No mais, foi pouquinha coisa na Caixa, mas eu adorei.
Caixa de Correio #137 - Agosto
31 de agosto de 2023
Esse mês não comprei nada do que já tenho costume porque já gastei o que não podia. Depois de ficar enrolando por séculos, enfim comprei uma cadeira nova porque a minha tava sem o encosto há anos e eu não aguentava mais de tanta dor nas costas por causa de péssima postura. Então o que teve na caixinha desse mês foram os livros da parceria e um joguito que ganhei. Minha vó tinha viajado pra Londres em Abril pra passar uns meses na casa da minha tia que mora lá, e voltou agora no final do mês trazendo duas malas com um monte de coisas que ela não queria, não tinha onde guardar e ia jogar fora mesmo estando tudo novo. E no meio de um monte de coisas, tipo roupas, lençois, vasos de vidro, raquetes e bolinhas de ping pong, uma mini mesinha de sinuca e até um skate pras crianças, veio o jogo. Ainda não jogamos pra ver as diferenças dele pro Monopoly tradicional e não sei se as crianças vão ter dificuldade pelo jogo estar em inglês, mas em breve vamos testar.
Nevasca - Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon
27 de agosto de 2023
Autoras: Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem Adulto
Ano: 2023
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Resenha: Nevasca reúne contos escritos pelas mesmas autoras de Blackout, que narram histórias de amores mal resolvidos mantendo a mesma abordagem LGBTQIA+ e representatividade negra que caracterizam a antologia anterior. Apesar de terem uma estrutura diferente, Blackout se passa num verão escaldante e tráz histórias que vão se interligar em meio a um apagão em Nova York, Nevasca narra as histórias no inverno, durante uma grande nevasca que ocorre em Atlanta e provoca um enorme caos faltando quatro dias para o Natal.
O livro traz um enredo principal onde Stephanie, ou Stevie, uma adolescente de dezesseis anos e aspirante a cientista, acabou estragando seu namoro com Adesola, ou Sola, quando decidiu fazer um experimento científico com o próprio relacionamento antes de ir para um jantar bastante especial com a família da namorada, e tudo deu errado. Depois do evento fatídico, ela volta pra casa, fica de castigo e sem celular ou qualquer outro meio de comunicação, não consegue responder as mensagens de Sola que, então, resolve lhe dar um ultimato: Stevie tem até a meia-noite para fazer uma reparação significativa para merecer ser desculpada, caso contrário será tarde demais. Então, ela bola um plano e pede ajuda para seu grupo de amigos, Kaz, Porsha, E.R, Jimi e Ava numa tentativa deles ajudarem a consertar as coisas. O problema é que Atlanta foi tomada pela nevasca atípica e pelo caos que veio junto com ela, atrapalhando todo mundo.
A narrativa é feita em primeira pessoa com onze capítulos que trazem o nome da personagem que está contando a situação, onde ela está, a hora e quanto tempo falta para a famigerada meia-noite, como se fosse uma contagem regressiva pra mostrar que o tempo que Stevie tem pra dar jeito no problema está se esgotando. Cada um desses amigos de Stevie também têm suas questões e dilemas relacionados aos seus relacionamentos, que trazem diversidade e representatividade, que são apresentados em seus respectivos capítulos e se alternam com os de Stevie. Os desafios que eles enfrentam devido a nevasca acabam contribuindo pro ar de tensão nas histórias, que vai além dos amores mal resolvidos.
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem Adulto
Ano: 2023
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: A quatro dias do Natal, a cidade de Atlanta se vê coberta de neve. E Stevie se vê prestes a perder a namorada para sempre. Afinal, Sola deu um ultimato: se Stevie não compensar o grande erro que cometeu até a meia-noite, o relacionamento das duas terminará de vez.
Stevie nunca foi de fazer grandes gestos românticos, mas dessa vez terá que caprichar. Para isso, ela vai contar com a ajuda de seus amigos, cada um responsável por uma pecinha do grande plano para reconquistar Sola. O que eles não esperavam era ter que lidar com seus próprios sentimentos, romances mal resolvidos, e com a neve que não para de cair.
Resenha: Nevasca reúne contos escritos pelas mesmas autoras de Blackout, que narram histórias de amores mal resolvidos mantendo a mesma abordagem LGBTQIA+ e representatividade negra que caracterizam a antologia anterior. Apesar de terem uma estrutura diferente, Blackout se passa num verão escaldante e tráz histórias que vão se interligar em meio a um apagão em Nova York, Nevasca narra as histórias no inverno, durante uma grande nevasca que ocorre em Atlanta e provoca um enorme caos faltando quatro dias para o Natal.
O livro traz um enredo principal onde Stephanie, ou Stevie, uma adolescente de dezesseis anos e aspirante a cientista, acabou estragando seu namoro com Adesola, ou Sola, quando decidiu fazer um experimento científico com o próprio relacionamento antes de ir para um jantar bastante especial com a família da namorada, e tudo deu errado. Depois do evento fatídico, ela volta pra casa, fica de castigo e sem celular ou qualquer outro meio de comunicação, não consegue responder as mensagens de Sola que, então, resolve lhe dar um ultimato: Stevie tem até a meia-noite para fazer uma reparação significativa para merecer ser desculpada, caso contrário será tarde demais. Então, ela bola um plano e pede ajuda para seu grupo de amigos, Kaz, Porsha, E.R, Jimi e Ava numa tentativa deles ajudarem a consertar as coisas. O problema é que Atlanta foi tomada pela nevasca atípica e pelo caos que veio junto com ela, atrapalhando todo mundo.
A narrativa é feita em primeira pessoa com onze capítulos que trazem o nome da personagem que está contando a situação, onde ela está, a hora e quanto tempo falta para a famigerada meia-noite, como se fosse uma contagem regressiva pra mostrar que o tempo que Stevie tem pra dar jeito no problema está se esgotando. Cada um desses amigos de Stevie também têm suas questões e dilemas relacionados aos seus relacionamentos, que trazem diversidade e representatividade, que são apresentados em seus respectivos capítulos e se alternam com os de Stevie. Os desafios que eles enfrentam devido a nevasca acabam contribuindo pro ar de tensão nas histórias, que vai além dos amores mal resolvidos.
Stevie - ★★☆☆☆
Sobre os personagens, acho que ou a gente ama ou odeia, e a protagonista Stevie foi a que mais despertou meu revirar de olhos, o que chega a ser até absurdo considerando que a história dela é a principal. Os capítulos destinados à ela (1, 3, 7, 9 e 11) são mais curtos por acrescentar algumas outras informações e lembranças marcantes que vão formando a história, mas é difícil acompanhar uma personagem que lembra um Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, especialmente quando ela mesma diz que tem o "gênio difícil". Ela parece não ser capaz de entender o que é estar apaixonada a ponto de querer fazer experimentos científicos pra ter uma resposta, e não sabe bem como demonstrar afeto, mesmo que se esforce, mas a verdade é que só reparei na forma que ela se acha superior, acha que os outros devem ficar a sua disposição pra resolver problemas que ela mesma causou, e tem pouca sensibilidade quando o assunto diz respeito aos sentimentos de Sola, talvez por ela ter muita dificuldade em demonstrar os seus próprios. Nem a forma bonita como ela descreve os detalhes das experiências legais e de tudo o que ela observa na namorada salvou, e nem a conversa com Ern, o irmão de E.R., onde ela expõe tudo o que está entalado e a fazendo sofrer. Eu criei uma imagem super negativa dela como pessoa que inteligência nenhuma supera . A história dela só é razoavelmente aceitável por causa do desfecho, a forma que ela encontra pra se desculpar com Sola é realmente uma gigantesca prova de amor (cafona, não nego, mas o que vale é a intenção), mas os amigos ficaram encarregados de grande parte do serviço.
Kaz - ★★★☆☆
A segunda história é narrada por Kaz e eu tive um misto de sensações enquanto lia que só não foi pior do que minha impressão sobre Stevie. Mas não por causa de Kaz, que é super legal, mas por causa de Porsha que faz parte desse círculo de amigos e é a pessoa - e melhor amiga - que Kaz ama em segredo desde sabe-se lá quando, e faz qualquer coisa por ela. Quando Kaz, depois de muita coragem, finalmente decide que chegou a hora de revelar seus sentimentos, Porsha mostra o quanto é fútil. Ela é convidada pra uma grande festa de supostas subcelebridades e, num surto de emoção, arrasta Kaz pro shopping para que ele a ajude a comprar roupas e faz o coitado ficar a sua disposição, até que eles ficam presos por causa da nevasca. Eu juro que fiquei com dó de Kaz por ele gostar dessa menina porque, enquanto ele sempre está alí pra ela e por ela, Porsha não o trata muito bem, não demonstra nenhuma consideração ou interesse pela cultura e pelas tradições que ele segue, e não move um dedo pra acompanhar Kaz em nada que ele precise fazer. Não tenho dúvidas de que ele merecia alguém melhor.
E.R. - ★★☆☆☆
Em seguida temos a história de E.R., Savana e Eric, que se passa no Aeroporto Internacional de Atlanta e explora um ciúme meio descabido que Savana sente da parceira (?). Evan-Rose é bissexual e aqui ela está se reencontrando com Savana, ou Van, a namorada/ex/namorada/sei lá exagerada e ciumenta, cujo relacionamento é meio estranho: elas só são namoradas enquanto Van vai pra Atlanta pra estudar, e nas férias de verão, quando ela volta pra casa em Maryland, elas ficam solteiras de novo, e como esse namoro (se é que podemos chamar assim) vai ficar bastante abalado quando E.R. recebe uma ligação de Eric, que ela conheceu durante o verão enquanto as duas estavam ~solteiras~, e que está preso no mesmo aeroporto que elas, e mesmo que o envolvimento deles tenha sido somente emocional e nada demais tenha rolado, alí estava a receita perfeita para o desastre, ou será que não?
Evan-Rose tem muita dificuldade em falar sobre o que sente e nem teve coragem de assumir sua sexualidade para sua família. A fixação dela por Savana é meio doentia, tanto que ela parece aceitar algumas situações nada a ver só pra não contrarir a dondoca, e ela parece não conseguir se impor quando precisa ser sincera ou dizer um simples não. Achei ela chata, achei a namorada dela mais chata ainda, e Eric é o único personagem que gostei no meio desse bolo. Não consegui enxergar nada de romântico nessa história, só vi uma pessoa mais desapegada que gosta de curtir (mas que parece estar em conflito com si mesma) e outra possessiva e aparecida que tornou a história tão bagunçada quanto estranha, até mesmo porque no meio dessa confusão existe a tarefa que deve ser feita pra ajudar Stevie mas que parece não se encaixar direito. Obs.: Tenho certeza que essa foi escrita por Nic Stone.
Sola - ★★★☆☆
O capítulo 5 é narrado por Sola e, nele, o leitor vai conhecer como é a dinâmica familiar dela assim como os detalhes do que aconteceu quando Stevie foi até a sua casa e ocasionou o rompimento ente as duas. Esse capítulo mostra como a briga que levou ao término do namoro com Stevie começou e um pouco da personalidade de Sola, que apesar de ser mais romântica, é bastante exigente (o que leva o leitor a compeender o motivo do ultimato).
Jordyn - ★★★★☆
Depois conhecemos a história de Jordyn (ou Jordan) e Omari que, por um mal entendido ocorrido há um ano, mantém uma amizade meio estranha e cheia de alfinetadas. Omari está acompanhando Jordyn para uma apresentação de sua irmã - e melhor amiga de Sola - Jimi. Jimi pede para Jordyn aproveitar a viagem e levar alguns itens para ajudar Stevie nesse plano mirabolante, mas por causa da nevasca, o trânsito não move 1 centímetro e eles ficam presos dentro do carro. Alí, eles aproveitam pra resolver não só o mal entendido que houve entre eles mas, numa conversa mais profunda, tentam entender um pouco mais sobre as emoções de Jordyn com relação à sua mãe biológica que abandonou ela, as irmãs e o pai das meninas há quase 10 anos. Essa história, apesar de não se aprofundar tanto na vida dos personagens por ser curta, abordou de uma forma bastante satisfatória a química do casal e os conflitos emocionais de Jordyn com relação à mãe, e sua resistência às tentativas de aproximação dela (que remetem bastante a problemas de ansiedade). Ela tenta esconder seus sentimentos pra parecer forte, mas é inegável que ela fica abalada e tem uma necessidade enorme de resolver isso pra poder seguir em paz sem esse "peso". Penso que é a personagem com a carga dramática mais forte das histórias.
Jimi - ★★★★☆
O capítulo 8 tráz a história de Jimi (Jamila), melhor amiga de Sola e irmã do meio de Jordyn. Jimi é vocalista e guitarrista de uma banda chamada Rescuing Midnight, mas a banda está carregada de tensão e conflitos de interesses, pois Jimi odeia músicas românticas e os garotos que compõe o trio, Kennedy e Rakeem, acham isso uma completo absurdo e começam a evitá-la. Jimi está no Fox Theatre sozinha, sem saber se os garotos vão aparecer pra gravarem a música que poderia ajudar Stevie e Sola a voltarem, esperando Jordyn aparecer, e se sentindo culpada por ter causado esse climão, até que encontra Téo, um garoto com quem ela estudou no ensino fundamental e que agora é conhecido por seu nome artístico "Lil Kinsey". Depois que ele sumiu da escola sem dar notícias, ele se tornou um rapper bem famoso. E ele é o motivo de Jimi odiar músicas românticas...
Sobre os personagens, acho que ou a gente ama ou odeia, e a protagonista Stevie foi a que mais despertou meu revirar de olhos, o que chega a ser até absurdo considerando que a história dela é a principal. Os capítulos destinados à ela (1, 3, 7, 9 e 11) são mais curtos por acrescentar algumas outras informações e lembranças marcantes que vão formando a história, mas é difícil acompanhar uma personagem que lembra um Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, especialmente quando ela mesma diz que tem o "gênio difícil". Ela parece não ser capaz de entender o que é estar apaixonada a ponto de querer fazer experimentos científicos pra ter uma resposta, e não sabe bem como demonstrar afeto, mesmo que se esforce, mas a verdade é que só reparei na forma que ela se acha superior, acha que os outros devem ficar a sua disposição pra resolver problemas que ela mesma causou, e tem pouca sensibilidade quando o assunto diz respeito aos sentimentos de Sola, talvez por ela ter muita dificuldade em demonstrar os seus próprios. Nem a forma bonita como ela descreve os detalhes das experiências legais e de tudo o que ela observa na namorada salvou, e nem a conversa com Ern, o irmão de E.R., onde ela expõe tudo o que está entalado e a fazendo sofrer. Eu criei uma imagem super negativa dela como pessoa que inteligência nenhuma supera . A história dela só é razoavelmente aceitável por causa do desfecho, a forma que ela encontra pra se desculpar com Sola é realmente uma gigantesca prova de amor (cafona, não nego, mas o que vale é a intenção), mas os amigos ficaram encarregados de grande parte do serviço.
Kaz - ★★★☆☆
A segunda história é narrada por Kaz e eu tive um misto de sensações enquanto lia que só não foi pior do que minha impressão sobre Stevie. Mas não por causa de Kaz, que é super legal, mas por causa de Porsha que faz parte desse círculo de amigos e é a pessoa - e melhor amiga - que Kaz ama em segredo desde sabe-se lá quando, e faz qualquer coisa por ela. Quando Kaz, depois de muita coragem, finalmente decide que chegou a hora de revelar seus sentimentos, Porsha mostra o quanto é fútil. Ela é convidada pra uma grande festa de supostas subcelebridades e, num surto de emoção, arrasta Kaz pro shopping para que ele a ajude a comprar roupas e faz o coitado ficar a sua disposição, até que eles ficam presos por causa da nevasca. Eu juro que fiquei com dó de Kaz por ele gostar dessa menina porque, enquanto ele sempre está alí pra ela e por ela, Porsha não o trata muito bem, não demonstra nenhuma consideração ou interesse pela cultura e pelas tradições que ele segue, e não move um dedo pra acompanhar Kaz em nada que ele precise fazer. Não tenho dúvidas de que ele merecia alguém melhor.
E.R. - ★★☆☆☆
Em seguida temos a história de E.R., Savana e Eric, que se passa no Aeroporto Internacional de Atlanta e explora um ciúme meio descabido que Savana sente da parceira (?). Evan-Rose é bissexual e aqui ela está se reencontrando com Savana, ou Van, a namorada/ex/namorada/sei lá exagerada e ciumenta, cujo relacionamento é meio estranho: elas só são namoradas enquanto Van vai pra Atlanta pra estudar, e nas férias de verão, quando ela volta pra casa em Maryland, elas ficam solteiras de novo, e como esse namoro (se é que podemos chamar assim) vai ficar bastante abalado quando E.R. recebe uma ligação de Eric, que ela conheceu durante o verão enquanto as duas estavam ~solteiras~, e que está preso no mesmo aeroporto que elas, e mesmo que o envolvimento deles tenha sido somente emocional e nada demais tenha rolado, alí estava a receita perfeita para o desastre, ou será que não?
Evan-Rose tem muita dificuldade em falar sobre o que sente e nem teve coragem de assumir sua sexualidade para sua família. A fixação dela por Savana é meio doentia, tanto que ela parece aceitar algumas situações nada a ver só pra não contrarir a dondoca, e ela parece não conseguir se impor quando precisa ser sincera ou dizer um simples não. Achei ela chata, achei a namorada dela mais chata ainda, e Eric é o único personagem que gostei no meio desse bolo. Não consegui enxergar nada de romântico nessa história, só vi uma pessoa mais desapegada que gosta de curtir (mas que parece estar em conflito com si mesma) e outra possessiva e aparecida que tornou a história tão bagunçada quanto estranha, até mesmo porque no meio dessa confusão existe a tarefa que deve ser feita pra ajudar Stevie mas que parece não se encaixar direito. Obs.: Tenho certeza que essa foi escrita por Nic Stone.
Sola - ★★★☆☆
O capítulo 5 é narrado por Sola e, nele, o leitor vai conhecer como é a dinâmica familiar dela assim como os detalhes do que aconteceu quando Stevie foi até a sua casa e ocasionou o rompimento ente as duas. Esse capítulo mostra como a briga que levou ao término do namoro com Stevie começou e um pouco da personalidade de Sola, que apesar de ser mais romântica, é bastante exigente (o que leva o leitor a compeender o motivo do ultimato).
Jordyn - ★★★★☆
Depois conhecemos a história de Jordyn (ou Jordan) e Omari que, por um mal entendido ocorrido há um ano, mantém uma amizade meio estranha e cheia de alfinetadas. Omari está acompanhando Jordyn para uma apresentação de sua irmã - e melhor amiga de Sola - Jimi. Jimi pede para Jordyn aproveitar a viagem e levar alguns itens para ajudar Stevie nesse plano mirabolante, mas por causa da nevasca, o trânsito não move 1 centímetro e eles ficam presos dentro do carro. Alí, eles aproveitam pra resolver não só o mal entendido que houve entre eles mas, numa conversa mais profunda, tentam entender um pouco mais sobre as emoções de Jordyn com relação à sua mãe biológica que abandonou ela, as irmãs e o pai das meninas há quase 10 anos. Essa história, apesar de não se aprofundar tanto na vida dos personagens por ser curta, abordou de uma forma bastante satisfatória a química do casal e os conflitos emocionais de Jordyn com relação à mãe, e sua resistência às tentativas de aproximação dela (que remetem bastante a problemas de ansiedade). Ela tenta esconder seus sentimentos pra parecer forte, mas é inegável que ela fica abalada e tem uma necessidade enorme de resolver isso pra poder seguir em paz sem esse "peso". Penso que é a personagem com a carga dramática mais forte das histórias.
"... Não consigo imaginar como você se sente. Mas de uma coisa eu sei: às vezes as pessoas machucam quem amam, e isso diz mais sobre elas mesmas do que sobre o outro. Elas que são o problema. Dizem coisas que no fundo não querem dizer ou não dizem o suficiente. Elas podem não ter a intenção de machucar, mas só isso não basta quando os sentimentos de alguém estão em jogo. Ainda assim é preciso encontrar uma forma de consertar as coisas."
O capítulo 8 tráz a história de Jimi (Jamila), melhor amiga de Sola e irmã do meio de Jordyn. Jimi é vocalista e guitarrista de uma banda chamada Rescuing Midnight, mas a banda está carregada de tensão e conflitos de interesses, pois Jimi odeia músicas românticas e os garotos que compõe o trio, Kennedy e Rakeem, acham isso uma completo absurdo e começam a evitá-la. Jimi está no Fox Theatre sozinha, sem saber se os garotos vão aparecer pra gravarem a música que poderia ajudar Stevie e Sola a voltarem, esperando Jordyn aparecer, e se sentindo culpada por ter causado esse climão, até que encontra Téo, um garoto com quem ela estudou no ensino fundamental e que agora é conhecido por seu nome artístico "Lil Kinsey". Depois que ele sumiu da escola sem dar notícias, ele se tornou um rapper bem famoso. E ele é o motivo de Jimi odiar músicas românticas...
Eu gostei bastante desse conto em particular pois ele fala muito sobre o sentimento de abandono, o que isso pode causar e como as pessoas lidam com isso, mesmo que rejeitem a afeição alheia como meio de defesa (se você não se envolve, então não se decepciona), pra tentarem seguir em frente. Embora o tema possa ser um gatilho pra várias pessoas, a forma como a autora aborda e desenvolve a história é bastante sensível pois Jimi e Téo acabam compartilhando memórias e se reconcetam através da música, o que é super legal.
Ava e Mason - ★★★★★ ♥
Esse conto em particular tráz os pontos de vista de Ava e Mason de forma alternada, onde, após se encontrarem no Aquário onde Ava tem um trabalho voluntário, relembram os motivos que os levaram a terminar o namoro. E em meio a essas lembranças, a maioria com desentendimentos bobos, eles começam a refletir sobre a "validade" dos relacionamentos quando precisam ir pra faculdade e eles vão se "separar". Acho que o conflito central dessa história é bastante realista pois trata de um dilema muito comum nos jovens que estão dando esse passo na vida (principalmente nos EUA onde eles saem de casa pra estudar e ficam longe por vários meses). Além disso, a história também aborda a ideia dos filhos seguirem por um caminho que não querem ou não gostam para superar as expectativas dos pais, e a forma como isso é exposto é tão sensível, ainda mais quando se tem apoio de quem se ama, que é impossível segurar as lágrimas.
Outro ponto bem bacana é o pano de fundo da história que remete a ciência e à vida marinha. A descrição da água azul, dos peixes nadando através do acrílico enquanto eles conversam e vão se entendendo é a coisa mais linda e perfeita de se acompanhar.
Tenho quase certeza que esse foi escrito pela Nicola Yoon e foi o único, assim como o conto dela em Blackout, que levou 5 estrelas e, de quebra, ainda me fez chorar, emocionada.
Uma coisa que não curti muito durante a leitura foram os nomes ou apelidos das personagens. A maioria deles é difícil de pronunciar pra quem não está acostumado, principalmente os nomes nigerianos que aparecem no capítulo de Sola, e acabaram travando a leitura a ponto de eu começar a pular os nomes ou só ler a primeira letra porque não tive paciência pra ir pesquisar a pronúncia de todos eles.
Acho que pelo livro ser das mesmas autoras que tem uma conexão muito boa pra escreverem juntas e, apesar de não ser uma série nem nada, ter o mesmo padrão de histórias curtas, a editora poderia ter mantido o título original em inglês. Acho que ficaria muito mais legal a combinação dos títulos "Blackout" e "Whiteout" do que "Blackout" e "Nevasca". Pelo menos com os nomes originais dá pra associar um com o outro fazendo esse contraste entre preto e branco relacionados ao escuro do apagão e ao branco da neve.Um ponto curioso é que, embora no final do livro haja dicas, as autoras não informam nos capítulos quem escreveu o que alí.
Nevasca é um livro bastante agradável e vai, sim, dar aquele quentinho no coração, mesmo que algumas histórias sejam bem melhores que outras. Apesar de eu achar que as atitudes e pensamentos não condizem muito com as idades dos personagens, as histórias retratam as questões do amor juvenil, as descobertas, a amizade e os dilemas adolescentes, principalmente aqueles relacionados à orientação sexual e à ideia das histórias apresentarem personagens jovens, negros e com aspirações de vida bem bacanas de uma forma bem sensível e bonita.
Nevasca é um livro bastante agradável e vai, sim, dar aquele quentinho no coração, mesmo que algumas histórias sejam bem melhores que outras. Apesar de eu achar que as atitudes e pensamentos não condizem muito com as idades dos personagens, as histórias retratam as questões do amor juvenil, as descobertas, a amizade e os dilemas adolescentes, principalmente aqueles relacionados à orientação sexual e à ideia das histórias apresentarem personagens jovens, negros e com aspirações de vida bem bacanas de uma forma bem sensível e bonita.
Wishlist #28 - Board Games - La Granja (Ed. Master Deluxe)
26 de agosto de 2023
Acho que a maioria das pessoas que gostam de jogos não deixam escapar aqueles com a temática de fazendinha. Seja no celular, no pc ou em jogos de tabuleiro, uma das coisas mais divertidas é botar o chapéu de palha na cabeça e ir pra roça por a mão na massa e ver as coisas progredirem. Durante a partida os jogadores/fazendeiros terão que desenvolver a fazenda criando gado, cuidando da plantação e competir com os advesários para entregarem as mercadorias produzidas ao mercado da cidade quando necessário.
La Granja era um jogo que já estava na minha lista há um tempo, junto com Agrícola e Reykholt, mas eu estava na moita esperando o anúncio da Edição Master Deluxe pra poder colocar a bendita aqui na wishlist do blog. Essa edição tem um design muito mais caprichado, componentes diferenciados, cartas de expansão, cartas promocionais e todo o perequetê que essas edições de luxo trazem pra nos levar a falência. A única tristeza é que essa edição lançada pela Galápagos aqui no Brasil parece não vir com as moedas de metal, como é lá na gringa. Mas, apesar da caixona gigante com detalhes dourados que é a cara da riqueza, não se pode ter tudo, não é mesmo?
La Granja era um jogo que já estava na minha lista há um tempo, junto com Agrícola e Reykholt, mas eu estava na moita esperando o anúncio da Edição Master Deluxe pra poder colocar a bendita aqui na wishlist do blog. Essa edição tem um design muito mais caprichado, componentes diferenciados, cartas de expansão, cartas promocionais e todo o perequetê que essas edições de luxo trazem pra nos levar a falência. A única tristeza é que essa edição lançada pela Galápagos aqui no Brasil parece não vir com as moedas de metal, como é lá na gringa. Mas, apesar da caixona gigante com detalhes dourados que é a cara da riqueza, não se pode ter tudo, não é mesmo?
La Granja
Editora/Fabricante: GalápagosCriadores: Michael Keller e Andreas "ode" OdendahlIdade recomendada: 14+Jogadores: 1-4Descrição: La Granja Master Deluxe é uma versão atualizada e expandida do jogo La Granja de 2014 em que 1 a 4 jogadores gerenciam pequenas fazendas no lago Alpich perto da vila de Esporles em Maiorca.Os jogadores devem considerar cuidadosamente as decisões de quais dados escolher, quais cartas jogar, quando e onde entregar mercadorias aos vários mercados e como melhor utilizar os poderes flexíveis proporcionados por várias ações "a qualquer hora".As cartas multiuso oferecem quatro opções diferentes para os jogadores escolherem. Decida se deseja usar a carta como uma extensão de seus campos (aumentando sua capacidade de cultivar azeitonas, grãos ou uvas), como uma extensão de sua fazenda (aumentando o número de porcos que você pode abrigar, as entregas que você pode fazer, ou as moedas que você ganhará a cada rodada), como um carrinho de mão de mercado (fornecendo um contrato pessoal que você pode cumprir por recompensas valiosas) ou como um ajudante contratado (cada um fornecendo uma capacidade única e poderosa para melhorar suas ações).
Créditos da imagem: Kira Peavley
O Demônio na Floresta - Leigh Bardugo
Autora: Leigh Bardugo
Ilustrações: Dani Pendergast
Editora: Planeta/Minotauro
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto/Graphic novel
Ano: 2023
Páginas: 208
Nota:★★★★★
Resenha: O Demônio na Floresta é uma graphic novel que faz parte do GrishaVerso criado pela autora Leigh Bardugo. Ele antecede em muitos e muitos anos todos os acontecimentos que se passam na trilogia principal.
Editora: Planeta/Minotauro
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto/Graphic novel
Ano: 2023
Páginas: 208
Nota:★★★★★
Sinopse: Antes de Ravka ser liderada pelo Segundo Exército, antes da criação da Dobra das Sombras, e muito antes de ele se tornar o Darkling, havia um garotinho solitário oprimido pelo seu próprio poder extraordinário.
Eryk e sua mãe, Lena, passaram suas vidas inteiras fugindo. Mas eles nunca encontrarão o refúgio que tanto buscam. Eles não são somente Grishas – eles são os mais raros e perigosos desse grupo.
Temidos pelos que querem destruí-los e perseguidos pelos que desejam explorar seus dons, Eryk e Lena precisam mascarar suas habilidades a todo momento. Mas os segredos mais perigosos são os mais difíceis de esconder...
Resenha: O Demônio na Floresta é uma graphic novel que faz parte do GrishaVerso criado pela autora Leigh Bardugo. Ele antecede em muitos e muitos anos todos os acontecimentos que se passam na trilogia principal.
Nele vamos conhecer uma pequena passagem da vida de Aleksander Morozova, numa época em que ele era um jovem subestimado e oprimido pelo próprio poder, que só tinha Baghra, sua mãe, como companhia e a única em quem podia confiar. A história se passa antes de Ravka ser liderada pelo Segundo Exército, antes da criação da Dobra das Sombras, num período em que o mundo não era um lugar seguro para os Grishas, e antes dele se tornar o Darkling - o temido Conjurador das Sombras desse universo cheio de fantasia e muita ação.
Aleksander e sua mãe, que também é uma Conjuradora das Sombras, vivem fugindo de um lugar pra outro e mudando seus nomes para não serem encontrados por caçadores de bruxas, também chamados de drüskelle, que os perseguiam. Desta vez eles vão se passar por "Eryk" e "Lena" e, cansados de fugir, só queriam um lugar pra poderem permanecer por mais tempo sem levantar suspeitas. A próxima parada é um pequeno acampamento de Grishas que os acolhem e que, aparentemente, é seguro. O problema é que quanto mais tempo eles passam num local, mais vulneráveis ficam, consequentemente, mais perigoso é. O poder de Eryk precisa ser escondido até mesmo dos próprios Grishas, pois eles também poderiam se aproveitar desse poder para benefício próprio.
Não há muitos personagens e o formato da história limita um maior aprofundamento sobre eles, mas o pouco que há é suficiente pra conhecermos quem são, o que fazem e como suas personalidades e poderes os afetam. No acampamento, Eryk conhece as irmãs Annika e Sylvi. Annika é a irmã mais velha, uma jovem Hidro cujo poder não é forte o bastante, o que a deixa bastante frustada já que vive sendo diminuída pelo filho irritante do Ulle, o líder o acampamento. Sylvi é uma criança bastante curiosa, impulsiva e um tanto teimosa (e irritante), e seus poderes não se manifestaram, o que a deixa bastante inquieta e ansiosa. Logo ela se mete em situações perigosas e precisa da proteção da irmã a todo momento.
Lena é uma mulher forte e que se impõe para não ser subjugada por ninguém, mas ela se preocupa tanto com o filho que não mede esforços para fazer qualquer coisa que for preciso para protegê-lo. Qualquer coisa. Desde seus ensinamentos brutais até suas medidas extremas.
Quando os Grishas decidem que precisam caçar um Amplificador, um enorme Urso que andava pela floresta, as coisas começam a sair do controle e Eryk percebe que aqueles Grishas não são exatamente quem ele pensava que fossem. Essas situações vividas por ele acabam por moldá-lo para que, no futuro, ele se torne o Darkling que conhecemos. O pouco que acontece na história mostra que Eryk, até então, tem boas intenções mas, ao que parece, a maldade e a ganância daqueles que cruzaram seu caminho acabaram por fazer com que ele deixasse de acreditar que poderia confiar em alguém. Assim, sem ter mais recortes de sua vida, fica difícil afirmar se ele é mesmo esse vilão tão terrível, ou se era um herói incompreendido que se permitiu ser corrompido a medida que se decepcionava cada vez mais.
As ilustrações feitas por Dani Pendergast são maravilhosas e trazem uma paleta de cores que misturam cores frias e quentes de uma forma super agradável e bonita de se ver. Os personagens são expressivos e as cenas são retratatas com a devida intensidade para que as imagens possam valer mais do que as palavras. Os balões de pensamento de Eric em forma de sombras foram uma sacada genial e que representam bem seu interior.
O único ponto negativo do livro é que a história é curtinha e ele acaba rápido demais. É impossível não ficarmos curiosos com mais detalhes da vida de Aleksander e como ele passou a lidar com seu poder até se tornar o Darkling.
Pra quem gosta da saga e quer ter mais detalhes sobre esse vilão que amamos odiar (ou talvez odiamos amar), é leitura super indicada e espero que a autora continue investindo nesse formato de graphic novel para se aprofundar e trazer mais detalhes do que aconteceu até o auge do Darkling.
Wishlist #27 - Card Games - Radlands
23 de agosto de 2023
Já faz uns meses que Radlands foi lançado mas a temática pós apocalíptica e cyberpunk que lembra bastante Mad Max, onde o recurso mais precioso é a água, é um estilo super interessante e é jogo que não poderia ficar de fora da minha listona de desejos sem fim. Aqui o jogador vai precisar defender suas bases e destruir as bases do oponente enquanto usa a pouca água que tem para poder gerenciar as cartas de pessoas e eventos, além de poder usar habilidades, que vão dar vantagens e mais força a ele.
Radlands
Editora/Fabricante: Galápagos
Criador: Daniel Piechnick
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 2
Descrição: Em um mundo pós-apocalíptico cyberpunk, a luta pela sobrevivência é intensa - você está pronto para liderar sua tribo em Radlands?
Em Radlands, jogadores receberão três bases únicas para proteger. Você vence quando destrói todas as três bases do seu oponente. O principal recurso no jogo é água. Você irá gastá-la para jogar pessoas e eventos, e para usar as habilidades de cartas que já possuir na mesa. Pessoas protegem suas bases e possuem habilidades úteis, enquanto eventos são efeitos poderosos que levam um certo tempo para acontecerem.
Ambos os jogadores compram cartas do mesmo baralho. Todas as cartas na sua mão podem ser jogadas na mesa ou utilizadas para efeitos rápidos de “sucatear”. Para vencer, você deve gerenciar suas cartas e água sabiamente.
Editora/Fabricante: Galápagos
Criador: Daniel Piechnick
Idade recomendada: 14+
Jogadores: 2
Descrição: Em um mundo pós-apocalíptico cyberpunk, a luta pela sobrevivência é intensa - você está pronto para liderar sua tribo em Radlands?
Em Radlands, jogadores receberão três bases únicas para proteger. Você vence quando destrói todas as três bases do seu oponente. O principal recurso no jogo é água. Você irá gastá-la para jogar pessoas e eventos, e para usar as habilidades de cartas que já possuir na mesa. Pessoas protegem suas bases e possuem habilidades úteis, enquanto eventos são efeitos poderosos que levam um certo tempo para acontecerem.
Ambos os jogadores compram cartas do mesmo baralho. Todas as cartas na sua mão podem ser jogadas na mesa ou utilizadas para efeitos rápidos de “sucatear”. Para vencer, você deve gerenciar suas cartas e água sabiamente.
Créditos da imagem: Board Game Quest
Este Inverno: Uma novela de Heartstopper - Alice Oseman
21 de agosto de 2023
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Romance
Ano: 2023
Páginas: 112
Nota:★★★★★
Gênero: Jovem Adulto/Romance
Ano: 2023
Páginas: 112
Nota:★★★★★
Sinopse: Tori, Charlie e Oliver Spring sabem que o Natal deste ano vai ser diferente. Depois de passar um período internado para tratar seu transtorno alimentar, tudo o que Charlie quer é não ser o centro das atenções ― o que parece impossível.
Quando as coisas saem do controle, cada um dos irmãos vai ter que encontrar um jeito de lidar com este inverno difícil ― e buscar conforto um no outro.
Resenha: Este Inverno é uma novela do universo Hearstopper que se passa durante os acontecimentos do vol. 4, De Mãos Dadas, quando Charlie volta pra casa depois de precisar ficar internado para tratar de seu transtorno alimentar. Mas, por ser véspera de Natal, a família inteira se reúne na casa dos Springs e nada poderia ser pior do que aquela torta de climão, seja pelos parentes (que só aparecem uma vez na vida e outra na morte) querendo saber detalhes da orientação sexual de Charlie, ou por acharem que ele é algum maluco por ter passado algumas semanas num "hospício" sem sequer se preocuparem de fato com o que aconteceu com ele e como ele chegou a esse ponto. Charlie só queria poder ficar em paz, e por mais que ele tente ser discreto e passar despercebido no meio desse povo, é impossível manter o controle quando ele vira o centro das atenções.
O livro é dividido em três capítulos, todos narrados em primeira pessoa, cada um dedicado ao ponto de vista dos irmãos Spring. O primeiro capítulo é narrado por Tori, como ela enxerga a situação e como é a única dessa família desajustada que não trata Charlie como se ele fosse uma aberração.
Apesar dela ser um tanto fechada e não fale muito, dá pra perceber o quanto ela ama os irmãos, se preocupa e é compreensiva, desde a paciência infinita com as peripécias de Oliver, até como ela tenta ajudar Charlie a se sentir acolhido o tratando como igual, embora ele não lhe dê muito espaço pra isso e às vezes até desconta nela suas frustrações. Vemos o quanto é desconfortável e difícil pra Charlie aturar parentes intrometidos e sem noção nenhuma, e até com seus pais que não demonstram nenhuma empatia ao lidar com os problemas do filho. Tori, além de entender como deve ser doloroso pro irmão comemorar um feriado cheio de comida quando o problema dele é com comida, percebe o quanto Charlie sofre com tudo isso, se sente tão incomodada quanto ele, mas não pode fazer muita coisa por achar que não tem direito de ultrapassar os limites e invadir seu espaço. Mas ela percebe como ninguém que o que seus pais fazem para ajudar Charlie está longe de ser suficiente.
"Odeio como as pessoas reagem quando descobrem que Charlie passou algumas semanas internado. Como se fosse a cposa mais horrível que já ouviram. É porque elas associam automaticamente a manicômio e gente louca em vez de tratamento e recuperação e aprender a lidar com um transtorno alimentar."
O segundo capítulo é narrado por Charlie e acompanhar como ele se sente é bastante complicado e talvez cause vários gatilhos relacionados a saúde mental. Ele sabe que, diferente dos seus pais, Tori se importa, mas reconhece que às vezes é duro com ela quando não deveria ser. Através dessa narrativa de Charlie e seus diálogos com Nick, o leitor entende melhor seus conflitos psicológicos, os problemas em família que ele enfrenta, a dificuldade em ter uma conversa mais aberta com os pais e o quanto ele se sente culpado por não corresponder às expectativas deles, como se fosse um fardo. Da mesma forma ele também sabe o quanto as semanas que ele passou internado foram importantes para que ele pudesse receber a ajuda necessária para entender melhor seu transtorno e poder lidar com eles agora que sabe a origem desses problemas. Mas claro, não é fácil, é um processo a longo prazo, e Charlie sente que Nick é o único disposto a passar por tudo isso junto com ele. Quando Charlie larga a família e o bando de parentes imprestáveis em pleno Natal pra evitar brigas e vai pra casa de Nick, a gente percebe a discrepância gigantesca do tratamento de uma família em relação a outra (com exceção de David, irmão de Nick, que é uma criatura ridícula, ignorante e desprovida de bom senso e inteligência). Charlie encontra na família de Nick todo o acolhimento e respeito que sua própria família nunca lhe deu. E isso dói e até causa revolta, pois os pais dele não são capazes de perceber sua parcela de responsabilidade nesse problema e preferem focar na ideia de que eles "fazem o que podem pra esse filho ingrato" como se isso tivesse a ver com eles, e não com Charlie.
Pra finalizar, o terceiro capítulo é narrado por Oliver, o irmãozinho mais novo de sete anos. Ele mostra, pelo seu ponto de vista, o que está acontecendo naquele Natal falido de uma forma bastante infantil e engraçadinha. Mas apesar de ser bem bonitinho a preocupação que ele demonstra ter com o sumiço do irmão, e depois da irmã, ou como fica triste por estar jogando video game sem companhia no meio daqueles parentes chatos, não fiquei convencida de que era uma criança falando devido a forma como ele percebe e expõe as coisas. Mas talvez isso seja só um detalhe que eu tenha percebido por ser mãe e saber como meus filhos costumam se expressar.
Assim como os outros volumes, as ilustrações seguem o mesmo padrão bonitinho de traço (mesmo que nas novelas os desenhos sejam em preto e branco), os personagens são bastante expressivos e a diagramação, que combina a narrativa com ilustrações e simulação de troca de mensagens no celular, é super caprichada.
Apesar de achar que uma série acaba ficando muito saturada quando tem vários livros extras que poderiam ser inseridos nos livros principais, confesso que Este Inverno, apesar de triste, é uma história bem especial e que foi um bom acréscimo que aborda o tema da dinâmica familiar problemática e da saúde mental de um jeito bem leve e respeitoso. Pra quem gosta do universo Hearstopper e quer matar um pouco da saudade dos personagens enquanto o vol.5 não vem, recomendo.
Assinar:
Postagens (Atom)