Willow Creek, Sábado de Outono
Decidi preparar o famigerado Nigiri de Baiacu pra oferecer pro Tomas. Ele saiu pro trabalho, preparei o prato e deixei pronto em cima da bancada pra ele comer quando chegasse. Tinha marcado uma aula de aumento de habilidade pra mim, então eu nem estaria em casa nesse momento. A ideia era chegar e encontrar o corpo do Tomas e fingir desespero.
Mas, quando cheguei em casa, Tomas estava no notebook, escrevendo seu novo livro, e agradeceu pelo jantar. Tentei oferecer o Nigiri pra ele de novo, esperando que ele se intoxicasse, mas o homem parece estar imune e eu não vi outra alternativa a não ser partir pro plano B. Soube que em Monte Komorebi existe um lugar com máquinas de refrigerantes e guloseimas, mas também existe uma com bonequinhos colecionáveis muito famoso por sempre emperrar. Chamei Tomas pra irmos lá com a desculpa de que eu queria montar uma coleção e pedi pra ele comprar uns bonequinhos pra mim. De vez em quando a máquina emperrava e Tomas tratava uma verdadeira guerra esmurrando a máquina pra ela liberar o boneco, mas eu sempre pedia mais um porque a coleção era grande e ainda faltavam vários. Ele já estava um pouco machucado e de saco cheio, mas insisti... Numa dessas, a máquina emperrou de novo, Tomas subiu em cima dela com bastante raiva, a máquina virou e caiu em cima dele.
Várias pessoas que passavam viram a tragédia e correram horrorizadas por terem presenciado um homem sendo esmagado por uma máquina de brinquedos no meio da rua. Não nego que a cena não foi nada bonita, mas fazia parte do plano...
Como todo mundo viu o "acidente", fiquei livre de qualquer suspeita, e agora estou conhecida na vizinhança como a pobre viúva de um escritor em ascensão. Que grande infortúnio...
O próximo passo seria vender a casa, me mudar pra outra cidade e recomeçar a vida. Escolhi a cidade de Newcrest, pois além de afastada, tem uma vizinhança bem pequena com a maioria dos lotes vazios. Esperei o inverno chegar pois, com a neve caindo, as pessoas mal saem de casa e nem me veriam partir, e a ideia era ir embora de fininho mesmo. Com os quase 70 mil que embolsei com esse casamento, comprei uma casa de dois quartos com bastante espaço, quase o dobro do tamanho da casinha que morava com Tomas, e a primeira coisa que fiz depois da mudança foi mudar meu visual pra evitar que as pessoas me reconheçam caso me vejam na rua.
Fiquei dois dias de luto e pra não perder mais tempo convidei o Paulo pra me visitar. Ele me consolou pela perda mas eu vi nos olhos dele o quanto ele ficou feliz pelo caminho estar livre. E sim, o plano era me casar com ele o mais rápido possível, até ele me contar que ele tinha perdido o emprego. Não sei que futuro eu teria com um marido desempregado e fiquei incrédula pois isso não seria nada vantajoso pra mim... O que eu herdaria no final das contas?? Tomas pelo menos estava sendo bem sucedido com a venda dos livros, mas não faço a menor ideia do que Paulo iria me oferecer...
Mandei ele ir embora da minha casa e logo em seguida recebi a visita de Bjorn. Além de ser meu amigo, ele também conhecia Tomas e fomos nos fundos onde coloquei sua lápide pra ele prestar as condolências. Bjorn estava bem triste, mas senti uma enorme proximidade com ele. Tão preocupado, tão carinhoso, tão casado...
E agora? Paulo ou Bjorn?
Ass. Amber Black Collette