Autora: Erin Watt
Editora: Essência
Gênero: Romance/Young Adult
Ano: 2017
Páginas: 368
Nota:★★★★☆
Sinopse: Ella Harper é uma sobrevivente. Nunca conheceu o pai e passou a vida mudando de cidade em cidade com a mãe, uma mulher instável e problemática, acreditando que em algum momento as duas conseguiriam sair do sufoco. Mas agora a mãe morreu, e Ella está sozinha. É quando aparece Callum Royal, amigo do pai, que promete tirá-la da pobreza. A oferta parece tentadora: uma boa mesada, uma promessa de herança, uma nova vida na mansão dos Royal, onde passará a conviver com os cinco filhos de Callum. Ao chegar ao novo lar, Ella descobre que cada garoto Royal é mais atraente que o outro – e que todos a odeiam com todas as forças. Especialmente Reed, o mais sedutor, e também aquele capaz de baixar na escola o “decreto Royal” – basta uma palavra dele e a vida social da garota estará estilhaçada pelos próximos anos. Reed não a quer ali. Ele diz que ela não pertence ao mundo dos Royal. E ele pode estar certo.
Resenha: Princesa de Papel é o primeiro volume da série The Royals, escrita por Elle Kennedy (da série Amores Improváveis) e Jen Frederick (Woodlands e Gridiron) sob o pseudônimo de Erin Watt. Os livros da série estão sendo publicados no Brasil pela Editora Planeta de Livros através do selo Essência.
O livro conta a história de Ella Harper, uma jovem que não leva uma vida muito fácil já que, devido aos problemas pessoais e familiares, a garota se tornou uma verdadeira sobrevivente. Sem nunca ter conhecido o pai e com a recente morte da mãe, Ella busca pelo sonho de se formar na faculdade e assim se submete a qualquer trabalho para poder se sustentar, inclusive falsifica a identidade para fingir ser maior de idade e poder trabalhar num clube como dançarina de pole dance.
Em meio as dificuldades que Ella vinha enfrentando, algo de inesperado aconteceu: Callum Royal, um amigo do pai que ela nunca havia conhecido, aparece como seu tutor com a promessa de ajudá-la não só com dinheiro, mas com um lugar seguro onde morar.
Seria difícil recusar uma oferta tentadora como essa e, Ella, mesmo relutante, parte para a mansão dos Royal e passa a conviver com os cinco filhos de Callum, entre eles Reed, o bad boy sedutor tão lindo quanto os outros irmãos. Mas nenhum deles está disposto a fazê-la se sentir bem vinda naquela casa, principalmente na nova escola que ela passa a frequentar onde o que eles ditam acaba virando lei... Reed quer distância da garota pois ela simplesmente não pertence aquele mundo...
O que Ella não imaginava era que toda a raiva e repulsa que ela sentia poderia dar lugar a outro tipo de sentimento tão contrário a esses que ela havia desenvolvido. Resta a garota aprender a lidar com as confusões e fofocas típicas dos estudantes da escola, e a se encaixar num mundo regado a requinte e luxo, mas cheio de oportunismo e trapaças...
O livro é narrado em primeira pessoa e flui muito bem. Embora possa parecer algo clichê e bobo pela premissa, não se deixe enganar. A história da órfã que cái de para-quedas num universo de riqueza pode não ser algo tão original, mas as questões que as autoras levantam, mesmo que muitas delas não devam ser tratadas com seriedade, fizeram a diferença e tornaram o livro bem divertido. Algumas situações são bem nonsense e outras deixam qualquer um indignado e com vontade de transformar o livro numa pessoa, de preferência no próprio Reed, para socá-la na cara. Mas levando em consideração que o livro deve ser encarado sem maiores pretensões (de acordo com as próprias autoras), dá pra ir levando e fazendo cara de paisagem pra algumas cenas nada a ver.
Ella é uma tem apenas dezessete anos, mas já viu e viveu muitas coisas que deram a ela um certo grau de experiência de vida que muitos de sua idade não tem. Ela é determinada e tem a personalidade muito forte, com algumas excessões, mas ao mesmo tempo é desconfiada e resistente quando o assunto é o desconhecido, seja no que diz respeito às pessoas ou novidades, mas mesmo que esteja numa situação que a tenha tirado de sua zona de conforto, ela faz de tudo para se adaptar. Ao se sentir ameaçada e constantemente confrontada por Reed, que acredita que ela não passa de uma oportunista que quer se aproveitar de sua família, eles praticamente entram em guerra, mas muitos sabem que sentimentos mais intensos nascem de situações caóticas e cheias de más interpretações... Assim, um inimigo pode acabar se tornando o que menos se espera. Porém, e coloque um porém bem grande aqui, quando qualquer coisa surge de um relacionamento abusivo, por mais que haja tentativas de se justificar comportamentos questionáveis de sujeitos que crescem sem limites numa família completamente disfuncional, questões envolvendo a moral, desvios de caráter, os valores de alguém e etc, não consigo aceitar muito bem que um final feliz esteja alí esperando por todos no fim quando a personagem aceita ser tratada de forma abusiva. Reed é apresentado como um carinha mimado que acha que é dono do mundo e pode controlar os outros como bem entende, e, até que isso fosse desconstruído, eu já tinha tomado uma antipatia enorme da criatura. Não sou muito fã de relacionamentos nem um pingo saudáveis, mas é exatamente este elemento que serve para o desenvolvimento não só da história, mas do próprio caráter dos personagens envolvidos em toda aquela confusão que chamam de família.
O projeto gráfico do livro é muito bem feito, assim como a diagramação. Percebi alguns erros na revisão/tradução mas nada que tenha afetado a compreensão da frase.
Embora seja cheio de exageros e vagamente tenha me lembrado outras tramas, Princesa de Papel é uma leitura que dá pra curtir e até me arrancou algumas risadas, pois tem seus momentos de bom humor. Assim, recomendo a leitura pra quem goste de histórias a lá novelas mexicanas, com reviravoltas, segredos e revelações bombásticas e vários conflitos familiares que só fazem com que a vontade de devorar cada capítulo aumente. É leitura pra um único dia, pois é impossível largar o bendito livro.