Título: Venha o que vier (Any Way the Wind Blows) - Simon Snow #3 Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2021
Páginas: 560
Nota:
★★★☆☆
Sinopse: Em Sempre em frente, Simon Snow e seus amigos perceberam que tudo o que sabiam sobre o mundo podia estar errado. E em O filho rebelde, eles se perguntaram se o que estava errado era o que sabiam sobre si mesmos.
Em Venha o que vier, Simon, Baz, Penelope e Agatha procuram um jeito de seguir em frente.
Para Simon, isso significa decidir se ainda quer fazer parte do Mundo dos Magos ― e, se não quiser, o que isso representa para seu relacionamento com Baz?
Enquanto isso, Baz está dividido entre duas crises familiares e sem tempo algum para compartilhar com alguém seus novos conhecimentos sobre vampiros. Penelope adoraria ajudar, mas trouxe um americano normal para Londres e não tem ideia do que fazer com ele. E Agatha? Bom, Agatha Wellbelove já está farta de aventuras.
Venha o que vier leva os quatro amigos de volta à Inglaterra e à Watford e às suas famílias. Cada um a seu modo, todos estão prestes a viver a aventura mais longa e emocionalmente dolorosa de todos os tempos.
A conclusão dessa saga, que começou como uma história sobre o Escolhido, chega revelando segredos, dando as respostas que faltavam e resolvendo todos os mistérios. Venha o que vier é um livro sobre colocar um ponto-final nos lugares certos, sobre catarse e conclusão, sobre escolher seguir em frente apesar dos traumas e dos triunfos que tentam nos definir.
Resenha: Não sei se daqui uns anos Rainbow Rowell vai inventar de escrever mais um volume pra incrementar essa, até então, trilogia, mas enquanto isso, bora considerar que este é o fim.
Recapitulando: A trilogia é uma fantasia YA e LGBTQI+ que traz um universo mágico a lá Harry Potter onde Simon Snow e Basilton Pitch (ou Baz) são inimigos declarados que, em meio a uma guerra iminente contra um poderoso vilão terrível, descobrem ser almas gêmeas.
No segundo volume, algumas maluquices acontecem e, depois de derrotar o mal e ganhar uns "adereços" com isso, Simon se afunda na própria tristeza, e nada que alguém faça ajuda a criatura a sair da fossa, mesmo que eles embarquem numa viagem cheia de aventuras com direito a perseguição de vampiros e outros perigos mais.
Nesse terceiro volume, onde eles estão de volta a Londres, o leitor é levado a acompanhar os personagens em suas trajetórias "particulares", onde Simon e Baz vão investigar o desaparecimento de um feiticeiro importante; Penelope e Shepard partem numa tentativa de quebrar uma maldição; e Agatha e Niahm vão salvar cabras encantadas.
E em meio a essas "missões", juntos, eles vão adquirir experiências, lidar com os próprios conflitos e descobrir mais sobre si mesmos.
A narrativa segue o padrão dos livros anteriores, em primeira pessoa, com capítulos curtos que se alternam entre os personagens, e é uma leitura bastante fluída pra suas quase 600 páginas. Mas, ao finalizar a leitura de Venha o que Vier, fiquei com aquela sensação de vazio e tempo perdido, porque não foi nada daquilo que esperei. Não digo que a leitura e a história foram ruins, mas a quantidade de informação irrelevante e desnecessária que encontrei aqui, e a quantidade de coisas que ficaram sem resposta, e ainda as outras que foram resolvidas em dois minutos, me fizeram acreditar que essa trilogia não precisava se estender desse jeito, e que a história poderia ter ficado só no primeiro livro, mesmo.
Talvez um dos maiores problemas foi a ideia do universo mágico, de Watford, que não teve desenvolvimento nenhum. Acho que o "cenário" dentro desse contexto importa, e se for apresentado ao leitor pra depois ser ignorado como se não tivesse importância nenhuma, deixa uma cratera na trama e aquela sensação de "tá, mas e aí??". É como se a autora tivesse se esquecido que começou um assunto e nunca mais finalizou aquilo ali. Os personagens não se importam com Watford, a própria comunidade mágica não liga pro lugar onde eles aprenderam tudo, e esse descaso com uma parte que, ao meu ver, deveria ser importante para a história, acaba não despertando o interesse do leitor também, só levanta alguns pontos de interrogação e faz a gente se questionar por que foi criada/mencionada se não seria trabalhada com o mínimo de profundidade. E o lance com os pais de Simon, que fiquei esperando uma conclusão mas só fiquei com a cara na poeira?
Não sei se posso dizer que questões que vieram sendo trazidas desde o primeiro volume foram totalmente resolvidas, porque algumas pontas continuaram soltas, e no final eu fiquei só o meme da Nazaré, mas posso afirmar com todas as letras que o toque de bom humor que a autora insere nas cenas e nos diálogos, principalmente os de Penelope e Shepard, e do próprio Baz com seu jeitão único, é algo que realmente instiga a gente a continuar a leitura, porque, embora aconteçam algumas coisas que nos deixe morrendo de ódio ou revirando os olhos pra sempre, a gente sabe que vai acabar rindo de alguma coisa e achando tudo muito fofo.
Esse terceiro volume deixou um monte de brechas pra se concentrar quase que exclusivamente nos relacionamentos dos personagens e resolver as questões entre Simon e Baz no que diz respeito aos seus problemas sérios de comunicação por causa da imaturidade e depressão de Simon, e mesmo que seus desfechos (apesar de corridos demais) tenham sido satisfatórios, mesmo que Simon finalmente tenha conseguido enfrentar e discutir os problemas em vez de sair correndo deles, faltou aquele algo mais. Uma coisa que não posso deixar de comentar é que além da autora levar muita coisa pro lado sexual entre o relacionamento dos protagonistas, parece que os finais felizes daqui obrigatoriamente precisam envolver hormônios e beijos apaixonados entre casais já existentes e/ou recém formados.
Um novo vilão que não se parece em nada com um vilão, a ideia de haver um novo escolhido só pro livro ganhar mais páginas, e a pobre da Agatha que não teve praticamente nada a acrescentar a não ser criar algumas pontes entre um problema e outro em volumes anteriores e agora revelando uma coisa que já era óbvia, acabaram me deixando um pouco desanimada. É meio brochante ler um livro cheio de capítulos que não fazem diferença pro enredo, ou com personagens que vem trazendo os mesmos problemas que vem se arrastando desde o primeiro livro. Talvez o que tenha me feito ficar realmente empolgada foram os capítulos de Penelope e Shepard, pois o plot deles é super legal, e é uma pena que não ganharam espaço o bastante.
Enfim, não vou dizer que fiquei super satisfeita com esse desfecho porque realmente algumas coisas deixaram a desejar. Continuo achando que se tudo tivesse ficado no primeiro livro seria muito melhor, mas já que chegamos até aqui, posso dizer que é, sim, uma leitura válida que estende nosso contato com personagens peculiares e muito queridos.