Review - Ishtar: Jardins da Babilônia

21 de setembro de 2022

Título: Ishtar - Jardins da Babilônia
Editora/Fabricante: Buró
Criadores: Bruno Cathalla e Evan Singh
Idade recomendada: 8+
Jogadores: 2-4
Nota:★★★★★
Descrição: Do premiado designer Bruno Cathala, Ishtar é um jogo no qual você faz o papel de um jardineiro com o objetivo de transformar o deserto nos Jardins Pendentes da Babilônia.
Para cumprir sua missão, você terá que plantar flores que, se bem colocadas, podem ajudá-lo a coletar pedras preciosas e assim ativar ações. Seja para comprar árvores (que bloquearão a conexão entre dois pontos de Flores, bem como para ganhar pontos) ou para comprar upgrades (como ganhar mais dois pontos por carta de árvore no final do jogo), colecionar pedras preciosas será crucial parte do jogo.
Pegue-as antes de seus oponentes, recrute aprendizes, envie-os para ganhar pontos nos bosques de flores que você criou, bloqueie os outros e pense cuidadosamente nos upgrades, se quiser se tornar o melhor jardineiro no final do jogo!

A história de Ishtar: Jardins da Babilônia já foi suficiente pra chamar minha atenção antes mesmo de eu saber como o jogo funcionava de verdade. A história, de forma bem resumida, gira em torno de um jardineiro que, ao ver o deserto sem vida, ficou tão triste que despertou a piedade da deusa Ishtar, que, comovida, usou as lágrimas dele pra criar fontes e levar água a esse deserto.

   

Basicamente fazemos o papel de jardineiros cuja missão é construir jardins sobre esse deserto, e, para isso, é preciso colocar peças de jardim no tabuleiro respeitando seu formato pra deixar tudo mais verde e bonito, controlar as fontes, expandir aquele território de acordo com o espaço disponível, recolher a joia dos espaços a serem cobertos, e usar essas joias pra pagar o preço das ações especiais que se pode ativar e ter algum benefício.

O jogo possui três tipos de tabuleiro diferentes: os tabuleiros individuais de jogador, o tabuleiro modular de deserto, e o tabuleiro de vasos com peças de vegetação e assistentes extras, que podem sem comprados posteriormente através da ativação de uma ação.

   

O manual é bem fácil de entender, e as regras sobre definições do que são jardins (o conjunto de peças de vegetação conectadas) e canteiros (os desenhos nas peças que contém folhas e flores que estão conectados), como é feita a colocações de peças (não é permitido ligar duas fontes através de um mesmo jardim e nem colocar peças sobre as escrituras sagradas) e assistentes (que colocados individualmente sobre um canteiro indica o controle que o jogador tem sobre ele), e como conseguir os bônus do tabuleiro individual pra melhorar a pontuação não tem muito segredo.
O jogo não promove confrontos diretos entre os jogadores, logo um canteiro controlado por um jogador não pode ser tomado por outro. A ideia é montar uma estratégia para criar um jardim ligado a uma fonte com o maior canteiro possível, restringindo os espaços disponíveis para que o oponente tenha mais dificuldades em colocar suas peças, ao mesmo tempo em que se coleta joias para comprar cartas de árvores, pontuar e ativar ações que trazem mais benefícios pro jogador.

   

Cada módulo de deserto traz vários espaços pra colocação de joias sendo que sempre haverá 7 joias roxas, 5 joias vermelhas e 3 joias brancas disponíveis pra serem coletadas. Sendo assim, cobrir os espaços vazios com vegetação, colecionar joias, plantar árvores e colocar os assistentes nos canteiros é bastante relaxante, e, por ter componentes muito bonitos, é muito bacana ver o jardim crescer e tomar forma, enchendo o tabuleiro de cor. Ao final, quando dois vasos de peças de vegetação se esgotarem, basta somar os pontos de acordo com cada ação realizada, e o jogador com a maior pontuação vence.

Todas as peças têm uma qualidade excelente, desde os meeples de madeira com cores bem vibrantes, e os cristais e as fontes de plástico. A gramatura das cartas e dos tabuleiros também é muito boa e fácil de manusear. O insert que acomoda os componentes dentro da caixa faz com que tudo caiba direitinho nos espaços sem que fiquem saindo do lugar.


Talvez o fato de o jogo não ter disputas mais agressivas, conquistas de território alheio ou qualquer tipo de conflito direto contra outro jogador, o jogo não agrade muito quem gosta de jogos que geram momentos mais calorosos e competitivos, mas pra quem procura um jogo mais fácil e tranquilo, que não é muito demorado, e que deixa qualquer um mais zen, é uma excelente pedida.

 

O que Dizem as Estrelas - Luly Trigo

19 de setembro de 2022

Título:
 O que Dizem as Estrelas: Contos Astrológicos
Autora: Luly Trigo
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Juvenil/Astrologia
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Todo mundo já ouviu falar que as pessoas do signo de câncer são choronas; as de touro, comilonas; as de libra, indecisas… Mas será que é apenas isso que os signos representam?
Nesta antologia, você vai encontrar doze histórias, cada uma acompanhando um protagonista de um signo solar diferente ― todos eles moradores do mesmo prédio, o edifício Cosmos. Ali, os conflitos são vários: mudança de casa, problemas na escola, desentendimentos com os amigos, romances surgindo e chegando ao fim… Enquanto mergulha nos dramas de cada personagem, você vai perceber que os signos do zodíaco são repletos de nuances, luzes e sombras, que podem nos ajudar a entender quem realmente somos.
Ao final de cada astroconto, você ainda encontra um texto explicativo sobre como a energia daquele signo pode afetar determinada área da sua vida ― afinal, todos temos um pouco de cada signo no nosso mapa.

Resenha: Publicado pela Editora Seguinte, O que Dizem as Estrelas é um complilado de doze contos, um pra cada signo do zodíaco, escrito pela autora Luly Trigo.

Aqui os personagens são moradores do edifício Cosmos. Cada um deles vai enfrentar uma situação diferente e lidar com elas de acordo com sua personalidade, cujo signo tem a devida influência. O conto em si abordar questões referentes à astrologia propriamente dita, nem dará informações estereotipadas sobre o assuntro, mas vai narrar alguma situação específica onde o personagem vai mostrar quem ele é a partir de suas atitudes, com suas qualidades e defeitos, vai se encaixando nas características do signo em questão enquanto surge alguma lição que o faça enxergar e tentar aprender com os próprios erros. Somente ao final do conto a autora inclui um texto se aprofundando um pouco mais nas características do tal signo e, aí sim, o leitor pode tirar as próprias conclusões e perceber como o comportamento e a personalidade da personagem fazem mais sentido considerando o zodíaco.

Logo no início a autora já deixa a observação sobre o livro não ser um estudo aprofundado dos signos e suas características, pois a ideia é oferecer uma história leve e divertida aos leitores, mas vou ser sincera em dizer que a pegada adolescente dos contos não me envolveu muito, principalmente pela maioria dos personagens serem um tanto imaturos e com dilemas que, pra mim, são bem fúteis. Mas isso também se dá pelo fato de eu ter nascido lá em meados da década de 80 e não fazer parte do público alvo do livro. Talvez, se eu ainda estivesse naquela fase de ler as Todateens e as Caprichos da vida, eu teria gostado muito mais.

Mas fora isso, como boa taurina que sou, paciente, zen e jovem mística que acredita nesse rolê todo, eu gostei muito da forma como a autora combinou as características dos signos com seus personagens e suas personalidades sem forçar nada, e tudo ser o mais natural possível. Fiquei imaginando a quantidade de livros que já li na minha vida e nunca pensei que um personagem se comporta de tal forma ou toma determinadas decisões por ter alguma influência astrológica. Acho que vou começar a reparar nisso agora e tentar fazer esse tipo de identificação XD

A leitura é leve e tem uma linguagem super fácil, os contos são curtos e eles trazem todo tipo de representatividade. Logo no primeiro conto, Áries, conhecemos Vivi e sua namorada Irena, que estão se desentendendo por Vivi ser muito mandona, querer controlar tudo e ficar irritada e emburrada quando um trabalho de escola feito em grupo não sai como ela gostaria.
No conto de Touro, Eloá é uma garota de quinze anos que anda chateada por ter saído do aconchego da casa onde morava no interior e ter se mudado com a mãe pra um apartamento na loucura da cidade, e agora anda sofrendo horrores por ter saído de sua zona de conforto e ainda ter que se desfazer de parte de sua coleção de livros que ela é tão apegada por falta de espaço. Eu te entendo, Eloá... Essa também sou eu.
Não vou me aprofundar em todos os contos pra resenha não ficar enorme, mas, basicamente, cada conto traz uma historinha onde a personalidade e comportamento dos protagonistas se encaixam com as características do signo em questão.

Uma observação é que no edifício há um personagem em comum que aparece nos contos, seu Gabriel, o porteiro do prédio. Esse "seu" de início me fez imaginar um senhor de uns 60 ou 70 anos, mas fiquei em choque que ele tem míseros 30.

O que Dizem as Estrelas é um livro juvenil, mas que pode muito bem ser indicado pra sair daquela ressaca literária, ou quando procuramos por algo leve e descontraído pra ler sem muitas pretensões. Independente do leitor acreditar ou não em signos, os contos são simples e esses detalhes astrológicos só vão servir como um elemento a mais pra quem gosta do tema e identifica essas características.

Review - Unicorn Fever

17 de setembro de 2022

Título: Santorini
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Lorenzo Silva e Lorenzo Tucci Sorrentino
Idade recomendada: 12+
Jogadores: 2-6
Nota:★★★★☆
Descrição: O que os seres não mágicos não sabem é que, sempre que aparece um arco-Íris, todos os unicórnios das redondezas param tudo o que estão fazendo e começam a correr ao longo dele, incapazes de resistir à vontade de mergulhar no pote de ouro que existe no fim do caminho. Milhares de anos atrás, algumas das mentes mais inescrupulosas e moralmente questionáveis do Reino Mágico perceberam que isso seria uma ótima chance de ganhar uma enorme quantia em ouro às custas desses seres puros e inocentes...
Em Unicorn Fever, os participantes assumem o papel de riquissimos apostadores que, buscando virar o jogo a seu favor, devem assinar contratos escusos e usar magia para manipular a corrida. Cuidado com seu ouro! É preciso usá-lo com sabedoria para não acabar devendo para a Máfia Élfica. Ao final da partida, o jogador que acumular mais glória será o vencedor!

Jogo de corrida onde apostamos todo o nosso ouro em unicórnios gorduchos de olhos esbugalhados em busca de glória? É a proposta de Unicorn Fever. O jogo me conquistou pelo visual, por ser todo colorido e cheio de detalhes, por ficar lindo demais na mesa, e comprei imaginando que ia ser a maior festa aqui em casa. E não me enganei, é realmente muito divertido e engraçado.

Basicamente o jogador começa sendo dono de um dos unicórnios, mas isso não o obriga a apostar somente no seu. Ser dono de um unicórnio vencedor apenas vai garantir uma recompensa extra, independente da aposta. Em seguida o jogador escolhe um dos seis unicórnios de corrida para apostar, podendo se basear nas suas chances de vitória ou não; escolhe o tipo de vitória que ele poderá ter, já que é possível escolher a vitória ou a classificação entre os três primeiros lugares, onde a premiação da primeira é maior do que outra; escolhe algumas fichas de vantagens que podem render cartas mágicas, contratos com seres mágicos ou ouro, onde algumas você consegue sem custo, e outras é preciso pagar; e de acordo com as chances previamente sorteadas que cada unicórnio tem, eles vão avançando a partir do número de casas que constam nas cartas de movimento, e ainda ganham um boost com a rolagem de dados para avançarem um pouco mais.



A medida que vamos virando as cartas de movimento para que os unicórnios avancem, começa o próprio Deus nos acuda, porque alguns vão ficando pra trás, outros vão voando como se não houvesse amanhã, e o uso das cartas mágicas é a única forma estratégica de se interferir nessa corrida, fazendo com que alguns unicórnios ganhem movimentos extras ou fiquem empacados. Também é possível obter algumas vantagens extras através de contratos firmados com seres mágicos, como fadas, bruxas, gnomos e afins. Não é obrigatório firmar contratos, mas não nego que pode fazer toda a diferença ao se somar os pontos no final. Uma coisa legal é que o unicórnio com menos chances de vencer fica em estado de frenesí (basta virar a carta do unicórnio pra indicar esse estado), o que garante um pouco de equilíbrio na corrida pra que ele não fique tão atrás dos outros.

A corrida segue por quatro rodadas, sendo possível que o jogador fique sem ouro para novas apostas caso aposte alto e perca, e precise recorrer a emprestímos com juros junto a máfia élfica. Ao final, o dinheiro acumulado durante as quatro rodadas é trocado por fichas de glória, e quem tiver mais glória é o vencedor dessa corrida maluca pelo arco-íris.



Como o jogo tem muitos componentes, montar o tabuleiro colocando tudo no lugar é um processo um pouco demorado, assim como ler o manual enorme quando vamos jogar pela primeira vez. São muitos detalhes, muitos itens pra se organizar, e a primeira jogada leva um tempo considerável pra gente aprender todas as dezenas de regras e se familiarizar com o jogo pra saber como começar. Confesso que a primeira vez que joguei eu não curti muito pois muitas coisas nas regras soam confusas e fiz várias coisas erradas, mas depois que peguei o jeito e entendi como se joga, a coisa fluiu muito melhor e foi infinitamente mais divertido, tanto pra mim quanto pras crianças.

As fichas e as cartas possuem uma textura agradável e são de uma qualidade muito boa, mas achei que o acabamento dos unicórnios deixou a desejar. Pelo menos na minha edição, eles vieram com várias falhas e alguns buracos ficaram evidentes dando a impressão de estarem com suas metades mal coladas e rachados ao meio, coitados, logo achei isso um ponto bem negativo levando em consideração o preço bem salgado que o jogo tem. A base colorida que eles usam pra ficarem em pé na corrida é removível (os unicórnios não cabem em seus devidos espaços na caixa se estiverem com a base), então dá pra usar qualquer cor em qualquer unicórnio. Talvez um dia eu crie coragem pra pintar todos eles e deixá-los como aparecem nas cartinhas.



Como em todo jogo de azar que envolve dinheiro e apostas, em Unicorn Fever a vitória depende muito mais da sorte do jogador do que de outra coisa, e isso pode ser um pouco frustrante, ainda mais jogando com crianças mais novinhas. Quando o jogador é desprovido de sorte e perde todas, o jogo acaba perdendo a graça, pelo menos pra ele.

No mais, o jogo rende muitas risadas, muitos xingos (eu xingando o unicórnio que não saía do lugar de corno foi o auge), muita empolgação e muita gritaria em nome da torcida. Como tudo depende de sorte, nem sempre aquele unicórnio que parece ser o campeão é quem vai mesmo vencer. Já vou providenciar bandeirinhas pra usar na torcida.

Morra por Mim - Luke Jennings

15 de setembro de 2022

Título:
 Morra por Mim - Killing Eve #3
Autor: Luke Jennings
Editora: Seguinte
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2022
Páginas: 216
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Morra por mim é uma história mordaz sobre amor e obsessão - conforme a ação se aproxima de seu desfecho avassalador, Eve e Villanelle terão que aprender a confiar uma na outra antes que suas diferenças as destruam.
A perseguição entre as duas adversárias letais aparentemente acabou. No entanto, os sentimentos que se desenvolveram entre Eve e Villanelle - tão sofisticados quanto mortais - estão longe de terminar.
Neste romance que encerra a trilogia, Villanelle busca enfrentar os demônios de sua infância e o inverno russo, e Eve se vê fugindo dos Doze, que a querem morta a qualquer custo. Em meio a uma história que vai de Londres a São Petersburgo, Eve e Villanelle, enfim, admitem sua mútua obsessão erótica, num jogo perigoso que se aproxima de uma conclusão letal.
Com uma narrativa elegante e precisa, Morra por mim é um desfecho brutal e frenético para a série de Luke Jennings.

Resenha: Morra por Mim é o último livro da trilogia Killing Eve que encerra essa saga de amor e obsessão entre Eve e Villanelle. Já adianto que essa resenha vai ter alguns spoilers, caso contrário é quase impossível escrever sobre, então se não leu nenhum dos livros, o aviso foi dado.

Após os acontecimentos do livro anterior, Eve e Villanelle agora estão juntas e prontas pra assumirem um relacionamento amoroso enquanto aprendem a confiar uma na outra depois de terem passado tanta coisa. Porém, no meio disso tudo, elas se tornaram alvo d'Os Doze, e um jogo ainda mais perigoso se inicia para as duas.

Tenho que ser sincera em dizer que a ambientação e a descrição de cada detalhe dos lugares onde a história se passa são excelentes e pelo livro ser curto, a leitura é bem rápida, mas nem tudo são flores, não é mesmo? Sabe-se lá Deus por qual motivo a narrativa sofreu uma mudança abrupta e desnecessária de terceira pra primeira pessoa, onde a história agora é contada sob o ponto de vista de Eve, e aquela mulher ingênua (porém inteligente que vimos nos outros livros), se mostrou uma idiota, e o relacionamento abusivo e doentio dela com Villanelle, além de ter surgido do completo nada, é insuportável e brochante. Essa mudança de personalidade sem a menor explicação faz parecer que quem leu perdeu alguma coisa no meio do caminho e não entendeu o que aconteceu direito.

Muitas coisas tiveram soluções convenientes que não fizeram sentido se compararmos com os outros dois livros, muita coisa ficou no ar, personagens secundários importantes pra história, que teriam tomado uma atitude em meio a todos os acontecimentos, simplesmente sumiram e azar, dentre outras patifarias. Se a ideia do autor era construir um romance verdadeiro e representar isso com duas personagens que se mostraram tão problemáticas, não funcionou pra mim. Amor e obsessão são coisas totalmente diferentes, e Eve ter se deixado levar por essa realidade tão atrativa quanto perigosa que Villanelle já estava acostumada, não justifica.
O ritmo dos acontecimentos oscila bastante nesse volume: às vezes está frenético, no meio do caminho acontecem algumas reviravoltas, às vezes fica bem lento, e às vezes acontecem coisas que surgem do além e que lembram uma fanfic tosca... Enfim.

Depois da empolgação com a melhoria da história no segundo livro, Morra por Mim veio pra estragar o que era bom. Só parece ter sido escrito pela mesma pessoa devido a famosa falta de propriedade do autor em abordar assuntos referente a sexualidade alheia que ele desconhece, e sua mania um tanto exagerada de descrever cenas eróticas gratuitas. Talvez seja melhor eu nem comentar sobre a tentativa fracassada de "inserir" o não binarismo numa personagem já existente de uma forma tão absurda que só reforçou a ideia de que o autor realmente não entende bulhufas e tem uma visão um tanto distorcida sobre esse tipo de representatividade. Talvez a intenção dele tenha sido a melhor, mas deveria ter alguma alma entendida do assunto no meio da produção pra avisar... Acho que se ele tivesse focado na ação, no suspense, na investigação e nas mortes, teria sido muito mais feliz. A escrita é boa, a leitura flui, mas o que eu li aqui foi algo que, infelizmente, conseguiu acabar com minha admiração pela história e pelas protagonistas, e só restou decepção. Triste.

Não Existe Amanhã - Luke Jennings

12 de setembro de 2022

Título:
 Não Existe Amanhã - Killing Eve #2
Autor: Luke Jennings
Editora: Seguinte
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2021
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em um quarto de hotel em Veneza, onde acabou de concluir um assassinato de rotina, Villanelle recebe um telefonema tarde da noite.
Eve Polastri, a funcionária do governo inglês que está em seu encalço há meses, conseguiu rastrear um oficial do MI5 a serviço dos Doze e está prestes a levá-lo a interrogatório. Enquanto Eve se prepara para procurar respostas, tentando desesperadamente encaixar as peças de um terrível quebra-cabeça, Villanelle avança para o abate.
O duelo entre as duas mulheres se intensifica, assim como sua obsessão mútua, com a ação passando dos altos picos do Tirol até o coração da Rússia. Eve enfim começa a desvendar o enigma da identidade de sua adversária, e Villanelle se pega correndo riscos cada vez maiores para se aproximar da mulher que pode ser sua ruína.
Um thriller cheio de descrições chocantes e também sensuais, Não existe amanhã é brilhante ao narrar a mente psicótica de uma assassina e a caçada apaixonada de sua nêmesis, aproximando duas rivais a ponto de não saberem mais se estão uma contra a outra... ou mais unidas do que nunca.

Resenha: Não Existe Amanhã é o segundo volume da trilogia Killing Eve e segue a partir de onde o livro anterior terminou, em Londres.
Vamos acompanhar Eve lidando não só com o que aconteceu no primeiro livro, mas com seu relacionamento meio conturbado e também com sua obsessão por Villanelle, que, embora esteja cada vez mais perto, faz mais e mais vítimas. Agora que Eve está em seu encalço, a assassina parece estar bem mais animada por saber que seus passos estão sendo seguidos por alguém tão boa no que faz, assim como ela. No decorrer da trama, Villanelle também fica atraída por Eve desencadeando uma obsessão mútua, e esse jogo entre as duas fica tão tenso quanto interessante.

Mantendo a narrativa em terceira pessoa, a escrita do autor continua bem fluída, direta e envolvente, com cenas de ação bem instigantes, criativas e que mantém o leitor preso à leitura sem saber pra quem torcer. Villanelle continua sendo aquela assassina implacável e cheia de glamour, porém parece estar começando a se envolver emocionalmente com seu trabalho (coisa que ela não fazia antes por agir sempre com frieza), e Eve agora está exposta a um mundo cheio de influência e muito luxo, totalmente diferente daquele que ela está acostumada a viver em casa e com o marido.

Acredito que esse livro seja um pouco melhor do que o anterior por ser mais dinâmico, ter toques de bom humor e explorar mais a mocinha da história. Sei lá se o fato de ser um homem escrevendo sobre personagens femininas e a sexualidade delas é uma coisa fora da "alçada", até mesmo porque no primeiro livro a coisa ficou bem exagerada, mas nesse segundo esse problema parece ter começado a ser resolvido e ficou mais leve e agradável de ler sem revirar os olhos.

Um ponto que acho bacana considerar é a ideia de que as duas protagonistas tem características e personalidades únicas que acabam se complementando e gerando uma química muito interessante de se acompanhar, além do desenvolvimento que elas vão ganhando a medida que a história avança. É nítido que se trata de uma relação obsessiva que se intensifica a cada nova descoberta de uma sobre a outra, e ver isso partir do lado de Eve, que está conhecendo um lado dela que ela não sabia que tinha, é bem instigante.
Villanelle mata e se sente viva com isso, mas ainda não parece ser o suficiente pra saciar essa sede. Ela anseia por missões mais perigosas, fica num estado de euforia ao saber que Eve está atrás dela e parece gostar de se colocar em risco agindo muitas vezes com imprudência.
O autor ter dado espaço pra explorar um pouco mais Os Doze e o que essa ordem parece representar foi bem satisfatório, mas ainda falta maiores detalhes e informações pra que esse quebra-cabeça se complete.

Pra quem gosta do gênero e curtiu o primeiro livro, Não Existe Amanhã traz muita ação, mistério, trama política, mortes, revelações e reviravoltas de tirar o fôlego, e drama na medida certa pra cativar o leitor e fazer com que ele queira ler o terceiro livro rapidinho.

Codinome Villanelle - Luke Jennings

10 de setembro de 2022

Título:
 Codinome Villanelle - Killing Eve #1
Autor: Luke Jennings
Editora: Seguinte
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2020
Páginas: 216
Nota:★★★★☆
Sinopse: Villanelle (um codinome, é claro) é uma das assassinas mais habilidosas do mundo. Uma psicopata hedonista, que ama sua vida de luxo acima de quase qualquer coisa... menos a emoção da caçada. Especializada em matar as pessoas mais ricas e poderosas do mundo, Villanelle é encarregada de aniquilar um influente político russo, e acaba com uma inimiga determinada em seu encalço.
Eve Polastri é uma ex-funcionária do serviço secreto inglês, agora contratada pela agência de segurança nacional para uma tarefa peculiar: identificar e capturar a assassina responsável e aqueles que a contrataram. Apesar de levar uma vida tranquila e comum, Eve possui uma inteligência rápida e aguçada - e aceita a missão.
Assim começa uma perseguição através do globo, cruzando com governos corruptos e poderosas organizações criminosas, para culminar em um confronto do qual nenhuma das duas poderá sair ilesa. Codinome Villanelle é um thriller veloz, sensual e emocionante, que traz uma nova voz à ficção internacional.

Resenha: Codinome Villanelle é o primeiro livro da trilogia escrita por Luke Jennings que deu origem ao seriado Killing Eve sobre Oxana Vorontsova (ou Villanelle), uma das assassinas de aluguel mais perigosas e habilidosas que já existiu, e Eve Polastri, uma ex-funcionária do serviço secreto inglês que se tornou agente de segurança nacional.
A história das duas se cruza quando Villanelle elimina uma das pessoas que Eve deveria proteger, e, quando ela dá início à investigação, Eve começa a descobrir outros assassinatos onde ela tem certeza que foram cometidos pela mesma psicopata. E agora que ela está encarregada de identificar e prender a criminosa, sua vida, antes tão normal, vira de cabeça pra baixo.

Narrado em terceira pessoa, vamos conhecer mais detalhes sobre a personalidade e as características das duas protagonistas, e o contraste entre as duas já fica bastante evidente. Embora o autor tenha dado mais espaço para a vilã e ao seu passado bem intrigante, é bem interessante acompanhar uma assassina fria e calculista que viaja o mundo caçando e eliminando pessoas, e leva uma vida bastante luxuosa quando está de folga, enquanto do outro lado temos uma investigadora dedicada, esforçada e um tanto sensível que, além de ter que lidar com seus dilemas pessoais, vai precisar lidar também com essa nova realidade envolvendo mortes e afins.

Vilanelle é uma mulher fatal, ela trabalha para os Doze, um grupo poderoso que recorre a ela quando algum serviço precisa ser feito. Ela desperta o interesse do leitor desde o início e Eve acaba ficando um pouco ofuscada com relação a essa construção, e fiquei com a sensação de que o autor fez isso de forma proposital para que a vilã seja a preferida da história.

Contando com apenas quatro capítulos, a narrativa de início não me prendeu muito, mas pouco depois eu já estava envolvida com a história e tudo foi ficando mais interessante, mesmo que basicamente a história fique dividida entre uma matando suas vítimas e a outra tentando pegá-la. Porém, não nego que esse primeiro volume parece funcionar mais como uma grande introdução a esse universo para que as personagens fossem apresentadas aos leitores do que pra se aprofundar nessa questão de investigação e mocinha vs. vilã, até mesmo porque o tão esperado confronto entre as duas não acontece, ainda.

Tirando as cenas de sexo gratuitas que, ao meu ver, são bem desnecessárias, e as brincadeiras com a Inteligência Britânica que não têm nada a ver, posso dizer que as cenas de ação são bem detalhadas e muito bem elaboradas, e promovem um dinamismo muito bom à leitura, e é impossível ler tais cenas sem imaginar uma adaptação pras telinhas. Ainda não assisti a série, mas pretendo assim que finalizar a leitura da trilogia.
Pra quem gosta de livros sobre investigações e assassinatos com uma pegada mais despretenciosa e leitura rápida, Codinome Villanelle é uma boa pedida.