O Terror das Terras do Sul - Caroline Carlson

17 de agosto de 2015

Lido em: Agosto de 2015
Título: O Terror das Terras do Sul - A Quase Honrosa Liga de Piratas #2
Autora: Caroline Carlson
Editora: Seguinte
Gênero: Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2014
Páginas: 368
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em O Tesouro da Encantadora, Hilary viveu grandes aventuras em alto-mar até encontrar o maior tesouro do reino, desaparecido havia muito tempo, e sua dona, a Encantadora das Terras do Norte. Como recompensa, recebeu um certificado de filiação à Quase Honrosa Liga de Piratas e o título de Terror das Terras do Sul.
Neste novo volume da série, a Encantadora voltou ao seu posto, e Hilary acompanha a redistribuição dos objetos mágicos pelo reino. Mas o presidente da QHLP não está satisfeito: Hilary precisa se envolver numa atividade verdadeiramente pirática logo, como matar um monstro marinho ou derrotar um líder pirata num duelo, senão perderá seu título - e sua filiação à Liga.
Antes que consiga recuperar sua reputação, a garota fica chocada ao descobrir que a Encantadora foi sequestrada. Contrariando as ordens do presidente da Liga, Hilary se junta à gárgula e a seus amigos para investigar o caso, ainda que resgatar Encantadoras não esteja na lista de atividades próprias a um pirata.

Resenha: O Terror das Terras do Sul é o segundo volume da hilária série infantojuvenil A Quase Honrosa Liga de Piratas escrita pela autora Caroline Carlson e publicada no Brasil pela Seguinte.
Por se tratar da continuação, esta resenha tem spoilers do livro anterior!

Alguns meses se passaram desde que a jovem Hilary desafiou a cidade de Augusta decidindo que meninas também podiam ser destemidas e fazer as mesmas coisas que os meninos, principalmente se tornarem piratas! Depois de ter colocado o próprio pai nas masmorras por ter cometido um crime, Hilary ficou conhecida como o Terror das Terras do Sul. É família, mas e daí? O que importa é que ela é uma pirata e não tem tempo para se preocupar com parentescos e sentimentos de mulherzinha. Agora ela é Capitã de sua própria embarcação e precisa comandar a tripulação ficando responsável por várias decisões das quais não imaginava o quão difíceis seriam.  Os objetos mágicos que haviam sido roubados estão sendo redistribuídos e Hilary acompanha tudo já que teve grande participação neste feito. Ela ainda quer sustentar seu novo título de Terror para provar que é uma pirata temível, mas descobre que a Encantadora foi sequestrada. Agora a magia está sendo utilizada de forma abusiva e tudo está um caos. O capitão Dentenegro, líder da Quase Honrosa Liga de Piratas (QHLP) está de olho na garota por considerar que ela ainda é boazinha demais. Um pirata que se preze enfrenta monstros, duela com os outros até a morte e se comporta como um pilantra do pior calibre possível! Mas o sequestro é algo que está fazendo a garota perder o sono pois a Encantadora é uma grande amiga, e, contrariando as ordens do presidente da Liga, ela se junta aos seus amigos e a sua Gárgula e decide investigar pessoalmente o ocorrido, mesmo que os inspetores oficiais da rainha já tenham pegado o caso para cuidar...

A narrativa continua sendo feita em terceira pessoa e continua tão encantadora quanto antes. A linguagem que a autora utiliza é engraçada com orientações e xingamentos exagerados e cômicos e que tem tudo a ver com o mundo da pirataria. Cartas, advertências, informativos, relatórios, formulários e recortes de jornal também continuam presentes a fim de ilustrar melhor as situações tornando a história ainda mais dinâmica e original. Esses detalhes acabam colaborando para a diagramação do livro que é simplesmente perfeita. Cada início de capítulo traz uma ilustração colaborando com o visual. As páginas são amarelas e o trabalho gráfico num geral é maravilhoso.
Hilary é uma ótima protagonista. Ela é muito divertida e corre atrás dos seus sonhos como ninguém. Por mais que ela queira se destacar como uma pirata temível, ela ainda tem medos e inseguranças típicos de qualquer menina da idade que ela tem.
Os demais personagens também têm tanto brilho quanto ela. A Gárgula, conhecida como Fera, está impagável nesse livro, pois o que ela tem de fofa tem de atrevida e não hesita quando precisa por os pilantras em seus devidos lugares.
Destaque para Claire, a única amiga que Hilary fez antes de fugir da "Escola de Aprimoramento da Senhorita Pimm para Damas Delicadas". Ela mostra que não é a donzela cheia de bons modos quanto parece e consegue ser tão ousada e valente quanto um pirata deveria!

Por mais que as histórias de cada volume sejam fechadas com início, meio e fim, acho adequado que sejam lidas na ordem a fim de evitar spoilers, pois tudo se passa no mesmo ambiente aproveitando do mesmo contexto e com personagens que já conhecemos anteriormente e que não apresentam muitas coisas novas, além do fato de serem melhores desenvolvidos no que diz respeito a saber um pouco mais sobre a vida de cada e ao fazerem parte da nova aventura da vez. Eles não ficam estagnados e sempre estão evoluindo e prontos para o que der e vier.

Personagens encantadores, aventuras em alto mar, rixas, perseguições e ensinamentos valiosos envolvendo ética e bom senso fazem parte desta incrível história!
Assim como no primeiro volume, a autora aborda os rótulos que a sociedade impõe em meninos e meninas de uma maneira cativante e muito divertida. Independente do gênero, cada um pode ser quem quiser e fazer o que quiser, desde que haja vontade e até coragem para enfrentar os preconceitos. É um livro voltado ao público infantojuvenil mas que pode ser lido por leitores de todas as idades. As risadas e a diversão são garantidas!

Tag - Mixed Feelings

16 de agosto de 2015


Ei, gente!
Fui indicada pelo Matheus, do blog Vida de Leitor, a responder a TAG Mixed Feelings, que consiste em apresentar livros de um mesmo autor que adorei, e outros que odiei. Quem nunca leu um livro e se apaixonou e virou fã do autor mas quando decide ler outras obras acaba não gostando tanto quanto imaginou? Pelo que entendi, não há limites para as comparações, então, fiz um apanhado básico na estante. Let's go:

Meg Cabot

Como não amar os livros da diva Meg Cabot? Acho que já li praticamente todos os livros dela e uma das minhas trilogias preferidas é A Rainha da Fofoca. Os livros são engraçados, as personagens são carismáticas, seus pares românticos são os melhores e não tem como não se encantar por suas histórias... Mas quando resolvi ler Pegando Fogo não acreditei ter sido algo escrito por ela... O livro é ruim ao cubo, sem graça e impossível. A impressão que fiquei ao terminar esse livro ruim é que qualquer coisa assinado por ela vai fazer sucesso e vender, então que se dane escrever uma história que parece ter sido tirada do lixo... Graças a Deus o único fiasco até então foi esse livro em particular e ele não me impediu de continuar sendo fã da autora e querendo ler tudo o que ela escreve. ♥

Colleen Hoover

Quem não ficou com o coração em frangalhos ao ler os livros de Colleen? Pelo que pude perceber, suas histórias fazem o tipo "ame ou odeie", e foi exatamente isso o que aconteceu quando li Métrica. Não gostei dos personagens, não gostei do enredo, achei a história floreada e exagerada demais e o caso de amor dos personagens é completamente ridículo e absurdo. Se fosse pra levar esse livro em consideração jamais leria nada da autora. Mas quando resolvi dar outra chance lendo Um Caso Perdido, meu conceito mudou e elevei a autora às alturas. O livro é lindo, tem uma história intensa e comovente, os personagens são ótimos e é impossível não ficar com vontade de chorar e abraçar o livro sem querer largar nunca mais.

Marian Keyes
A rainha do chick lit... Quem não se diverte com os casos hilários da família mais maluca da literatura? Marian Keys consegue mesclar bom humor e drama na medida certa a ponto de nos fazer rir e chorar na mesma história, mas quando investi em Melancia quase morri de desgosto... A história é vazia, previsível, fraca e nem os personagens conseguiram fazer ela ficar melhor. Mas ao continuar lendo a série da família Walsh, as coisas melhoraram muito com as histórias das outras irmãs e, entre todos os livros dela, Tem Alguém Aí? foi o que conquistou meu coração. A história traz um tema complexo e muito delicado sobre perda, mas também é super engraçada, o que torna o livro uma delícia de se ler.

Stephenie Meyer
Falar dessa autora e de seus livros é quase como pisar num terreno minado... Quando a febre Crepúsculo começou fui conferir do que se tratava o que andava deixando as leitoras em polvorosa. Apesar de Meyer ter uma escrita muito boa, a história de Edward e Bella - e Jacob - não me convenceu. Pra mim, Crepúsculo é uma história fraca que mostra uma garota, aparentemente sem atrativos e sem graça, que da noite pro dia pode se tornar alvo do desejo fulminante e inexplicável de criaturas mal construídas e, ainda, adentrar numa história de amor sem pé nem cabeça que não existe em lugar nenhum, além de precisar enfrentar "problemas" que não passam de floreios e pura encheção de linguiça. Diferente de A Hospedeira, que apesar de ter um início enrolado e monótomo traz uma história que, por mais ficcional que seja, é convincente e consegue abordar sentimentos de forma verdadeira quando estes estão em conflito devido a situação complexa em que se encontram.

John Green
Fãs de John Green que leriam até sua lista de compras vão me matar, mas não acho que o cara seja esse autor pica das galáxias que tanto falam. Ele escreve muito bem, sim, constrói histórias marcantes que fazem qualquer um derramar litros e litros de lágrimas dos olhos, mas suas histórias recheadas de "fórmulas" não me convencem mais. Gostei de A Culpa é das Estrelas, que foi o primeiro livro dele que li, mas quando fui lendo os demais, senti que se tratava de histórias parecidas, incluindo personagens que fazem sempre o mesmo estilo e com problemas semelhantes enquanto a intelectualidade do autor transparece mais do que a própria história. Acabei ficando enjoada de tudo isso e desde então venho adiando a leitura de Quem é você, Alasca?, o único que ainda não li. O Teorema Katherine foi o que menos me agradou entre todos devido aos motivos mencionados acima. Não sei se a parceria com David Levithan em Will & Will pode ter alguma coisa a ver, mas confesso ter sido o único livro que realmente gostei e me apeguei aos personagens e aos seus conflitos verdadeiros e não enxerguei ninguém nerd que quer exibir a própria inteligência enquanto fica atrás de alguma menina problemática perdendo tempo da vida.

Justine Larbalestier
Acredito que Justine Larbalestier é mais conhecida por ser esposa de Scott Westerfeld do que por seus livros já que são pouco conhecidos e divulgados XD.
Magia ou Loucura foi um livro que me conquistou pela simplicidade da capa e quando investi na leitura me apaixonei pela história que aborda a magia de forma totalmente diferente do que já vi. A magia funciona como energia e pode levar a pessoa a morte caso seja usada e gasta, mas se não for usada e ficar acumulada, leva a pessoa a loucura. Apesar de não ter gostado do desfecho dessa trilogia, foi um livro que gostei e que me fez acreditar que a autora é realmente boa no que faz. Mas quando decidi ler um de seus livros mais recentes, Confesso que Menti, não tive as expectativas superadas pois o livro é mais um grande enigma sobre o que é verdade ou não do que algo que deveria entreter.

Sara Gruen

Água para Elefantes se tornou sucesso depois de ter virado filme, e só por causa do ator, convenhamos... Eu já tinha lido antes, logo não me deixei influenciar pelo filme que acabou tendo algumas mudanças consideráveis e desnecessárias... O livro tem um início arrastado pois se trata de uma história contada pelo protagonista que já passou dos 90 anos de idade. Ele conta sobre quando era jovem e largou tudo pra trabalhar com animais circenses, mas é incrível ver como a autora consegue escrever uma história convincente, bonita e cheia de sensibilidade ao mesmo tempo em que mescla os bastidores do funcionamento de um circo, os relacionamentos e os laços criados entre os personagens sempre muito humanos e reais, que erram e acertam mas tentam dar o seu melhor sempre, incluindo a elefanta Rosie. Esse é um dos meus livros favoritos inclusive. Mas então, levando a ideia de que a autora cria enredos baseados em pesquisas reais sobre algum tema sempre envolvendo animais, decidi dar uma chance ao livro A Casa dos Macacos acreditando ser algo parecido e que me faria rir e chorar como nunca, mas me deparei com um "Big Brother" de macacos onde a história da crise do casal principal, pelo menos pra mim, ficou em segundo plano pra se tornar algo que soasse mais como um documentário sobre esses animais e o que os coitados sofrem em laboratórios e afins ou como funciona o processo de "educação" deles. Não que o livro seja ruim, mas não chega aos pés do primeiro.

Philip Pullman

Philip Pullman se tornou um dos meus autores favoritos devido a sua trilogia Fronteiras do Universo. A Bússola Dourada se tornou um dos meus livros preferidos pois não tem como não se encantar pela ideia de um universo paralelo onde as pessoas têm um deamon como extensão do próprio ser. Depois de ter lido os livros, quis ler qualquer outra coisa escrita pelo autor, e dentre suas obras, a que mais fugiu do que estava acostumada e não me agradou tanto foi A Borboleta Tatuada. A trama, diferente dos personagens em si, é muito bem construída e a história em geral e boa, mas a ideia da obsessão que um personagem tem por outro acabou sendo algo muito doentio e cansativo e não me agradou.


Blogueiros que tiverem curtido a TAG, sintam-se indicados para fazê-la em seus blogs. ;)

Novidades de Agosto - Geração Editorial

A Tentação de Lila & Ethan - Segredo #3 - Jessica Sorensen
Na superfície, Lila Summers é impecável: boa aparência, roupa cara e um grande e belo sorriso. Mas seu passado sombrio e seus segredos ainda mais escuros estão ameaçando acabar com sua fachada perfeita. Ela vai fazer de tudo para esconder o vazio dentro de si - o que a leva em situações que sempre acabam mal. Cada vez que ela chega ao fundo existe apenas uma pessoa que sempre está lá para pegá-la: Ethan Gregory.
Ethan estabeleceu regras há um tempo: Lila e ele são amigos. Ele não é um cara de relacionamentos. Embora sua aparência de bad boy tatuado esteja bem longe da imagem de princesa de Lila, Ethan não pode negar que entre eles existe uma conexão mais profunda do que ele está acostumado. Se ele não for cuidadoso, ele corre o risco de se apaixonar - e ele aprendeu da pior forma que se apaixonar só leva a desilusão.
Quando Lila cai mais longe do que jamais caiu, Ethan continuará ajudando-a apenas como um amigo? Ou será que ele também está perto de cair... por ela?

Ovelha - Memórias de um Pastor Gay - Gustavo Magnani
Este livro, estreia impressionante de um jovem e talentoso escritor, é o relato pecaminoso de um decadente. A história de um homem religioso e carismático, temente a Deus, mas amante insaciável de sua própria carne exótica, a carne de outros homens.Um pastor gay, casado com uma ex-prostituta, filho de uma fanática religiosa. Neurótico e depravado. E agora condenado.Internado no hospital, debilitado e com um segredo de uma tonelada nas costas, este personagem atormentado decide libertar-se de seus demônios e relatar seu drama.Num relato cru e sem censura, ele literalmente vomita seus trinta anos de calvário e charlatanice na cara da congregação (e de qualquer um que se interesse por um bom inferno). Sexo, paranoia, corrupção e destruição são os ingredientes tóxicos dessa obra provocante, polêmica e inovadora.

As Vidas e As Mortes de Frankenstein - Jeanette Rozsas
Escapar da morte, viver para sempre… O que antes parecia apenas fantasia ou ficção científica, hoje está sendo procurado nos principais centros de pesquisa do mundo. Neste romance, Jeanette Rozsas reúne personagens reais e ficcionais para tratar de uma questão polêmica: a fim de vencer a morte, a ciência pode passar por cima de tudo, até mesmo da moral e da ética? Esse é o estranho vínculo que aproxima intimamente, mas em épocas diferentes, uma jovem pesquisadora brasileira trabalhando na Alemanha, três importantes escritores ingleses do século XIX e um famoso alquimista do século XVII e seu ingênuo discípulo.



A Casa Assombrada - John Boyne

15 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: A Casa Assombrada
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 296
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Eliza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha e sem dinheiro suficiente para pagar o aluguel na cidade, ela se depara com o anúncio de um tal H. Bennet. Ele busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk – sem, no entanto, mencionar quantas são, quantos anos têm ou dar quaisquer outras explicações. Assim, ela larga o emprego de professora numa escola para meninas e ruma para o interior.
Chegando a Gaudlin Hall, Eliza se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão lá. Não se veem criados. Ela logo constata que não há nenhum outro adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio-tempo, fica intrigada com janelas que se fecham sem explicação, cortinas que se movem sozinhas e ventos desproporcionais soprando pela propriedade. E então coisas realmente assustadoras começam a acontecer…

Resenha: Muito embora Boyne seja mais conhecido por seu best-seller O Menino do Pijama Listrado, posso garantir que títulos menos conhecidos como A Casa Assombrada também poderá arrebatar seu coração.
A Casa Assombrada conta a história de Eliza, uma jovem que acabou de perder o pai que teve sua doença agravada após terem atravessado a cidade em uma noite fria e chuvosa para assistir uma leitura de "Sir" Charles Dickens.

Eliza é apenas uma professora de jardim de infância e agora sem a ajuda financeira do pai, não pode arcar com as despesas da casa. Abalada pela perda, toma uma atitude precipitada ao aceitar um estranho anúncio que oferece emprego de governanta de uma casa no interior da Inglaterra, com o objetivo de cuidar da educação "das crianças".
Chegando lá, ao conhecer as crianças, ela já percebe que há alguma coisa errada com eles, com a família que nunca está presente, com aquela casa que lhe proporciona calafrios e também com os vizinhos que parecem saber muito mais do que contam.
Muitos são os atentados contra a vida de Eliza e, com isso, ela percebe que conhece muito pouco do passado da família e do que aconteceu com as governantas anteriores. Para salvar a sua vida e a das crianças, Eliza irá investigar os mistérios que circundam a casa e a família que ali habita.

Muito se engana quem achar que se trata de um livro de terror assustador. Não, em minha humilde opinião, classificaria essa obra como um suspense cheio de mistérios, visto que é uma história leve de assombração. Não há razão para medo ou tensão. Boyne mexe muito mais com nossa curiosidade do que com nosso psicológico.
A narrativa é fantástica, pois ao mesmo tempo em que te faz voltar no tempo, discorre de maneira atual. Boyne conseguiu me levar para uma Londres do século XIX, onde Charles Dickens estava no auge e fazia suas fantásticas leituras que mais pareciam apresentações, onde a mulher sofria preconceitos e com 21 anos já era considerada solteirona e onde o povo era muito supersticioso.
Por mais que o tema central aqui seja o sobrenatural, Boyne o retrata de uma maneira completamente diferente, mostrando que nem tudo que é extraordinário, é ruim ou "do mal", conseguindo inserir uma belíssima moral da história em um gênero atípico aos que possuem essa característica. Por isso eu digo que Boyne é excepcional.

Entretanto, nem tudo foram flores para mim e a justificativa dos mistérios, ou seja, o final do livro não me agradou por ter sido excessivamente fantasioso. Não que o livro inteiro não tenha sido, mas acredito que destoou do restante da narrativa que chegou a me fazer aceitar muitos acontecimentos com naturalidade, chegando a me fazer crer que poderiam ser verdade.
Essa foi uma das razões de o livro ter perdido uma estrela e que não desmerece a qualidade nem tampouco a genialidade de Boyne que também saiu de sua zona de conforto escrevendo, dessa vez, uma ficção sobrenatural histórica, deixando o leitor um tanto quanto saudosista de uma época em que sequer viveu (ou viveu? rsrsrsrs).

A outra razão que me incomodou foi o fato de os diálogos serem realizados com aspas ao invés de travessões, mas encarei isso como uma questão subjetiva, que não desmerece a qualidade da história ou do autor, tratando-se apenas de preferências.
Recomendo esta leitura mas alerto para que não se prendam ao gênero, leiam e sintam a história de cada personagem, os porquês, os mistérios e a forma como eles são revelados durante a leitura. Tirei meu cabresto e me surpreendi com a técnica, a fluidez e a profundidade.
Falando sobre edição, a Companhia das Letras arrasou na capa com efeito aveludado, as páginas são amareladas, as letras de um tamanho excelente. São 296 páginas de aventura. Que venham outros de John Boyne.

Novidades de Agosto - Agir Now

Vingança - Blood for Blood #1 - Catherine Doyle
Para Sophie, aquele seria só mais um verão lento e abafado em Cedar Hill, fazendo um bico como garçonete no restaurante da família e passando o tempo com sua melhor amiga, Millie. Mas isso foi só até uma família se mudar para o casarão abandonado no fim da rua — cinco irmãos italianos, um mais gato que o anterior.
Sem conseguir resistir aos olhos cor de caramelo de Nicoli, Sophie acaba se apaixonando — e propositalmente ignorando os sinais de perigo que envolvem os misteriosos irmãos. Por que as mãos de Nic estão sempre tão machucadas? Por que ele sempre carrega consigo um canivete monogramado? E por que seu irmão mais velho, o arrogante e irritante Luca, quer proibir os dois de ficarem juntos?
Quando os segredos sombrios dos rapazes começam a vir à tona, Sophie precisa enfrentar dolorosas verdades em relação à própria família. De repente, ela se vê no meio de uma vendeta entre duas dinastias rivais: a família em que nasceu e a pela qual se apaixonou.
Sophie vai precisar escolher entre lealdade e paixão, e, quando o fizer, sangue vai rolar e corações serão partidos, porque, quando se trata de amor, a desonra pode ser uma questão de vida ou morte. Uma mistura ideal de ação, reviravoltas e romance, Vendeta é uma estreia épica que mistura Romeu e Julieta e O poderoso chefão na Chicago dos dias atuais.

Caçadora de Tempestades - Struck #1 -  Jennifer Bosworth
Mia Pierce é viciada em raios. Já sobreviveu a inúmeros choques, mas seu desejo de receber a energia liberada durante tempestades coloca em risco sua vida e a de todos ao seu redor.
Los Angeles, onde raramente há tempestades, é um dos poucos lugares em que Mia se sente segura. Mas quando um terremoto destrói a cidade, seu porto-seguro é transformado em um campo minado de caos e perigos. Neste cenário aterrador, dois grupos antagônicos se formam, e ambos vêem Mia como a chave para as profecias de uma tempestade ainda maior que está por vir.
Mia quer confiar no enigmático Jeremy, que prometeu protegê-la, mas teme que ele não seja quem diz ser. No fim, o poder e a paixão que os aproximou pode ser o que vai colocar tudo a perder. Agora Mia precisa aprender a utilizar seus poderes, ou então pode acabar perdendo tudo o que ama.


No Coração da Floresta - Emily Murdoch

14 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: No Coração da Floresta
Autora: Emily Murdoch
Editora: Agir Now
Gênero: Drama/YA
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: E se tudo o que você soubesse fosse uma mentira? E se a pessoa que deveria te proteger não tivesse condições nem mesmo de cuidar de si mesma? Carey é uma jovem de 15 anos com uma história de vida difícil. Levada às escondidas pela mãe para um parque nacional quando ainda era uma criança, tudo o que ela e a irmã menor conhecem é a floresta. Elas só têm uma a outra, considerando que a mãe, viciada em drogas e mentalmente instável, muitas vezes desaparece por dias sem fim. É durante um desses sumiços que repentinamente as meninas se vêem diante de dois estranhos, que as tiram da floresta e as levam para um mundo novo e surpreendente de roupas, meninos e aulas. Agora Carey precisa enfrentar a verdade por trás do seu passado e decidir se vale a pena revelar um terrível segredo, que, caso descoberto, pode colocar em risco a segurança e a nova vida das duas irmãs.

Resenha: No Coração da Floresta é o livro de estreia da autora Emily Murdoch publicado no Brasil pela Agir Now.
O livro conta a história de Carey, de quinze anos, e Janessa, de seis, duas irmãs que vivem num trailer dentro do Bosque dos Cem Acres, enfrentando seus limites, numa pobreza extrema, sem conforto, sem luz, caçando pequenos animais para cozinharem numa fogueira e só tendo uma à outra com quem contar. Joelle, a mãe delas, é viciada em drogas e, nas raras vezes em que aparece, traz alguma comida enlatada e depois some por semanas, até meses, deixando as meninas sozinhas.
Carey acaba fazendo o papel de mãe de Janessa já que fica responsável por não deixar que morram de fome além de manter a irmã em segurança, sempre.
Depois de muito tempo sem que a mãe aparecesse, as meninas recebem uma visita inesperada de um homem e uma mulher do serviço social com uma carta escrita por Joelle falando que ela não tinha mais condições de cuidar das filhas. As meninas, então, são retiradas daquele ambiente e levadas para ficarem com o pai. A partir desse momento, a vida de Carey e Janessa se transforma da água pro vinho, pois nada é um mar de rosas como deveria ser... Acompanhamos uma história envolta por lembranças tristes, pelos seus segredos e como as coisas se desenrolam quando elas, enfim, são incluídas no convívio social, numa casa onde o conceito de família realmente existe e elas precisam se ajustar... As árvores não são mais um refúgio e nem podem esconder o que tanto as assombram...

O livro é dividido em três partes que ilustram as novas fases da vida das meninas, desde quando foram resgatadas, a adaptação na casa do pai e enfim quando decide revelar o que aconteceu que fez Janessa parar de falar. Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Carey, vamos acompanhando sua versão dos fatos e como ela enxerga a mudança em sua vida, além de sabermos de segredos terríveis que ela e a irmã juraram nunca revelar a ninguém, afinal, "o que acontece na floresta, fica na floresta".

No Coração da Floresta é um livro escrito com uma habilidade ímpar pois consegue transpassar os sentimentos da protagonista com bastante realismo, de uma forma que é possível captar toda a dor, medo, tristeza e conflitos internos pelos quais ela passa. Carey é determinada e pode ser considerada uma sobrevivente por ter enfrentando coisas que ela jamais deveria ter que enfrentar. Ao longo da história vemos seu progresso de alguém reclusa para alguém que tenta se adaptar ao mesmo tempo em que receia que seus segredos possam prejudicar ou colocar a irmã em risco. Ela saiu de um ambiente completamente precário para uma casa com conforto onde, em vez de ser a responsável por cuidar, seria cuidada por adultos sensatos que abriram os braços para ela e a irmã. Aos poucos ela terá de se acostumar à vida nova e a não ter as responsabilidades que havia assumido.
A relação entre irmãs é o ponto forte da história, pois Carey e Nessa possuem um vínculo inquebrável que surgiu devido as circunstâncias em que viveram e que se mantém mesmo que suas vidas tenham sofrido uma reviravolta bastante considerável.

Carey foi forçada a assumir um papel de adulta quando deveria ser criança, então achei válido ela ser alguém bastante madura pra pouca idade que tem, mesmo que tenha sofrido tanto abuso e ainda ter sido levada a acreditar em coisas que não necessariamente eram verdade...
O mistério da história gira em torno do segredo de Carey, e embora eu tenha achado que se alongou muito pra ser desvendado, ainda foi convincente o suficiente pra justificar o comportamento e o medo da garota.

Um ponto que me agradou bastante foi como a autora trabalhou a personalidade de Carey de uma forma, que até então, foi única pra mim. Carey foi vítima do abuso mas por mais que guarde traumas ainda tem uma voz ativa. Sua linguagem inicial é pobre, ela fala várias palavras erradas, mas acredito que isso tenha fortalecido sua construção para que se tornasse uma personagem bastante autêntica. Por mais que ela viva pisando em ovos, Carey optou por se comportar sempre com educação e respeito na esperança de ser aceita junto com a irmã, independente do que foi obrigada a viver. Sua maior preocupação é o bem estar de Nessa e é por isso que ela ainda segue em frente.
E nesse progresso, ainda que difícil, ela conhece pessoas novas que lhe inspiram confiança, que a ajudam e ainda reencontra alguém que pode despertar nela um sentimento que ela até então desconhecia e que, de certa forma, pode servir de auxilio para ela deixar o horror do passado para trás para aceitar o presente e ainda continuar a fazer o melhor que pode...
E parem tudo para Melissa, a esposa do pai de Carey, é um amor de pessoa que recebe as meninas como se fossem as próprias filhas indo contra todos os conceitos de madrasta do mal que vemos por aí.

A edição da Agir Now está perfeita. A capa é muito bonita e a diagramação é bastante caprichada. A autora utilizou alumas citações retiradas do Ursinho Pooh que conseguem definir bem o momento delicado da parte em questão, cada início de capítulo mostra uma ilustração da floresta, a fonte tem um tamanho super agradável, as páginas são amarelas e não percebi erros de revisão.

Este é um daqueles livros raros cuja história vai deixar o coração apertado, torcendo para um final feliz a qualquer custo. Me fez refletir sobre o quão terrível pode ser para uma criança conviver com adultos mentalmente instáveis ou que se afundam num mundo sem volta deixando de lado todos os valores que importam e deviam ser respeitados, assim como deve ser difícil sofrer tanta tortura psicológica de alguém que deveria ser a principal pessoa a nos proteger de qualquer mal. Nada é pior do que crescer num ambiente sem amor, sem segurança, sem recursos, sem ter em quem confiar ou a quem recorrer quando preciso, e caso o socorro não venha a tempo, sabe-se lá Deus o quê pode ser da vida dos envolvidos... Mas por mais trágico que tudo possa ser, sempre vai haver uma luz no fim do túnel.
A estreia da autora foi excelente e superou as expectativas pois apresenta um livro com uma trama intensa sem clichês e exageros que vai fisgar o leitor do início ao fim.