Autora: Eloisa James
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance de época/Releitura
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Piers Yelverton, o conde de Marchant, vive em um castelo no País de Gales, onde seu temperamento irascível acaba ferindo todos os que cruzam seu caminho. Além disso, segundo as más línguas, o defeito que ele tem na perna o deixou imune aos encantos de qualquer mulher.
Mas Linnet não é qualquer mulher. É uma das moças mais adoráveis que já circularam pelos salões de Londres. Seu charme e sua inteligência já fizeram com que até mesmo um príncipe caísse a seus pés. Após ver seu nome envolvido em um escândalo da realeza, ela definitivamente precisa de um marido e, ao conhecer Piers, prevê que ele se apaixonará perdidamente em apenas duas semanas.
No entanto, Linnet não faz ideia do perigo que seu coração corre. Afinal, o homem a quem ela o está entregando talvez nunca seja capaz de corresponder a seus sentimentos. Que preço ela estará disposta a pagar para domar o coração frio e selvagem do conde? E Piers, por sua vez, será capaz de abrir mão de suas convicções mais profundas pela mulher mais maravilhosa que já conheceu?
Resenha: Quando a Bela Domou a Fera é o segundo livro da série Fairy Tales escrita pela autora americana Eloisa James. O conto no qual foi inspirado é A Bela e a Fera. A série tráz releituras dos contos de fadas mais famosos da literatura, e pelas histórias serem independentes e distintas, não é necessário ler na ordem. Os demais livros da série ainda serão lançados pela Editora Arqueiro: A Duqueza Feia (livro #4) e Um Beijo à Meia-Noite (livro #1).
Linnet Berry Thrynne é uma das jovens mais bonitas de toda a Londres. Os rapazes fazem filas imensas para cortejá-la e sua beleza é tanta que nem mesmo o príncipe Augustus resistiu aos seus encantos. Porém, depois de ter sido flagrada aos beijos com o moço, que não tinha intenção alguma de se casar com ela, a reputação de Linnet foi arruinada e, como se isso não bastasse, ela ainda se envolveu num escândalo em que todos na sociedade acreditam piamente que ela está grávida, mesmo que ela tenha negado todas as fofocas e acusações falsas das quais foi vítima. Mas o estrago já estava feito, Linnet já não servia mais para se casar e para não desonrar ainda mais a família, seu pai, o Visconde de Sundon, resolve arranjar-lhe um casamento com o filho do duque de Windebank, que mora bem longe dalí.
Piers Yelverton, o conde de Marchant, é um médico genial que ficou conhecido como "Fera" por ter alguns defeitos físicos e por não ter sido agraciado com o dom do bom humor e da paciência. Seu pequeno problema também não permitia que ele tivesse filhos, e ele não se importava com isso desde que pudesse cuidar de seus assuntos profissionais em paz. Mas o duque, com sua obsessão pela realeza, ansiava por casar o filho já que esta seria a única forma dele ter herdeiros para perpetuar o nome da família, e a "gravidez" de Linnet poderia resolver todos esses problemas. E mesmo que ela insistisse em afirmar que a gravidez não existia, ninguém lhe dava ouvidos. Assim, Linnet parte rumo ao País de Gales para conhecer o futuro noivo em seu castelo.
Tendo personalidades tão diferentes, o desafio para se aproximarem se tornou ainda maior. Enquanto Piers estava determinado a não ceder aos encantos de Linnet por não concordar com a ideia de se casar, mesmo sabendo que ela não estava grávida e que o "problema" do herdeiro não eria resolvido, a jovem se sente curiosa e atraída por ele, e mesmo que esconda seus sentimentos, ela não aceita que esteja sendo rejeitada pela primeira vez.
Narrado em terceira pessoa com capítulos que se alternam sobre os pontos de vista de Linnet e Piers, o leitor acompanha uma aventura romântica em meio a uma escrita bem humorada e maravilhosamente fluída, com toques de ironia, sarcasmo e cenas picantes para movimentar as coisas.
Pela história se basear em uma tão conhecida, sabemos que fim a trama terá, mas são as mudanças e adaptações que se desenrolam que nos fazem querer saber o que viria a seguir. Num contexto diferenciado, me peguei pensando por diversas vezes se o próximo capítulo traria algo que me surpreendesse ou não, e posso afirmar que o livro superou minhas expectativas.
Foi divertido acompanhar um casal tão diferente, mas que ao mesmo tempo era tão parecido em suas convicções. Donos de personalidades fortes, a primeira vista eles sabem que um casamento estaria fadado ao fracasso, mas a curiosidade que surge entre a forma como se comportam frente ao outro faz com que um relacionamento baseado na amizade se desenvolva. Tal relacionamento permite com que eles se aproximem e passem a ter outros conceitos que vão evoluindo a medida que o tempo passa, mesmo que vivam trocando farpas e se alfinetando tanto que é até possível desconsideramos que algo além da amizade poderia surgir dalí. Os diálogos são dinâmicos e divertidos, principalmente quando há provocações envolvidas.
Eu gostei bastante da construção dos personagens, pois eles são únicos e cativam a própria maneira. Piers é um bronco desbocado, que carrega muita mágoa no coração, principalmente depois do acidente, mas acaba se revelando um enorme cavalheiro, dono de um coração de ouro. Sua dedicação como médico e a forma como cuida dos enfermos sem lhes cobrar nada nas alas médicas do castelo que construiu somente para esta finalidade são dignas de admiração.
Não consegui enxergar muito da Bela original em Linnet. Mesmo que seja inteligente, ela é vaidosa ao extremo, fútil e muito cheia de si. Entendo que na época tais atributos não eram problemas visto que a função das donzelas era serem recatadas e arrumarem um bom marido, e por causa das intrigas feitas contra ela, sua única opção era sumir dalí e tentar encontrar o que precisava para amenizar sua situação em outro lugar.
Sendo assim, de um lado estava Linnet com a reputação arruinada, e de outro, Piers que se mantinha isolado e era mal visto. Ambos rejeitados pela sociedade, mas que encontram um no outro a receptividade e a aceitação.
Mesmo a capa não sendo tão atrativa, ela representa bem a personagem clássica com o tecido amarelo ao fundo e a rosa vermelha em destaque. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, os capítulos são numerados e precedem uma pequena rosa como detalhe, e o texto se inicia com letra capitular.
De forma geral, pra quem gosta de releituras e romances de época, é leitura mais do que recomendada. A roupagem nova e a criatividade da autora em trazer personagens com características próprias, mas ainda levantando a questão da importância da beleza interior, cativa e diverte o leitor de forma única.
Mesmo a capa não sendo tão atrativa, ela representa bem a personagem clássica com o tecido amarelo ao fundo e a rosa vermelha em destaque. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, os capítulos são numerados e precedem uma pequena rosa como detalhe, e o texto se inicia com letra capitular.
De forma geral, pra quem gosta de releituras e romances de época, é leitura mais do que recomendada. A roupagem nova e a criatividade da autora em trazer personagens com características próprias, mas ainda levantando a questão da importância da beleza interior, cativa e diverte o leitor de forma única.