ou o Estado se alimenta da ignorância do povo com propósito de deter e manter o poder?
É a imagem do autor para um futuro trágico, que mesmo ultrapassado há quase 30 anos, ainda é claramente perceptível nos dias de hoje aos olhos dos mais atenciosos...

A leitura dessa obra é indispensável, e para o velho e bom colecionador literário, essa edição é obrigatória.

Novidade de Janeiro/20 - Paralela

13 de janeiro de 2020

Ser Como o Rio que Flui - Paulo Coelho
Em Ser como o rio que flui, Paulo reuniu pensamentos e histórias que escreveu durante dez anos e mostra como a vida tem lições para nos dar nas mais simples, extravagantes e inesperadas experiências. Os textos são recheados de significado e escritos no estilo inimitável do autor. Um compilado sensacional de contos "reflexões que fiz enquanto percorria determinada etapa do rio de minha vida", como o próprio autor descreveria.
Espiritualidade, vida, ética e sua filosofia de vida são alguns dos temas abordados. O leitor é convidado a fazer uma emocionante jornada, captando nos detalhes do dia a dia valores essenciais para uma vivência mais feliz.

Novidade de Janeiro/20 - Penguin Companhia

Mulherzinhas - Louisa May Alcott
Mulherzinhas é considerado um dos livros mais influentes de todos os tempos. Ultrapassando a barreira das idades, esse romance é lido com a mesma paixão por adultos e jovens. A história das irmãs March se tornou um clássico feminista que reflete sobre a tensão entre obrigação social e liberdade pessoal e artística para as mulheres.
Cada leitor terá sua irmã favorita: a independente Jo, a delicada Beth, a bela Meg ou a artista Amy. Essas quatro mulheres e sua mãe, Marmee, enfrentam com diligência e honra as privações da Guerra Civil americana, e se tornaram um sucesso instantâneo já em 1868.

Novidades de Janeiro/20 - Companhia das Letras

As Pequenas Virtrudes - Natalia Ginzburg
Sem idealizações nem sentimentalismos, As pequenas virtudes é fruto de uma prosa límpida, aliada ao vigor típico dos escritores que, ao falar de coisas simples, revelam as questões humanas mais profundas. Nestes onze textos, a escritora italiana Natalia Ginzburg não faz delimitações entre as dimensões social e histórica, construindo uma obra singular e de raro afeto.
O livro é dividido em duas partes. A primeira se atém a deslocamentos – como o período em que a autora morou em Londres – e a retratos de duas figuras centrais em sua vida: o poeta Cesare Pavese, de quem ela foi amiga, e Gabriele Baldini, seu segundo marido. Na segunda, figuram ensaios poderosos, como "O filho do homem", uma avaliação das sequelas da guerra recém-terminada; "O meu ofício", em que Ginzburg explora as relações entre escrita e verdade íntima; e o texto que dá título a este volume, um elogio extraordinário às verdadeiras grandezas humanas.
Breve e imenso, simples e original, As pequenas virtudes é um livro inesquecível. Ao retratar uma vida marcada por perdas, desterros e humildes alegrias, Natalia Ginzburg constrói uma obra luminosa, cheia de carinho e de genuíno amor às pessoas e às palavras.

A Menininha do Hotel Metropol - Minha infância na Rússia comunista - Liudmila Petruchévskaia
Liudmila Petruchévskaia nasceu no Hotel Metropol, na mesma rua do Kremlin, sede do governo russo, em uma família de intelectuais bolcheviques que perderam grande parte de seu status social depois de 1917. Neste livro, a autora narra sua infância extremamente difícil: a constante falta de comida e aquecimento, os períodos passados na rua e as adversidades crescentes enfrentadas pela família.
À medida que ela desvenda sua criação itinerante, vemos, tanto em sua notável falta de autopiedade quanto nas fotografias ao longo do texto, seu instinto feroz e sua habilidade em dar voz a uma nação de sobreviventes. Um livro excepcional que fornece um vislumbre do dia a dia do regime comunista russo.

Corpo - Um guia para usuários - Bill Bryson
Em seu novo livro, Bill Bryson mais uma vez se mostra um companheiro incomparável ao nos guiar em um tour pelo corpo humano – como ele funciona, sua notável capacidade de se regenerar e (infelizmente) as várias maneiras pelas quais ele pode falhar.
Cheio de fatos extraordinários e anedotas irresistíveis, Corpo leva os leitores a um entendimento mais profundo do milagre da vida em geral, e de cada um de nós em particular. Como Bryson escreve, "A cada segundo, todos os dias, nosso corpo executa uma quantidade literalmente incalculável de tarefas – um quadrilhão, um nonilhão, um quindecilhão, um vigintilhão (porque essas quantidades existem); enfim, um número que vai muito além da nossa imaginação – sem exigir um instante da sua atenção." Este livro vai curar essa desatenção com doses generosas de assombro e informação.

A Barata - Ian McEwan
A frase de abertura de A barata, o novo livro de Ian McEwan, é um evidente tributo à mais famosa obra de Franz Kafka, A metamorfose: "Naquela manhã, Jim Sams, inteligente mas de forma alguma profundo, acordou de um sonho inquieto e se viu transformado numa criatura gigantesca".
Por meio dessa divertida inversão, McEwan cria a trama desta deliciosa sátira política. Nela, Jim Sams é um inseto que, do dia para a noite, assume a forma humana de primeiro-ministro da Grã-Bretanha.
Sua missão é realizar a vontade do povo, expressa na aprovação da Lei do Reversalismo, que pretende remodelar o funcionamento da economia: as pessoas pagarão para trabalhar e ganharão dinheiro por consumir. Além de radical, a medida criaria uma enorme complicação na relação do Reino Unido com os demais países. Trata-se, é claro, de uma engenhosa metáfora para o Brexit.
Mas nada poderá deter o primeiro-ministro: nem a oposição, nem os dissidentes de seu próprio partido, nem mesmo as regras da democracia parlamentar.

Tormenta - O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos - Thaís Oyama
De uma das eleições presidenciais mais polarizadas da história republicana, sai vitorioso Jair Messias Bolsonaro, ex-capitão do Exército que chegou a defender publicamente a tortura, autor de não mais que dois projetos de lei aprovados ao longo de 27 anos de mandato como deputado e merecedor de apenas três dos 512 votos de seus pares na última vez que tentou se eleger presidente da Casa, em 2017.
A partir de um rigoroso trabalho de reportagem, Tormenta revela como opera o governo do 38o presidente da República, que forças se digladiam entre as paredes do Palácio do Planalto e de que forma as crenças e os temores – reais e imaginários – de Bolsonaro e de seus filhos influenciam os rumos do país. O livro traz detalhes surpreendentes sobre a crise interna de seu mandato, revelando segredos dos generais que o cercam no Palácio, intrigas que corroem o primeiro escalão do poder e bastidores que não chegaram aos jornais.
Mais do que mostrar as peculiaridades e a dinâmica do governo de Jair Bolsonaro – e de nos situar no calendário dos atribulados primeiros 365 dias de sua gestão –, a narrativa de Thaís Oyama ajuda o leitor a compreender o ano que passou e a vislumbrar o que nos aguarda.

IT - Stephen King

10 de janeiro de 2020

Título: IT
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 1104
Nota:★★★★★
Sinopse: Durante as férias de 1958, em uma pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança... e do medo. O mais profundo e tenebroso medo.
Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permaneceu em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry.
O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Neste clássico de Stephen King, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.

Resenha: Derry é uma cidadezinha no Maine e a cada 27 anos a Coisa, uma criatura maligna e sanguinária, aparece. No verão de 1958, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly, as crianças que formam o Clube dos Otários, tentam impedir novos ataques depois de George, o irmão mais novo de Bill, ser morto brutalmente. Quase trinta anos depois, a Coisa retorna, e Mike, que continua em Derry, entra em contato com seus amigos a fim de reuni-los para que impeçam a Coisa de atacar novamente.

Vou ter que ser sincera em dizer que é meio impossível que um calhamaço de mais de mil páginas não tenha detalhes, trechos ou diálogos expositivos e desnecessários que parecem estar ali só pra engrossar o livro, afinal, quem mais além de Stephen King gastaria sei lá quantas páginas só para descrever um barquinho de papel? Mas a história em si, mesmo tendo sido escrita há mais de trinta anos, ainda é atual por abordar temas delicados que são pertinentes até hoje, e se desenrola de uma forma tão envolvente, conhecemos os personagens tão a fundo, que é impossível não ficarmos fascinados com a leitura e com esse universo envolto por puro horror, cenas de revirar o estômago e outros gatilhos bastante pesados.

A narrativa em si, no mínimo, curiosa, pois embora seja feita em terceira pessoa, é um "autor/personagem" quem está contando a história que transita entre a infância e a fase adulta dos personagens. Diferente dos filmes, que foram divididos entre as fases da vida dos personagens, o livro foi dividido em cinco partes, no início dá o contexto da história com a morte de George, se aprofunda na vida dos personagens já adultos e seguindo suas vidas nos anos 80, e depois retorna aos momentos da infância no final dos anos 50, intercalando a narrativa, mostrando flashbacks ou avançando no tempo, e tudo isso sem ser confuso
"O terror, que só terminaria 28 anos depois (se terminasse), começou, até onde sei ou consigo saber, com um barco feito de uma folha de jornal flutuando por uma sarjeta cheia de água da chuva."
- Pág. 13
King, como de costume, não deixa nenhuma vírgula de fora e descreve os mínimos detalhes a fim de não só construir cada personagem da história, assim como a ambientação para que o leitor possa visualizar tudo o que acontece.
A personificação do medo representado pela entidade mais apavorante da literatura (e do cinema) que aparece em forma de palhaço e outras coisas terríveis mais, é tenebroso e causa, no mínimo, alguns pesadelos na gente.

Como são muitos personagens não vou me alongar muito falando sobre cada um pra não deixar a resenha muito extensa, mas posso resumir a amizade deles como algo bastante crível. É construída aos poucos e se torna bonita e verdadeira. O terror acaba sendo responsável por unir e fortalecer o que eles têm juntos. Eles tem virtudes e defeitos como qualquer um, com o diferencial de algum ponto na personalidade que os destaca mais em relação ao outro.

Não me agradou muito a forma como Beverly foi construída pois ela acabou sendo sexualizada demais, mesmo criança, mesmo sendo abusada, mesmo sofrendo nas mãos do próprio pai. A gente fica esperando alguma coisa de feliz na vida dessa coitada, mas em vão. Não sei se isso era algo comum de ser retratado na época, mas achei desnecessário alguns detalhes sobre ela ser linda e chamar atenção de meninos e homens, além de uma cena ridícula em específico envolvendo elae  os garotos no esgoto que deve estar no livro depois de uma viagem nas drogas muito louca do autor, não tem condições.

Embora a Coisa seja uma criatura assustadora, são as cenas e as descrições de violência e abusos que me deixaram mais abismada. Não vou entrar em detalhes a fim de evitar spoilers, mas o que Henry em companhia de seus comparsas faz com os garotos do Clube dos Otários, ou mesmo com animais indefesos, ou o que Beverly passa com o pai (quando criança) e com o namorado (já adulta) é horrível, de embrulhar o estômago, de dar vontade de chorar e sair gritando. A maioria das cenas envolvendo Henry conseguem ser piores do que as da Coisa, e isso talvez mostre que ele é um tipo de antagonista que consegue ser tão perturbado e causar tanta desgraça na vida alheia que é um adversário à altura do sobrenatural de King quando o assunto é horror.

Derry é uma cidade construída de uma forma tão intensa que pode ser considerada um personagem junto com os demais. O comportamento da maioria dos habitantes é tão horroroso e tão carregado de todo tipo de preconceitos que a pior cidade mal assombrada do mundo parece um parquinho perto daquilo.

Sobre a parte impressa, a edição que li possui a jacket do capítulo dois do filme, mas a capa interna permanece a original. Letras miúdas também não poderiam faltar, mas o trabalho de diagramação em si é ótimo.

Enfim, depois de mais de mil páginas é difícil simplesmente não gostar. O livro tem algumas falhas, sim, mas é um livro de terror clássico e deveria ser leitura obrigatória para os fãs do gênero e do autor. Além das cenas terríveis, a história no geral fala de amizade, dos infortúnios da vida e sobre a batalha travada contra os piores medos das pessoas.