Título: A Invasão de Tearling - A Rainha de Tearling #2
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:
★★★★★♥
Sinopse: Kelsea Glynn é a rainha de Tearling. Apesar de ter apenas dezenove anos e nenhuma experiência no trono, Kelsea ficou rapidamente conhecida como uma monarca justa e corajosa. No entanto, o poder é uma faca de dois gumes. Ao interromper o comércio de escravos com o reino vizinho e tentar conseguir justiça para seu povo, ela enfurece a Rainha Vermelha, uma feiticeira poderosa com um exército imbatível. Agora, à beira de ver o Tearling invadido pelas tropas inimigas, Kelsea precisa recorrer ao passado, aos tempos de antes da Travessia, para encontrar respostas que podem dar ao seu povo uma chance de sobrevivência. Mas seu tempo está acabando...
Resenha: Depois de ter perdido a mãe e vivido por dezenove anos escondida sob os cuidados de seus tutores, a princesa Kelsea precisou retornar ao reino de Tearling para assumir seu lugar no trono como rainha. Não seria uma tarefa fácil, visto que o atual regente, seu tio, não estava disposto a abrir mão do poder a ponto de contratar mercenários para "cuidar" da garota. Mas, mesmo se sentindo despreparada, Kelsea não iria desistir do seu destino, e se tornar uma rainha determinada, corajosa e justa com o povo não seria uma opção. Assim, quando ela começa a tomar algumas decisões em prol do reino e rompe um acordo com o reino vizinho, a temida e poderosa Rainha Vermelha fica enfurecida e prestes a invadir Tearling com seu exército imbatível sem que haja chances de se defenderem. Agora, resta a Kelsea buscar informações e respostas sobre as origens de seu reino, pois ela acaba se dando conta de que para mudar o futuro, deve conhecer um passado de séculos atrás, do período anterior à Travessia (a viagem a navio que foi feita quando o continente foi deixado pra trás em busca de um mundo melhor), pois isso pode ser a chave para a sobrevivência de todos.
Diferente do primeiro livro que serviu para introduzir o leitor ao universo criado pela autora, talvez por já estarmos situados ao cenário, este já traz uma narrativa com um tom diferente, com uma trama ainda mais complexa e cheia de camadas. Elas vão formando ligações fantásticas e amarrando várias pontas no desenrolar da história fazendo as coisas se encaixarem de forma surpreendente. Umas das questões que ficou em aberto no primeiro livro sobre o motivo da sociedade viver numa era medieval em pleno futuro é trabalhada, e eu adorei as explicações dadas. Até então, o leitor só sabia que o mundo anterior era como o nosso, mas alguma coisa aconteceu e as pessoas começaram a deixar tudo pra trás, embarcando em navios e levando toda a tecnologia que pudessem rumo a algum lugar. Porém, durante essa Travessia, houveram naufrágios e tudo se perdeu, o que levou as pessoas a regredirem, viverem sem tecnologia e maiores recursos e retornarem a monarquia na tentativa de manter a ordem. Não vou me estender sobre essa questão pois a graça é descobrir o que a autora reservou pra gente, mas posso afirmar que partindo de como esse passado é abordado e exposto, nossa visão acerca desse universo começa a se moldar de acordo com o avanço das explicações, e começamos a encarar a história de uma forma muito mais positiva e interessante, principalmente quando percebemos que a quantidade de caminhos que podem ser seguidos, a partir dessas informações sobre o passado, aumenta bastante.
Embora a história seja interessante, super envolvente e ganhe um ritmo frenético com passagens que se alternam entre passado e presente e sob os pontos de vistas de Kelsea e Lily, a forma como a diagramação do livro foi feita acaba tornando a leitura um pouco cansativa. Os capítulos são muito longos, dispostos em blocos de textos maciços e não possuem um espaçamento legal entre parágrafos que permita com que o leitor dê uma respirada.
Vamos acompanhando o passado sofrido da misteriosa Lily, uma mulher que aparece nas visões de Kelsea e a afeta diretamente, assim como o momento presente que está ameaçado pela Rainha Vermelha.
Inicialmente é incômodo acompanhar os acontecimentos vividos por Lily e a sensação é de estar num looping. Ela viveu numa época em que as mulheres eram oprimidas e foi revoltante acompanhar tantas agressões que ela sofria nas mãos daquele marido odioso. Num primeiro momento isso não parece ter a ver com a história, mas, com o desenrolar dos fatos, as coisas começam a se encaixar e entendemos o motivo dessa parte tão comovente quanto assustadora da vida dela ser abordada.
Kelsea também agrada bastante como protagonista, tanto por, inicialmente, não ter a aparência estereotipada de alguém da realeza, o que traz um diferencial à trama, quanto por suas atitudes nada convencionais de se resolver as coisas. Pode ser contraditório, mas ela faz o que acredita ser o certo, mesmo que, às vezes, não esteja certa. O fato de sua aparência ter começado a mudar para que ela, aos poucos, fosse ficando mais bonita e esbelta, quando ela não era assim, foi bem desnecessário e isso não me agradou muito. Talvez isso tenha um propósito no futuro, então nessa parte vou dar um voto de confiança pela autora, pois ela merece depois de tudo o que ela criou. Mas fora isso, é bem bacana acompanhar sua evolução como rainha, a forma como ela vai amadurecendo e adquirindo mais sabedoria para resolver e lidar com as questões do reino, mas é ainda mais gratificante acompanhar a descoberta da mulher que ela está se tornando. Ela é uma das heroínas imperfeitas mais perfeitas que tive o prazer de acompanhar.
Enfim, este livro ficou livre da "maldição do segundo volume" e é uma sequência criativa, empolgante e que supera o anterior, e pra quem gosta de histórias com cenários bem diferentes dos habituais, que envolvem conquistas e batalhas em busca do poder, e ainda traz personagens empoderadas e únicas, é leitura obrigatória.