Já adianto que, apesar de não ter lido a quantidade de livros que eu gostaria, li uma variedade de gêneros até razoável. Teve livro divertido, emocionante, nostálgico, de revirar os olhos de preguiça, e dessa vez vou listar na ordem, do último pro primeiro lugar. Teve livro 4 estrelas na lista, sim, mas não é porque não favoritei o livro que o bendito não seja bom. Teve livro que recebi esse ano mas vou ler agora em janeiro. Talvez tenha perdido alguma coisa que não entrou nessa lista por ter empurrado pra frente? É possível, mas se merecer, entra na do ano que vem (prometo não esquecer, eu espero).
Top 10 #10 - Melhores Leituras de 2022
30 de dezembro de 2022
Review - Flamecraft (Edição Deluxe)
29 de dezembro de 2022
Editora/Fabricante: Galápagos
Criador: Manny Vega
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-5
Nota:★★★★★♥Descrição: Seja bem-vindo à Flamecraft, um mundo onde dragõezinhos artesãos e humanos convivem em harmonia!
No mundo fantasioso de Flamecraft, humanos e pequenos dragões convivem pacificamente, usando suas diferentes habilidades para se ajudarem. Nesse mundo, dragões artesãos, versões menores e magicamente talentosas de seus primos maiores (e destrutivos), são procurados pelos lojistas para que possam encantar os clientes e ajudar com os negócios!
Os jogadores assumem o papel de Guardachamas, pessoas com habilidade de conversar com dragões e responsáveis por alocar os dragões nos diferentes comércios da cidade, assim construindo sua reputação. Como os dragões possuem diferentes especialidades (pão, carne, ferro, cristal, planta e poção), jogadores precisam ser inteligentes na alocação de seus amigos répteis!
Durante uma partida, os jogadores visitam lojas para ganhar itens e favores de um dos dragões lá, e usam os itens coletados para encantar as lojas, ganhando reputação e os favores de todos os dragões da loja – faça os combos mais criativos e corra atrás de objetivos secretos para ganhar mais reputação ainda!
Um jogo estratégico, mas que é fácil de aprender e mais fácil ainda de se apaixonar! Ganhe o jogo ao ser nomeado Mestre do Ofício Ígneo – o Guardachama com a melhor reputação da cidade!
Flamecraft é um jogo com temática de fantasia, onde dragões e humanos trabalham juntos e convivem em harmonia. O objetivo é ser o melhor "Guardachamas", um tipo de treinador de dragões, com a maior reputação e, pra isso, é necessário alocar os dragões artesãos nas lojas disponíveis da cidade, e fazer uma boa gestão de recursos para fazer as melhores combinações que rendem recompensas e que vão somar mais pontos.
Aqui temos cartinhas de dragões artesãos (que são alocados nas lojas e dão habilidades para o jogador de acordo com o tipo de dragão), dragões de elite (que podem ser adquiridos ao coletar recompensas e ativados durante a partida ou ao final do jogo para dar mais pontos ao jogador), companheiros (uma espécie de bichinho de estimação opcional que pode ser usado uma vez e dá uma única vantagem ao ser ativado), encantamentos (baralho roxo pra partidas iniciantes, e baralho dourado pra partidas um pouco mais avançadas) e as cartas de loja, que é onde os dragões vão pra coletar recursos e disponibilizam suas habilidades. Todas as cartas de dragões e lojas possuem ilustrações únicas, e cada dragão tem seu próprio nome que tem a ver com seu tipo, porém, a habilidade de acordo com o tipo de dragão sempre será a mesma, ou seja, dragões de pão, como o "Docinho de Coco" ou a "Carolina", sempre vão dar a habilidade de comprar um novo dragão artesão; dragões de poção, como a "Jasmin", ou o "Pingado", permitem trocar os dragões alocados de lugar; dragões de planta permitem ganhar pontos de reputação ao dar um recurso pra outro jogador; dragões de cristal permitem que o jogador pegue 3 recursos diferentes além dos já coletados na loja visitada; e dragões de carne permitem que o jogador aloque um dragão em alguma loja da cidade. Os dragões de elite também tem nomes diferentes, e já adianto que não tenho maturidade nenhuma com os nomes desses dragõezinhos fofos.
A mecânica do jogo é bastante simples e consiste em visitar as lojas e escolher a ação desejada (coletar ou encantar) para formar os melhores combos antes dos adversários e seguir na trilha de reputação marcando pontos. Durante as rodadas, quando o baralho de compras de encantamento ou o baralho de compras de dragões artesãos acaba, o último turno é ativado e o jogo chega ao fim (e aqui eu tenho que confessar que deixava de comprar cartas ou encantar lojas pra prolongar o jogo por mais um tempinho numa tentativa de fazer mais alguns pontos).
Os tipos de lojas e dragões se dividem em pão, planta, poção, ferro, carne e cristal (e atenção para os nomes peculiares e bem engraçados das lojas e dos dragões). Ao visitar uma loja de pão, por exemplo, e o jogador quiser fazer a ação de coletar, ele coleta pão e guarda para depois usar como pagamento em algum encantamento ou pra ativar a habilidade de algum dragão de elite específico. A medida que mais dragões de um determinado tipo forem sendo alocados nas lojas, ou se a loja for encantada, o jogador também coleta a quantidade de itens que aparecem em todas as cartas alocadas alí, logo, quanto mais cartas forem dispostas na loja, mais itens o jogador poderá coletar, desde que não ultrapasse o limite de 7 itens de cada tipo e 6 cartas de dragões artesãos na mão (os de elite não tem limite). Quando uma loja for preenchida com 3 cartas de dragões, uma nova loja aleatória da pilha de compras é inaugurada na cidade dando mais possibilidades aos jogadores de coletar recursos, recompensas e ganhar mais pontos.
Um ponto interessante que destaco aqui é que, como os recursos dos outros jogadores ficam visíveis pra todos, é possível ter uma ideia do que ele está planejando fazer com relação aos encantamentos, e é possível montar uma estratégia pra atrapalhar o coitado ou partir pra um plano B caso a gente perceba que não teremos os itens suficientes para fazer o tal encantamento a tempo. Isso só não acontece com os dragões de elite, que ficam fechados na mão do jogador com objetivos específicos, logo ele pode sair ativando esses dragões ao cumprirem o que eles pedem, fazendo um bando de pontos no meio ou no final do jogo que ninguém esperava, e aqui podemos ter grandes reviravoltas na pontuação, e quem estava lá na frente pode ficar pra trás, #xatiado.
Com relação a rejogabilidade, pra ser bem sincera, não achei que há tanta assim, e as diferenças pra cada partida vão ser bem sutis. Além da possibilidade de se jogar sozinho (o que ainda não testei), o jogo traz 2 baralhos de encantamento para escolhemos um deles de acordo com o nível de dificuldade e uma boa variedade de lojas. A ideia de separar os encantamentos é interessante, mas acabei não percebendo muita diferença entre os encantamentos a não ser pelas moedas. Algumas cartas do baralho dourado proibem o uso de moedas como coringas, e outras cobram a moeda junto com outros itens para realizar o tal encantamento em alguns deles, enquanto no baralho roxo o uso das moedas em substituição a algum item para comprar aquele encantamento é livre, e nenhum encantamento obriga o jogador a pagar alguma moeda. O problema aqui é que as moedas são recompensas que o jogador ganha por alocar um dragão em algum espaço vazio na loja que dá esse recurso, logo, se um jogador alocou o dragão alí e ganhou a moeda, outro jogador não poderá realizar essa ação naquele local e terá que tentar conseguir a bendita moeda em outra loja que ainda tenha essa recompensa disponível, e isso acaba gerando uma pequena disputa.
As cartas de loja também promovem essa rejogabilidade já que não são todas que entram na jogada, e cada partida vai trazer lojas diferentes, com opções e habilidades diferentes, mas o diferencial está nas lojas especiais cujos símbolos são ícones de dragões ou moedas. Essas lojam em particular não podem ser encantadas e tem uma que nem aceita que dragões sejam alocados, o que limita o ganho de pontos, mas permitem que os jogadores coletem dragões ou moedas sem depender da alocação e da recompensa. Então, além de precisar de uma certa estratégia, também é preciso um pouco de sorte pras melhores cartas de lojas saírem ao embaralhar.
Enfim, Flamecraft é um jogo lindo de viver (principalmente essa edição deluxe), seja pela arte ou pelos componentes de excelente qualidade, super colorido e muito divertido. Uma partida dura em média 1hr (ou pouco mais). A classificação dele é de 14+ por conta da legislação brasileira, mas meu filho de 8 anos entendeu direitinho logo na primeira partida, e jogamos tranquilamente. Não tem nada impróprio pra crianças pequenas nesse jogo.
Apesar de ser fácil de entender e aprender, devido a quantidade de ações que podem ser feitas e que podem confundir um pouco numa primeira jogada, não acho que seja um jogo de entrada indicado pra quem está iniciando no hobbie. Acho que Flamecraft é um jogo intermediário que requer um pouquinho de planejamento e até de malícia pra se dar bem, mas pra quem gosta de jogos competitivos que envolvem alocação de personagens, gestão de recursos e combinação de itens pra pontuar e que podem bloquear (e atrapalhar muito) os outros jogadores, é jogo mais do que recomendado. Mal chegou e já é um dos favoritos na mesa aqui de casa.
Conto de Fadas - Stephen King
28 de dezembro de 2022
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Editora: Suma
Gênero: Fantasia
Ano: 2022
Páginas: 624
Nota:★★★★☆
Ano: 2022
Páginas: 624
Nota:★★★★☆
Sinopse: Aos dezessete anos de idade, Charlie Reade parece ser um garoto comum: pratica esportes, é um filho atencioso e aluno de desempenho razoável. Suas lembranças, entretanto, não são feitas apenas de momentos felizes. Após perder a mãe em um grave acidente quando tinha apenas dez anos, Charlie precisou aprender a cuidar de si e do pai, que, enlutado com a perda da esposa, buscou refúgio na bebida.
Certo dia, ao pedalar pela rua de casa, Charlie atende um pedido de socorro vindo do quintal de um dos vizinhos: Howard Bowditch. O homem recluso e rabugento, que amedrontava as crianças do bairro, cai de uma escada e se machuca gravemente. O chamado por ajuda veio de Radar, a fiel pastor alemão, tão idosa quanto seu dono.
Enquanto Bowditch se recupera, Charlie passa a ajudar o vizinho com tarefas domésticas e com o cuidado de Radar, e assim o rapaz faz duas grandes amizades. Quando Howard morre, Charlie se depara com uma fita cassete que revela um segredo inimaginável: um portal para outro mundo.
Até que um dia Charlie escuta a cadela Radar uivando sem parar, numa tentativa de pedir ajuda para seu dono, o velho Howard Bowditch, que havia sofrido um acidente na escada de casa. Depois de ajudar Bowditch, Charlie se aproxima desse senhor recluso e rabugento para ajudá-lo nas tarefas de casa e com os cuidados de Radar enquanto ele se recuperava, e a amizade que surge entre eles vai mudar tudo na vida do garoto. Bowditch está rodeado de mistérios que desperta a curiosidade de Charlie, mas quando Bowditch morre é que o garoto descobre que o velho escondia um segredo que ninguém jamais poderia imaginar: um portal para outro mundo.
A história pode ser dividida em três partes, onde a primeira tráz o contexto da relação do protagonista com o pai e as dificuldades pelas quais ele passou, e ainda assim mostrando o quanto Charlie não é um garoto perfeito, mesmo que seja bondoso, esforçado e leal aos seus valores; a segunda parte com o desenvolvimento da amizade entre ele, Bowditch e Radar; e a terceira parte onde ele entra no portal e embarca numa jornada cheia de aventuras e referências a diversos contos de fadas em suas versões mais sombrias.
O livro é narrado em primeira pessoa num ritmo bem lento, e vamos acompanhando o próprio Charlie contando essa história de vida, permitindo ao leitor ter uma experiência literária a la King, com descrições minuciosas a se perder de vista acerca dos mistérios da cidadezinha, da fantasia propriamente dita no mundo de Empis, e das camadas que envolvem os personagens, mostrando as questões referentes ao amadurecimento precoce de Charlie e seus dilemas, a amizade improvável com o velho implicante da vizinhança e com as responsabilidades que ele toma pra si mesmo.
Não vou negar que em diversos momentos eu não consegui enxergar Charlie como se fosse um garoto de dezessete anos, pois muitos de seus pensamentos e atitudes parecem não corresponder muito com a idade dele e ele parece ser bem mais velho (não sei se entra a questão do próprio autor parecer estar parado no tempo e não estar nada familiarizado com os "xóvens" de hoje em dia). Outra coisa é que, mesmo que haja uma explicação (que parece ter sido mais uma desculpa), não me soou muito convincente um adolescente como Charlie abrir mão de tudo pra cuidar de um velho chato que apavorava as crianças da rua, mas, tirando isso, acompanhá-lo nessa jornada do herói num mundo fantástico e cheio de perigos estando acompanhando de Radar foi até bem satisfatório. Tudo bem que nada tira da minha cabeça que o autor inseriu Radar na história pra atingir o ponto fraco dos leitores amantes de doguinhos, mas ainda assim ela é um ótimo exemplo de amizade leal e verdadeira que alguém pode ter na vida e fez toda a diferença aqui.
Acho que o livro tem partes um pouco cansativas e repetitivas, o que arrastou a leitura mais do que eu imaginei. Talvez, se fosse enxugado para que tivesse umas 400 páginas, a história poderia ser contada da mesma forma, porém com mais fluidez e agilidade. Eu gosto dos livros do King e, quando vejo algo que foge um pouco do seu terror clássico, fico animada e cheia de expectativas, porém, por mais interessante que tenha sido acompanhar Charlie nessa jornada e ter gostado muito da primeira parte do livro, a história não trouxe nada de inovador ou surpreendente, pelo menos pra mim.
Talvez pra quem ainda não conhece o estilo e a escrita de King, este não seja o melhor livro pra se começar, pois ele é bem diferente dos seus outros clássicos de terror e, mesmo que tenha toques de horror e suspense, está mais pra algo no estilo "contador de histórias", mas, pra quem gosta de fantasia com referências a se perder de vista, eu recomendo.
O Cavaleiro dos Sete Reinos - George R. R. Martin
16 de dezembro de 2022
Autor: George R. R. Martin
Editora: Suma
Editora: Suma
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2022
Páginas: 264
Nota:★★★★★
Ano: 2022
Páginas: 264
Nota:★★★★★
Sinopse: Décadas antes dos acontecimentos descritos em As Crônicas de Gelo e Fogo, O cavaleiro dos Sete Reinos narra as aventuras do cavaleiro Dunk e de seu jovem escudeiro Egg ― que se revelam importantes figuras de Westeros. Edição especial em capa dura, com novas ilustrações.
Sor Duncan, o Alto, ou apenas Dunk para os íntimos, não teve uma vida fácil. Filho bastardo de uma prostituta, ele nunca pertenceu a nenhuma Casa, e suas oportunidades de vida parecem bastante reduzidas. Mas a esperança de alcançar a glória não está perdida, e Dunk está decidido a se tornar um grande guerreiro em Westeros. Dentre todos os grandes, Dunk quer escrever o seu nome na história como um verdadeiro Cavaleiro dos Sete Reinos. O único problema é que existem muito mais pretendentes do que posições disponíveis.
A sorte começa a mudar quando ele encontra Egg, um garoto careca e cheio de atitude que se prontifica a ser o seu escudeiro. Quanto mais Dunk conhece o menino, porém, mais Egg parece o oposto de ser um mero plebeu, demonstrando uma inteligência muito além de sua idade.
Juntos, eles viajam em busca de trabalho e aventuras ― sem jamais revelar a verdadeira identidade do menino àqueles que encontram pelo caminho. Uma grande amizade nasce entre esses dois heróis improváveis, que persiste mesmo quando, anos mais tarde, eles assumem papéis centrais na estrutura de poder de Westeros.
Reunindo os três primeiros contos protagonizados por Dunk e Egg ― “O cavaleiro andante”, “A espada juramentada” e “O cavaleiro misterioso” ―, O cavaleiro dos Sete Reinos é o livro perfeito para quem quer se aventurar no fantástico mundo criado por George R.R. Martin e para aqueles que anseiam por mais histórias de Westeros, dos Targaryen e do fascinante universo de As Crônicas de Gelo e Fogo.
Resenha: O Cavaleiro dos Sete Reinos é um spin-off de As Crônicas que Gelo e Fogo que reune três contos ("O Cavaleiro Andante", "A Espada Juramentada" e "O Cavaleiro Misterioso") que narram as primeiras aventuras de Sor Duncan, o Alto, e seu jovem escudeiro Egg, que se revelam personagens bem importantes em Westeros e no universo criado por George R.R. Martin.
Já adianto que é um livro indicado pra quem já conhece os outros livros do autor, pois a história começa depois do que se passa em Fogo e Sangue, oitenta anos depois da lendária e fatídica Dança dos Dragões e da morte do último dragão, mas noventa anos antes dos acontecimentos de Gelo e Fogo.
Quando garoto, Dunk foi adotado por um Cavaleiro e mais tarde, quando o homem morre, ele se apossa de seu título e se torna "Sor Duncan, o Alto". Lutando pela sobrevivência e pela vitória em seu primeiro torneio para ser reconhecido como cavaleiro em Westeros, ele conhece "Egg", um garotinho esperto e muito falante com seus nove anos de idade mais ou menos. Egg se torna escudeiro de Sor Duncan e agora eles vão embarcar em algumas aventuras, e várias encrencas que, além de entreter o leitor com várias conspirações, cenas de ação e os famosos jogos de poder, ainda dá várias informações que complementam alguns eventos importantes que acontecem nos outros livros. Os nomes que vão surgindo que fazem ligações com personagens já conhecidos das Crônicas só enriquecem a trama e vão preenchendo as lacunas que o autor deixou pelo caminho de propósito pra matar os leitores de curiosidade e desespero (20 anos pra escrever um livro, oshe). A cada nova revelação, mais interessante e envolvente a história fica, mas ainda ficamos sedentos por mais, porque é claro que Martin não vai entregar tudo de bandeja sem fazer o povo mofar por uns anos até nascer cabelos brancos nas nossas cabeças...
O interessante é que os contos se passam em meio a terras menos conhecidas por serem menores e com casas/famílias pequenas, e o autor acaba engajando o leitor a conhecer mais sobre a vida do povo comum e de menor destaque de Westeros, como eles lidam estando a beira de uma guerra iminente e como vão parar dentro dela. E contos do tipo só servem pra enriquecer ainda mais esse universo fantástico e épico criado pelo autor, a ponto do povo discutir detalhes como se não se tratasse de pura ficção.
Mesmo que os contos sejam isolados, é recomendado que sejam lidos na ordem pra manter a cronologia dos fatos, e por ser curtinho, pode ser lido em questão de poucas horas (e é o que realmente acontece, pois quando iniciamos a leitura não dá pra parar nunca mais). Não vou dar mais detalhes pra não estragar a surpresa que envolve o segredo que Egg guarda, mas posso dizer que os contos trazem emoção e perigos na medida certa pra qualquer um que gosta desse universo ficar ainda mais envolvido e curioso por ele. Dunk e Egg são carismáticos mesmo sendo tão diferentes um do outro, e é muito legal acompanhar Dunk sempre preocupado em proteger e ensinar as coisas ao seu pequeno amigo. Eles desenvolvem uma amizade sincera que vai perdurar por toda a vida.
O livro já havia sido publicado pela Editora Leya em 2014 sob um projeto gráfico que combinava bem com os demais livros da série inacabada do autor publicados na época, mas agora foi relançado pela Suma numa edição especial em capa dura, detalhes dourados e ilustrações lindíssimas, muito caprichada e bonita.
Pra quem é fã (ou pra quem gosta dos seriados e tem curiosidade em conhecer a escrita do autor), é livro praticamente obrigatório que só acrescenta e enriquece ainda mais esse universo gigante. Só leiam.
Eu Beijei Shara Wheeler - Casey McQuiston
15 de dezembro de 2022
Autora: Casey McQuiston
Editora: Seguinte
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2022
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Ano: 2022
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: Chloe Green está a um passo de terminar o ensino médio e deixar False Beach, a cidadezinha ultraconservadora onde vive, para trás. Mas, antes disso, ela tem um último objetivo a cumprir: ser eleita a melhor aluna do colégio e a oradora da turma. Seu único obstáculo? Shara Wheeler, a garota mais popular da cidade, que arranca suspiros por onde passa.
Só que, faltando pouco mais de um mês para a formatura, Shara simplesmente desaparece. Todos são pegos de surpresa, mas Chloe tem um motivo a mais para ficar chocada: um dia antes, Shara a tinha beijado na boca sem maiores explicações.
Decidida a encontrá-la para tirar a história a limpo, Chloe logo se vê em uma busca bastante inusitada: Shara espalhou vários cartões pela cidade, dando pistas sobre o seu paradeiro e revelando uma personalidade até então desconhecida ― e que pode mudar completamente os planos de Chloe.
Resenha: Faz quatro anos que Chloe e suas mães saíram do sul da Califórnia para irem viver em False Beach, Alabama, uma cidadezinha ultraconservadora que não aceita muito bem nada que foge do tradicional. Agora, Chloe não vê a hora de se formar no ensino médio e dar no pé rumo a faculdade. Frequentar a Escola Cristã Willowgroove, uma escola conservadora, ainda mais dada sua composição familiar, não é nada fácil, mas o que mais preocupa e desperta o espírito de competição em Chloe, é a rivalidade entre ela e Shara Wheeler, a it-girl da escola e garota mais popular da cidade. Chloe está muito perto de vencer Shara se tornando a oradora da turma e terminar o ano com chave de ouro, mas faltando pouco mais de um mês pra formatura, Shara simplesmente desaparece. Como se isso já não fosse suspeito o bastante, Shara ainda lascou um beijo em Chloe sem maiores explicações antes de sumir no mundo, deixando a garota a beira de um ataque de nervos, chocada.
Depois de descobrir que Shara também beijou Rory, o vizinho, Chloe se junta a ele e invadem a casa da desaparecida em busca de pistas, e após isso eles tem a ideia de procurar o namorado de Shara para tentar decifrar as cartas que receberam. A partir daí, os três se juntam para formar uma aliança improvável numa tentativa de descobrir mais pistas sobre o paradeiro de Shara e solucionar esse verdadeiro mistério, e pra isso eles vão sair por aí invadindo todos os lugares possíveis e inesperados em busca de qualquer informação. Até que Chloe começa a perceber que Shara, através de pequenos detalhes encontrados, é bem diferente e parece ter mais camadas do que ela pensou, e que talvez ela devesse dar uma chance pra si mesma de permanecer em False Beach.
Narrado em terceira pessoa, os capítulos são curtos e bem fluídos, bem no estilo divertido, queer, atraente e emocionante da autora. Os capítulos vem em forma de uma contagem, mostrando quantos dias Shara está sumida e quantos dias faltam para a formatura.
Quem gosta da autora e acompanha seus livros já deve ter percebido que a construção dos personagens é a alma do negócio. São todos adoráveis, humanos, às vezes irritantes, e longes da perfeição. Mesmo que muito jovens, eles possuem camadas, são complexos em suas individualidades mas muito interessantes, cada um a sua maneira. Acompanhar o desenvolvimento da amizade, até então inimaginável, entre Chloe, Rory e Smith foi muito satisfatório, principalmente quando se trata de adolescentes que aprendem alguma coisa de útil com a experiência e demonstram inteligência. Chloe é sarcástica e as piadinhas em meio aos diálogos não abrem nenhuma brecha pra qualquer tédio durante a leitura, e achei que o bom humor ajudou bastante a trazer uma leveza para a trama de uma forma bem natural, mesmo quando alguns temas mais delicados, como racismo, homofibia e fanatismo religioso, eram abordados. A questão da cidade e a própria escola serem conservadoras acabam pesando nesses temas, pois vemos a influência da religião na educação e na maneira como os moradores se enxergam, logo também entramos na questão da criação da pessoa. A autora tem um cuidado muito grande em abordar o que a religião significa para os demais personagens que não são cristãos ou conservadores sem passar a ideia de que tudo é errado, ou de que tudo é preconceito, como se só existisse um lado da história, e isso acaba fazendo o leitor refletir sobre julgamentos. Há uma quantidade significativa de personagens queer, onde muito deles estavam em diferentes estágios de descoberta ou jornada sobre quem são e onde querem chegar dentro da comunidade.
Os momentos que a autora promove entre os amigos são engraçados, são sensíveis, há partes onde um apoia o outros em situações bem difíceis, e é impossível não torcer por eles a medida que eles vão sendo mais explorados e trazendo à tona as características de suas identidades e personalidades.
Confesso que Chloe não é uma personagem muito fácil de lidar, porque em alguns pontos a obsessão dela por Shara chega a ser meio esquisita e, às vezes, ela parece se achar superior aos outros por ter vindo da Califórnia a ponto de eu ficar a fim de dar um sacode nela. Outra coisa que me incomodou um pouco foi a questão da busca pelas pistas, que começa muito legal, mas vai chegando num ponto que se torna meio cansativa.
No mais, é um livro excelente sobre ser adolescente em processo de amadurecimento e descobertas num momento de incertezas e dilemas, em meio a sentimentos conflitantes que vão se desencadeando a partir de novas experiências. É uma história sensível e emocionante sobre ser você mesmo, sobre ir atrás do que se quer, e, inesperadamente, encontrar no meio do caminho.
Destruidor de Espadas - Victoria Aveyard
14 de dezembro de 2022
Título: Destruidor de Espadas - Realm Breaker #2
Resenha: Destruidor de Espadas, de Victoria Aveyard, é o segundo volume da trilogia Realm Breaker que dá continuidade aos acontecimentos de Destruidor de Mundos.
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Editora: Seguinte
Gênero: Alta Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2022
Páginas: 560
Nota:★★★★☆
Ano: 2022
Páginas: 560
Nota:★★★★☆
Sinopse: No segundo volume dessa fantasia épica viciante, Corayne chega mais perto de se tornar uma heroína ― mas uma nova ameaça está à espreita.
Corayne não imaginava o que vinha pela frente quando um imortal e uma assassina bateram à sua porta. Eles anunciaram que ela era a única capaz de deter Taristan, um homem sedento por poder que estava abrindo portais para outros mundos, lares de criaturas aterrorizantes. Desesperada por uma aventura, ela partiu determinada a cumprir essa missão, com a ajuda de uma espada especial e de um grupo improvável de aliados.
Depois de uma batalha que quase lhes custou a vida, Corayne e os Companheiros conseguiram fechar um dos portais. Mas eles sabem que essa guerra está longe de acabar… Afinal, Taristan avança ao lado da rainha Erida, conquistando mais e mais territórios pelo caminho.
Quando percebem que o cerco está se fechando, resta aos Companheiros formar seu próprio exército. Num esforço de unir reinos há muito tempo divididos, eles vão enfrentar assassinos ardilosos, feras terríveis e mares tempestuosos. Tudo isso enquanto descobrem da pior forma que Taristan libertou um perigo ancestral, capaz de colocar em risco até a vida dos guerreiros mais poderosos.
Resenha: Destruidor de Espadas, de Victoria Aveyard, é o segundo volume da trilogia Realm Breaker que dá continuidade aos acontecimentos de Destruidor de Mundos.
Essa resenha pode ter spoilers do primeiro livro.
Depois de vários portais que dão acesso a outros mundos perigosos terem sido abertos pelo rei Taristan para espalhar o caos, Corayne, portando a espada que pertenceu a seu pai, conseguiu fechar um dos Fusos por ser a única capaz de realizar tal feito. O Fuzo que fora fechado deixa de ser uma ameaça, mas há outros espalhados que precisam ser fechados também. Assim, Corayne e a guilda de heróis composta por Sorasa, Andry, Dom, Valtik, Sigil e Charlie, que passou a ser chamada de "Os Companheiros", precisam correr contra o tempo para impedir que o pior aconteça, o problema é que eles não precisam lidar apenas com as ambições e os planos terríveis de Taristan, mas também com a rainha Erida. Ela quer se tornar imperatriz de Todala e que todos se curvem aos seus pés, mesmo que pra isso ela precise derramar sangue de inocentes e o povo que lute.
Levando em consideração a escrita do primeiro livro e dos outros livros da autora, eu já esperava que esse seguiria o mesmo padrão, mas confesso que fiquei exausta com a leitura deste. Capítulos gigantescos, arrastados e intermináveis, com descrições minuciosas pra cada grão de poeira que aparece e que poderiam ser retiradas sem afetar a história tornando a leitura muito mais fluída e rápida, economizando pelo menos metade das páginas. Admito que talvez ela compense essa enrolação com cenas de ação e aventura bem emocionantes, mas não achei que o equilíbrio foi justo. Também fiquei com aquela sensação meio amarga de que a autora cria aquela tensão em uma situação desesperadora ou que envolva algum romance para ficarmos na expectativa mas nada de terrível acontece, então num certo ponto, quando aparece outra cena desesperadora, já não há mais espaço pra preocupações, pois já sabemos que não passa de mais um susto e que daqui a pouco passa. A reviravolta é legal, mas é previsível. A tensão "amorosa" (entre aspas mesmo, porque aquilo tá mais pra alguma doença) entre Taristan e Erida é sofrível, e o tempo que a autora enrola pra eles darem um beijo chega a dar vontade de desistir.
Outra coisa que não me desce de jeito nenhum é a forma como Taristan é um vilão caricato e genérico, e as motivações que ele tem pra atingir seus objetivos são ridículas. E tenho que ser sincera em dizer que odiei com todas as minhas forças a tirania de Erida e como foi forçada a ideia dela ser odiada pelos nobres só por ser mulher. Ah, vá... Ela é odiada porque é uma maníaca que sai despejando atrocidades por onde passa, mas ainda assim não consegui engolir essa figura de rainha má que ela faz tanta questão de mostrar pros outros porque me soou tudo muito gratuito, e a ideia dela ter uma dependência emocional do rei também não combina muito bem com essa opressão que ela sai espalhando e com a liberdade que ela sempre afirma ter.
O ponto alto pra mim, assim como no primeiro volume, foi a construção das relações entre os personagens. Os Companheiros, mesmo que em maioria sejam super estereotipados dentro de suas funções, são leais uns aos outros e se tornaram uma verdadeira família, e os momentos que eles passam juntos, seja enfrentando perigos e passando por provações, ou em momentos de pequenas descontrações e descanso, é muito legal de acompanhar, principalmente pelos diálogos bem humorados e inteligentes.
Há um contraste bem interessante entre os relacionamentos entre Corayne e Andry, e Sorasa e Dom, mas sem partir para o romance descarado e meloso. Enquanto o primeiro mostra o papel da juventude e como eles terão as vidas marcadas numa guerra enquanto mantém a esperança de que tudo vai dar certo no final, o segundo foca no peso das escolhas que são feitas a partir de uma vasta experiência de vida, logo há esse equilíbrio em vez de só focar num drama adolescente que ninguém aguenta mais, e muitas cenas são bem sensíveis e emocionantes. As coisas são bem sutis pois o que está em jogo é a vida das pessoas, e o romance eles resolvem depois. Prioridades... O que acho o máximo é que por mais que Dom e Sorasa vivam brigando, no fundo a gente sabe que eles se importam um com o outro e que mais cedo ou mais tarde eles vão ceder.
Enfim, não achei que esse segundo volume superou o primeiro em qualidade e emoção, mas foi uma boa continuação que só atiçou ainda mais minha curiosidade pelo desfecho que deve sair em 2023. Pra quem gosta de alta fantasia, RPG, guildas, campanhas e muitas reviravoltas de tirar o fôlego, são livros mais do que recomendados. Os pontos que, pra mim, foram negativos são super contornáveis quando pensamos na grandiosidade da história e do que aparentemente está por vir.
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