Título: Todas as coisas que eu já fiz - Birthright #1
Autora: Gabrielle Zevin
Editora: Rocco
Tradutora: Maria Clara Mattos
Gênero: Juvenil/Distopia (?)
Ano: 2012
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em 2083, chocolate e cafeína são ilegais, água é cuidadosamente racionada, livros são escassos e Nova York está repleta de pobreza e criminalidade. Porém, para Anya Balanchine, a filha de dezesseis anos do mais poderoso (e morto) mafioso da cidade, a vida é pura rotina. Ela precisa ir à escola, cuidar de seus irmãos e de sua avó doente, e não pode se permitir apaixonar-se pelo mais novo colega de turma, cuja pai é o número dois no comando da promotoria da cidade. Quando seu ex-namorado é envenenado por um dos chocolates Balanchine, Anya passa a ser o centro das atenções na escola, na mídia e, pior ainda, na máfia. E isso era tudo de que ela não precisava.
Resenha: Todas as coisas que eu já fiz é o 1º volume da trilogia Birthright escrita pela americana Gabrielle Zevin (autora de "Em Outrolugar" e do conto 'Fan Fic' do livro "Amores Infernais") e lançado pela Editora Rocco em 2012 no Brasil.
A história se passa em Nova York no ano não tão distante de 2083. O mundo já está bastante decadente devido as crises naturais e políticas, ao caos que resultou numa grande escassez de alimentos e no racionamento da água, e "especiarias" como o café e o chocolate foram proibidos a ponto de se tornarem ilegais no país. Há inclusive o toque de recolher para menores de idade, que são proibidos de ficarem nas ruas durante a noite dentre outras restrições e proibições...
Neste cenário conhecemos Anyaschka Balanchine, ou Anya, uma garota de 16 anos que cuida de sua irmã mais nova, Natty, de Leo, seu irmão mais velho que devido a um acidente quando era criança teve problemas de desenvolvimento como sequela, e de sua avó, Galina, que além de muito velha ainda está doente e acamada e que também recebe cuidados e ajuda de Imogen. Anya é filha do falecido Leonyd Balanchine, muito conhecido por ser um mafioso que controlava o tráfico de chocolate dentre outras coisas, o que colocava Anya e seus irmãos numa situação delicada visto que chocolate é algo ilegal e a coloca como alguém mal vista como se ela tivesse alguma coisa a ver com o que seu pai fazia. Ainda assim, a garota tentava levar uma vida normal, levando alguns ensinamentos que o pai deixou, seguindo a religião católica sendo o mais correta possível aos olhos de Deus e tendo que aturar Gable, seu namorado, que vivia forçando a barra com ela tentando conseguir algo além dos beijos e se aproveitando de sua descendência pra conseguir chocolate ilegal sempre que queria. Anya termina seu namoro com Gable para se ver livre desse tormento mas, posteriormente, é acusada de tentar matar o garoto com chocolate envenenado. O chocolate era proveniente do tráfico que seus tios e primos continuaram mantendo, e só colocou Anya em uma situação ainda pior, pois a polícia, a escola, a mídia e a própria máfia ficaram de olho nela... Agora a garota precisa provar sua inocência, tentar descobrir quem e por que motivo envenenaram o chocolate, ao mesmo tempo que se envolve com o jovem Win Delacroix, filho de um promotor de justiça que tem como objetivo acabar com qualquer tipo de corrupção, vê a família Balanchine como rival e não ficaria nada feliz em saber que Anya e Win estão se envolvendo...
Não sei se o gênero distópico é o ideal para descrever Todas as coisas que eu já fiz, pois no decorrer da leitura, apesar da descrição caótica, das proibições e etc, o livro é algo mais futurista que apenas dá uma ideia de algumas das situações (de muitas), das quais o mundo poderia chegar. A história é muito mais voltada para o tema familiar e em suas influências positivas e negativas e o que isso acarreta para os demais, e num amor adolescente que, apesar de puro e bonito, é proibido justamente por interesse político. Não era isso que esperava quando peguei o livro pra ler e posso dizer que me surpreendi. A história é narrada em primeira pessoa pela própria protagonista e se desenvolve de forma lenta com acontecimentos que envolvem valores e que nos fazem refletir.
Anya é uma garota nova, mas já traz consigo muitas responsabilidades e preocupações, mas ao mesmo tempo que é madura, vive se lamentando pela situação em que se encontra. Assim como qualquer pessoa "normal", ela nem sempre leva tudo numa boa e, às vezes, perde a cabeça sendo injusta com quem não merece, até se recompor e ver onde errou. Pra mim é o tipo de personagem bem próxima da realidade e me agradou bastante.
Os demais personagens também foram todos muito bem construídos, cada qual com suas particularidades e interesses. Os irmãos de Anya tem papel fundamental em sua vida, despertando nela um instinto maternal e protetor: Natty por ser a mais nova, e Leo, por ter a mentalidade de um menino de 8 anos e precisar de atenção por nem sempre saber o que faz nem ter maldade para encarar situações mais complicadas e sérias, ainda mais levando em consideração as atividades ilegais da família, que por mais que se preocupem, sempre colocam seus interesses em primeiro lugar mesmo que isso signifique prejudicar quem quer que seja...
Win é o tipo de garoto que todas sonham em namorar... é atencioso, preocupado, carinhoso e parece conhecer Anya desde sempre, como se realmente tivessem sido feitos um pro outro, só deram o azar de terem nascido na família errada...
Achei surreal as pessoas viverem em um mundo onde são proibidas de comerem chocolate ou tomarem café, pois o que de certa forma dá prazer, não é algo a ser encorajado... Porém, quando o que faz parte da vida das pessoas é proibido, se tornam ilícitos... Sempre haverá quem forneça o que as pessoas não podem ter...
A leitura é fácil, rápida e bem fluída. O coração de chocolate ilustra perfeitamente o que está em jogo na história além mostrar tudo o que é mais proibido... Eu adorei essa capa, tanto pela simplicidade quanto pelo significado. Alguns capítulos são curtos, outros demasiadamente grandes, e os títulos são meio que um resumo do que acontece, o que particularmente achei bem original pois de certa forma enumera todas as coisas que ela já fez. Encontrei alguns erros de digitação na revisão, mas nada que prejudique a leitura.
Para quem curte histórias leves e envolventes, que abordam valores pessoais e a influência da família em nossas vidas, com um toque de mistério, ação e um romance proibido mas muito bonito, com certeza vai curtir Todas as coisas que eu já fiz.
O segundo livro da trilogia, "Está no meu Sangue" também já foi lançado, e em breve terá resenha dele no blog também.