A Prometida - Kiera Cass

3 de dezembro de 2020

Título: 
A Prometida - A Prometida #1
Autora: Kiera Cass
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2020
Páginas: 344
Nota:★☆☆☆☆☠
Sinopse: Quando o rei Jameson se declara para a Lady Hollis Brite, ela fica radiante. Afinal, a jovem cresceu no castelo de Keresken, competindo com as outras damas da nobreza pela atenção do rei, e agora finalmente poderá provar seu valor.
Cheia de ideias e opiniões, logo Hollis percebe que, por mais que os sentimentos de Jameson sejam verdadeiros, estar ao seu lado a transformaria num simples enfeite. Tudo fica ainda mais confuso quando ela conhece Silas, um estrangeiro que parece enxergá-la ― e aceitá-la ― como realmente é. Só que seguir seu coração significaria decepcionar todos à sua volta…
Hollis está diante de uma encruzilhada ― qual caminho levará ao seu final feliz?

Resenha: A Prometida é o primeiro volume da duologia da autora Kiera Cass e publicado pela Editora Seguinte aqui no Brasil.

Lady Hollis Brite, embora nunca tenha tido muitas ambições, sempre fora muito cobrada pelos pais, que anseiam ter um status social de destaque. Tendo passado a maior parte de sua vida na corte, ela acompanhou de perto os vários interesses amorosos do rei Jameson Barclay, mas estava satisfeita com a posição entre os demais súditos e tendo sua melhor amiga, Delis Grace, como companhia. Até que um dia ela cai nas graças do rei, que deveria se casar em breve, o que faz com que os pais dela fiquem radiantes, as jovens da corte fiquem morrendo de raiva por desejarem seu lugar, e os lordes de Coroa não fiquem nada satisfeitos por não haver vantagens políticas nessa união. Hollis se torna o centro das atenções no castelo de Keresken, em Coroa, e até que está gostando dessa situação, principalmente porque sua vida mudou pra melhor, e o rei Jameson dava todos os sinais de que ela seria mesmo a futura rainha.

Silas Eastoffe e sua família vieram do reino de Isolte, que é governado pelo déspota Quinten. O reino não é seguro pra quem desagrada o rei Quinten, e os Eastoffe, por algum motivo qualquer, juraram fidelidade ao rei Jameson para permanecerem em Coroa. Quando os olhares de Silas e Hollis se cruzam, as coisas nunca mais serão as mesmas porque a paixão é instantânea... Sentimentos começam a surgir e a confusão toma conta de Hollis, afinal, ela estava feliz em ter agradado Jameson, estava feliz por que seria a rainha de Coroa, ou será que não?

Com tantos conflitos, as coisas só pioram quando o rei Quintem visita o rei Jameson para resolver questões reais. Ela pôde enxergar um lado de Jameson que ela não conhecia, e não ficou nada satisfeita... E agora? Como Hollis vai resolver essas questões sentimentais?

Primeiramente, por mais que eu tenha que reconhecer que essa capa é linda demais, não me agrada nada que ela combine com o padrão de capas (e até fonte de título) dos outros livros da autora que não tem nada a ver com este. Sempre vai ter alguém pra achar que tudo faz parte da mesma série, assim como teve gente que pensou que "A Sereia" fizesse parte da saga da Seleção, porque bate o olho na capa e já identifica que "pelo estilo ser o mesmo, deve ser continuação". Só que não.
Segundamente, e vou repetir pela milésima vez, eu odeio triângulos amorosos e não consigo entender qual a motivação para esse tipo de "conflito", principalmente quando existem tantas outras questões importantes que poderiam ser abordadas para tirar a protagonista da zona de conforto e deixá-la indecisa sobre algo ou alguém.
E terceiramente, nada me tira da cabeça que ficar na dúvida entre um pratão cheio de brigadeiros e uma barca de comida japonesa é uma questão muito mais séria e importante do que ficar indecisa dois machos que conseguem ser ainda piores do que a própria protagonista nos quesitos sem sal, sem carisma, sem personalidade e sem a menor graça, convenhamos.

Eu fico murcha e chateada quando gosto da autora, coloco altas expectativas num livro novo porque sei da capacidade incrível de criar histórias legais que ela tem, e a coisa toda é esse flop total. Com uma dessas a gente vê que por mais que a autora tenha ficado famosa e apareça gente que queira ler até a lista de supermercado que ela faça, nem sempre eles estão tão inspirados assim pra escrever alguma coisa decente e que faça o leitor ficar empolgado e feliz.

Dito isto, Hollis é aquela protagonista que faz a gente revirar os olhos num looping infitino por não ter nenhuma característica que a torne, no mínimo, interessante. Ela é sem graça, mimada, com conflitos nada a ver, se preocupa e fica deslumbrada demais com bobagens e futilidades, como danças, joias e vestidos, e parece viver as sombras da amiga, Delia. Isso não seria um problema se Hollis não fosse a bendita protagonista dessa história, não é mesmo? Delia tem muito mais camadas e história do que Hollis, e tudo isso fica bem mais evidente quando a amizade tóxica que surge entre elas por causa de amargura e inveja vem à tona. Delia não soube lidar com o fato de que não foi a escolhida do rei, e que a escolhida foi sua melhor amiga, logo, boa coisa isso não poderia dar, principalmente quando essa amizade de Chernobyl começa a ser romantizada fazendo com que a gente fique com vontade de meter uns murros nas duas e jogar o livro longe, de tanta raiva.

Talvez o que me fez tomar ainda mais antipatia de Hollis foi a "reviravolta" que ela sofreu, quando, do além, ela começa a se incomodar em ser tratada como objeto quando ela passou a vida inteira se comportando como um. Talvez isso soe um tanto machista, mas se ela passou a enxergar isso por causa de outro macho, a pergunta que fica é: em que supermercado vende bom senso pra essa completa loucura fazer algum sentido? Nada funciona nessa história. Nada faz sentido. As coisas acontecem sem uma explicação plausível, os personagens, talvez com exceção de Delia, são todos rasos e inúteis, os pais de Hollis só existem pra repreendê-la por causa de nada, e a cara de tacho durante a leitura é inevitável.
"Ah, mas um triângulo amoroso é fofo e movimenta a trama". Não. E esse talvez seja o pior que já vi na minha vida. Hollis fica entre dois pretendentes, Jameson, que oferece um "sonho" tão artificial quanto fantasioso (principalmente por não ter informações suficientes sobre o homem para sentirmos raiva ou empatia dele), e Silas, que não acrescenta e não fez nada de relevante na vida pra despertar esses sentimentos em Hollis somente com um olhar. Nem o motivo real sobre a sua fuga de Isolte é abordado, e o rei Quintel, que ao meu ver deveria ser o mais tirano ever, não passa de um velhaco que não serve pra nada.

Enfim, depois de ter ficado tão empolgada e emocionada com a Seleção, não esperava esse retrocesso por parte da autora, e isso foi muito frustrante pra mim. A sensação de decepção foi a que ficou e só lamento pelo tempo que investi nessa leitura. Não recomendo, infelizmente.

Resumo do Mês - Novembro Zen

1 de dezembro de 2020


Novembro passou voando e eu nem vi, mas, apesar de ter ficado atolada nessa casa com minhas obrigações, pelo menos o blog não ficou totalmente jogado as traças e teve uma mixaria de postagens.
Uma coisa boa que aconteceu é que, até que enfim, eu tive força pra aprender a jogar tarô depois de participar de um workshop bem legal. Eu sempre gostei desses assuntos mais místicos, mas sempre tinha alguém aqui em casa me reprimindo por alguma coisa que eu gostava, comprava ou fazia, dizendo ser bobagem e perda de tempo, então sempre fui adiando, sempre fui evitando fazer as coisas e deixando pra lá pra evitar a fadiga, mas acho que esse isolamento, no final das contas, serviu pra eu ver que se eu não puder fazer as coisas que eu gosto e que me fazem bem, eu estou lascada. Por que eu sempre tenho que abrir mão das minhas coisas pra agradar ou pra evitar conflito com os outros enquanto ninguém também cede, respeita meu espaço minúsculo ou aceita meus gostos? Já não basta o tanto que eu fico estressada em casa com as crianças me pondo louca, e eu aqui sem vida e 24hrs por conta delas ao mesmo tempo que tô o próprio pó do lixo humano? Acho que já deu.



Já tô fazendo meditações, colocando minhas pedrinhas e meus cristais pela casa, meu mensageiro dos ventos lá fora, caçando mandalas, arrumei um cantinho pros meus duendes na garrafa (Horácio, Petrúquio e Alfredo são as coisinhas mais lindas, gente), e acendi meu incenso pra espantar as energias negativas pra longe e ficar (ou seria voltar a ser?) o mais zen possível, obrigada. Acho que agora em Dezembro vou montar um pequeno altarzinho de luz. Pode parecer bobagem pra uns, mas é uma coisa que me dá uma paz e uma satisfação tão grande que ninguém tem noção. Então tô bem animada com essa fase que estou me permitindo resgatar e que sempre gostei desde que me entendo por gente.



Enfim... Acho que, mesmo que tarde, as coisas acontecem na hora certa, e se eu recebi esse "chamado" agora, vou aproveitar enquanto estou animada e tentar aproveitar ao máximo. Estou achando super interessante estudar sobre esse universo, principalmente por estar sendo uma boa de uma terapia pra mim. E já adianto que prevejo a coleção de decks, cristais e afins aumentando, pq cada hora descubro um mais lindo do que o outro, e quero todos que vejo pela frente... Me acuda e me dá dinheiro pra dar conta, Deus. Já não basta os popinhos.

No mais, aqui o que teve no bloguito esse mês que passou:

Resenha

Na Telinha
- Aggretsuko (3º temporada)

Games

♥ Wishlist

Caixa de Correio #105 - Novembro

30 de novembro de 2020

Novembro passou tão rápido que nem acreditei. Esse mês a caixa veio um pouco mais gordinha porque resolvi começar a estudar tarô então recebi um monte de decks, um mais lindo que o outro. Também veio livros lindos que já estou animada pra ler, fora os popinhos da wishlist da facada que não tem fim.

No mais, espiem só o que recebi esse mês:

Conectadas - Clara Alves

16 de novembro de 2020

Título: 
Conectadas
Autora: Clara Alves
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Literatura Nacional/LGBT
Ano: 2020
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento, e não se desgrudaram mais — pelo menos virtualmente. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um “pequeno” problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina.
Quanto mais as duas se envolvem, mais culpa Raíssa sente. Só que ela não está pronta para se assumir — muito menos para perder a garota que ama. Então só vai levando a mentira adiante… Afinal, qual é a chance de as duas se conhecerem pessoalmente, morando em cidades diferentes? Bem alta, já que foi anunciada a primeira feira de Feéricos em São Paulo, o evento perfeito para esse encontro acontecer.
Em um fim de semana repleto de cosplays, confidências e corações partidos, será que esse romance on-line conseguirá sobreviver à vida real?

Resenha: Feéricos é um jogo online que está em alta no momento, mas, devido ao machismo gratuito por parte dos garotos, ser uma garota nesse meio é uma tarefa muito complicada. Raíssa é viciada no game e sabe como é terrível a sensação da opressão e das humilhações que as garotas sofrem com esse posicionamento odioso, então ela decide criar um perfil fake para se passar por um garoto e ajudar as meninas que quiserem jogar também.
Ayla, uma garota doce e simpática que também estava sofrendo com esse machismo absurdo enquanto jogava Feéricos, mas quando conhece Leo, ela percebe que ele é bem diferente de todos aqueles babacas, e as diversas partidas que jogaram juntos, assim como as muitas horas de conversa fizeram com que eles ficassem bem amigos. Mas o que Ayla não sabe ainda, é que Leo é o fake de Raíssa...
Tudo estaria ok, afinal, elas moram bem longe uma da outra e não teriam a chance de se encontrar, mas quando a desenvolvedora do jogo anuncia um concurso de cosplay valendo ingressos para um grande evento que aconteceria em São Paulo, as meninas ficam bem animadas para participar. Mas, além de ter perdido o controle da situação, Raíssa se apaixonou por Ayla, e agora não consegue contar a verdade pra ela.

Com uma narrativa em primeira pessoa que se intercala entre as duas protagonistas, Conectadas é um livro que aborda a temática LGBT de uma forma leve, descontraída e um tanto real, mostrando os dois lados da história, principalmente ao se levar a reação da família frente a essa orientação em consideração, a medida que os sentimentos das personagens vão sendo explorados diante dessa situação. O romance adolescente é até bem fofinho, mas a questão da mentira, que vai virando aquela bola de neve, chega a dar agonia. Eu só imaginava a frustração e o desgosto eterno de Ayla por estar presa nesse "catfish". Sei que a intenção de Raíssa não era enganar ninguém, e inicialmente sua motivação para jogar como Leo era bem nobre, mas a coisa vira um desastre tão grande que a vontade é de pegar a menina pelo ombro e dar uma sacudida mandando ela resolver logo esse problemão pra evitar decepções e sofrimento.

No mais, a escrita da autora é bem sensível, explorando personagens com muita representatividade que vão viver uma história cheia de altos e baixos nesse mundo gamer e nerd (que eu particularmente curto muito já que também gosto de jogar online), mas que traz uma mensagem muito bonita e importante sobre amor próprio, inseguranças, autoconhecimento e aceitação. Acho que é uma leitura muito válida e importante para o público mais jovem, tanto pela história se passar num cenário do qual a maioria já está bem familiarizada, quanto pelas questões levantadas de forma tão natural que, com certeza, muitos leitores e leitoras vão se identificar.

Games - Anna's Quest

12 de novembro de 2020

Título: Anna's Quest
Desenvolvedora: Daedalic Entertainment
Plataforma: PC
Categoria: Simulação/RPG
Ano: 2015
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Anna's Quest é um jogo de aventura gráfica de 2015 desenvolvido e publicado pela Daedalic Entertainment. Segue a personagem-título Anna, enquanto ela tenta escapar de uma bruxa má e salvar seu avô moribundo. Com sua telecinese, uso incomum de instrumentos de tortura, habilidade para o improviso e a ajuda de uma raposa sombria, ela segue seu caminho dos picos da Montanha de Vidro à masmorra mais profunda.

Anna é uma garotinha que mora com o seu avô numa fazenda cercada por uma floresta bastante sombria. Ela sempre foi orientada por ele a não se aproximar da floresta, pois lá vivem criaturas malignas e perigosas. Essa preocupação do avô de Anna já começa a gerar curiosidade, pois não sabemos o que essas criaturas fazem e porquê.



Até que, misteriosamente, o avô de Anna fica muito doente e, apesar dela ter prometido pra ele que não iria até a floresta, ela decide atravessá-la para chegar ao vilarejo e conseguir algo para ajudá-lo, mas no meio do caminho ela é sequestrada por uma bruxa má que a prende numa torre a fim de realizar alguns experimentos para ativar um suposto poder telecinético que ela nem sabia que possuía, e é aí que o jogo começa, pois Anna precisa fugir dali o quanto antes, mas não sem antes resolver alguns enigmas que vão se encaixando e liberando novas coisas pra serem feitas.



Assim, lembrando o estilo de jogos de scape rooms mas com toques bem leves e coloridos que lembram uma historinha de conto de fadas infantil, Anna's Quest é um jogo de aventura point & click, bem bonito visualmente e com um plot muito interessante. Inicialmente os puzzles que devemos resolver para avançar os capítulos são simples, e com a ajuda do tutorial as coisas parecem ser bem fáceis. Mas, a medida que o jogo avança é preciso se atentar em muitas dicas e pistas a fim de fazer as combinações improváveis de itens a serem usados ou fazer as escolhas certas e nada óbvias para seguir adiante. O nível de dificuldade aumenta e algumas dessas tarefas não são muito claras, e a ideia de ficar muito tempo preso sem saber o que fazer e sem sair do lugar causa muita frustração no jogador.
Mesmo que a história seja rica e interessante, ela é longa, as coisas vão sendo reveladas aos poucos, há muito diálogo, muito texto e pra quem gosta de ir direto ao ponto, pode não gostar desse detalhe porque requer MUITA paciência.



No mais, com personagens cativantes, um visual bem convidativo e uma trilha sonora incrível, Anna's Quest mistura mistério com bom humor enquanto desafia o jogador com seus quebra cabeças tão simples quanto inteligentes.

Na Telinha - Aggretsuko (3ª temporada)

9 de novembro de 2020

Título: Aggretsuko (アグレッシブ烈子)
Temporada: 3 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix/Sanrio
Elenco: Kaolip e Rarecho (death metal voice), Sohta Arai, Rina Inoue, Shingo Kato, Maki Tsuruta, Komegumi Koiwasaki, Yuki Takahashi, Chiharu Sasa
Gênero: Anime/Drama/Comédia
Ano: 2020
Duração: 15min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Retsuko vive momentos difíceis no mundo corporativista, tendo uma pitada de humor e muita música death metal. A mistura do anime animou o público e o transformou em um dos mais populares da plataforma de streaming.

Depois de um longo ano esperando, até que enfim a Netflix liberou a terceira - e tão esperada - temporada de Aggretsuko, e já começo falando que, mais uma vez, a temporada superou minhas expectativas, e só me resta torcer para que em breve haja uma bendita confirmação de que irão produzir a quarta. Pelo amor de Deus, Netflix, nunca te pedi nada.

Pra quem ainda não conhece, Retsuko é uma pandinha vermelha de vinte e poucos anos, escorpiana, que trabalha como contadora numa grande empresa. Ela libera todo o seu estresse e fúria de ter que lidar com as frustrações e desgostos do trabalho cantando o mais escandaloso death metal num karaokê após o expediente.



Dessa vez, Retsuko já começa a temporada viciada num game virtual que proporciona o romance dos sonhos. O que ela demora a entender é que o jogo estava consumindo e prejudicando sua vida. Ela não estava mais dormindo, seu rendimento no trabalho estava abaixo de zero, e a coitada começou a gastar todo o seu dinheiro pra ter "vantagens" no namoro com alguém que não existe a ponto dela ir praticamente a falência, a viver de biscoito com água. Sem coragem de contar pros outros sobre a furada financeira que se meteu para pedir socorro, ela não sabe o que fazer para conseguir mais dinheiro pra pagar as próprias contas e nem enxerga nenhuma solução, até ela causar um pequeno acidente batendo o carro alugado que dirigia no carro do Sr. Hyodo, um leopardo (?) bastante rígido e misterioso que vai querer que Retsuko pague pelo conserto com um dinheiro que ela não tem. E é justamente por não ter esse dinheiro que ela começa a trabalhar - sem receber - como contadora para o Sr. Hyodo, que é empresário do OTMGirls, um grupo de idols em ascensão.



E partindo dessa premissa e mudando um pouco os ares típicos das temporadas anteriores, a 3º temporada vai se desenvolvendo trabalhando as questões e os dilemas pessoais de Retsuko, que, deixando um pouco a sua vida no escritório de lado, foca nesse "bico" no mundo das subcelebridades que estão buscando reconhecimento e sucesso. E como sua válvula de escape é praticar o bom e velho death metal no karaokê, talvez esse dom da pandinha vermelha venha a ser bastante útil para os negócios do Sr. Hyodo. O que Retsuko não esperava era que talvez a habilidade que ela fazia questão de manter em segredo, seja aquilo que a faça se encontrar e se sentir aceita, por mais diferente que seja, logo ela passa a ter mais controle sobre as coisas que ela quer e passa a se impor. Tem coisa mais libertadora do que soltar um grande e sonoro NÃO em vez de fazer o que os outros querem contra a nossa vontade, só pra agradar?



Os demais personagens mais relevantes e próximos a Retsuko também são mais bem trabalhados nessa temporada. Seus arcos acabam estando diretamente ligados a ela e coincidem com alguma escolha que ela faz. Gori, umas das melhores amigas de Retsuko, investiu num aplicativo para casamentos e Retsuko poderia ser uma ótima cobaia para testá-lo. Haida teve muito mais espaço nessa temporada. Ele continua apaixonado por Retsuko, mas a aproximação dele com Inui, uma colega de trabalho em comum, faz com que ele fique dividido e passe a fazer questionamentos sobre seus sentimentos. Vale a pena continuar esperando ou investindo em alguém que só o vê como amigo?



Talvez pegando o gancho da popularidade do k-pop, essa temporada adentra nos assuntos que remetem a esse mundo, mostrando como esses idols lidam com fãs, com stalkers, com as críticas e com a própria vida financeira que começa a alavancar de repente. E enquanto uns são mais pé no chão, tentando ir com calma, outros querem entrar de cabeça e seja o que Deus quiser. Logo, mostra um pouco dessa geração atual, e unido isso aos outros personagens e ao tema ligado aos fatos da vida adulta da série, é impossível não ter um personagem com alguma característica que faz com que alguém se identifique.