Lido em: Dezembro de 2013
Título: Chá de Sumiço - Família Walsh #5
Autora: Marian Keyes
Editora: Bertrand
Gênero: Chick Lit
Ano: 2013
Páginas: 644
Nota:
★★★☆☆
Sinopse: Helen Walsh não vive um bom momento. O trabalho como detetive particular não vai bem, o apartamento foi tomado por falta de pagamento e um ex- namorado surge com uma proposta de trabalho: encontrar o desaparecido músico da Laddz, a boy band do momento. Precisando do dinheiro, ela se vê forçada a aceitar, o que causa uma confusão em sua cabeça ao conviver com o ex e precisar acalmar o atual namorado. Ao tentar seguir suas próprias regras, Helen será arrastada para o mundo complexo, perigoso e glamoroso do showbiz, percebendo que seu pior inimigo ainda está por surgir. Irresistível, comovente e muito engraçado, Chá de sumiço é diferente de todos os romances do gênero, e a protagonista – corajosa, vulnerável e dona de uma língua afiadíssima – é a heroína perfeita para os novos tempos.
Resenha: Chá de Sumiço é o 5º e último livro escrito por
Marian Keyes acerca das irmãs da
Família Walsh que começou com
Melancia (contando a história de Claire), seguido por
Férias (contando a história de Rachel),
Los Angeles (Maggie) e
Tem Alguém Aí? (Anna), todos lançados pela
Bertrand. Em
Chá de Sumiço temos
Helen, a irmã caçula, como protagonista. No quarto livro da série,
Tem Alguém Aí?, apesar de a história ser focada em Anna, Helen tem um papel super bacana onde inicia sua carreira no meio das investigações se tornando uma detetive particular hilária e que sempre se metia em confusões, e dessa vez, mesmo que alguns anos tenham se passado, ela continua trabalhando nesse ramo. Porém, a vida de Helen já não é mais toda aquela festa cheia de brincadeiras e curtições em que quase nada era levado a sério, e ela não está vivendo em nenhum mar de rosas. Problemas financeiros e dificuldades no trabalho são fatores que fizeram com que ela deixasse de ter condições de pagar o financiamento de seu apartamento e Helen teve que recorrer a casa dos pais para seu desgosto. Até que seu ex namorado, Jay Parker, aparece cheio de dinheiro lhe oferecendo um novo trabalho em que Helen teria que investigar o desaparecimento de Wayne Diffney, um dos integrantes da popular banda Laddz, e descobrir seu paradeiro. Helen apesar de relutar e achar que o trabalho seria a maior furada pois não confia nada em Jay, principalmente pela forma como o namoro deles terminou, acaba aceitando por causa da grana.
Helen já está num relacionamento ótimo com Artie, um cara mais maduro que também trabalha com investigações e já é pai de três filhos, mas o reaparecimento de Jay abala suas emoções, principalmente quando ela adentra pelo mundo da fama e se vê cercada de sujeira, e quando se dá conta de que está afundando na obscuridade da própria mente...
Vou ser sincera em assumir que depois de ter lido os quatro livros da família Walsh, a personagem que mais gostava era a Helen, então um livro só para ela era o que eu mais esperava e ansiava. Sarcástica, teimosa, maluca, sem educação, engraçada, bonita e despreocupada com a vida eram algumas das características que definiam Helen em suas aparições nos livros anteriores, mas em Chá de Sumiço, essa Helen não existe mais. Aqui nos deparamos com uma mulher que passou dos 30, bem mais madura e com problemas sérios de depressão e tendências suicidas super graves, que faz tratamento com psiquiatras e é dependente de remédios e mais remédios, além da Coca zero...
Quando me dei conta de que aquela Helen de quem eu era super fã, a ponto de colocá-la em primeiro lugar no hall dos meus personagens literários favoritos devido a sua personalidade e atitudes marcantes, tinha simplesmente sumido e sido substituída por outra totalmente diferente, me bateu aquela tristeza, e apesar de continuar lendo a história para saber como ela iria lidar com sua depressão ao mesmo tempo que investigava um desaparecimento, Chá de Sumiço não superou minhas expectativas como imaginei. O livro é bem escrito, a leitura flui maravilhosamente bem, apesar das mais de 600 páginas com capítulos curtos (71 capítulos + prólogo), a história poderia ter a mesma qualidade se contada de forma mais rápida, com menos detalhes e pensamentos repetitivos, como por exemplo, a insistência, que pra mim foi super irritante, de Helen sempre achar que está sendo aproveitadora usufruindo do conforto, da luz, da água e etc, e que deve repor todas as Cocas zero geladinhas que toma enquanto está na casa de Wayne investigando, como se estivesse roubando do cara.
A questão que envolve a resolução de um mistério chega a ser clichê, pois a investigação, como sempre, se arrasta por todo o livro em que todas as explicações são guardadas pro final. Juro que fiquei com vontade de pular as páginas pra saber logo o fim de tudo, o que raios tinha acontecido com Wayne e como ela daria jeito em todos os obstáculos que se deparou, mas me contive, e por um bom motivo: Marian Keyes é o tipo de autora que sabe lidar com temas fortes e ao mesmo tempo delicados, como é o caso do vício em drogas, o abandono, a morte, com a violência e afins, de uma forma muito natural e que não deixa o leitor abismado e em choque. Às vezes ela se estende além da conta deixando o livro mais grosso do que nunca, mas acredito que seja para poder frisar nos mínimos detalhes os pensamentos dos personagens que sofrem com algum dos problemas abordados de forma exaustiva, com intenção de passar para o leitor toda a emoção sentida no momento, como se quisesse que ele sentisse tudo aquilo na pele. E como pra mim "depressão" é um assunto delicado, mesmo que tenha alguns toques de humor e por mais natural que a história tenha sido narrada, ficar relembrando situações e pensamentos ruins através de um personagem fictício foi algo que me incomodou, principalmente porque nos livros anteriores Helen esbanjava alegria e maluquices por onde passava.
No mais, é um bom livro para quem quiser se aventurar num mistério sobre um sumiço bastante complexo que envolve muito mais coisas do que se pode imaginar, e principalmente, pra aqueles que querem saber mais sobre a depressão e como quem sofre com ela se vê um mundo sem cor e sem graça.