Título: Perfeita (na teoria)
Autora: Sophie Gonzales
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Romance
Ano: 2023
Páginas: 352
Nota:
★★★★☆Sinopse: Darcy Phillips tem a solução ideal para qualquer problema de relacionamento. Pelo armário 89 do colégio, ela recebe cartas desesperadas de alunos pedindo conselhos e depois responde tudo por um e-mail anônimo ― mediante pagamento. É o negócio perfeito.Ironicamente, sua vida amorosa é um desastre: há anos, ela é apaixonada por sua melhor amiga e não tem coragem de se declarar. Mas Darcy convive bem com todos esses segredos, até que Alexander Brougham, o atleta da escola, a flagra pegando as cartas do armário e coloca tudo a perder.
Em troca de manter seu anonimato, ela concorda em ajudar Brougham a voltar com a ex-namorada. Parece uma tarefa simples: dar umas dicas para um cara gato (mas muito arrogante) a reconquistar uma garota que já foi completamente apaixonada por ele. Mas Darcy logo vai descobrir que nada é tão simples quanto parece.
Resenha: Darcy Philips é o tipo de garota que não só ajuda os amigos dando dicas objetivas para resolver seus problemas amorosos, ela também os ajuda a enfrentar suas questões emocionais e é a consultora de relacionamentos da escola. Darcy faz tudo isso mantendo sua identidade em segredo: ela recebe cartas com pedidos de socorro que os alunos colocam num armário sem dono da escola, pega tudo secretamente e depois responde o povo por um email anônimo sob o pseudônimo de "Armário 89", dando a solução pro problema que for, e ainda ganha uns trocados com esse "serviço". A hipocrisia nessa história é que Darcy, que é bissexual, é apaixonada por sua melhor amiga, Brooke, mas não tem coragem de se declarar, e fica nesse impasse.
Até então ela convive bem com a forma como está levando sua vida e seu negócio secreto, mas isso foi até Alexander Brougham, o atleta babaca da escola, ver Darcy pegando as cartas no famigerado armário e descobrindo a identidade secreta da famosa consultora. O espertinho poderia colocar tudo a perder mas, em troca de manter o bico calado, ele chantageia pede ajuda a Darcy para voltar com a ex namorada. A princípio, a tarefa era algo simples e nada que fugisse do que Darcy já tem costume de lidar, mas não dessa vez... Brougham, o cara que ela considera o maior idiota da escola, começa a atrair sua atenção. E o dilema não pára por aí, pois ainda existe o risco de Brooke descobrir tudo e Darcy perder a amizade dela. E agora?
Narrado em primeira pessoa, Perfeita (na teoria) é um romance leve, envolvente e muito bem escrito, com toques de um humor autodepreciativo que aborda a vida e o cotidiano de adolescentes que são imperfeitos, assim como qualquer pessoa, que cometem erros, que guardam segredos, que magoam os outros, mas aprendem com eles e ainda amadurecem. Os personagens tem uma dinâmica muito boa, independente do grau de proximidade ou parentesco que tenham, o que deixa a história movimentada e bastante fluída e, além disso, o elenco tráz uma representação LGBTQIA+ incrível.
Além da protagonista bissexual, Brooke é lésbica, a irmã de Darcy está em transição, e elas ainda fazem parte do grupo Queer da escola.
É interessante acompanhar Darcy e seus dilemas, pois ela é a especialista, tem respostas pra tudo, sabe resolver os problemas amorosos dos outros caso contrário devolve o dinheiro deles, mas por mais que seus conselhos e orientações sejam totalmente eficazes, eles não servem pra ela mesma pois é muito mais fácil ver a situação de fora e não estar emocionalmente envolvido no caso. E geralmente é isso que acontece com as pessoas comuns, que vivem dando palpites nos relacionamentos alheios quando vêem as coisas erradas, mas não conseguem enxergar o que elas mesmas vivem para seguir o conselho mais óbvio e que talvez ela mesma daria pra outra pessoa vivendo a mesma situação.
A questão da bissexualidade de Darcy foi explorada de uma forma super inteligente, mostrando inclusive o lado da bifobia, mas achei legal a história se passar em meio a adolescentes, pois geralmente é a época da descoberta, onde os envolvidos passam pelos maiores conflitos pessoais e as autodescobertas. É um drama de ensino médio aparentemente "bobo"? Talvez, mas eu achei super válido e é aquele tipo de leitura que faz o leitor refletir, que esclarece muito sobre sexualidade e ainda dá aquele quentinho gostoso no coração pelas coisas que vão acontecendo, principalmente quando Darcy e Brougham vão se aproximando mais e ele se revela alguém super fofo e respeitoso, e não aquele imbecil que ele parecia ser no início. É muito satisfatório acompanhar um personagem masculino que respeita limites, as vontades e a opinião das outras pessoas, ainda mais quando são mulheres. Parece uma coisa boba, ainda mais vindo de adolescentes, mas é algo muito bacana de se acompanhar quando a gente pensa que aqui na vida real tem um bando de neandertais a solta por aí que estão pouco se lixando pro que as mulheres são, pensam e querem de verdade.
No mais, é aquele tipo de livro pra sair de uma ressaca literária, pra ler sem compromisso e se divertir, pra rir, pra chorar e pra morrer de amores.