Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense
Ano: 2016
Páginas: 376
Nota:★★★★☆
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Sinopse: Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são Bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King.
Resenha: Cujo foi publicado originalmente em 1981 nos Estados Unidos e teve uma adaptação cinematográfica lançada em 1983. Na história, um São Bernardo dócil, que dá nome ao livro, é o protagonista. Essa amabilidade termina quando o cão é mordido por um morcego e contrai o vírus da raiva. Intercalando entre os pensamentos do cachorro e dilemas pessoais dos personagens, Cujo é uma trama cheia de tensão e com um enrendo muito original e diferente. A jornada do cachorro e seu dono Brett na pequena Castle Rock vale cada página lida.
A sinopse por si só já é peculiar o bastante para despertar a atenção do leitor: um cachorro raivoso que vira o terror de uma pequena cidade no Maine. Além desse curioso protagonista, Cujo traz ótimos personagens que complementam a trama com seus dilemas. Donna é uma dona de casa, mãe de um garoto de cinco anos, Tad, e vive com seu marido, Vic, num bairro de classe média. Charity, mãe de Brett, é casada com James, um homem carrancudo que não a trata com devido respeito. Essas duas famílias têm seus problemas e questão desenvolvidas de maneira exemplar por King ao longo da trama, uma vez que suas vidas se entrelaçam por causa de Cujo. Assim como em outros livros, Stephen cria em cada pessoa fictícia a personificação de alguém muito real. De um modo ou de outro, é fácil se identificar com a perspectiva de encarar certos problemas da vida do modo que os personagens fazem.
Esperar normalidade dos livros do autor é algo que não deve acontecer. Ele tem certas fórmulas ao construir uma história e isso é muito interessante. Há uma boa dosagem de suspense em Cujo, mas não o terror propriamente dito. A sinopse dá a ideia de que o cão colocará pânico em toda uma cidade, mas não é bem isso que acontece. O filme é muito caricato, enquanto obra literária consegue passar uma tensão enorme e os acontecimentos suscetivos dão um gás na trama, despertando a curiosidade para saber quem será a próxima vítima do São Bernardo. A narrativa tem o ponto de vista do cachorro, e a raiva traz a ele sentimentos muito conflituosos. É a partir daí que se cria toda expectativa para saber qual será o próximo passo dele.
Além de todos os pontos positivos e da excelência como King constrói tudo que escreve, há pequenas ressalvas quanto ao desenvolvimento e coerência de alguns fatos. Muito do que ocorre na trama parece "cômodo" demais, como se, por exemplo, a mocinha quebrasse o tornozelo ao correr do vilão. Apesar de toda a maestria do autor, isso é algo que incomoda. Ao terminar a leitura, resta a sensação de que alguns desfechos e acontecimentos poderiam ter sido diferentes de modo a tornar o livro mais crível.
Cujo tem uma história muito empolgante, com um final que surpreende e tem uma pequena moral. Os personagens são muito reais e seus dilemas são compreensíveis e podem se conectar a uma situação real da vida de cada leitor. O protagonista que dá nome ao livro, sem dúvidas, está entre um dos mais originais que se poderia ter em um livro. Excluindo alguns fatos que ficam inconcluídos ao fim da história e fogem um pouquinho do aceitável, Cujo é capaz de levar quem lê ao universo de Castle Rock sem sair de lá até descobrir o que o destino, ou melhor, Stephen King, reserva para o São Bernardo.