Caixa de Correio - #111 - Maio

31 de maio de 2021

Maio foi um mês bem bom, chegou muita coisa boa pra aproveitar e quase todas as minhas leituras estão em dia. Com os popinhos desse mês fechei o set de Friends, e essa é uma coleção que dá aquela sensação de zerar a vida. Dos pops de Harry Potter, ainda estou sonhando com o pop da Molly com A Toca, mas o preço está tão estratosférico e fora da minha realidade que talvez vai ser um pop que vai ficar de fora da coleção, pra minha tristeza. Sem condições de pagar quase 2 mil num único pop quando as coisas estão tão difíceis, principalmente porque preciso comprar algumas coisas aqui pra casa e esse dinheiro já compraria boa parte do que falta, a menos que eu parcele de mil vezes e fique um ano sem comprar mais nada, coisa que me deixaria arrasada, cá entre nós. Então, dos mais acessíveis, estou esperando o correio trazer o Patrono do Professor Lupin (junto com algumas princesas Disney), que é uma gracinha. E logo logo deve chegar o Patrono da Professora Minerva aqui no Brasil pra me fazer gastar mais um pouco, fora os outros lançamentos que estão por vir. Colecionador de Funko Pop de Harry Potter não tem um minuto de paz nesse car*lho.

Fechando a Saga dos Corvos, consegui o último volume dessa série e fiquei super feliz quando descobri que existe um deck de tarô inspirado nela, o The Raven's Prophecy Tarot. Mesmo que não seja um deck pra iniciantes como eu, é muito bonito, então tive que comprar pra coleção porque sim, e como pretendo ler ao longo do ano, vou trazendo as resenhas assim que possível e quem sabe algumas fotos das cartas junto.

Espiem a caixinha desse mês:

Novidade de Maio - Seguinte

8 de maio de 2021

Destruidor de Mundos - Destruidor de Mundos #1 - Victoria Aveyard
Ano após ano, Corayne assiste sua mãe, uma célebre pirata, partir para o alto-mar e desbravar todos os reinos de Todala, sem jamais poder acompanhá-la. Quando um misterioso imortal e uma assassina de aluguel aparecem dizendo que ela é a última descendente viva de uma poderosa linhagem – e a única pessoa capaz de salvar o mundo de um perigo iminente –, ela aproveita a chance para ir em busca de sua própria aventura.
O problema é que o perigo é muito maior do que ela imaginava: um homem sedento por poder, determinado a reabrir os portais que, no passado, levavam para outros mundos, povoados por criaturas sinistras. Com a ajuda de um grupo de bandidos e maltrapilhos, Corayne terá de provar que o heroísmo pode surgir até nos lugares mais inesperados.

Novidade de Maio - Suma

Não Existe Amanhã - Killing Eve #2 - Luke Jennings
Em um quarto de hotel em Veneza, onde acabou de concluir um assassinato de rotina, Villanelle recebe um telefonema tarde da noite.
Eve Polastri, a funcionária do governo inglês que está em seu encalço há meses, conseguiu rastrear um oficial do MI5 a serviço dos Doze e está prestes a levá-lo a interrogatório. Enquanto Eve se prepara para procurar respostas, tentando desesperadamente encaixar as peças de um terrível quebra-cabeça, Villanelle avança para o abate.
O duelo entre as duas mulheres se intensifica, assim como sua obsessão mútua, com a ação passando dos altos picos do Tirol até o coração da Rússia. Eve enfim começa a desvendar o enigma da identidade de sua adversária, e Villanelle se pega correndo riscos cada vez maiores para se aproximar da mulher que pode ser sua ruína.
Um thriller cheio de descrições chocantes e também sensuais, Não existe amanhã é brilhante ao narrar a mente psicótica de uma assassina e a caçada apaixonada de sua nêmesis, aproximando duas rivais a ponto de não saberem mais se estão uma contra a outra... ou mais unidas do que nunca.

Isso que a Gente Chama de Amor - Maurene Goo

7 de maio de 2021

Título:
Isso que a Gente Chama de Amor
Autora: Maurene Goo
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 304
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Desi Lee acredita que tudo é possível, basta ter um plano. Foi assim, com método e disciplina, que se tornou a aluna mais brilhante do colégio e uma atleta talentosa. É apenas no amor que Desi nunca se dá bem, colecionando uma sucessão de desastres quando se trata de garotos.
Depois de protagonizar mais um desastre na frente de Luca, um jovem recém-chegado à cidade que logo atrai seu interesse, a garota passa um fim de semana assistindo a k-dramas, certa de que os finais felizes só existem nas novelas coreanas que seu pai tanto ama. É aí que ela se dá conta de que naquelas histórias também existe uma fórmula, um passo a passo que ela poderia seguir – e conquistar Luca.
Em pouco tempo, sua vida se transforma em um enredo digno de um dorama. Mas ao contrário do que acontece na TV, isso pode não ser o suficiente para ela alcançar seu final feliz...

Resenha: Desi Lee está no ensino médio e é a aluna exemplar. Desde que perdeu a mãe na infância, todos os passos da sua vida passaram a ser calculados pra nada sair errado, então Desi sempre tem um plano. E como resultado disso, além do sucesso nos estudos, ela é uma atleta excelente e falta pouco pra alcançar seu objetivo de entrar na faculdade de medicina. Mas, mesmo que o pai de Desi seja admirável, afinal, foram só os dois cuidando um do outro desde a morte da mãe, e suas amizades sejam ótimas, não se pode dizer o mesmo quando o assunto é amor... Nessa área Desi é um desastre completo.

Então, depois de mais um desastre, dessa vez na frente de Luca Drakos, um jovem artista recém chegado a escola que logo lhe chamou a atenção, ela decide maratonar K-dramas num final de semana, afinal, somente num seriado dramático coreano parece ser possível se ter um final feliz nessa vida. Mas, ao identificar um padrão nos K-dramas, onde parece existir uma "fórmula" seguida pela mocinha até que ela caia nos braços do seu amado, Desi, enfim, encontra a solução pro seu problema: Basta seguir uma lista de coisas a se fazer, que conquistar o crush vai ser batata. Mas, quando esse passo-a-passo realmente deixa de ser um joguinho a se transforma em sentimentos, ela percebe que o amor vai muito além do que ela assistiu nas séries de TV.

A escrita da autora é leve, fluída e descontraída, e a ideia de acompanharmos a protagonista em capítulos curtos numa tentativa desastrada de conquistar o garoto dos seus sonhos seguindo técnicas de K-drama é muito engraçada, mas, seguiu por um caminho diferente do que eu esperava e eu fiquei só o meme da Nazaré Tedesco.

Durante boa parte da trama acompanhamos Desi tentando colocar em prática um plano que a gente sabe que nunca ia dar certo, e sua obsessão em conquistar Luca, mesmo que sua intenção seja "nobre", chega a ser preocupante e assustadora. Ela exagera em alguns momentos se colocando em risco, passa cada vergonha que só Deus pra ter misericórdia, age de forma infantil (mesmo que lá no começo tenha passado a impressão de ser super madura e inteligente), e ainda abre mão de coisas super importantes pra vida dela, incluindo o próprio bom senso, em nome de um namoro com um menino que apareceu há poucos dias e ela nem conhece direito. E vamos de terapia, porque Desi fica completamente maluca e até o próprio Luca conseguiu chegar facilmente nessa conclusão. Coitado do menino. Se eu pudesse dar um único conselho pra ele seria FUJA!

Luca é um fofo em todos os sentidos, bonito, educado, realista, desenha muito bem, mas é um pouco traumatizado com esse lances sentimentais (e com razão), o que acaba dificultando o plano mirabolante de Desi de conquistá-lo. Não vou negar que a conexão que eles desenvolvem com o tempo vai ganhando mais consistência, mas é aquela história né? Adolescentes, trama clichê baseada nos k-dramas exagerados e surreais, situações inacreditáveis, o ditado sobre a mentira ter pernas curtas... É aquele tipo de livro que deve ser lido fantasiando os fatos, sem levar realmente a sério, senão a experiência só faz a gente passar ódio com tantos absurdos, porque a vontade é de pegar a Desi pelo braço e sair arrastando ela direto pro hospício. E ao final, eu fiquei esperando que houvesse algum tipo de lição onde os personagens realmente aprendessem com seus erros depois de se meter em tantas situações malucas e até perigosas, mas não rolou e fiquei com cara de tacho.

Posso dizer que adorei o pai de Desi e o relacionamento super bacana que ela tem com ele, assim como seus amigos, Wes e Fiona, que estão junto com ela pro que der e vier. A construção e a diversidade que a autora deu pra esses personagens e seus relacionamentos (com exceção da loucura com Luca) é super legal. Apesar de não ser fã de k-dramas e cultura coreana em geral, eu achei muito legal a forma como a autora inseriu esses elementos na história, desde os próprios k-dramas até a culinária oriental (o que dá fome só de pensar), então pra quem não conhece muito desse universo, a história já desperta essa curiosidade, e a lista de k-dramas ao final já é um primeiro passo.

Apesar de não ser exatamente o que eu esperava, o livro me rendeu alguns momentos de diversão e descontração (assim como de raiva e desespero), então, caso você aí tenha ficado curioso, leia sem criar muitas expectativas e ciente de que Isso que a Gente Chama de Amor é a "ficção da ficção", e que tudo aqui é de mentirinha.

Loira Suicida - Darcey Stenke

6 de maio de 2021

Título:
Loira Suicida
Autora: Darcey Stenke
Editora: Paralela
Gênero: Romance
Ano: 2021
Páginas: 184
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Marco do feminismo libertário americano, Loira suicida é uma espécie de diário no qual a jovem Jesse registra sua incursão pelos domínios mais baixos da San Francisco dos anos 1990. Filha de um ministro da igreja luterana, a protagonista do romance abre mão dos valores de classe média para seguir, ao lado do namorado gay, uma peregrinação por um submundo feito de drogas, bebida e sexo. Influenciada por todo um cânone de escritores marginais (Georges Bataille, Jean Genet, Alexander Trocchi, William S. Burroughs etc.) e dialogando com a literatura queer e noir dos anos 1980 e 1990 ― e com autores como Virginie Despentes, Eileen Myles, Jean Rhys, Marguerite Duras, entre outros ―, Darcey Steinke arma uma história a um só tempo melodramática e mordaz, honesta e intensa, em que os labirintos do desejo se chocam à euforia de uma época que parecia começar a girar irremediavelmente em falso. Um romance vigoroso sobre uma mulher e os descaminhos de uma furiosa busca por encontrar o seu lugar no mundo.

Resenha: Loira Suicida, escrito pela autora americana Darcey Stenke, é considerado um clássico por ter se tornado um marco do feminismo. O livro foi publicado pela primeira vez em 1992, e agora, em 2021, foi publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
A história se passa na San Francisco dos anos 90 e retrata Jesse, uma mulher de 29 anos, filha de um ministro da igreja luterana e da mulher submissa a ele, que larga a vida tradicional pra adentrar o submundo das drogas, das bebidas e do sexo depois de perceber que Bell, com quem ela divide o apartamento, está totalmente apático e alheio ao "relacionamento". E a partir daí começa a sua "peregrinação" pelo submundo da cultura queer em meio aos seus próprios conflitos internos.

A história é narrada em primeira pessoa, a escrita é poética e possui descrições um tanto reveladoras - e até perturbadoras - sobre a natureza humana, na maioria das vezes em meio a cenas deprimentes.
Jesse está claramente deslocada nesse universo de ruas desertas e pessoas arruinadas que estão "longe da salvação". Os personagens que estão ao redor de Jesse (e a própria) são quebrados, com questões mal resolvidas, alguns tentando se encontrar, outros fingindo terem se encontrado, e outros tentando se autodestruir. Não nego que esses personagens são bem estereotipados, mas ao mesmo tempo que eles causam fascínio, também causam uma certa repulsa por serem tão bizarros, detestáveis e hedonistas, e achoa que todo mundo conhece alguém do tipo. A história traz a ideia de que esses personagens jamais irão encontrar a redenção que, porventura, estejam buscando em suas jornadas.

Jesse é obcecada por Bell e acredita que ele é o amor de sua vida. O problema é que Bell, sendo bissexual, está arrasado por Kevin, seu primeiro amor, estar prestes a se casar com a noiva, e Jesse no momento é a última preocupação que ele tem interesse em lidar.
Logo surge Pig, uma mulher reclusa, excêntrica, obesa e milionária que pede ajuda de Jesse para encontrar a jovem Madison. Madison, cujo passado está entrelaçado com o de Pig, é uma stripper que convida Jesse para um cenário sádico, violento e de autodestruição. E tentando lidar com sua frustração de perder o namorado (?), ela resolve que deve "punir" Bell, adentrando esse mundo e se tornando uma "garota má" pra mostrar o que ele está perdendo. E talvez a ideia da autora seja fazer com que o leitor sinta pena de Jesse por se rebaixar dessa forma, mas só senti o contrário e não me comovi, e nem todos os pensamentos super atuais sobre amor, vida e morte que foram inseridos dentro desse contexto me fizeram ter empatia por ela. Jesse foi a única responsável pelos seus problemas, afinal, foi ela que escolheu seguir esse caminho. Ela tenta ser aquela mulher feminista forte e moderna, mas se perde em sua apatia e nos próprios fracassos. É triste se prender a alguém que não tem nada a oferecer.

Como a história é narrada pelo ponto de vista de Jesse, acabamos limitados à sua percepção das coisas, mas Madison acabou sendo uma personagem muito mais interessante do que a própria protagonista e foi impossível não querer saber mais sobre ela.

A capa do livro traz a foto de Candy Darling (Candy Darling on her deathbed), a musa de Lou Reed e atriz trans que trabalhou ao lado de Andy Wahrol, em Hollywood, e viveu numa época marcada por preconceitos da sociedade. Darling morreu de câncer aos 29 anos, e a foto tirada por Peter Hujar, nos anos 70, foi tirada poucos dias antes de sua morte. 

O livro não tem nem 200 páginas, mas demorei por volta de um mês pra terminar de ler. Talvez não seja o tipo de leitura que vá agradar a todos devido a escrita mais rebuscada, e por mais suave e interessante que seja a ideia da autora em levar o leitor a uma Califórnia tão moderna quanto decadente para acompanhar as perturbações de Jesse, não é uma leitura que flui muito facilmente, mas ainda sim é válida pelas mensagens que passa. O problema é que, pra mim, a história fica tentando chegar num lugar e nunca chega, e quando termina, parece que ainda falta algo mais.

Em suma, Loira Suicida traz uma história melancólica sobre a tentativa de se manter o coração puro quando o amor e todo o resto são contaminados por perdas e sonhos destruídos. É praticamente um hino à solidão.

Games - We Become What We Behold

5 de maio de 2021

Título:
 We Become What We Behold
Desenvolvedores: Nicky Case, Mismatch Studio
Plataforma: PC
Categoria: Indie/Casual/Point-and-Click
Ano: 2016
Classificação Indicativa: +16
Jogue grátis: NCase
Nota: ★★★★★
Sinopse: We Become What We Behold (Nós nos Tornamos o que Vemos) é um jogo de 5 minutos que analisa como a mídia social amplia pequenas diferenças em monstruosidades grosseiras. É um jogo apartidário sobre política, examinando o horror da natureza viral da divisão e do tribalismo.
Um jogo sobre ciclos novos, ciclos viciosos e ciclos infinitos...



"Nós nos Tornamos o que Vemos."
Nós moldamos nossas ferramentas e então nossas ferramentas nos moldam.
Marshall McLuhan
(erroneamente atribuído)

Aviso: o jogo contém cenas de esnobismo, grosseria e assassinato em massa.

Recentemente descobri a existência desse mini game enquanto procurava um joguinho novo na Steam, e logo já chamou minha atenção. O título é curioso, a arte e a animação são bem simples mas super bonitinhas, ele só dura 5 minutos pra ser finalizado, e ainda é de graça. E como se isso já não fosse bom demais, ainda deixa uma reflexão importantíssima e super necessária sobre a loucura da sociedade.

Basicamente, o jogo é um tipo de experimento social onde existe uma TV no meio de um determinado espaço, e sempre que vemos alguém com um comportamento diferente, tiramos uma foto. Essa captura aparece nessa TV como forma de "notícia", as pessoas que estão passando por ali observam, e acabam sendo influenciadas pelo que estão vendo.
Pelo formato da cabeça, esses bonequinhos são divididos entre os redondos e os quadrados, demonstrando, talvez, a diferença de raça, gênero, ideologia, ou qualquer outra coisa do tipo que torna as pessoas diferentes umas das outras.



Sendo assim, quando um carinha aparece usando um chapéu, algumas pessoas são influenciadas a entrar nessa "moda", e logo começam a usar o tal chapéu. Em seguida, aparece um casal apaixonado, mas a demonstração de afeto em público causa repulsa, e logo eles são escorraçados dali.
É onde começa a intolerância...



Não demora a aparecer um maluco surtado no meio do povo, brigando e gritando com todo mundo, e ele é um quadrado. O redondo, muito assustado, começa a ficar com medo de qualquer quadrado que apareça, o que faz com que os quadrados fiquem desconfiados e insatisfeitos com essa "generalização", afinal, foi um caso isolado de surto, os outros quadrados não tem nada a ver com isso... Mas a sementinha da discórdia foi plantada, e a cada novo clique que vai pra bendita TV, a situação piora e ninguém mais quer saber de nada a não ser briga, nem quando há uma tentativa de se fazer paz, afinal, a violência é muito mais "interessante".



Mesmo que tenha sido criado há 5 anos atrás, eu fiquei abismada em como um joguinho tão curto e simples consegue demonstrar a realidade da sociedade atual de uma forma tão verdadeira e inteligente.

Não vou me estender ou dar mais detalhes sobre cada "notícia" que aparece pra não dar spoilers e nem estragar a experiência de ninguém, mas We Become What We Behold é um joguinho extremamente realista, que traz uma crítica e uma representação cirúrgica acerca da influência da mídia, que faz com que pequenas diferenças sociais se tornem bizarrices, e de como a sociedade se comporta a partir daí. O final é chocante e, ao que tudo indica, é pra onde a humanidade está caminhando...

Sério, tirem 5 minutinhos do seu tempo e experimentem um pouquinho desse choque de realidade clicando aqui.