Mil Pedaços de Você - Claudia Gray

11 de dezembro de 2015

Título: Mil Pedaços de Você - Firebird #1
Autora: Claudia Gray
Editora: Agir Now
Gênero: Romance/YA/Sci-Fi
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Os pais de Marguerite Caine são físicos conhecidos por suas conquistas científicas radicais. A invenção mais surpreendente deles é o Firebird, que permite que seus usuários pulem para universos paralelos, alguns completamente diferentes do nosso. Mas quando o pai de Marguerite é assassinado, o assassino, – Paul, o enigmático e belo assistente – escapa para outra dimensão antes que possa ser julgado.
Marguerite não pode deixar que o homem que destruiu sua família fica livre, então ela corre atrás de Paul através de diferentes universos, nos quais suas vidas se entrelaçam de formas familiares. A cada encontro ela começa a questionar a culpa de Paul – e seu próprio coração. Logo ela irá descobrir que a verdade sobre a morte de seu pai é mais sinistra do que ela pode imaginar.
"Mil pedaços de você" explora uma realidade onde testemunhamos as incontáveis outras vidas que podemos levar em um universo incrivelmente intrincado e nos perguntar se no meio de infinitas possibilidades o amor pode durar.

Resenha: Mil Pedaços de Você, escrito pela autora americana Claudia Gray (pseudônimo de Amy Vincent) e publicado no Brasil pela Agir Now conta a história de Marguerite Caine, ou Meg, uma garota de dezesseis anos filha de dois geniais e renomados físicos de Londres. Ao inventarem o Firebird, um dispositivo que possibilita viagens entre dimensões, eles concretizam a teoria de que existem universos paralelos e outras dimensões com várias realidades diferentes daquelas que todos conhecem. Mas o inesperado acontece... O Firebird é roubado e o pai de Meg, Henry, é assassinado. Paul Markov, um dos brilhantes assistentes de seu pai, é o principal suspeito do assassinato, mas, antes que possa ser julgado, ele consegue escapar para outra dimensão usando o dispositivo.
Marguerite quer vingança e com ajuda de Theo, o segundo assistente de seu pai, ela usa o protótipo do Firebird para ir atrás de Paul com intenção de matá-lo.
Porém, as coisas não saem como planejado. Meg acaba encontrando versões de si mesma a cada mundo que vai, assim como versões diferentes de Paul, o que a faz pensar que ele jamais poderia ter culpa no assassinato de alguém que o apoiou e o incentivou com tanta convicção como Henry fez. A verdade sobre a morte de seu pai pode ter mais segredos do que Meg imaginou...

O livro é narrado em primeira pessoa sob o ponto de vista de Marguerite e embora a escrita seja fácil e fluída, tive algumas ressalvas devido ao desenvolvimento da trama e pela própria protagonista. Meg não é nenhum gênio como seus pais, logo o leitor fica limitado à percepção e aos conhecimentos dela nas situações em que se encontra e acredito que isso tenha sido um ponto nada favorável à história, deixando alguns buracos e a impressão de que a ignorância da garota seja a responsável pelo pouco aprofundamento e pela falta de explicações sobre o funcionamento da Firebird. Eu particularmente gosto de saber o motivo das coisas pois são os detalhes que fazem a diferença, principalmente num livro que aborda viagens entre dimensões e universos paralelos e as coisas deveriam ter explicações plausíveis a fim de que a história se torne crível.
Através das viagens que Meg faz, a história passa por uma Londres cuja tecnologia está bastante avançada, até a Rússia onde a monarquia ainda imperava, mas ainda que esses mundos soem interessantes, e de fato a Rússia é, eles foram pouco trabalhados e o foco fica no relacionamento complicado entre os personagens.
Ao longo da história é possível nos depararmos com clichês, entre eles o famoso triângulo amoroso que não costuma me agradar, fora a previsibilidade da história. Fiquei com a sensação desde o início de que eu já sabia exatamente o que iria acontecer, só restava saber como.

Eu fiquei super incomodada com o nome da protagonista pois a única coisa que me vinha à cabeça era a bebida "margarita", então preferi ignorar seu nome ridículo e chamá-la apenas de Meg.
Meg faz o estilo "garota decidida", principalmente quando começa focada em matar o assassino do pai. Ela usa seu conhecimento sobre cultura pop para suas tiradas em diálogos mornos, mas as burradas que ela faz me fizeram revirar os olhos de preguiça. Achei que o desenvolvimento dela foi bastante fraco pois desde o começo já sabemos que a ideia dela nunca seria executada já que a premissa se torna previsível e se perde quando o romance exagerado, enrolado e sem profundidade toma conta da história no meio do caminho.
Eu senti falta de personagens que realmente fizessem alguma diferença na história. Muitos que apareceram foram irrelevantes, como a irmã e a tia de Meg e, pelo menos neste primeiro volume, não tiveram nada a acrescentar. Os pais foram pouco trabalhados e serviram apenas como inventores do Firebird, tanto que a mãe de Meg mal aparece. Os que tiveram um papel maior poderiam ter aparecido mais, como o vilão que acabou sendo bem apático, se não tivessem sido ofuscados pelo romance entre o triângulo amoroso.

A capa é maravilhosa e consegue retratar a ambientação da história sem revelar o enredo, os detalhes em aquarela deram um charme a mais que deixaram o visual bem agradável. A diagramação também é super bacana pois a cada início de capítulo há a ilustração no topo da página sobre o local em que os acontecimentos estão se desenrolando. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

Mil Pedaços de Você é o tipo de história que poderia agradar mais se a ideia fosse melhor executada no que diz respeito a detalhes e explicações. O final traz uma reviravolta interessante e que deixa o leitor ansioso pelo que há por vir. Acredito até que outras dimensões além das quatro que aparecem aqui serão abordadas e, quem sabe, talvez, a falta de explicações seja algo proposital pelo livro ser introdutório, como se Meg fosse descobrir mais coisas futuramente e as explicações venham de outra maneira para que o leitor não fique apenas com a ideia de que "as coisas acontecem porque sim e pronto". Tem que ter algo além...


Promoção - 5 anos de O Clube da Meia Noite

10 de dezembro de 2015


O blog O Clube da Meia Noite completa 5 anos dia 10 /12 e por isso reunimos blogs amigos para fazer uma mega promoção. Vamos comemorar esta data e quem ganha são vocês, leitores do blog!
Serão 3 kits com 4 livros! Cada kit terá um único ganhador!

Gostou dos promoção? Então confira abaixo as regras e participe!
- Haverá apenas um ganhador para cada Kit;
- Preencher corretamente o formulário Rafflecopter. Após seguir as orientações de cada formulário, chances-extras aparecerão. Quanto mais delas cumprir, maior será sua chance de ser sorteado
- Os livros serão enviados em até 45 dias após a divulgação do resultado;
- Ter endereço de entrega no Brasil.

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Boa sorte!

Caçadora de Tempestades - Jennifer Bosworth

9 de dezembro de 2015

Título: Caçadora de Tempesdades
Autora: Jennifer Bosworth
Editora: Agir Now
Gênero: YA
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Mia Price é viciada em raios. Já sobreviveu a inúmeros choques, mas seu desejo de receber a energia liberada durante tempestades coloca em risco sua vida e a de todos ao seu redor.
Los Angeles, onde raramente há tempestades, é um dos poucos lugares em que Mia se sente segura. Mas quando um terremoto destrói a cidade, seu porto-seguro é transformado em um campo minado de caos e perigos. Neste cenário aterrador, dois grupos antagônicos se formam, e ambos vêem Mia como a chave para as profecias de uma tempestade ainda maior que está por vir.
Mia quer confiar no enigmático Jeremy, que prometeu protegê-la, mas teme que ele não seja quem diz ser. No fim, o poder e a paixão que os aproximou pode ser o que vai colocar tudo a perder. Agora Mia precisa aprender a utilizar seus poderes, ou então pode acabar perdendo tudo o que ama.

Resenha: Caçadora de Tempestades, da autora Jennifer Bosworth e publicado no Brasil pela Agir Now traz a história de Mia Price, uma garota de dezessete anos que foi atingida por um raio e desde então ficou "viciada" nisso.
"Meu Nome é Mia Price, e sou viciada em raios.
Pronto. Agora você sabe a verdade. Quero que os raios me encontrem. Desejo isso como pulmões desejam oxigênio. Não há nada no mundo que faça alguém se sentir mais vivo do que ser fulminado. A não ser, é claro, que seja fatal."
- Pág. 12
A fim de evitar maiores problemas, afinal, ser atingida por raios poderia colocar a vida dela e das pessoas que a cercam em risco, Mia e a família se mudam para Los Angeles acreditando que a falta de tempestades na cidade não traria os raios que pudessem acertar a garota, assim ela poderia viver em segurança.
Em LA, Rance Ridley é um líder religioso, conhecido como Profeta. Ele alega ser o único a falar com Deus e sua profecias sobre várias catástrofes fizeram com que o povo acreditasse mesmo que ele fora enviado por Ele. Ridley lidera o grupo dos Seguidores da Luz e previu o fim do mundo. Diante disto, ele prega que todas as pessoas que tiverem pecados serão erradicadas da Terra. Somente seus seguidores que entregarem suas almas a Deus serão poupados e dignos de salvação.
Do outro lado estão os Caçadores, um grupo de pessoas que num determinado momento da vida já foram atingidas por raios e por isso acabaram desenvolvendo algum tipo de poder. Eles são detentores da Centelha e o propósito deles é derrubar o Profeta, ainda que também acreditassem que o fim estava próximo.

Por Mia já ter sido atingida tantas vezes, ela parece reservar dentro de si uma fonte de poder, e quando um terremoto destrói a cidade, o caos passa a reinar no local e o cenário apocalíptico dá espaço a esses grupos extremistas com interesses contrários, mas ambos enxergam em Mia a chave para a profecia que envolve uma grande tempestade que está a caminho e que traria o apocalipse. Quando a mãe de Mia tem intenção de seguir o Profeta e seu irmão está disposto a seguir os Caçadores, Mia fica confusa sobre o que fazer, dividida sem saber em quem acreditar, e quando o misterioso Jeremy aparece em sua vida, as coisas começam a mudar pois o garoto parece querer protegê-la e afastá-la de toda a confusão. Por mais que a atração por Jeremy seja inevitável, como saber se ele é confiável em meio a todo esse caos?

Não posso negar que alguns elementos presentes na história lembram bastante o livro "Vivian Contra o Apocalipse". O fanatismo é abordado de uma forma verdadeira, mesmo que haja elementos fantásticos como a questão dos raios e os poderes que eles dão aos atingidos, e a crítica da autora sobre o extremismo religioso, e não sobre a religião propriamente dita já que isso não se discute, fica bastante evidente.
Ao lermos a sinopse fica claro que não há evidência sobre tais fatores estarem presentes na história e talvez alguns leitores que não curtem livros que abordam esse tema, que pode ser visto como bastante polêmico, podem se sentir meio enganados...

Eu particularmente fui fisgada pela ideia de uma protagonista que atrái raios e esperava por uma história sobrenatural cheia de reviravoltas e muita ação, mas senti que no desenrolar dos fatos esta capacidade não foi explorada de forma tão satisfatória assim como imagineie as coisas seguiram pelo caminho do conflito religioso e das opiniões que se divergem entre ele. Não que eu não tenha gostado desse rumo, mas como eu não costumo ler resenhas ou informações que revelam qualquer coisa da história, fui pega de surpresa por esperar outra coisa.

O livro é dividido em quatro partes e todas elas são bem amarradas. A narrativa é feita em primeira pessoa sob o ponto de vista de Mia e ficamos limitados à sua visão de mundo.
Um ponto que achei muito bom é sobre a aparência de Mia, que tem o corpo cheio de cicatrizes pelas vezes em que foi atingida e, de certa forma, isso acaba abordando o tema sobre a aceitação pelo próprio corpo, por mais imperfeito que seja. A autora dá uma floreada na história com o interesse por Jeremy e mostra como a aproximação entre eles mexe com Mia, mas não achei que o romance foi muito bem desenvolvido, mesmo que traga alguns beijos e amassos trabalhando um pouco a questão da descoberta da sexualidade na adolescência.

As escolhas de Mia não são as melhores pois ela é teimosa e, apesar de se preocupar com a família, não tem medo de correr riscos. Eu acabei relevando alguns pontos por Mia ser adolescente e, diante da situação caótica em que se encontra, não tem que agir como uma adulta super madura, mas confesso ter me irritado com alguns problemas que poderiam ser evitados com uma boa conversa entre Mia e seu irmão, ou se Jeremy dissesse a verdade em vez de ser vago só para manter sua pose de "cara misterioso".

Eu gostei bastante do cenário criado pela autora pois toda a situação de Los Angeles poderia acontecer em qualquer lugar que sofresse uma destruição, principalmente quando ela decorre de atitudes que partem do ser humano que não considera as consequências de seus atos com relação à natureza. É difícil, e até triste, encarar uma história onde as pessoas passam por necessidades após um desastre natural arrasar com suas vidas e elas não terem a quem recorrer. Desabrigadas, sem comida, sem água e morrendo aos poucos, elas ficam fragilizadas e acabam se agarrando a qualquer ideia de salvação que podem tirá-las daquele sofrimento... E é nessa fragilidade que entra a questão da fé e como as palavras podem ter poder quando partem de alguém que tem o dom da manipulação, fazendo com que as pessoas idealizem coisas inexistentes, movidas pela esperança de conseguirem sair da situação em que se encontram mas que acabam se deixando enganar... Os fatores sobrenaturais, pra mim, foram apenas detalhes que incrementaram a história para que tal mensagem/crítica pudesse ser passada.

A capa é bastante sombria mostrando uma silhueta num local escuro e coberto de nuvens espessas. O vermelho do título faz um contraste bastante chamativo e o resultado final ficou bastante satisfatório.
A diagramação segue o estilo dos demais livros da editora, trazendo imagens na parte superior da página a cada início de capítulo. Encontrei alguns erros na revisão, mas nada que atrapalhasse a compreensão da história. Um dos erros está bem na sinopse na orelha do livro: o sobrenome de Mia está escrito como "Pierce", mas durante a história é "Price", como ela se apresenta.

Enfim, é uma história que vale a pena ser lida pela mensagem que passa. Pode parecer confusa pra alguns, mas pode ser bastante clara pra outros que conseguem captar a crítica da autora, mas pra quem procura por uma ficção que faz esse misto de sobrenatural com questões que envolvem a religião, mesmo que para ter um novo ponto de vista sobre o extremo fanatismo, recomendo.

Eu Fico Loko - Christian Figueiredo de Caldas

8 de dezembro de 2015

Título: Eu Fico Loko: As desaventuras de um adolescente nada convencional #1
Autor: Christian Figueiredo de Caldas
Editora: Novas Páginas/Novo Conceito
Gênero: Juvenil/Nacional
Ano: 2015
Páginas: 160
Nota: ★☆☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ele só precisou de uma câmera, muita criatividade e um pouco de coragem para criar um dos vlogs mais acessados do YouTube. O EU FICO LOKO é recordista absoluto de views e inscrições, com mais de 1 milhão e 500 mil assinantes.
Para os entendedores, o Christian hoje é um vlogger e um youtuber dos mais bombados. Mas na verdade ele é apenas um cara que gosta de escrever e que transformou o papel em vídeo.
Todos os dias, milhões de jovens procuram pelo Christian em suas redes sociais para saber o que ele está pensando. O porquê desse sucesso fora do normal você vai descobrir neste livro.

Resenha: Christian Figueiredo é dono do canal Eu Fico Loko, que já existe há cinco anos, beira os 4 milhões de seguidores e não pára de crescer. Os temas e as brincadeiras que ele aborda no canal são voltados ao público adolescente pois trata de questões que envolvem e chamam atenção exatamente dessa faixa etária.
Pegar carona no sucesso de um youtuber que fica famoso e conquista milhões de fãs também parece ser um bom investimento no mundo literário, afinal, quanto mais material do ídolo em questão o fã puder colecionar, independente do que seja, melhor.

Ele expõe com sinceridade (mas, às vezes, de maneira forçada) alguns fatos que viveu e o que pensa sobre determinados assuntos, fala um pouco da época quando queria aparecer na televisão, quando era zoado na escola por ser muito magro e o quanto isso interferiu em sua autoestima, a preocupação em não se passar por "bv" por ainda não ter tido um primeiro beijo, a ansiedade envolvendo a primeira vez (sexualmente falando), o primeiro porre (vergonhoso) e por aí vai...
Em vários pontos ele fala e dá conselhos sobre seguir os próprios sonhos, sobre ser quem você é, sobre não se deixar levar pela ideia fraca dos outros para ser aceito ou parecer descolado, e até sobre ter cuidado com o que é dito a alguém devido as consequências que isso pode ter um dia, e acredito, sim, que esse tipo de mensagem é legal, principalmente quando se usa uma narrativa animada para dar tais toques. Apesar de ter achado tudo extremamente desinsteressante, acho válido quando esses aspectos naturais e que fazem parte da vida maluca de qualquer adolescente são abordados já que servem de exemplo, mas deve-se ter atenção sobre a forma de transmitir tais experiências, principalmente quando elas são contraditórias ou brincam com o que não é motivo de piada.

"Os homens beijam por beijar. As garotas beijam por atração, momento, sentimento, química, física, biologia e gramática. Meu Deus! A cabeça das garotas não poderia ser que nem a dos homens? Vai lá, beija e faz o garoto feliz."
- Pág. 19 (e-book)
" Eu simplesmente odeio pessoas que brincam com coisas sérias. Apesar de gostar muito de fazer piadas com os outros, quando fazem comigo fico bravo."
- Pág. 82 (e-book)

Pra mim foi completamente inaceitável uma pessoa, que pode ser considerada formadora de opinião e ter influência nesse meio juvenil, falar abertamente em seu livro que é normal que os caras tenham vontade ou planejem embebedar uma garota a fim de "facilitar o acesso", mesmo que depois ele diga que "isso é babaca e idiota". Talvez a intenção tenha sido compartilhar a ideia de que um adolescente pensa e faz uma besteira pior que a outra nessa fase, mas no fundo sabemos que tal pensamento faz parte da concepção masculina, independente da idade. Então, por mais que ele realmente tenha passado a considerar uma atitude desse nível horrenda, não terá como escapar de ter "imortalizado" tal ideia de merda em seu primeiro livro. Um livro que vendeu centenas de milhares de cópias e que, querendo ou não, pode transmitir a ideia de que tal absurdo é normal, disseminando a maldita cultura do estupro em pleno ano de 2015, pra milhares ou até milhões de jovens... É pra morrer de desgosto...


Pra ser sincera, esse tipo de abordagem me deixa um pouco assustada e me preocupa. Entendo que durante a adolescência é normal que a pessoa tenha ideias mirabolantes e queira ter experiências novas, queira chamar atenção, queira ser popular, ser aceita e tudo mais, mas embora muitos por aí possam sentir que não são os únicos a terem tais pensamentos e consigam se identificar perfeitamente com Christian e sua adolescência bizarra, a forma com que ele expõe a opinião, usando e abusando de palavrões, compartilhando opiniões sobre pegação, sexo ou bebidas para depois trazer reflexões e dar conselhos do que fazer e o que não fazer, foi completamente fail. Esses detalhes, pelo menos pra mim, foram negativos demais e acabaram se sobrepondo ao pouco que poderia considerar bom no livro mas que não foram suficientes pra sequer me fazer cogitar a ideia de gostar.
Eu só acho que o método que ele usa para expor pensamentos, que acabam influenciando adolescentes, alguns até de míseros 12 ou 13 anos, não seja o adequado, sorry. Fiquei me questionando por que motivo uma adolescente de 13 anos teria interesse e gostaria de ler sobre um dia de bebedeira brava num sítio, ou assistir a um vídeo sobre ele ter brochado ou ter sido enganado por um "traveco". Quando eu tinha 12 anos minha preocupação era não perder um episódio de Chiquititas na televisão, Lord!

Um ponto que devo ressaltar é que pelo livro ter ligação com o canal dele no youtube, poderia haver mais interatividade nesse aspecto. Em todo o livro há somente um único link para conferir um vídeo mencionado por Christian.
O livro tem uma diagramação legal, cheia de fotos, desenhos e fontes diferentes que dão um ar descolado ao livro. A versão impressa é em preto e branco. A versão digital tem o diferencial de ser colorida, com exceção das fotos.

Enfim.. é um livro sobre questões adolescentes, para adolescentes. Não acho que se encaixe totalmente no gênero biográfico pois Christian conta alguns poucos fatos aleatórios que viveu e que só servem pra mostrar que ele foi um adolescente como qualquer outro e que teve experiências "lokas" como qualquer um. Não espere por nada que aborde uma vida inteira, até mesmo porque pessoas de vinte e poucos anos ainda tem muito o que viver e conquistar até chegar ao ponto de terem o que contar e que possa ser considerado realmente relevante pra se tornar uma biografia, além de serem, no mínimo, notáveis e terem sido responsáveis por um grande feito, e não é esse o caso.
Quem tem até uns 16 anos e se identifica com ele vai gostar, e quem não vê problemas e nem se atenta aos detalhes dos casos contados, tanto os fúteis quanto os preocupantes, também...

A Arte de Ser Normal - Lisa Williamson

7 de dezembro de 2015

Título: A Arte de Ser Normal
Autora: Lisa Williamson
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Romance/YA
Ano: 2015
Páginas: 384
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: David Piper tem 14 anos e um desejo: "Quero ser uma menina". Mas este é um segredo que ele compartilha apenas com Essie e Felix, seus únicos amigos, pelo menos até a chegada de Leo Danton à escola Parque Éden. Apesar de muito diferentes e cada um guardando um segredo próprio, David e Leo iniciam uma profunda amizade, que é a base do elogiado romance de estreia da atriz e escritora britânica Lisa Williamson. Com diálogos engraçados e relatando situações cotidianas na vida de adolescentes, a autora consegue abordar a delicada e muito atual questão da identidade de gênero de maneira leve e nada apelativa, numa narrativa que conquista o leitor da primeira à última linha.

Resenha: Muitas crianças sonham com o que serão quando crescerem... médicos, bombeiros, professores, mas David Piper, de 14 anos, quer ser uma menina.
Essie e Félix são os melhores - e únicos - amigos que sabem de seu segredo, e David só quer ter coragem para assumir sua condição diante de seus pais. Ele se sente infeliz estando preso num corpo de menino. No fundo ele sabe o que precisa fazer para se tornar quem é realmente, só não teve oportunidade ainda e continua mantendo seu segredo bem guardado.

Leo Danton é o garoto novo que acabou de chegar na escola no meio do ano letivo. Tudo o que ele queria era passar o ano despercebido e invisível, mas acaba chamando atenção quando defende David durante um ataque de bullying que ele estava sofrendo de um dos valentões da escola.
Após o ocorrido, David faz de tudo para se aproximar e ter uma amizade com Leo. O que ele não sabia, era que Leo mudou de escola por uma razão em particular, e David está prestes a ser o único a saber de seu segredo.
A aproximação é inesperada e a partir daí as histórias desses dois adolescentes, que tem vidas diferentes e um segredo em comum, começa a se desenrolar.

David vem de uma família tradicional, com pais amorosos que lhe proporciona uma vida confortável e, até certo ponto, feliz, numa casa acolhedora e aconchegante. Seu corpo vem se desenvolvendo de uma forma que não o agrada e ele faz relatos do seu descontentamento com relação às inspeções que faz em si próprio e o quanto odeia aquele órgão intruso no meio de suas pernas.

Ao contrário de Leo que se encontra numa realidade oposta, e junto com as irmãs vive numa casa deplorável com a mãe relapsa que troca de namorado como quem troca de roupa.
Leo é misterioso quando chega ao colégio e gosta da ideia de que sua cara fechada e o suspense que faz sobre seu passado serem fatores que colaboram para que os outros mantenham distância, por medo dele, do que é capaz ou coisa do tipo. Porém seu plano não é muito bem sucedido quando ele conhece Alicia e quando David de aproxima dele forçando uma amizade que, a princípio, ele não queria.

As duas histórias comovem a sua própria maneira, e dão o equilíbrio certo a trama quando o assunto é desenvolvimento e sensibilidade, além de ter toques de muito bom humor.

Narrado em primeira pessoa com pontos de vista bem distintos que se alternam entre David e Leo, é possível perceber que A Arte de Ser Normal não é um livro, como o próprio título diz, sobre o "problema" da transexualidade. David não vê problemas em ser transgênero e se considera uma pessoal normal como qualquer outra, ele só se preocupa com a forma como irá comunicar sua condição à família. Sua mãe, por exemplo, desconfia que ele seja gay, mas não toca no assunto. Na escola ele é tratado como "Show de Aberrações" e ele só quer terminar logo o ensino médio pra ficar livre disso tudo.

Os diálogos são dinâmicos em meio a um enredo que evidencia as situações rotineiras de adolescentes que estão crescendo e descobrindo sobre a própria sexualidade. O fato de David ser um transgênero é só um detalhe que define sua condição e que faz com que ele não esteja completamente feliz e satisfeito com quem ele é.

Confesso ter sentido falta de um aprofundamento maior sobre detalhes com relação a características físicas e até a construção de personagens secundários que fazem diferença e tem importância na vida de David e Leo, mas o tema central foi desenvolvido de uma forma tão bonita que acabei relevando tais considerações.

A Arte de Ser normal é o tipo de leitura que desafia a ideia do que ser "normal" significa e não vacila em momento algum ao abordar os temas que engloba. A autora consegue abordar esse assunto, que ainda é bastante polêmico e delicado, de maneira nada apelativa ou forçada, sem cair no clichê de construir uma história que tem o bullying como base. O bullying existe, não nego, mas ele serve apenas de estopim para a construção de algo que vai além.
A história fala sobre a diversidade, o sistema de classes, família, amizade, incertezas, aceitação, amor e de relacionamentos conturbados que adolescentes normais enfrentam no dia a dia.

É o primeiro livro que tive o prazer de ler que oferece uma abordagem sobre a identidade de gênero, assim como a sexualidade e seus dilemas, que tem o poder de ser bastante esclarecedor pra quem tem dúvidas ou preconceitos contra a questão da transexualidade. A autora presenteia os leitores com um romance juvenil e contemporâneo escrito com sutileza, emoção e muito respeito.

É um livro muito delicado e bonito, que traz uma mensagem maravilhosa e que deveria não ser apenas lido, mas também apreciado e sentido com o coração.

Minha Sexlist - Joanna Bolouri

6 de dezembro de 2015

Título: Minha Sexlist
Autora: Joanna Bolouri
Tradução: Débora Chaves
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 416
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Esqueça a tradicional lista com resoluções de início de ano do tipo parar de fumar, entrar na academia, arrumar um novo emprego e embarque com Phoebe Henderson num desafio bem mais ousado e original. Depois de flagrar o ex com outra, a protagonista de Minha sexlist inova em suas promessas de ano novo e estabelece a meta de realizar dez desafios sexuais em um ano. Entre tentativas e erros envolvendo desde o bonitão do escritório ao melhor amigo, Phoebe percebe, do alto de seus 32 anos, que pôr o plano em prática não é das tarefas mais fáceis, e registra suas descobertas, alegrias e frustrações nessa espécie de diário sexy franco e bem-humorado.

Resenha: Phoebe Henderson protagoniza esse hilário chick lit escrito pela autora Joanna Bolouri e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231, da Editora Rocco.

Um ano se passou após Phoebe ter flagrado o namorado Alex a traindo com outra mas ela ainda não o esqueceu por completo. Ela até curte a solteirice mas cansou de perder tempo com homens que não lhe acrescentam em nada. Com o início de um novo ano, ela é desafiada pela amiga e decide ficar livre de uma vez por todas do sentimento que ainda nutria pelo ex, principalmente quando assume que nunca foi feliz, sexualmente falando. E no auge de seus 32 anos, Phoebe inova ao criar uma lista de desafios sexuais que ela tem vontade de fazer, alguns malucos, outros nem tanto, mas que, obviamente, não seriam tão fáceis de se por em prática.
Depois de alguns encontros fracassados, resta a Phoebe recorrer a Oliver, seu melhor amigo, para ajudá-la nas suas metas. Sua trajetória é registrada em forma de diário, e a situação em que se encontra não poderia ser contada de forma mais honesta e bem humorada.
E entre itens que envolvem falar sacanagem, masturbação, sexo grupal, bondage e afins, vamos acompanhando as peripécias e as aventuras sexuais dessa protagonista cômica e que nos arranca boas risadas,

Minha sexlist tem uma narrativa espirituosa e divertida, feita em forma de diário e em primeira pessoa. A leitura é tão fluída que é possível que o livro seja lido em poucas horas.
A capa lembra um pouco as de alguns livros de autoajuda, mas não se engane. A história que será encontrada aqui foge completamente desse tema, principalmente porque é desenvolvida de uma forma bastante diferente da esperada quando a leitura é iniciada. As coisas esquentam e pronto: Impossível largar!
Durante o ano que se passa, acompanhamos Phoebe descrevendo seus pensamentos e sensações enquanto ela conta com bom humor, orgulho e sem pudor e sem vergonha alguma as formas que encontrou para realizar os itens que compõe sua lista. Alguns dão certo, outros dão muito errado, mas tudo serve de experiência para que ela se torne segura e confiante em si mesma, e claro, dão um toque de realidade à história já que nem tudo pode ser perfeito como queremos.
Um ponto bacana é que a história não se concentra apenas no cumprimento da lista. Phoebe também fala sobre o passado com o ex, de relacionamentos falidos, dos seus amigos e do trabalho, o que faz com que a história tenha uma gama de opções que se devenvolvem e que fazem com que o leitor fique por dentro da vida da protagonista, conhecendo-a mais a fundo.
Os personagens secundários são ótimos, mas não ganham tanto destaque assim visto que o foco é Phoebe.
A protagonista é o tipo de personagem que sabe que nao é perfeita e que nem sempre as coisas que quer darão certo, mas ela é determinada e corajosa o bastante pra assumir os riscos quando decide se comprometer com seu projeto. Tudo serve de experiência e faz com que ela aprenda muito sobre si mesma e sobre o que ela quer pra sua vida.

Confesso que algumas coisas eu não teria a menor coragem de realizar, e outras não tinha ideia de que existiam, e ler sobre elas de uma forma tão honesta e bem humorada acabou despertando minha curiosidade. XD

O final é um pouco previsível, mas posso garantir que Phoebe é uma personagem cômica e engraçada, que começa meio pra baixo, mas veio pra mostrar que se deve arriscar ao se experimentar as coisas boas da vida.
Largue mão do conservadorismo e mantenha a mente aberta. Com certeza você vai curtir essa leitura peculiar e dar boas gargalhadas com Phoebe!