Review - Bristol 1350 (Coleção Cidades Sombrias)

3 de janeiro de 2023

Título: Bristol 1350 - Cidades Sombrias #4
Editora/Fabricante: Galápagos
Criadores: Travis Hancock, Holly Hancock e Sarah Keele
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-9
Nota:★★★★★
Descrição: A temida peste bubônica atingiu a cidade de Bristol. Bristol 1350 é um jogo semicooperativo que mistura mecânicas de corrida, blefe e dedução social. Vocês são aldeões tentando escapar da peste bubônica, pegando carona em carroças saindo da cidade. Se a sua carroça for a primeira a sair de Bristol e estiver cheia de aldeões saudáveis, você e seus companheiros de carroça ganham o jogo. No entanto, se durante a partida algum aldeão contrair a temível peste, ele deve esconder seus sintomas e escapar em uma carroça para vencer – e nesse processo contaminar todos a bordo. Se você, uma pessoa saudável, escapar na mesma carroça que o aldeão contaminado, você vai contrair a praga e seus dias estarão contados. Use qualquer meio egoísta para sair da cidade o mais rápido possível sem a praga – descubra quem é o contaminado e empurre o para fora da carroça antes que seja tarde demais.

Bristol 1350 é um jogo de dedução, corrida e blefe que compõe a série Cidades Sombrias, uma coleção de jogos temáticos e independentes que vem em caixinhas que simulam livros antigos e surrados. Cada jogo tem a própria mecânica de acordo com o tema, e se passa numa cidade que faz parte da História e que ficou marcada por algum acontecimento grandioso. No caso de Bristol 1350, o que ocorreu foi o surto de Peste Bubônica que começou na Ásia e se espalhou através da Europa, tendo seu auge entre 1347 e 1351. O manual do jogo traz um resumo bem informativo sobre a peste e sobre Bristol, que foi a primeira grande cidade da Inglaterra, tão importante quanto Londres, afetada e arrasada pela doença.


No jogo somos habitantes de Bristol no século XIV e, devido a peste, precisamos fugir da cidade em carroças de maçã. A cada jogada o risco de termos contato com ratos é bem grande, o que pode fazer com que alguém contraia a doença e contamine seus companheiros de viagem ao se misturarem. Os aldeões que estiverem na carroça que sair de Bristol primeiro vencem a partida - desde que estejam saudáveis. As cartas de personagens, além de darem ações especiais pro jogador num modo opcional e mais avançado de jogo, trazem pessoas bem distintas, como Condessa, Copeira, Xerife, Frade, e afins, e um ponto bem curioso sobre isso é a ideia de mostrar que todos eles, independentemente de suas condições ou classe social, estavam igualmente correndo risco de ficarem doentes ao conviverem com a morte constantemente, e as ilustrações demonstram isso muito bem.


O jogo tem uma mecânica bem simples onde cada jogador começa o jogo saudável, porém com 2 cartas de sintoma da doença. São 4 tipos de sintomas: enxaqueca, tosse, calafrios e bubões. Cada sintoma tem valor de 1 a 4 respectivamente e se, durante as rodadas, o jogador adquirir sintomas que somarem 6 ou mais pontos, secretamente ele estará com a peste até o final da partida, e seu objetivo será contaminar e atrapalhar os companheiros, ou diminuir as opções de fuga desses coitados. Haverá rolagem de dados para que as carroças avancem e para tentar manipular a corrida, e uso de cartas de remédio que darão alguma vantagem ao jogador.
A quantidade de rodadas vai variar de acordo com a movimentação das carroças. São 6 dados que trazem símbolos de ratos e maçãs nas cores das carroças. A quantidade de cores indica quantas casas a carroça se move, a quantidade de ratos indica se haverá a mistura de cartas de sintomas dos aldeões naquela carroça, resultando numa possível contaminação.


No começo da rodada alguém vai jogar e analisar o resultado de todos os 6 dados, e depois o primeiro jogador vai escolher uma entre três ações permitidas: ele pode pegar 2 dados dos 6 para rerrolá-los; pode comprar uma carta de remédio para ter alguma vantagem; ou pode movimentar o peão para pular pra carroça da frente, dar uma cotovelada pra mudar de posição dentro da carroça, ou empurrar alguém suspeito pra fora dela. Os demais jogadores tem as mesmas ações e podem inclusive rerrolar os dados que foram jogados pelos jogadores anteriores ou bloquear ações feitas contra eles caso tenham a carta de remédio própria pra isso.

Inicialmente os jogadores que compartilham a mesma carroça se ajudam porque a ideia é dar o fora da cidade primeiro e azar de quem ficar pra trás, por isso o jogo é semicooperativo, mas como os aldeões que pegam a peste mantém a doença em segredo para tentar contaminar os outros (é onde entra o blefe), é preciso ficar de olho e suspeitar de todo mundo sempre que houver uma mistura. Inclusive é possível que jogadores contaminados ganhem o jogo: basta que todas as três carroças estejam contaminadas e saiam da cidade juntas na mesma rodada.


Assim como as cartas de personagens, as cartas de remédio também são bem interessantes, não apenas pelo benefício que dão ao jogador que irá usá-las na sua vez, mas por mostrar os artifícios mirabolantes que as pessoas recorriam para tentar se curar ou afastar a doença, como uso de sanguessugas para sangria; arsênico e esmeraldas esmagadas no preparo de poções; e até chicotes para autoflagelo aos que acreditavam que a peste era algo espiritual e relacionado a fé. Toda a mecânica do jogo funciona como uma forma de mostrar a tentativa das pessoas de sobreviver em meio a essa pandemia terrível com os recursos que tinham na época, o que ajuda na imersão, desperta a curiosidade de quem não sabe muito sobre o evento, e ainda instiga os jogadores a irem pesquisar essa parte triste da História da humanidade.

Testei o jogo com 4, 3, 2 pessoas e no modo solo, e acho que é bem mais divertido a partir de 4 pessoas. No modo solo e no modo para até 3 jogadores é preciso simular uma quantidade de jogadores que completem 4 pessoas, logo jogamos com "fantasmas". Esses jogadores não podem usar ações de remédio, podem mudar de posição e de carroça bem facilmente de acordo com a forma como eles rolam os dados, e a soma do valor dos seus sintomas só é considerada ao final do jogo. Nessa forma de jogo, se houver uma carroça que cruzar a linha de chegada primeiro só com fantasmas saudáveis, eles vencem o jogo. A classificação é 14+, mas dá pra jogar com crianças 8+ sem nenhuma dificuldade.


Acho que o único ponto negativo desse jogo é o fato do mapa ser muito pequeno e poder acontecer de o jogo terminar sem que todas as opções sejam utilizadas e exploradas. Por exemplo, numa das partidas que joguei em 4 pessoas, uma das carroças se movia muito devido a rolagem dos dados e saiu da cidade muito rápido, e no final o jogo terminou em menos de 10 minutos sem que ninguém tivesse se contaminado e emoção zero. Já em outras partidas onde jogamos em até 3 pessoas com jogadores fantasmas, houve contaminação, houve disputa de empurrar jogadores pra lá e pra cá e foi bem mais caótico e engraçado. Tudo isso mostra como cada partida é única e como o nível de estratégia também vai depender da malícia dos jogadores na mesa.


No mais, Bristol 1350 é um party game que, apesar do tema, é divertido de se jogar, cheio de detalhes interessantes e curiosos, componentes de excelente qualidade e muito bonitinhos, e arte tão linda quanto sombria. Pra quem gosta de jogos que promovem bastante interação, cooperação e furação de olho, é super indicado.

Wishlist #16 - Board Games - Night Parade of a Hundred Yokai

2 de janeiro de 2023

Recentemente descobri o jogo Night Parade of a Hundred Yokai numa das minhas andanças pelo YouTube, grupos de Facebook e por lojas online dedicadas a jogos de tabuleiro. É um projeto bastante interessante de um autor nacional, e é aquele tipo de jogo bastante estratégico, super competitivo, bonitinho e que diverte bastante, mas que não teve o hype que merecia, tanto que mesmo com expansões custa menos do que muita coisa famosa que encontramos no mercado.
Já fiquei apaixonada por esses meeples com carinhas felizes e já penso em passar na frente de um bando que tá na fila por aqui...

Night Parade of a Hundred Yokai
Editora/Fabricante: Conclave
Criador: Luís Brüeh
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-4
Descrição: O rei Enma não está em lugar nenhum. Com seu terrível castelo em Mount Fire, clãs assimétricos de semideuses há muito esquecidos criarão exércitos e lutarão para conquistar os corações nas ilhas do Japão.
Escolha entre 4 facções assimétricas e selecione para convocar novos yokai, fazendo o desfile noturno mais eficiente. A cada rodada, ative um de seus desfiles para enviar meeples para assombrar as ilhas, se movimentar e lutar um contra o outro. Assim que uma ilha tiver um certo número de yokai, os habitantes construirão um santuário para acalmá-los, enviando seus meeples de volta à sua área de jogador. Depois que um jogador recebe 5 de seus santuários em jogo, os jogadores restantes recebem o último turno, o jogo termina e os pontos de vitória são marcados com base em cartões ocultos para decidir o vencedor.


Expansões

Moonlight Whispers
Há lendas, mesmo entre os Yokai, de seres tão únicos e poderosos que mesmo o próprio Rei Yokai não seria capaz de controlá-las ou bani-las. Os Daiyokai, cujos nomes não poderiam nunca ser ditos em voz alta, são criaturas enigmáticas. Mas, cuidado, pois eles tem seus próprios propósitos e não são leais a ninguém.



Kami Rising
Night Parade of a Hundred Yokai é um evento turbulento quando todos os tipos de seres sobrenaturais são libertados do mundo espiritual para marchar pelo reino dos mortais em um espetáculo massivo de caos absoluto.
A Expansão para Night Parade of a Hundred Yokai Kami Rising traz 2 Novos Clãs assimétricos: Kotengu e Inugami e novas Habilidades: Banir e Invocar.

Resumo do Mês - Dezembro

1 de janeiro de 2023

Dezembro é o mês do desespero, né? E 2022 foi literalmente o ano do surto. Que ano ruim, Brasil, meudeusdocéu.
E aqui em casa é assim: Correria com as coisas de Natal, correria pra colocar as pendências do blog em dia, correria em casa com as crianças de férias, socorro. Mas, posso dizer que agora que terminei a bendita fisioterapia, consegui fazer o impossível nos 49' do segundo tempo, mesmo que pra isso a casa tenha ficado meio revirada. Ainda consegui zerar Super Mario World numa sessão de nostalgia feat. puro ódio, liberando as 96 benditas saídas do jogo. Mas fazer o que, né? Prioridades... Grazadeus que metade dos livros que resenhei eram curtos e pude ler em poucas horas, alguns até ouvi o audiobook pra ajudar, então já me adiantou bastante tempo. O calhamaço do Stephen King que eu achei que levaria anos pra terminar até que terminei mais rápido do que pensei.
Espero que 2023 seja um ano de renovação, reconstrução e muitas conquistas pra todo mundo. Só desejo coisas boas pra gente.

Caixa de Correio #129 - Dezembro

31 de dezembro de 2022

Mais um mês de loucura passou e com ele o ano chega ao fim. Nem acredito que o blog tá prestes a comemorar 11 anos de vida, e quando olho pra trás e vejo esse pedação que já caminhei, nem consigo acreditar. Mês de natal, eu aproveitei pra me dar presentes e não poderia ficar mais feliz.
Não vou me alongar muito porque faltam 3 minutos pra virada e nem sei o que tô fazendo aqui em vez de ir curtir.

#fui

Livros:
  • Lore Olympus vol.1 - Rachel Smythe
  • O Livro das Respostas - Carol Bolt
  • A Longa Marcha - Stephen King
  • Vermelho, Branco e Sangue Azul (ed. colecionador) - Casey McQuiston
  • Caderno de Exercícios para Praticar a Lei da Atração - Slavica Bogdanov
  • Caderno de Exercícios para se Organizar Melhor e Viver sem Estresse - Christel Petitcollin

Jogos de Tabuleiro:
  • Everdell - Bellfair
  • Robinson Crusoe
  • Flamecraft (Deluxe Edition)
  • Salem 1692 (Cidades Sombrias #2)
  • Bristol 1350 (Cidades Sombrias #4)
  • Munchkin 9 - Jurássico Sarcástico

Top 10 #10 - Melhores Leituras de 2022

30 de dezembro de 2022


Esse ano eu lembrei da lista, então bora lá.
Já adianto que, apesar de não ter lido a quantidade de livros que eu gostaria, li uma variedade de gêneros até razoável. Teve livro divertido, emocionante, nostálgico, de revirar os olhos de preguiça, e dessa vez vou listar na ordem, do último pro primeiro lugar. Teve livro 4 estrelas na lista, sim, mas não é porque não favoritei o livro que o bendito não seja bom. Teve livro que recebi esse ano mas vou ler agora em janeiro. Talvez tenha perdido alguma coisa que não entrou nessa lista por ter empurrado pra frente? É possível, mas se merecer, entra na do ano que vem (prometo não esquecer, eu espero).

Review - Flamecraft (Edição Deluxe)

29 de dezembro de 2022


Título:
Flamecraft (Edição Deluxe)
Editora/Fabricante: Galápagos
Criador: Manny Vega
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 1-5
Nota:★★★★★
Descrição: Seja bem-vindo à Flamecraft, um mundo onde dragõezinhos artesãos e humanos convivem em harmonia!
No mundo fantasioso de Flamecraft, humanos e pequenos dragões convivem pacificamente, usando suas diferentes habilidades para se ajudarem. Nesse mundo, dragões artesãos, versões menores e magicamente talentosas de seus primos maiores (e destrutivos), são procurados pelos lojistas para que possam encantar os clientes e ajudar com os negócios!
Os jogadores assumem o papel de Guardachamas, pessoas com habilidade de conversar com dragões e responsáveis por alocar os dragões nos diferentes comércios da cidade, assim construindo sua reputação. Como os dragões possuem diferentes especialidades (pão, carne, ferro, cristal, planta e poção), jogadores precisam ser inteligentes na alocação de seus amigos répteis!
Durante uma partida, os jogadores visitam lojas para ganhar itens e favores de um dos dragões lá, e usam os itens coletados para encantar as lojas, ganhando reputação e os favores de todos os dragões da loja – faça os combos mais criativos e corra atrás de objetivos secretos para ganhar mais reputação ainda!
Um jogo estratégico, mas que é fácil de aprender e mais fácil ainda de se apaixonar! Ganhe o jogo ao ser nomeado Mestre do Ofício Ígneo – o Guardachama com a melhor reputação da cidade!

Flamecraft é um jogo com temática de fantasia, onde dragões e humanos trabalham juntos e convivem em harmonia. O objetivo é ser o melhor "Guardachamas", um tipo de treinador de dragões, com a maior reputação e, pra isso, é necessário alocar os dragões artesãos nas lojas disponíveis da cidade, e fazer uma boa gestão de recursos para fazer as melhores combinações que rendem recompensas e que vão somar mais pontos.

Aqui temos cartinhas de dragões artesãos (que são alocados nas lojas e dão habilidades para o jogador de acordo com o tipo de dragão), dragões de elite (que podem ser adquiridos ao coletar recompensas e ativados durante a partida ou ao final do jogo para dar mais pontos ao jogador), companheiros (uma espécie de bichinho de estimação opcional que pode ser usado uma vez e dá uma única vantagem ao ser ativado), encantamentos (baralho roxo pra partidas iniciantes, e baralho dourado pra partidas um pouco mais avançadas) e as cartas de loja, que é onde os dragões vão pra coletar recursos e disponibilizam suas habilidades. Todas as cartas de dragões e lojas possuem ilustrações únicas, e cada dragão tem seu próprio nome que tem a ver com seu tipo, porém, a habilidade de acordo com o tipo de dragão sempre será a mesma, ou seja, dragões de pão, como o "Docinho de Coco" ou a "Carolina", sempre vão dar a habilidade de comprar um novo dragão artesão; dragões de poção, como a "Jasmin", ou o "Pingado", permitem trocar os dragões alocados de lugar; dragões de planta permitem ganhar pontos de reputação ao dar um recurso pra outro jogador; dragões de cristal permitem que o jogador pegue 3 recursos diferentes além dos já coletados na loja visitada; e dragões de carne permitem que o jogador aloque um dragão em alguma loja da cidade. Os dragões de elite também tem nomes diferentes, e já adianto que não tenho maturidade nenhuma com os nomes desses dragõezinhos fofos.


A mecânica do jogo é bastante simples e consiste em visitar as lojas e escolher a ação desejada (coletar ou encantar) para formar os melhores combos antes dos adversários e seguir na trilha de reputação marcando pontos. Durante as rodadas, quando o baralho de compras de encantamento ou o baralho de compras de dragões artesãos acaba, o último turno é ativado e o jogo chega ao fim (e aqui eu tenho que confessar que deixava de comprar cartas ou encantar lojas pra prolongar o jogo por mais um tempinho numa tentativa de fazer mais alguns pontos).

Os tipos de lojas e dragões se dividem em pão, planta, poção, ferro, carne e cristal (e atenção para os nomes peculiares e bem engraçados das lojas e dos dragões). Ao visitar uma loja de pão, por exemplo, e o jogador quiser fazer a ação de coletar, ele coleta pão e guarda para depois usar como pagamento em algum encantamento ou pra ativar a habilidade de algum dragão de elite específico. A medida que mais dragões de um determinado tipo forem sendo alocados nas lojas, ou se a loja for encantada, o jogador também coleta a quantidade de itens que aparecem em todas as cartas alocadas alí, logo, quanto mais cartas forem dispostas na loja, mais itens o jogador poderá coletar, desde que não ultrapasse o limite de 7 itens de cada tipo e 6 cartas de dragões artesãos na mão (os de elite não tem limite). Quando uma loja for preenchida com 3 cartas de dragões, uma nova loja aleatória da pilha de compras é inaugurada na cidade dando mais possibilidades aos jogadores de coletar recursos, recompensas e ganhar mais pontos.

Um ponto interessante que destaco aqui é que, como os recursos dos outros jogadores ficam visíveis pra todos, é possível ter uma ideia do que ele está planejando fazer com relação aos encantamentos, e é possível montar uma estratégia pra atrapalhar o coitado ou partir pra um plano B caso a gente perceba que não teremos os itens suficientes para fazer o tal encantamento a tempo. Isso só não acontece com os dragões de elite, que ficam fechados na mão do jogador com objetivos específicos, logo ele pode sair ativando esses dragões ao cumprirem o que eles pedem, fazendo um bando de pontos no meio ou no final do jogo que ninguém esperava, e aqui podemos ter grandes reviravoltas na pontuação, e quem estava lá na frente pode ficar pra trás, #xatiado.


Apesar da temática de dragões e encantamentos, o jogo em si poderia ter qualquer outro tema sem interferir na mecânica ou na jogabilidade, pois basicamente vamos coletar recursos, alocar personagens, usar alguma habilidade pra ter alguma vantagem e somar pontos. Essa edição deluxe (que é o dobro do preço da outra) traz o mesmo tabuleiro de neoprene, mas é ainda mais bonita devido aos componentes de madeira, plástico e metal, mas não acho que muda a experiência durante o jogo se comparado a edição standart. O insert também é todo organizado pra cada coisinha ser guardada no devido espaço e ainda vem uma bolsinha de tecido pra guardar as moedinhas, bem pesadas por sinal. Acredito que a diversão vai ser a mesma e só faz diferença pra quem realmente é colecionador e gosta desse tipo de detalhes que deixam o jogo mais "rico".


O manual do jogo é super bem organizado, e as informações vem de forma bem clara e com alguns exemplos pra ensinar como jogar direitinho. Cada jogador tem uma carta de referência com o resumo do que pode ser feito no seu turno. É possível que no meio da partida apareça uma carta com algum comando referente a ativação de habilidades que possa gerar alguma dúvida ou confusão, mas o manual já traz a explicação de cada habilidade de dragão ou loja especial, basta procurar o nome da carta na lista para entender e saber o que fazer.

Com relação a rejogabilidade, pra ser bem sincera, não achei que há tanta assim, e as diferenças pra cada partida vão ser bem sutis. Além da possibilidade de se jogar sozinho (o que ainda não testei), o jogo traz 2 baralhos de encantamento para escolhemos um deles de acordo com o nível de dificuldade e uma boa variedade de lojas. A ideia de separar os encantamentos é interessante, mas acabei não percebendo muita diferença entre os encantamentos a não ser pelas moedas. Algumas cartas do baralho dourado proibem o uso de moedas como coringas, e outras cobram a moeda junto com outros itens para realizar o tal encantamento em alguns deles, enquanto no baralho roxo o uso das moedas em substituição a algum item para comprar aquele encantamento é livre, e nenhum encantamento obriga o jogador a pagar alguma moeda. O problema aqui é que as moedas são recompensas que o jogador ganha por alocar um dragão em algum espaço vazio na loja que dá esse recurso, logo, se um jogador alocou o dragão alí e ganhou a moeda, outro jogador não poderá realizar essa ação naquele local e terá que tentar conseguir a bendita moeda em outra loja que ainda tenha essa recompensa disponível, e isso acaba gerando uma pequena disputa.


As cartas de loja também promovem essa rejogabilidade já que não são todas que entram na jogada, e cada partida vai trazer lojas diferentes, com opções e habilidades diferentes, mas o diferencial está nas lojas especiais cujos símbolos são ícones de dragões ou moedas. Essas lojam em particular não podem ser encantadas e tem uma que nem aceita que dragões sejam alocados, o que limita o ganho de pontos, mas permitem que os jogadores coletem dragões ou moedas sem depender da alocação e da recompensa. Então, além de precisar de uma certa estratégia, também é preciso um pouco de sorte pras melhores cartas de lojas saírem ao embaralhar.

Enfim, Flamecraft é um jogo lindo de viver (principalmente essa edição deluxe), seja pela arte ou pelos componentes de excelente qualidade, super colorido e muito divertido. Uma partida dura em média 1hr (ou pouco mais). A classificação dele é de 14+ por conta da legislação brasileira, mas meu filho de 8 anos entendeu direitinho logo na primeira partida, e jogamos tranquilamente. Não tem nada impróprio pra crianças pequenas nesse jogo.

Apesar de ser fácil de entender e aprender, devido a quantidade de ações que podem ser feitas e que podem confundir um pouco numa primeira jogada, não acho que seja um jogo de entrada indicado pra quem está iniciando no hobbie. Acho que Flamecraft é um jogo intermediário que requer um pouquinho de planejamento e até de malícia pra se dar bem, mas pra quem gosta de jogos competitivos que envolvem alocação de personagens, gestão de recursos e combinação de itens pra pontuar e que podem bloquear (e atrapalhar muito) os outros jogadores, é jogo mais do que recomendado. Mal chegou e já é um dos favoritos na mesa aqui de casa.