Fumaça Branca - Tiffany D. Jackson

13 de dezembro de 2022

Título:
Fumaça Branca
Autora: Tiffany D. Jackson
Editora: Seguinte
Gênero: Suspense/Terrror
Ano: 2022
Páginas: 320
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor.
Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios.
Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado…
Ou pode ?

Resenha: Marigold Anderson é uma adolescente que precisa de um novo rumo pra sua vida depois de sofrer uma overdose. Ela desenvolveu um trauma após uma infestação de percevejos e além de ter compulsão por limpeza, ela sofre de alguns transtornos psicológicos e, mesmo que tenha vontade de ficar limpa de qualquer tipo de droga depois daquele episódio, ela acredita que fumar maconha é o melhor remédio para tratar seu alto grau de ansiedade. Mari se muda com a família (sua mãe, seus irmãos, seu padrastro e a filha dele) para Cedarville, uma cidadezinha interiorana, para esse recomeço.
A fundação Sterling, num processo de gentrificação urbana, oferece uma casa histórica em reforma para a família de Mari desde que um membro da família contribua para a cidade de forma artística (a mãe de Mari é escritora), mas algo parece estar bem errado com a casa e com o bairro em si. As coisas somem, as luzes se apagam sozinhas, o porão trancado (onde eles são proibidos de ir) exala um cheiro de morte, os pedreiros fogem a partir de um determinado horário, os vizinhos são super desconfiados e estranhos, a cidade tem um histórico de violência assustador, e tudo isso deixa Mari muito intrigada. Mas a mudança era necessária, ou pelo menos é o que Marigold vem repetindo pra si mesma como parte do seu processo de cura. O que importa é que a família está confiante de que agora as coisas irão dar certo, e ignoram as coisas estranham que cercam o lugar. 

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Marigold, Fumaça Branca é um livro de suspense com cenas que causam desconforto e até revolta, pois além das cenas que deveriam ser assustadoras que se passam dentro da casa, os acontecimentos fora dela são absurdos e abordam temas pesados como uso de drogas, fanatismo religioso, racismo e outros mistérios que demonstram claramente que algo de muito errado vem acontecendo alí.

A escrita da autora é boa no que diz respeito aos mistérios e acontecimentos, mas além de não conseguir visualizar os detalhes do cenário e da casa propriamente dita por falta de melhores descrições, não consegui me conectar muito com a leitura pois todas as coisas estranhas que acontecem parecem ter o propósito de afastar o leitor em vez de manter a curiosidade dele, mesmo que haja temas importantes a serem discutidos sobre a sociedade num geral. Achei que o ritmo da história oscila bastante e não mantém um padrão de acontecimentos, principalmente porque termina de forma abrupta e deixa o leitor sem respostas (e sem acreditar). Eu não sei se a experiência com livros de terror mais assustadores pode ter comprometido minha experiência com a leitura deste, mas fiquei com aquela sensação de que, apesar da história trazer aquela atmosfera sobrenatural, não era realmente assustadora o suficiente, só desconfortável. É como se a autora quisesse misturar os traumas da protagonista com o uso de drogas a ponto dela não saber o que é realidade e fantasia, e como a narrativa é em primeira pessoa, não sabemos se podemos confiar na palavra dela. Por um lado isso é muito interessante pois ficamos tentando decifrar as coisas junto com Mari, mas a quantidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo acaba trazendo mais confusão do que entendimento.

Mari é totalmente paranoica com a questão dos percevejos e de limpeza, o que é doentio, e em meio a narrativa sempre há uma nota dela fazendo alguma observação sobre eles, mostrando o quanto esse "tique" causa incômodo e pavor tanto nela quanto no leitor.

A dinâmica da família de Mari era interessante, pelo menos inicialmente quando eles se mudam com um propósito, mas depois as coisas começam a ficar estranhas, os problemas vão aparecendo e o único sentimento que tive foi uma grande antipatia por todos eles, mesmo que a vontade deles fosse de recomeçar.

A autora fala muito sobre a questão da revitalização e habitação do bairro, a criminalização de drogas e a prisão em massa das pessoas, e como as pessoas podem ser cruéis quando são beneficiadas de alguma forma, e de outro lado ela fala sobre esse lado sombrio dos fantasmas que tornam a casa "mal-assombrada", e fiquei com aquela sensação de que a autora quis abordar mais temas do que a história comporta, e no final nenhum deles teve o devido aprofundamento. Não achei que o aspecto sobrenatural combinou com as questões sociais levantadas aqui. Imagino que possa ser um livro pra quem tem curiosidade pelo gênero de terror e suspense, que incomode, mas não queira nada muito apavorante ou cheio de reviravoltas.

Wishlist #15 - Board Games - Coleção Cidades Sombrias

12 de dezembro de 2022

A Coleção Cidades Sombrias traz uma série de jogos que se passam em alguma cidade que fez parte da História por algum acontecimento marcante e até sombrio. Cada um deles tem uma temática diferente, o que vai agradar fãs de jogos de vários estilos. Tortuga tem a temática pirata e tesouros, Salem é sobre bruxas e aldeões, Deadwood é de faroeste, e Bristol tem uma temática medieval que gira em torno da peste bubônica que assolou os moradores. São jogos que basicamente envolvem dedução, blefe e gerenciamento de mão, mas alguns também requerem jogadas em equipe, outros votação e eliminação de jogadores, e outros rolagem de dados. E mesmo que sejam bastante diferentes no que diz respeito ao tema, eles formam uma coleção bem diferente dos jogos tradicionais, pois a caixa deles é em formato de livro e a coleção junta fica a coisa mais linda ao ficarem enfileirados na estante.
São jogos pra se jogar com várias pessoas quando a galeria tá reunida, e é quase certeza que vai rolar aquela briga marota que só um party game é capaz de proporcionar. Quero todos na minha mesa/estante já.

Cidades Sombrias #1 - Tortuga 1667
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Travis Hancock e Sarah Keele
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 2-9
Descrição: Estamos em 1667, e você é um pirata cruzando os mares do Caribe. Um Galeão Espanhol veleja por perto, e você convenceu sua tripulação a trabalharem juntos para roubar todos os tesouros do navio que se aproxima cada vez mais. Mas o que você não disse aos seus camaradas piratas é que não tem nenhuma intenção de compartilhar o tesouro quando puser as mãos nele. Você ainda é leal ao seu país, e ter todo esse tesouro só para si lhe ajudaria a comprar algum respeito quando voltar para casa. Sua tripulação lhe jura lealdade e prometem que lhe ajudarão a abandonar os piratas gananciosos que estão em seu navio na rochosa ilha Tortuga. Porém, você viu as pistolas carregadas de seus amigos, e não consegue ignorar a desconfiança crescente ao vê-los sussurrando algo sobre um motim. É melhor não confiar em ninguém.

Cidades Sombrias #2 - Salem 1692
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Travis Hancock e Sarah Keele
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 4-12
Descrição: O ano é 1692. A cidade é Salem, no estado de Massachusetts. O mal está à espreita e você tem certeza de que alguns de seus vizinhos são Bruxas! Durante a partida, você compra e joga cartas para acusar os jogadores nos quais não confia e ajudar aqueles participantes que você acha que estão do seu lado.
Quando o baralho acaba e a Carta da Noite é revelada, as Bruxas tentam matar um jogador inocente. Os jogadores que tiveram uma Carta de Julgamento de Bruxa em qualquer momento do jogo serão sempre Bruxas, e vencem se tiverem matado todos aqueles que não forem Bruxas. Os jogadores que nunca tiveram uma carta de Bruxa durante todo o jogo (os moradores da cidade) vencem a partida se forem capazes de revelar todas as Cartas de Julgamento nas quais está escrito “Bruxa”.
Durante a partida, a Carta de Conspiração move as Cartas de Julgamento, e alguém em quem você confia pode se tornar uma Bruxa no meio do jogo. Você tem que agir rápido ou será o único Puritano virtuoso em uma cidade dominada pelo mal! 

Cidades Sombrias #3 - Deadwood 1876

Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Travis Hancock e Sarah Keele
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 2-9
Descrição: Há ouro nas Colinas Negras (Black Hills), em Dakota do Sul, e você veio para encontrar (ou roubar) o seu quinhão. Você se hospedou em um dos três maiores estabelecimentos da cidade, e
planeja, com seus comparsas, roubar alguns dos cofres cheios de ouro espalhados pelo local.
Mas você suspeita que seus “sócios” estão juntando armas em segredo. Para quê? Para poderem usá-las contra você em um confronto final e depois ficarem com todo o seu ouro. Será que você está preparado para atirar neles antes que eles atirem em você pelas costas?


Cidades Sombrias #4 - Bristol 1350
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Travis Hancock, Holly Hancock e Sarah Keele
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-9
Descrição: A temida peste bubônica atingiu a cidade de Bristol. Bristol 1350 é um jogo semicooperativo que mistura mecânicas de corrida, blefe e dedução social. Vocês são aldeões tentando escapar da peste bubônica, pegando carona em carroças saindo da cidade. Se a sua carroça for a primeira a sair de Bristol e estiver cheia de aldeões saudáveis, você e seus companheiros de carroça ganham o jogo. No entanto, se durante a partida algum aldeão contrair a temível peste, ele deve esconder seus sintomas e escapar em uma carroça para vencer – e nesse processo contaminar todos a bordo. Se você, uma pessoa saudável, escapar na mesma carroça que o aldeão contaminado, você vai contrair a praga e seus dias estarão contados. Use qualquer meio egoísta para sair da cidade o mais rápido possível sem a praga – descubra quem é o contaminado e empurre o para fora da carroça antes que seja tarde demais.

O Livro das Respostas (Moon Edition) - Carol Bolt

11 de dezembro de 2022

Título:
 O Livro das Respostas (Moon Edition) - A sabedoria está na simplicidade
Autora: Carol Bolt
Editora: Darkside
Gênero: Oráculo
Ano: 2022
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Sinopse: Todos nós queremos bons conselhos para perguntas fundamentais em nossa vida. Um insight, uma simples palavra são capazes de nos colocar novamente no rumo das nossas conquistas e desejos. Devo abrir meu coração para este poderoso sentimento? Amar como se não houvesse amanhã? Dar uma segunda chance para aquela pessoa da família? Fazer uma longa viagem para me reencontrar? A resposta para essas e outras perguntas você encontra em O Livro das Respostas, um pequeno oráculo capaz de falar conosco de forma profunda e intimista.

Resenha: O Livro das Respostas, da autora Carol Bolt e publicado pela Darkside, é um pequeno oráculo capaz de responder perguntas pro dia a dia e trazer reflexões para os leitores que curtem o lado místico da vida.


O engraçado é que ele vem com instruções de uso, mas basicamente, basta se concentrar e mentalizar uma pergunta, girar o livro e abrir numa página aleatória. E mesmo que seja aberto de cabeça pra baixo, ele tem o lado invertido e vai dar uma resposta, sempre curta e direta, da mesma forma.



Eu adoro esse tipo de livro que faz esse tipo de interação com o leitor pois, às vezes, a única coisa que a gente precisa é de uma direção, seja quando bate aquele aperto, quando há dúvidas, ou quando ficamos curiosos por algo, e nesse sentido o livro funciona direitinho e de forma bastante descomplicada, às vezes sensível, ou às vezes bem direta, pra quem acredita nesse lado da espiritualidade.

A Darkside já havia lançado a Secret Edition (da capa preta), mas fiquei aguardando a Moon Edition pois achei bem mais chamativa e bonita. A capa dura e os detalhes no interior só deixam o livro ainda mais bonito e super rico.




As fases da lua dispostas na lateral são pretas, e a mandala na capa faz um degradê entre marrom e bege que simula um efeito dourado, mas não é dourado, não.

No mais, eu super indico pra quem curte e acredita no tema, gosta de oráculos e procura por conselhos rápidos e certeiros pras mais diversas questões. Tenho certeza que a experiência vai ser tão legal quanto surpreendente.

Vermelho, Branco e Sangue Azul (Ed. de colecionador) - Casey McQuiston

10 de dezembro de 2022

Título:
Vermelho, Branco e Sangue Azul (Ed. de colecionador)
Autora: Casey McQuiston
Editora: Seguinte
Gênero: New Adult/Romance
Ano: 2022
Páginas: 416
Nota:★★★★★
Sinopse: O que pode acontecer quando o filho da presidente dos Estados Unidos se apaixona pelo príncipe da Inglaterra?
Quando sua mãe foi eleita presidente dos Estados Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia norte-americana. Bonito, carismático e com personalidade forte, Alex tem tudo para seguir os passos de seus pais e conquistar uma carreira na política, como tanto deseja.
Mas quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe britânico Philip, Alex tem que encarar o seu primeiro desafio diplomático: lidar com Henry, irmão mais novo de Philip, o príncipe mais adorado do mundo, com quem ele é constantemente comparado - e que ele não suporta.
O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, e no dia seguinte todos os jornais do mundo estampam fotos de Alex e Henry caídos em cima do bolo real, insinuando uma briga séria entre os dois.
Para evitar um desastre diplomático, eles passam um fim de semana fingindo ser melhores amigos e não demora para que essa relação evolua para algo que nenhum dos dois poderia imaginar - e que não tem nenhuma chance de dar certo. Ou tem?

Resenha: Neste mês de dezembro de 2022, a Seguinte lançou uma nova edição de Vermelho, Branco e Sangue Azul, da autora Casey McQuiston. A história conquistou milhares de leitores no Brasil e agora chega com capa dura, novo design, guardas ilustradas, laterais coloridas, páginas amarelas, e ainda tráz um capítulo inédito narrado pelo ponto de vista de Henry.

Alex é o filho da presidente dos Estados Unidos. Queridinho pela mídia, bonito, talentoso e carismático, o jovem já faz parte do meio político e tem tudo para se dar bem se seguir os passos da mãe. Quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe britânico Philip, ele não esperava ter que lidar com Henry, irmão do príncipe e que é sempre comparado a Alex, o que ele ODEIA e faz com que ele o considere uma enorme pedra em seu sapato. Até que uma situação inusitada faz com que eles pareçam inimigos frente à mídia, causando ameaças aos acordos entre os governos dos países. A fim de evitar maiores problemas, eles são obrigados a se comportar como se fossem melhores amigos para manter as aparências e afastar qualquer fofoca, mas esse lance vai acabar fazendo com que os dois se aproximem mais do que pensaram ser possível...

Já trouxe a resenha do livro no blog em 2020, clique aqui pra conferir, mas não resisti a essa edição lindíssima e tive que incluí-la na coleção. Então, vim deixar fotos pra vocês ficarem babando como eu fiquei, espiem:











Realmente a edição está uma riqueza só. Capa dura, gramatura das páginas excelente, ilustrações super fofas nas guardas (a parte interna da capa), laterais coloridas fazendo um degradê entre o vermelho e o azul, enfim... É aquela edição que não pode faltar na estante de quem é fã.

Lore Olympus (vol.2) - Rachel Smythe

9 de dezembro de 2022

Título:
Lore Olympus - Histórias do Olimpo #2
Autora: Rachel Smythe
Editora: Suma
Gênero: Graphic Novel/Fantasia/Mitologia Grega
Ano: 2022
Páginas: 368
Nota:★★★★★
Sinopse: Perséfone estava pronta para começar uma nova vida quando deixou o Reino Mortal para viver no Olimpo. Porém, ela logo descobriu o lado sombrio do novo e deslumbrante lar, e agora tenta encontrar seu lugar no mundo dos deuses, sempre em constante e rápida mudança. Hades também está abalado, lutando contra seus sentimentos pela jovem Deusa da Primavera, enquanto mantém seu reinado solitário do Submundo. Conforme se aproximam, os dois precisarão desatar os nós do passado e do presente para construir um futuro juntos.
O segundo volume da série contém os episódios 26 a 49 do webcomic, além de um conto exclusivo e inédito.

Resenha: Dando continuidade ao livro anterior, este segundo volume traz os episódios 26 a 49 de Lore Olympus, mais um capítulo extra que ficou de fora da publicação original.

Partindo de onde parou, Hades e Perséfone continuam se aproximando cada vez mais. Com o início das aulas, Perséfone começa a se dedicar aos estudos, mas ainda pensa muito em Hades e em como ele mexe com os sentimentos dela. E Hera, sabendo do interesse de Hades, mas sem saber que a jovem deusa é uma candidata a DEV (Deusas da Eterna Virgindade), tenta dar um empurrãozinho fazendo uma indicação para que Perséfone vá trabalhar para o deus dos mortos no submundo como estagiária, para deixar os pombinhos mais próximos. E com Perséfone por perto, Hades vai ficar cada vez mais balançado pela deusa cor-de-rosa.

Percebi algumas mudanças em relação ao primeiro volume e fiquei muito satisfeita: apesar de Perséfone ter ficado traumatizada com o abuso que sofreu, não há tantos gatilhos para temas sensíveis/pesados, e a leitura é bem mais leve e agradável, mesmo que haja algumas cenas mais tristes. Além disso, as personagens parecem ter passado por uma reformulação em seus corpos esculturais, fugindo daquele padrão de gostosonas peitudas em posições sensuais e nada a ver. A tradução também evitou expressões abrasileiradas.

Mesmo que Perséfone ainda seja bastante ingênua diante de alguns fatos, como é o caso da exposição sensacionalista que tentam fazer para sujar sua reputação, ela está começando a se impor e a enfrentar quem se aproveita dessa sua inocência. Acredito que ela ainda tem muito a aprender, mas ao que tudo indica, ela já está no caminho.

Hades parece estar muito mais fragilizado em relação aos seus conflitos internos, pois finalmente está considerando o absurdo que é um deus matusalênico de mais de 2 mil anos se envolvendo com uma adolescente de 19. Levando em conta a questão da DEV, ele enfrenta vários bloqueios e começa a lutar contra esses sentimentos, mesmo sabendo que Perséfone é a única que desperta o melhor nele. Com isso, ele mostra ser muito diferente de seus irmãos, que fazem o que querem sem se importar com as consequências, enquanto ele tenta agir com razão para proteger os envolvidos do pior. Senti pena dele, pois precisa manter a pose de líder inabalável quando, por dentro, está completamente destroçado. A carta que ele escreve para expressar seus sentimentos (como forma de terapia) me deixou arrasado, principalmente porque acompanhamos cenas de alguns acontecimentos envolvendo Perséfone que intensificam ainda mais esse drama.

Não havia mencionado o envolvimento entre Hades e Minte, a ninfa, que ocorre no primeiro volume. É algo que eles têm antes de Hades conhecer Perséfone, mas não é sério nem oficial, já que a família de Hades a detesta. Minte e Hades tinham uma relação que parecia ser mais sexual do que qualquer outra coisa, e ela costumava tratá-lo mal, acreditando que isso o mantinha preso a ela. Com a presença de Perséfone, ele acaba se afastando da ninfa, o que desperta sua revolta. Agora, Minte tem um motivo para causar problemas, pois simplesmente não aceita ser "trocada", o que vai gerar alguns conflitos na trama.


Outra coisa é que, mesmo que a autora use as referências da Mitologia, como por exemplo, os outros nomes dos quais os deuses são conhecidos, algumas das características que existem em seus mitos ou o egocentrismo que todos sabem fazer parte da personalidade desses deuses, a história de amor em si, apesar de ser bem fofa e legal de acompanhar, não apresenta nada demais se compararmos com outros romances. Então, levando isso em consideração, a história poderia ser contada da mesma forma, mesmo sem essa inspiração na Mitologia, especialmente considerando as várias mudanças que ocorrem por se tratar de uma releitura.

Ainda assim, cada episódio deixa a história mais envolvente e muita coisa fica sem uma resolução, pois Perséfone não fala nada quando sofre alguma injustiça. Ficamos na expectativa de como Hades irá descobrir e qual será a consequência que os responsáveis irão enfrentar quando a verdade vier à tona. No final, a curiosidade de correr pro WebToon e continuar acompanhando a história pra descobrir o que está por vir é quase incontrolável. Mas, tô aqui me segurando pra manter a surpresa e vou tentar aguardar os lançamentos impressos da Suma com paciência. Socorro.

Continuo recomendando pra quem curte quadrinhos e romances fofos, e agora resta esperar pelo próximo volume.

Lore Olympus (vol.1) - Rachel Smythe

8 de dezembro de 2022

Título:
Lore Olympus - Histórias do Olimpo #1
Autora: Rachel Smythe
Editora: Suma
Gênero: Graphic Novel/Fantasia/Mitologia Grega
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Perséfone, a jovem Deusa da Primavera, acabou de chegar no Olimpo. Criada no reino mortal pela mãe de pulso firme, Deméter, ela recebe a permissão para viver no mundo dos deuses enquanto se prepara para seguir a vida como uma virgem sagrada.
Quando a amiga Ártemis leva Perséfone para uma festa, sua vida muda completamente: lá ela conhece Hades, e o charmoso e incompreendido líder do Submundo desperta nela uma chama. Agora, Perséfone precisa aprender a lidar com as relações e as políticas confusas que regem o Olimpo, enquanto descobre seu lugar e seu próprio poder.
O primeiro volume da série reúne 25 episódios do webcomic, além de um conto exclusivo e inédito.

Resenha: Lore Olympus é uma graphic novel bastante aclamada da autora Rachel Smythe, que fez uma releitura da história dos deuses da Mitologia Grega, Perséfone e Hades. A série em quadrinhos vem tendo publicações semanais que podem ser lidas (em inglês) na plataforma WebToon, e os livros impressos estão sendo publicados pela Suma aqui no Brasil. Este primeiro volume reúne os primeiros 25 episódios e mais um conto exclusivo (seria o episódio 10), que acabou ficando de fora da publicação original para dar uma maior fluidez à trama.

Nesta releitura, Perséfone cresceu no mundo mortal e longe dos deuses sob a superproteção de sua mãe, Deméter, que só permitiu que, agora aos 19 anos, ela viesse para a cidade por ter ganhado uma bolsa financiada pela deusa Héstia, das Deusas da Eterna Virgindade, o que significa que ela é uma candidata a virgem sagrada que levará uma vida modesta a serviço dos outros por toda a eternidade. Ártemis, que também é candidata, hospedou Perséfone como colega de quarto para ajudá-la nessa jornada e ficar de olho na moça. Até que em sua primeira noite na cidade, Ártemis leva Perséfone a uma das festas de Zeus para ela conhecer gente nova, já que passou a vida isolada sob a constante vigilância de Deméter.
Na festa, quando ela é vista por Hades, ele fica encantado por sua beleza e faz um comentário com seus irmãos, Zeus e Poseidon, sobre Perséfone deixar Afrodite, a deusa do amor e da beleza, no chinelo. Afrodite ouve aquilo e não gosta nada do comentário, e Perséfone se torna um tipo de alvo de vingança para a recalcada. Afrodite obriga/chantageia Eros, seu filho, a embebedar Perséfone e a colocá-la no banco de trás do carro de Hades para que ela "aprendesse uma lição". Assim, sem querer, Hades a leva pro submundo, e quando percebe sua presença, ele acaba sendo bastante respeitoso com ela. Eles passam alguns momentos juntos, e em meio a conversas, flertes, um casaco de peles de presente e uma apresentação para cada cachorro que Hades tem, a química que começou alí é instantânea. No dia seguinte, Hades leva Perséfone de volta pra casa, mas a partir dalí, mesmo que nada demais tenha acontecido, eles não conseguem esquecer um do outro, e talvez esse seja o início de muitas confusões...


Confesso que embora não seja uma pessoa fanática por Mitologia Grega, este é um tema que me chama atenção e fiquei bastante curiosa pra saber como seria uma releitura do famoso mito do deus que sequestra a própria sobrinha e a leva para o submundo para tomá-la como esposa (por que choras, Targaryens?) e que tipo de adaptação seria feita pra tornar essa história no mínimo romântica. Mesmo que eu só tenha ouvido falar de Lore Olympus quando a própria Suma anunciou o lançamento, eu fiquei bem animada com uma HQ trazendo essa história de Perséfone e Hades, então tratei de ler sem antes me dar ao trabalho de pesquisar nada sobre o volume pra não me deixar influenciar ou pegar spoilers, e, embora tenha curtido bastante como essa adaptação foi feita, tenho algumas ressalvas que acho válido pontuar.

Antes de mais nada preciso dizer que eu adoro HQ's num geral e eu amei de paixão admirar as ilustrações de Lore Olympus. As expressões dos personagens conseguem passar muita coisa sem que haja necessidade de descrições mais detalhadas, e por mais que os personagens sejam parecidos uns com os outros e tenham detalhes mínimos que os diferenciam além de suas cores ou seus penteados, essa questão das expressões é absurda de bem feita. Até alguns quadros em preto e branco que indicam algum momento mais sombrio foram bem colocados para intensificar uma determinada situação. A combinação de traços irregulares e rabiscados com as cores em aquarela é de encher os olhos. Sobre as ilustrações, só não curti muito as mulheres sempre terem um corpão tipo ampulheta, com cintura finíssima, peitões e quadris largos, e aparecerem em alguma posição sugestiva numa situação nada a ver. Achei um tanto desnecessário.
A tradução foi feita adaptando boa parte dos diálogos em termos abrasileirados e alguns palavreados, e eu confesso que quando li a palavra "mamacita", entre outras expressões, eu dei uma revirada de olhos de leve porque acho que é mais um recurso desnecessário na tradução.


Perséfone aparece como uma jovem inexperiente e muito inocente frente a esse mundão que ela está descobrindo e a esse bando de deuses de personalidades peculiares que ela ainda não conhecia, e essa inocência é tanta que chega a doer, pois ela já tem uma experiência péssima em meio a essa sociedade tão cruel. Ela não sabe se impor, é altamentre manipulável e a sensação de pena e raiva são inevitáveis, pois se ela fosse um pouquinho mais firme talvez teria evitado algo terrível. É aí que entra os assuntos delicados que trazem os devidos alertas de gatilho que a autora aborda, como abuso psicológico e sexual, relacionamentos abusivos e saúde mental, e por mais que não haja nada explícito, achei um tanto pesada a cena de abuso que Perséfone sofre na história, e a forma como ela encara o momento é de partir o coração.

Em contrapartida, por mais que a diferença de idade seja gritante, Hades é um deus com várias camadas, tão experiente quanto misterioso, mas que tráz um certo equilíbrio na vida de Perséfone embora seja um tanto imcompreendido. Em Lore Olympus ele está longe de ser um vilão, muito pelo contrário, pois assim como Perséfone, ao que tudo indica, eles vão aprendendo com os erros e encontrando apoio um no outro sempre que têm a oportunidade de se encontrarem. A aproximação dos dois é devagar, eles vão se conhecendo aos poucos e de uma forma bastante lenta e delicada, o que torna esse primeiro volume bastante introdutório. Em alguns pontos a história pode ser até um pouco confusa por não haver uma contextualização sobre os mitos pra quem não conhece, até mesmo pelo fato de que a autora também aborda questões dos outros deuses, como é o caso de Afrodite, Eros e Psiquê, Hera e Zeus, Apolo (esse grandessíssimo filho da p*ta) e etc...

No mais, é um livro de leitura muito rápida (recomendo até reler em seguida pra pegar algumas referências e entender melhor os acontecimentos), mas a sensibilidade das situações realmente foram capazes me me tocar e me deixar bastante emocionada. Pra quem gosta de HQ's e ilustrações num geral, de romances sensíveis que se desenvolvem de forma bem lenta e gradual, e curte releituras da Mitologia Grega, Lore Olympus é mais do que indicado.