Autora: Tiffany D. Jackson
Editora: Seguinte
Editora: Seguinte
Gênero: Suspense/Terrror
Ano: 2022
Páginas: 320
Nota:★★★☆☆
Ano: 2022
Páginas: 320
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor.
Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios.
Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado…
Ou pode ?
Resenha: Marigold Anderson é uma adolescente que precisa de um novo rumo pra sua vida depois de sofrer uma overdose. Ela desenvolveu um trauma após uma infestação de percevejos e além de ter compulsão por limpeza, ela sofre de alguns transtornos psicológicos e, mesmo que tenha vontade de ficar limpa de qualquer tipo de droga depois daquele episódio, ela acredita que fumar maconha é o melhor remédio para tratar seu alto grau de ansiedade. Mari se muda com a família (sua mãe, seus irmãos, seu padrastro e a filha dele) para Cedarville, uma cidadezinha interiorana, para esse recomeço.
A fundação Sterling, num processo de gentrificação urbana, oferece uma casa histórica em reforma para a família de Mari desde que um membro da família contribua para a cidade de forma artística (a mãe de Mari é escritora), mas algo parece estar bem errado com a casa e com o bairro em si. As coisas somem, as luzes se apagam sozinhas, o porão trancado (onde eles são proibidos de ir) exala um cheiro de morte, os pedreiros fogem a partir de um determinado horário, os vizinhos são super desconfiados e estranhos, a cidade tem um histórico de violência assustador, e tudo isso deixa Mari muito intrigada. Mas a mudança era necessária, ou pelo menos é o que Marigold vem repetindo pra si mesma como parte do seu processo de cura. O que importa é que a família está confiante de que agora as coisas irão dar certo, e ignoram as coisas estranham que cercam o lugar.
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Marigold, Fumaça Branca é um livro de suspense com cenas que causam desconforto e até revolta, pois além das cenas que deveriam ser assustadoras que se passam dentro da casa, os acontecimentos fora dela são absurdos e abordam temas pesados como uso de drogas, fanatismo religioso, racismo e outros mistérios que demonstram claramente que algo de muito errado vem acontecendo alí.
A escrita da autora é boa no que diz respeito aos mistérios e acontecimentos, mas além de não conseguir visualizar os detalhes do cenário e da casa propriamente dita por falta de melhores descrições, não consegui me conectar muito com a leitura pois todas as coisas estranhas que acontecem parecem ter o propósito de afastar o leitor em vez de manter a curiosidade dele, mesmo que haja temas importantes a serem discutidos sobre a sociedade num geral. Achei que o ritmo da história oscila bastante e não mantém um padrão de acontecimentos, principalmente porque termina de forma abrupta e deixa o leitor sem respostas (e sem acreditar). Eu não sei se a experiência com livros de terror mais assustadores pode ter comprometido minha experiência com a leitura deste, mas fiquei com aquela sensação de que, apesar da história trazer aquela atmosfera sobrenatural, não era realmente assustadora o suficiente, só desconfortável. É como se a autora quisesse misturar os traumas da protagonista com o uso de drogas a ponto dela não saber o que é realidade e fantasia, e como a narrativa é em primeira pessoa, não sabemos se podemos confiar na palavra dela. Por um lado isso é muito interessante pois ficamos tentando decifrar as coisas junto com Mari, mas a quantidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo acaba trazendo mais confusão do que entendimento.
Mari é totalmente paranoica com a questão dos percevejos e de limpeza, o que é doentio, e em meio a narrativa sempre há uma nota dela fazendo alguma observação sobre eles, mostrando o quanto esse "tique" causa incômodo e pavor tanto nela quanto no leitor.
A dinâmica da família de Mari era interessante, pelo menos inicialmente quando eles se mudam com um propósito, mas depois as coisas começam a ficar estranhas, os problemas vão aparecendo e o único sentimento que tive foi uma grande antipatia por todos eles, mesmo que a vontade deles fosse de recomeçar.
A autora fala muito sobre a questão da revitalização e habitação do bairro, a criminalização de drogas e a prisão em massa das pessoas, e como as pessoas podem ser cruéis quando são beneficiadas de alguma forma, e de outro lado ela fala sobre esse lado sombrio dos fantasmas que tornam a casa "mal-assombrada", e fiquei com aquela sensação de que a autora quis abordar mais temas do que a história comporta, e no final nenhum deles teve o devido aprofundamento. Não achei que o aspecto sobrenatural combinou com as questões sociais levantadas aqui. Imagino que possa ser um livro pra quem tem curiosidade pelo gênero de terror e suspense, que incomode, mas não queira nada muito apavorante ou cheio de reviravoltas.