Título: Sempre - Os Lobos de Mercy Falls #3
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: Fantasia/Sobrenatural/YA
Ano: 2015
Páginas: 370
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Antes.
Quando Sam e Grace se conheceram, ele era um lobo e ela, uma garota. Quando por fim ele descobriu como ser um garoto também, o amor dos dois se transformou de uma paixão distante na intensa intimidade de uma vida compartilhada.
Agora.
A história deles deveria terminar aí. Mas o destino de Grace não era permanecer humana. Agora ela é a loba. E os lobos de Mercy Falls estão todos prestes a serem assassinados em uma caçada definitiva.
Sempre.
Sam faria qualquer coisa por Grace. Mas será que um garoto e o amor dentro dele são capazes de mudar um mundo hostil e fatal? Passado, presente e futuro vão colidir em um momento decisivo - um momento de vida ou morte, de adeus ou para sempre.
Resenha: Sempre é o terceiro e último volume da trilogia Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater. O livro havia sido lançado em 2012 pela Editora Agir e agora foi relançado pelo selo Agir Now com novo projeto gráfico.
A resenha tem spoilers do livro anterior!
Sam era lobo e Grace humana... Ele se transforma, os dois se apaixonam e lutam para viverem esse amor... Em Espera, Sam conseguiu ser curado, mas foi a vez de Grace se transformar... E em meio ao complexo relacionamento dos dois, ainda conhecemos mais da história de Cole, um ex astro do rock problemático que optou por ser transformado, e de Isabel, que estava com a alma quebrada por ter perdido o irmão, morto por lobos.
Desta vez, Sam está cada vez mais acostumado com sua forma humana. Ele esperou por meses pela transformação de Grace, em completa agonia por estar longe dela e sem saber pelo que ela andava passando na floresta de Mercy Falls em companhia da matilha. Quando ela retorna, precisa lidar com o tempo que se passou desde a última vez que era humana, com os pais que culparam Sam pelo seu sumiço. e com as próximas transformações que ela precisa manter em segredo. Isabel tem um papel fundamental em ajudá-la e quando o quarteto está junto, precisam decidir o que fazer para evitar um massacre que irá destruir o que faz parte de cada um deles...
Diferente dos volumes anteriores, o primeiro capítulo de Sempre é narrado por Shelby, uma loba amarga e sem escrúpulos que quer se tornar líder da matilha e não hesita quando o assunto é matar ou causar confusões querendo vingança. Sua personalidade terrível se estende ao seu estado humano também. Ela é intragável e odiosa em todos os sentidos. A participação dela nos livros anteriores não foi tão marcante pra mim a ponto de falar mais sobre ela, mas dessa vez, ela aparece em situações ruins e suas atitudes definem o rumo que as coisas tomam, sempre pra pior, claro.
O conflito entre homens e lobos continua, e as pessoas indignadas continuam com a tentativa de caçar e matar os lobos preocupados com a segurança dos habitantes de Mercy Falls. Mas logo um episódio fatídico acontece e ele é o estopim para que as caçadas seja liberada. E lá está Tom Culpeper, pai de Isabel, que deseja vingança pela morte do filho e planeja uma perseguição à matilha de forma quase insana. A caçada de Tom e a presença de Shelby são as responsáveis pelo clima de tensão na história, logo, esse último volume apresenta mais ação do que os anteriores.
Grace está mais atenta, mais determinada e parece querer, de fato, lutar por seus interesses, mesmo que esteja enfrentando problemas no que diz respeito ao controle de sua transformação. Sam está numa posição um tanto delicada visto que os pais de Grace o culpam pelo "desaparecimento" da filha. Explicar para eles que ela se transformou seria algo fora de cogitação. Sam continua dedicado, sonhador e amável, mas seu desespero por não saber o que se passa com Grace é evidente. Para Sam, Grace é seu ar, e sem ar ele não pode viver. Ele simplesmente não consegue seguir adiante sabendo que Grace está lá fora. Acho esse comportamento bastante obsessivo e não me agrada muito pra ser sincera. Ele e Cole se tornam mais próximos e a confiança, que antes não existia, passa a guiar a amizade deles de forma que a compreensão se faz presente além de ainda crescerem como pessoas.
Cole continua neurótico, irônico e desordeiro, mas investe numa série de experiências determinado a encontrar a cura para a licantropia de uma vez por todas. Seu relacionamento com Isabel acaba sofrendo mudanças um tanto significativas pois ela acaba se afastando quando percebe que Cole está desenvolvendo uma certa dependência dela e as coisas começam a ficar sérias demais. Isabel se preocupa com a obsessão do pai, que passa a tentar legalizar a caçada, e isso pode acabar afetando Sam e Grace, seus amigos.
A escrita... O que é essa escrita? Desde a primeira vez que li um livro de Maggie (A Corrida de Escorpião) já senti suas palavras na alma e acredito que a intenção seja exatamente essa, tocar a alma do leitor. A escrita é envolvente e fluída, melancólica e poética, completamente mágica e viciante, e neste volume está mais dinâmica e com boas doses de ação. A narrativa continua sendo feita em primeira pessoa pelo ponto de vista dos personagens principais, Sam, Grace, Cole e Isabel (e Shelby) e é possível que o leitor se coloque no lugar de cada um deles, sentir o que eles sentem.
Os personagens são humanos e reais, eles choram, se ferem, sangram, sentem, acertam, falham, e tudo num nível que transborda pelas páginas.
Por mais que a trilogia seja fictícia, a autora explora o mundo dos lobos, seus comportamentos e funções dentro da matilha com bastante realidade e fidelidade pois, de fato, houve pesquisa por parte dela. É fascinante saber um pouco mais desses animais através de uma história tão bonita quanto a de Mercy Falls.
Ao fim de tudo, o que a autora deixou como observação ao fim da história resume bem minha opinião sobre o relacionamento de Sam e Grace: "Amor mútuo, respeitoso e duradouro é totalmente alcançável, desde que você prometa a si mesmo que não se contentará com menos."
Gostei demais, mas confesso ter esperado mais de Sempre pois gostei muito dos volumes anteriores. Acho que, por mais que a escrita seja brilhante, o desenrolar da história acabou se tornando cansativo e o final foge completamente do esperado. Por um lado é um ponto bacana por ser original, mas me bateu aquela tristeza pela história ter chegado ao fim dessa forma.
Senti que a autora deixou algumas pontas soltas e ainda deixou o final praticamente aberto à interpretações ou imaginação do leitor. Ainda não sei se isso foi algo positivo pra mim pois prefiro quando as coisas são desenvolvidas sem furos e se encerram com explicações concretas.
Para quem gosta de uma fantasia que soa bastante real e que mexe com nossos sentimentos, abordando o amor em sua forma mais pura, a perda e o sofrimento seguidos por superação, esperança e felicidade, leia!