Na Telinha - Dahmer: Um Canibal Americano

4 de outubro de 2022

Título
: Dahmer: Um Canibal Americano (Monster: The Jeffrey Dahmer Story)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix
Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Penelope Ann Miller
Gênero: Policial/Biografia
Ano: 2022
Duração: 55min
Classificação: +18
Nota: ★★★★★
Sinopse: Por mais de uma década, Jeffrey Dahmer conseguiu matar 17 jovens rapazes sem levantar suspeitas da polícia. Como ele conseguiu evitar a prisão por tanto tempo?

Dahmer: Um Canibal Americano, é uma minissérie de Ryan Murphy (mesmo produtor de American Horror Story) e distribuida pela Netflix, que conta boa parte da história do notório serial killer Jeff Dahmer, responsável pelo assassinato de 17 jovens entre os anos de 1978 e 1991, incluindo dois adolescentes de 14 anos, em sua maioria negros e imigrantes. A série explora a vida do assassino, desde a infância conturbada até sua vida adulta, e faz um panorama tão complexo quanto abominável da mente doentia por trás do monstro que ele foi, e como conseguiu agir por todo esse tempo sem ser capturado.

A série traz um conteúdo muito sensível no que diz respeito aos abusos, à violência, aos assassinatos e à dor das famílias das vítimas, e já deixo o alerta de gatilho desde já.

Nascido na cidade de Milwaukee em 21 de maio de 1960, Jeffrey Lionel Dahmer aterrorizou o estado de Wisconsin, onde foi pego em 1991, quando Tracy Edwards, um homem de 32 anos que fora atraído por ele, ter sobrevivido após horas de puro terror e conseguido fugir do apartamento 213 no complexo Oxford Apartaments, localizado num bairro afro-americano com alto índice de criminalidade e onde sequer existia patrulhamento policial. Dhamer se mudou para esse apartamento em maio de 1990, local onde fez mais 11 vítimas, além das outras 5 que ele já havia assassinado no porão da casa da avó paterna em West Allis durante o tempo que morou com ela, e a primeira vítima, um jovem de 18 anos que ele assassinou em sua própria casa, em 1978.
Após a fuga e a denúncia de Tracy, a polícia foi até seu apartamento e encontrou várias provas dos assassinatos. Dahmer foi preso, confessou e deu detalhes de todos os 17 assassinatos que cometeu durante todos esses anos. Após o julgamento em 1992, Dahmer recebeu 15 sentenças de prisão perpétua, o que somaria mais de 900 anos, e ficou preso no Columbia Correctional Institution, uma prisão de segurança máxima no estado de Wisconsin, onde foi assassinado pelo detento Cristopher Scarver, em 1994, aos 34 anos de idade.



Dahmer mantinha um modus operandi onde geralmente frequentava bares gays e saunas, atraía as vítimas (as quais ele considerava que ninguém sentiria falta) para seu apartamento, em sua maioria negros e homossexuais, e lá oferecia uma bebida batizada com soníferos fortíssimos para que ficassem inconscientes e imóveis, e era quando o horror se iniciava onde Dahmer considerava os corpos como objetos de prazer, com direito a estrangulamento, desmembramento, necrofilia, parafilia e canibalismo contra eles. Como se isso já não fosse macabro e bizarro o bastante, Dahmer guardava crânios e fotos terríveis do processo de desmembramento e multilação, e ainda armazenava partes dos corpos das vítimas na geladeira ou em um tambor de polietinelo cheio de ácido, onde mergulhava seus torsos para que fossem dissolvidos, fazendo com que o mau cheiro se espalhasse pelos dutos, invadindo os apartamentos dos vizinhos causando absoluta repulsa sem que soubessem o que, de fato, ocorria alí. Seus crimes hediondos o tornaram um dos serial killers mais conhecidos dos Estados Unidos, e o que mais choca nessa história toda é a ideia de que ele só conseguiu fazer tudo o que fez, por puro e total descaso por parte das autoridades em investigá-lo por ser um homem branco, até mesmo pelo fato de que, ao que tudo indica, ele não ter nenhuma mente brilhante...



Antes de mais nada tenho que falar sobre a atuação impressionante de todos os atores e como eles realmente passam toda a emoção, sofrimento e indignação por tudo aquilo, mas nada se compara a atuação de Evan Peters no papel de Jeff Dahmer. Se compararmos o comportamento percebido em entrevistas reais do assassino com o ator, parecem ser a mesma pessoa. Não sei se ter feito esse papel vai desgraçar a cabeça de Peters de alguma forma ou enfiá-lo em milhões de sessões de terapia pra superar tamanho peso, e eu espero do fundo do meu coração que ele não tenha ficado com nenhum tipo de trauma por causa disso, mas fiquei realmente impressionada de ver como ele se entregou a esse papel e parecia mesmo um psicopata, sádico e cruel, que me deixou abismada e apavorada. A presença dele nas cenas com aquela cara de que estava planejando atrocidades já causava um extremo desconforto, o olhar frio e calculista me causava pavor. Nenhum outro ator, em nenhum papel, me fez ficar tão horrorizada, socorro.



Enfim, embora a série seja uma espécie de dramatização e muitas cenas tenham sido criadas e adaptadas para as telas (como é o caso de Glenda Cleveland, uma senhora que morava no prédio do outro lado da rua, e não no apartamento ao lado como aparece na série), a história, mesmo que não siga a ordem cronológica dos fatos e fique transitando entre presente e passado sem muitos critérios, foi contada de forma satisfatória e compreensível, principalmente por não ter romantizado o assassino em momento algum e ter evitado ao máximo que se criasse qualquer situação que despertasse alguma simpatia por ele, mostrando a realidade do monstro que ele foi e como tinha consciência de tudo o que fez, e também a realidade daquelas pessoas negligenciadas e tratadas com total descaso pelas autoridades incompetentes, enfrentando racismo e homofobia. Acho que alguns episódios se alongam demais com cenas demoradas onde nada acontece, mas num geral é aquele tipo de série pra maratonar, tamanha a curiosidade pra saber o que vai acontecer e quando finalmente será feita justiça.

Talvez essa ideia de fazer com que quem esteja assistindo imagine o que aconteceu alí seja pior do que ver de fato, e confesso que desde que terminei a série estou com aquela sensação de assombro, chocada. Penso que seja um tanto problemático que existam produções que joguem holofotes sobre criminosos infames e o quanto isso deve afetar os familiares das vítimas, mas o propósito da série em mostrar que o assassino só agiu durante todos esses anos por falta de interesse das autoridades em investigar as várias denúncias que recebiam dos moradores, seja sobre o mau cheiro ou os sons horríveis de gritos e ferramentas que saíam do apartamento dele, foi feito com maestria. Inclusive a iluminação amarelada e esverdeada das cenas dentro do apartamento, ou até mesmo as cenas mais escuras, colaboram com essa imersão, dando aquele ar nauseante de imundície e podridão, e ver as expressões dos vizinhos diante do mau cheiro chega a causar um desconforto real pois chega a ser inimaginável viver num lugar que cheira a morte.



Pra se ter ideia do absurdo, Jeff já havia sido preso por se masturbar em público em frente a crianças, e por drogar e molestar um garoto do Laos de 13 anos que conseguiu escapar, mas basicamente acabou ganhando a liberdade condicional pelo juiz ter se compadecido e considerado que sua aparência - bonito, branco e loiro - era de bom moço, e mesmo que tenha ficado com ficha criminal e um registro de agressor sexual, nunca tinha essa ficha consultada pela polícia quando os moradores do complexo o denunciavam, deixando claro que os negros não tinham nenhuma voz e nunca tinham suas queixas levadas a sério quando o assunto era denunciar um homem branco. O sentimento de indignação e impotência aqui são inevitáveis, e imagino quando tudo foi descoberto o que se passou pela cabeça daquelas pessoas que não sabiam mais o que fazer quando quem deveria resolver o problema não movia um dedo sequer. E depois, mesmo que a polícia tenha sido obrigada a reconhecer o estrago gigantesco que o assassino causou numa tentativa de conter a população inflamada, nada foi feito para reparar os erros punindo os irresponsáveis que poderiam ter evitado várias mortes se tivessem agido a tempo.



Outro ponto interessante é a hipótese levantada sobre o comportamento do criminoso ter surgido devido aos incontáveis medicamentos que sua mãe tomava durante a gravidez (o que inclusive levanta um outro ponto incômodo sobre a necessidade de se conter uma suposta histeria feminina), ou as constantes brigas entre ela e o marido enquanto um Jeffrey criança claramente estava sendo negligenciado, o fato de o pai tentar consertar as coisas incentivando o menino a investir seu tempo em coisas que ele demonstrava interesse, interesse este que envolvia recolher pequenos animais mortos na estrada para dissecá-los, ou ter se tornado um alcoólatra aos 14 anos na intenção de "afastar maus pensamentos". Posteriormente sua obsessão por controle e dominação iriam se entrelaçar com suas habilidades de taxidermia aprendidas com o próprio pai, pois ele já sabia como usar produtos químicos para remover a carne dos ossos para preservá-los. Diante desses fatos, tanto pela ausência do pai quando pelo abandono da mãe que repudiava tudo que o filho fazia, a série passa a ideia de que Jeffrey era uma criança solitária, problemática, que sofria bullying na escola, e que nunca soube o que era ser amado, e essa rejeição supostamente poderia ter desencadeado tal comportamento. E chega a ser triste acompanhar o pai se culpando por todas as vezes que quis "se livrar" do filho o mandando pra faculdade ou pro exército como se isso fosse corrigí-lo, ou pra casa da avó quando ele é expulso e não tem pra onde ir, e quando fica arrependido por acreditar que se tivesse observado o filho mais de perto e lhe dado mais atenção, que ele não teria se tornado esse monstro.

Quando pensamos que o horror chega ao fim, a série ainda mostra que ainda existem pessoas por aí que se tornam fãs de assassinos, que enviam cartas, dinheiro, que tem interesse em colecionar seus pertences, que propõe relacionamentos a eles, que tatuam o rosto deles em seus corpos (???)... A mente humana realmente é um troço inexplicável, e por mais que eu entenda essa curiosidade natural que as pessoas têm por casos criminais, pra mim é inconcebível e inaceitável que alguém seja tão desprovido de bom senso e respeito quando acha uma boa ideia idolatrar um assassino tão diabólico.



No mais, a minha avaliação aqui é para a série de forma geral, pra atuação dos atores e como tudo foi retratado a fim de manter a exposição das vítimas na medida necessária pra se fazer entender e tentar respeitar as famílias (coisa que acho meio difícil, já que produzir a série já é uma forma de relembrar o sofrimento vivido ao colocar Jeff em evidência mais uma vez depois de tantos anos). Dahmer conta a história perturbadora desse assassino cruel, e mostra os horrores que ele foi capaz de fazer contra a vida de inocentes, mas também faz questão de colocar em evidência os nomes e algumas das histórias das vítimas, que são as pessoas que realmente deveriam ser lembradas no lugar do criminoso, e como as famílias ficam destruídas pra sempre.

Resumo do mês - Setembro

1 de outubro de 2022

 

Meu progresso esse mês foi um negócio inacreditável. Nem sei quanto tempo faz que não lia e resenhava essa quantidade de livros num único mês e tô num orgulho só. Tudo bem que os livros eram pequenos, mas o importante foi sair daquela miséria e ter o mínimo de ritmo pra manter o que eu venho tentando há séculos e não consigo por qualquer motivo que apareça.
Esse mês que passou eu aproveitei o hype de House of the Dragons e voltei a assistir Game of Thrones, e tinha esquecido o quanto aquilo tem cenas absurdas de todo tipo que me deixaram em choque, e até o final do ano ainda vou continuar em choque.

Caixa de Correio #126 - Setembro

30 de setembro de 2022

Apesar de setembro ter sido um mês um tanto produtivo, a caixa foi magrinha. Acabei comprando o volume que me faltava de Hearstopper usando um cupom de desconto que consegui depois de juntar pontos respondendo pesquisas no site do Ipsus iSay e ele saiu bem baratinho. Fora isso não comprei nem recebi mais nada. Mas por mim tá ótimo, só tô de olho no box com os outros livros da mesma autora que a Rocco lançou. Quem sabe mês que vem...

Livro:

  • Heartstopper 4: De Mãos Dadas - Alice Oseman

O Negócio do Jair - Juliana Dal Piva

27 de setembro de 2022

Título:
O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro
Autora: Juliana Dal Piva
Editora: Zahar
Gênero: Política/Ciências Sociais
Ano: 2022
Páginas: 328
Nota:★★★★☆
Sinopse: Resultado de mais de três anos de apuração, O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro desvenda o passado secreto da família que hoje comanda o Brasil. A jornalista Juliana Dal Piva parte do escândalo das rachadinhas exposto pelo caso Queiroz, a partir de dezembro de 2018, para contar uma história que remonta à entrada de Jair Bolsonaro na política na década de 1990.
No centro do passado que o clã tenta abafar, está um esquema de corrupção conhecido entre os participantes como o “Negócio do Jair”. O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares ― muitos deles atuando como funcionários fantasmas ―, além de advogados e milicianos.
Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.

Resenha: Lançado pouco antes das eleições de 2022, O Negócio do Jair é o resultado de uma pesquisa investigativa minuciosa feita pela jornalista investigativa Juliana Dal Piva sobre a família Bolsonaro e tudo aquilo que tentam camuflar. Logo no início a jornalista já evidencia algumas cenas presenciadas por ela mesma, descrevendo situações ocorridas desde 2013 envolvendo Jair Bolsonaro enquanto deputado federal e ex-capitão do exército. Em 2018, com a candidatura de Jair à presidência da república, Juliana passou a investigar melhor a fim de levantar as evidências no que diz respeito à vida de Bolsonaro e quem é esse homem, que foi deputado por mais de trinta anos e que, até então, ninguém sabia nada sobre ele. O conteúdo aborda os inúmeros esquemas de enriquecimento ilícito dos integrantes dessa família, assim como as manobras políticas que fazem usando o poder que têm para saírem ilesos dos crimes de corrupção que cometem. Além dos filhos, do esquema de lavagem de dinheiro da loja de chocolates de um deles, há também os fatos acerca das outras figuras presentes nos bastidores desses esquemas, como a família Nóbrega, os Queiroz, a ex-esposa, e até mesmo a atual esposa.

O livro é narrado de forma cronológica mostrando os acontecimento mais importantes, ilegais e imorais da ascensão de Bolsonaro e família, e vemos o que está por trás das supostas motivações que os mantém como uma das famílias mais poderosas do país.
Os fatos levantados no livro já são de conhecimento público, porém são trazidos de forma clara e com uma riqueza de detalhes impressionante, como a negligência em relação a pandemia e as vítimas, a forma como ele trata a imprensa, o escândalo das rachadinhas e dos funcionários fantasmas que já vinham ocorrendo há anos e anos, as dezenas de imóveis comprados com dinheiro vivo, a constante troca de delegados da polícia federal, ministros e procuradores que engavetam processos, ou interrompem as investigações que resultariam na prisão dos envolvidos (mesmo que haja pilhas e pilhas de provas), e muito mais. Saber que um candidato chegou ao poder com a promessa de combater a corrupção, quando ele é um dos maiores líderes de um esquema de corrupção descarado é uma vergonha, ainda mais quando milhões de brasileiros se recusam a enxergar a verdade em nome do fanatismo político e acreditam que ele é o único que pode salvar o Brasil. Ao final, a sensação de indignação e impotência é enorme, principalmente porque ninguém sabe qual será o desfecho de tudo isso.

Eu, como brasileira, e na falta de uma terceira via, me sinto descrente e desanimada com a política nesse país. Ao finalizar a leitura, o sentimento de trocar seis por meia dúzia é inevitável, pois os escândalos vem de todos os lados e não temos pra onde fugir.
O Negócio do Jair, ao meu ver, é um livro necessário que faz um grande "exposed" de Bolsonaro e família. Eu gostaria muito de indicar a leitura desse livro, assim como vários outros que tratam com imparcialidade e verdade os feitos de determinados políticos, pra todos os brasileiros conhecerem mais sobre os candidato e assim poderem votar com consciência, mas é complicado quando boa parte da população tem a convicção de que qualquer informação contra seu político de estimação é "fake news".

Só tenho que parabenizar a autora pela coragem de trazer tais informações, e por fazer com que o leitor possa tirar as próprias conclusões diante desses fatos.

Review - Ishtar: Jardins da Babilônia

21 de setembro de 2022

Título: Ishtar - Jardins da Babilônia
Editora/Fabricante: Buró
Criadores: Bruno Cathalla e Evan Singh
Idade recomendada: 8+
Jogadores: 2-4
Nota:★★★★★
Descrição: Do premiado designer Bruno Cathala, Ishtar é um jogo no qual você faz o papel de um jardineiro com o objetivo de transformar o deserto nos Jardins Pendentes da Babilônia.
Para cumprir sua missão, você terá que plantar flores que, se bem colocadas, podem ajudá-lo a coletar pedras preciosas e assim ativar ações. Seja para comprar árvores (que bloquearão a conexão entre dois pontos de Flores, bem como para ganhar pontos) ou para comprar upgrades (como ganhar mais dois pontos por carta de árvore no final do jogo), colecionar pedras preciosas será crucial parte do jogo.
Pegue-as antes de seus oponentes, recrute aprendizes, envie-os para ganhar pontos nos bosques de flores que você criou, bloqueie os outros e pense cuidadosamente nos upgrades, se quiser se tornar o melhor jardineiro no final do jogo!

A história de Ishtar: Jardins da Babilônia já foi suficiente pra chamar minha atenção antes mesmo de eu saber como o jogo funcionava de verdade. A história, de forma bem resumida, gira em torno de um jardineiro que, ao ver o deserto sem vida, ficou tão triste que despertou a piedade da deusa Ishtar, que, comovida, usou as lágrimas dele pra criar fontes e levar água a esse deserto.

   

Basicamente fazemos o papel de jardineiros cuja missão é construir jardins sobre esse deserto, e, para isso, é preciso colocar peças de jardim no tabuleiro respeitando seu formato pra deixar tudo mais verde e bonito, controlar as fontes, expandir aquele território de acordo com o espaço disponível, recolher a joia dos espaços a serem cobertos, e usar essas joias pra pagar o preço das ações especiais que se pode ativar e ter algum benefício.

O jogo possui três tipos de tabuleiro diferentes: os tabuleiros individuais de jogador, o tabuleiro modular de deserto, e o tabuleiro de vasos com peças de vegetação e assistentes extras, que podem sem comprados posteriormente através da ativação de uma ação.

   

O manual é bem fácil de entender, e as regras sobre definições do que são jardins (o conjunto de peças de vegetação conectadas) e canteiros (os desenhos nas peças que contém folhas e flores que estão conectados), como é feita a colocações de peças (não é permitido ligar duas fontes através de um mesmo jardim e nem colocar peças sobre as escrituras sagradas) e assistentes (que colocados individualmente sobre um canteiro indica o controle que o jogador tem sobre ele), e como conseguir os bônus do tabuleiro individual pra melhorar a pontuação não tem muito segredo.
O jogo não promove confrontos diretos entre os jogadores, logo um canteiro controlado por um jogador não pode ser tomado por outro. A ideia é montar uma estratégia para criar um jardim ligado a uma fonte com o maior canteiro possível, restringindo os espaços disponíveis para que o oponente tenha mais dificuldades em colocar suas peças, ao mesmo tempo em que se coleta joias para comprar cartas de árvores, pontuar e ativar ações que trazem mais benefícios pro jogador.

   

Cada módulo de deserto traz vários espaços pra colocação de joias sendo que sempre haverá 7 joias roxas, 5 joias vermelhas e 3 joias brancas disponíveis pra serem coletadas. Sendo assim, cobrir os espaços vazios com vegetação, colecionar joias, plantar árvores e colocar os assistentes nos canteiros é bastante relaxante, e, por ter componentes muito bonitos, é muito bacana ver o jardim crescer e tomar forma, enchendo o tabuleiro de cor. Ao final, quando dois vasos de peças de vegetação se esgotarem, basta somar os pontos de acordo com cada ação realizada, e o jogador com a maior pontuação vence.

Todas as peças têm uma qualidade excelente, desde os meeples de madeira com cores bem vibrantes, e os cristais e as fontes de plástico. A gramatura das cartas e dos tabuleiros também é muito boa e fácil de manusear. O insert que acomoda os componentes dentro da caixa faz com que tudo caiba direitinho nos espaços sem que fiquem saindo do lugar.


Talvez o fato de o jogo não ter disputas mais agressivas, conquistas de território alheio ou qualquer tipo de conflito direto contra outro jogador, o jogo não agrade muito quem gosta de jogos que geram momentos mais calorosos e competitivos, mas pra quem procura um jogo mais fácil e tranquilo, que não é muito demorado, e que deixa qualquer um mais zen, é uma excelente pedida.

 

O que Dizem as Estrelas - Luly Trigo

19 de setembro de 2022

Título:
 O que Dizem as Estrelas: Contos Astrológicos
Autora: Luly Trigo
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Juvenil/Astrologia
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Todo mundo já ouviu falar que as pessoas do signo de câncer são choronas; as de touro, comilonas; as de libra, indecisas… Mas será que é apenas isso que os signos representam?
Nesta antologia, você vai encontrar doze histórias, cada uma acompanhando um protagonista de um signo solar diferente ― todos eles moradores do mesmo prédio, o edifício Cosmos. Ali, os conflitos são vários: mudança de casa, problemas na escola, desentendimentos com os amigos, romances surgindo e chegando ao fim… Enquanto mergulha nos dramas de cada personagem, você vai perceber que os signos do zodíaco são repletos de nuances, luzes e sombras, que podem nos ajudar a entender quem realmente somos.
Ao final de cada astroconto, você ainda encontra um texto explicativo sobre como a energia daquele signo pode afetar determinada área da sua vida ― afinal, todos temos um pouco de cada signo no nosso mapa.

Resenha: Publicado pela Editora Seguinte, O que Dizem as Estrelas é um complilado de doze contos, um pra cada signo do zodíaco, escrito pela autora Luly Trigo.

Aqui os personagens são moradores do edifício Cosmos. Cada um deles vai enfrentar uma situação diferente e lidar com elas de acordo com sua personalidade, cujo signo tem a devida influência. O conto em si abordar questões referentes à astrologia propriamente dita, nem dará informações estereotipadas sobre o assuntro, mas vai narrar alguma situação específica onde o personagem vai mostrar quem ele é a partir de suas atitudes, com suas qualidades e defeitos, vai se encaixando nas características do signo em questão enquanto surge alguma lição que o faça enxergar e tentar aprender com os próprios erros. Somente ao final do conto a autora inclui um texto se aprofundando um pouco mais nas características do tal signo e, aí sim, o leitor pode tirar as próprias conclusões e perceber como o comportamento e a personalidade da personagem fazem mais sentido considerando o zodíaco.

Logo no início a autora já deixa a observação sobre o livro não ser um estudo aprofundado dos signos e suas características, pois a ideia é oferecer uma história leve e divertida aos leitores, mas vou ser sincera em dizer que a pegada adolescente dos contos não me envolveu muito, principalmente pela maioria dos personagens serem um tanto imaturos e com dilemas que, pra mim, são bem fúteis. Mas isso também se dá pelo fato de eu ter nascido lá em meados da década de 80 e não fazer parte do público alvo do livro. Talvez, se eu ainda estivesse naquela fase de ler as Todateens e as Caprichos da vida, eu teria gostado muito mais.

Mas fora isso, como boa taurina que sou, paciente, zen e jovem mística que acredita nesse rolê todo, eu gostei muito da forma como a autora combinou as características dos signos com seus personagens e suas personalidades sem forçar nada, e tudo ser o mais natural possível. Fiquei imaginando a quantidade de livros que já li na minha vida e nunca pensei que um personagem se comporta de tal forma ou toma determinadas decisões por ter alguma influência astrológica. Acho que vou começar a reparar nisso agora e tentar fazer esse tipo de identificação XD

A leitura é leve e tem uma linguagem super fácil, os contos são curtos e eles trazem todo tipo de representatividade. Logo no primeiro conto, Áries, conhecemos Vivi e sua namorada Irena, que estão se desentendendo por Vivi ser muito mandona, querer controlar tudo e ficar irritada e emburrada quando um trabalho de escola feito em grupo não sai como ela gostaria.
No conto de Touro, Eloá é uma garota de quinze anos que anda chateada por ter saído do aconchego da casa onde morava no interior e ter se mudado com a mãe pra um apartamento na loucura da cidade, e agora anda sofrendo horrores por ter saído de sua zona de conforto e ainda ter que se desfazer de parte de sua coleção de livros que ela é tão apegada por falta de espaço. Eu te entendo, Eloá... Essa também sou eu.
Não vou me aprofundar em todos os contos pra resenha não ficar enorme, mas, basicamente, cada conto traz uma historinha onde a personalidade e comportamento dos protagonistas se encaixam com as características do signo em questão.

Uma observação é que no edifício há um personagem em comum que aparece nos contos, seu Gabriel, o porteiro do prédio. Esse "seu" de início me fez imaginar um senhor de uns 60 ou 70 anos, mas fiquei em choque que ele tem míseros 30.

O que Dizem as Estrelas é um livro juvenil, mas que pode muito bem ser indicado pra sair daquela ressaca literária, ou quando procuramos por algo leve e descontraído pra ler sem muitas pretensões. Independente do leitor acreditar ou não em signos, os contos são simples e esses detalhes astrológicos só vão servir como um elemento a mais pra quem gosta do tema e identifica essas características.