Lido em: Agosto de 2014
Título: Cartas de Amor aos Mortos
Autora: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Gênero: Drama/Juvenil
Ano: 2014
Páginas: 344
Nota:
★★☆☆☆
Sinopse: Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. O que parecia ser uma simples lição de casa logo se transforma na maneira de Laurel lidar com seu primeiro ano em uma escola nova e com a família despedaçada depois da morte de sua irmã.
Resenha: Cartas de Amor aos Mortos é o primeiro livro escrito pela autora
Ava Dellaira e lançado no Brasil pela
Seguinte.
A história traz como protagonista
Laurel, uma garota cuja família está despedaçada após a morte de sua irmã, May. Numa nova escola, Laurel procura se distrair para amenizar a terrível dor da perda. Sua professora passa uma tarefa curiosa em que os alunos deveriam escrever uma carta para alguém que já havia morrido, e Laurel passa a escrever cartas para artistas memoráveis que já não estão mais entre nós, mas o que ela não sabia era que seu novo "hobbie" seria algo que lhe ajudaria a lidar com a vida nova e a conhecer a si mesma.
Com uma narrativa epistolar,
Cartas de Amor aos Mortos nada mais é do que o diário de uma garota do ensino médio que encontrou uma válvula de escape para lidar com a morte da irmã e suas dores. Não há capítulos, mas sim cartas destinadas a alguém.
É possível perceber bastante sutileza em seu sofrimento, porém, é um sentimento tão reprimido que não consegui enxergar sofrimento alí. Ela se abre com os artistas mortos contando seu cotidiano, muitas vezes bastante fútil e que parece nunca sair do lugar, e o que percebi é que, muitas vezes, as descrições que Laurel faz de todos eles são para evidenciar características que tais artistas tiveram em vida, como seus estilos de vida, pensamentos, frases de impacto que deixaram e etc, e mesmo que de alguma forma sirva como algum ensinamento e se encaixe com algo que ela esteja sentindo, pra mim, soou mais como uma tentativa da própria autora em mostrar que conhece bem seus ídolos a ponto de usar tais informações em seu livro e me perguntei se a história era pra falar de Laurel ou dos tais artistas devido a quantidade imensa de informações sobre eles.
Laurel é muito influenciável, inocente, ingênua, não tem iniciativa e por mais que o que faça seja certo ou errado, é sempre por ordem de alguém, como se buscasse aprovação constante, como se buscasse amor em troca de ser submissa, como se qualquer sentimento funcionasse a base de favores. Quando não está falando dos artistas e o que aprendeu com eles, está sonhando com Sky, o garoto "
bad boy" (só porque usa uma jaqueta de couro?) por quem se apaixona perdidamente, e de repente.
Às vezes sentia que estava lendo um diário de uma garotinha de 10 anos de idade, contando sobre o que comeu e o que pensou quando viu alguém se beijando em algum canto, mas em todos os trechos senti que toda essa "inocência" não poderia ser tão crível assim, pois fica claro que se trata de um adulto (a autora) tentando criar uma mente adolescente para construir a trama mas não foi 100% bem sucedido, principalmente quando Laurel, que é muito infantil, começa a filosofar com um tom poético como se soubesse tudo na vida, quando na verdade não sabe e nem tem idade pra isso... E de madura ela não tem nada... É algo completamente irreal, não combina, não me desceu. Laurel é o tipo de personagem que não funcionou pra mim por ser muito inconstante, seus pensamentos são desconexos e vagos.
Ok, vou confessar que a história num certo ponto retrata a perda e a forma estranha de lidar com ela, Laurel sofre com as coisas ruins que acontecem com ela, mas minha paciência já tinha se esgotado diante de tudo e pra ser sincera não me importei nada com o que ela passou, com o que viu, com o que sentiu... Laurel é chata, tem uma rotina chata e sem graça... Ela não convence, simples assim.
Há livros em que torcemos pelo personagem ter um fim feliz, há outros que queremos matá-lo, mas no caso de Laurel, o que pensar de alguém que supostamente deveria falar de seus sentimentos com relação a morte e a dor, mas não querer falar disso, focando em outros assuntos?
Coloquei tantas expectativas quando li a sinopse, quando vi a capa tão bonita... Quando iniciei a leitura, pude sentir aquela nostalgia acerca dos artistas dos quais, apesar de não ser fã número 1, gosto e admiro bastante, mas não imaginei que o livro inteiro seria pra falar deles e do que Laurel não quer falar, e o que quer falar é algo totalmente desinteressante (pouco me importa o que ela comeu de lanche na escola e muito menos um amor por alguém cuja química é inexistente, oras). Acho que falar dos artistas foi uma forma de "manipular" o leitor para agradar, como se para encobrir uma história enfadonha que não acrescenta nada. Ler sobre Kurt Cobain, como ele escrevia suas músicas, como ele pouco se importava com o que pensavam dele e o que ele pensava da vida até cometer suicídio qualquer um pode ler... Basta jogar o nome dele, e de qualquer outro artista, vivo ou morto, no Google...
E o final pra mim foi completamente previsível, afinal, tantas cartas escritas aos mortos, era óbvio que para encerrar tal atividade, que acabou deixando de ser escolar, ela iria escrever uma carta a alguém especial...
Infelizmente foi um livro que não superou minhas expectativas, mas não posso deixar de elogiar a capa e o cuidado com a diagramação e revisão feitas pela editora.
Não digo que não vale a pena ser lido, talvez outra pessoa tenha um modo de encarar a história diferente do que eu, então, nada do que investir na leitura e tirar uma conclusão por si só.