Dias de Despedida - Jeff Zentner

27 de janeiro de 2018

Título: Dias de Despedida
Autor: Jeff Zentner
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 392
Nota:★★★★★
Sinopse: "Cadê vocês? Me respondam."
Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele. Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto. Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão? 

Resenha: Carver, Mars, Eli e Blake formam a Trupe do Molho. Os quatro garotos são melhores amigos, inseparáveis, estudam juntos e passam tempo se divertindo como nunca. Numa tarde, os amigos iam buscar Carver no trabalho, e enquanto esperava, o garoto enviou uma mensagem de texto perguntando onde eles estavam. Mas no caminho, os garotos sofrem um acidente de carro fatal.
Como se a tragédia já não tivesse abalado a vida de Carver o bastante, as coisas pioram quando o celular de Mars é encontrado com uma mensagem incompleta em resposta à de Carver, indicando que o acidente aconteceu devido a distração com o celular. Agora, Carver está sendo culpado pelas famílias de Mars e Eli por ter causado o acidente, e elas querem que o garoto pague pelo crime que cometeu.
Com o início do ano letivo, Carver precisa voltar para a escola e lidar com todos os sentimentos que o atormentam desde o acidente. Sentir falta dos amigos, sentir a pior culpa que o corrói por dentro pelo ocorrido, e ainda estar apavorado com a ideia de ser preso com a investigação que o pai de Mars quer abrir contra ele, desencadeia no garoto constantes ataques de pânico.
Mas Carver não está sozinho nessa. Sua família está do seu lado, principalmente sua irmã, Georgia, assim como Dr. Mendes, seu terapeuta; Jesmyn, que foi namorada de Eli e agora a única amiga que Carver tem na escola; e vovó Betsy, a avó de Blake que quer ajuda do garoto para organizar o Dia da Despedida. A ideia é que Carver a acompanhe durante um dia inteiro de atividades que ela gostava de fazer com o neto para compartilharem as lembranças dele, e também como forma de se despedir.
O que Carver não esperava era as famílias de Mars e Eli também quererem o Dia de Despedida, e o problema era o garoto não saber quais as suas intenções. E com os ataques de pânico que anda sofrendo, será que diante desta situação o garoto conseguirá lidar com suas piores emoções?

Narrado em primeira pessoa, acompanhamos Carver contando tudo o que se passa após o acidente dos amigos, assim como os flashbacks dos momentos super divertidos, animados e alguns até emocionantes que eles passavam juntos desde a criação da Trupe do Molho. O autor também aproveita a oportunidade para inserir no enredo temas bastante relevantes, como o machismo, a homossexualidade, o racismo e afins de forma a acrescentar algo a que se pensar, e a forma como foi colocado não poderia se encaixar melhor.
A morte como tema central pode fazer com que os leitores pensem que o livro é difícil, mas a forma como a história é contada, tão leve e delicada, torna tudo bem agradável, reflexivo e até arranca algumas risadas, mas não deixa de evidenciar a questão da culpa nesses casos trágicos e fatais, como se apontar um culpado fizesse parte do ser humano, e como puni-lo de alguma forma promove um certo alívio. Mas as reflexões não giram em torno somente da culpa em si, mas também da amizade, da família e do quanto passar bons momentos ao lado daqueles que amamos são importantes.

A história da Trupe do Molho é linda, mostra como a amizade verdadeira é valiosa, e que as boas lembranças podem ser bem maiores do que as ruins.
A aproximação de Carver com Jesmyn acaba intensificando a amizade entre eles, e algo mais começa a nascer dalí. Em certo momento comecei a sentir um leve destoar de rumo, pois mesmo que ela tenha sido uma das peças chave para ajudar o garoto na superação da tragédia, e vice-versa, o romance como forma de "escape" não me desceu muito bem considerando o contexto, mas não foi algo tão negativo. Talvez tenha sido até bem realista, afinal, as pessoas são diferentes e encontram conforto e ajuda onde menos se espera.

O livro também é cheio de frases de impacto que se encaixam com o tema e com a proposta de trazer reflexão sobre tais dilemas, logo esse é aquele tipo de livro que vai ficar cheio de marcações ou post-its para que possamos sempre ler e reler essas passagens tão significativas.
"Nossa mente busca causa e efeito porque isso sugere uma ordem no universo que talvez não exista, mesmo se você acreditar em algum poder superior. Muita gente prefere aceitar uma parcela indevida de culpa por alguma tragédia do que aceitar que não existe ordem nas coisas. O caos é assustador. É assustasora uma existência inconstante em que coisas ruins acontecem a pessoas boas sem nenhum motivo lógico."
- Pág. 229
Dias de Despedida é um relato emocionante sobre o luto, a culpa, os "se's", a dor, a saudade mas também sobre a superação. Superar uma perda tão difícil não é nada fácil, principalmente quando se tem dezessete anos e a vida inteira pela frente, e por mais complicado que seja, é preciso seguir adiante.

Na Telinha - Viva

26 de janeiro de 2018

Título: Viva - A Vida é uma Festa (Coco)
Produtora: Disney/Pixar
Elenco: Anthony Gonzalez (VIII), Benjamin Bratt, Gael García Bernal, Edward James Olmos, Alanna Ubach
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2018
Duração: 1h 45min
Classificação: +10
Nota:
Sinopse: Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos.

Desde que Mama Imelda foi abandonada pelo marido, que era músico, ela aboliu a música não só de sua vida, mas da família inteora. Ela arregaçou as mangas e decidiu que iria abrir uma lojinha de sapatos que ela mesma aprendeu a fazer para sustentar Coco, sua filhinha, sozinha. Desde então, este é o principal sustento da família Rivera, que já está na quarta geração. Imelda já faleceu há muitos anos e Coco, hoje, é a bisavó de Miguel. Ele é um garotinho mexicano de doze anos que ama música e sonha em se tornar tão famoso quanto Ernesto de la Cruz, seu maior ídolo de todos os tempos, foi.



O menino vive assistindo aos vídeos de Ernesto de la Cruz e tocando seu violão escondido, pois a música é terminantemente proibida, e fica bem triste por não ter o apoio da família, mas Miguel não estava nada interessado em desistir, principalmente quando ele tem oportunidade de tocar num festival e demonstrar todo o seu talento.

Com o Dia de Los Muertos se aproximando, as famílias montam as ofrendas, uma prática antiga onde eles deixam as fotos de seus ancestrais junto com velas, enfeites e comida, pois assim os espíritos daqueles que se foram sempre seriam respeitados e lembrados.



Mas, circunstâncias bem inesperadas acabam fazendo com que Miguel se transporte para o mundo dos mortos, e agora ele vai correr contra o tempo para conseguir não só a benção de um antepassado para voltar pra casa, como também a permissão para fazer o que ele tanto ama: tocar seu violão. E nessa jornada cheia de aventuras, em companhia de Dante, seu cão vira-latas, e Hector, um morto que vive tentando visitar o mundo dos vivos para ver seus parentes mais uma vez, Miguel vai descobrir coisas sobre o passado de sua família que, até então, eram um grande mistério.



Não é surpresa que a Disney vem inovando cada vez mais ao trazer temas e personagens que fogem de estereótipos de antigamente, e aqui há uma mistura entre a cultura mexicana e a música propriamente dita, e os aspectos desses elementos são representados com fidelidade e perfeição.

A família de Miguel, seguindo a tradição criada por Imelda, proibiu a música e espera que o menino siga o ofício de sapateiro, e essa falta de apoio para que ele possa realizar seu grande sonho é um dos principais conflitos da trama. E se fosse só a falta de apoio daria pra entender, mas eles o proíbem de ter qualquer contato com a música, o levando a fazer o que gosta escondido.
Mas embora Miguel não possa contar com a ajuda de sua família e não aceite essa falta de apoio, os acontecimentos se encarregam de mostrar que a família é o que há de mais importante, devendo ser sempre valorizada, e que é preciso manter as lembranças dos que já partiram dessa vida, pois, pior do que morrer é ser esquecido...



Embora seja uma animação super divertida e com toques bem engraçados, Viva tem pegadas de melancolia e drama que causam algumas reviravoltas na história e que, mesmo sendo previsíveis, causam o impacto necessário pra emocionar o telespectador. E nota especial para Mama Coco que, por estar muito velhinha, além de viver numa cadeira de rodas dependendo dos cuidados da família, ainda tem problemas com a memória. Mas é justamente sua memória que cria o maior clímax do desenho, e segurar as lágrimas nas últimas cenas dela é impossível. Não é por acaso que o nome original da animação é "Coco"...



Por mais que a música seja um dos principais elementos do desenho, pois é o que move Miguel, o foco maior é a importância da família e o valor que ela representa para seus integrantes, e não importa que estejam vivos ou mortos. Os laços familiares são eternos, mesmo que haja conflitos.



Viva não se encarrega de trazer apenas uma animação sobre um garoto que quer perseguir seus sonhos... Aqui o que se torna memorável é a história sobre família, amizade e perseverança que mostra que é possível lutar por aquilo que queremos e por aquilo que somos, mesmo que isso não seja o que os outros esperam, e que a morte é só mais uma etapa da vida.

Wishlist #19 - Funko Pop - Wall-e

21 de janeiro de 2018

Uma coleção com poucos popinhos ajuda, e muito, na hora de colecionar, já que a gente não precisa ficar atrás de um monte e gastando dinheiro que nem temos pra completar as coleções.
Como Wall-e é um desenho super fofo, não tinha como deixar de fora dos desejados. E o melhor é que a coleção é só ele e a Eve! Espiem as fofuras:

Deixada Para Trás - Charlie Donlea

19 de janeiro de 2018

Título: Deixada Para Trás
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Gênero: Policial/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 368
Nota:★★★★★
Sinopse: Nicole Cutty e Megan McDonald são alunas do ensino médio na pequena cidade de Emerson Bay, Carolina do Norte. Quando elas desaparecem de uma festa na praia em uma noite quente de verão, a polícia inicia uma busca maciça. Nenhuma pista é encontrada e a esperança é quase perdida, até Megan milagrosamente aparecer depois de escapar de um bunker no fundo da floresta.
Um ano depois, o best-seller de sua provação transformou Megan de heróina local para celebridade nacional. É uma história triunfante e inspiradora, exceto por um detalhe inconveniente: Nicole ainda está desaparecida.
A irmã mais velha de Nicole, Livia, é uma perita forense e espera que em um breve dia o corpo de Nicole seja encontrado e entregue a alguém como ela para analisar as provas e finalmente determinar o destino que sua irmã teve. Em vez disso, a primeira pista para o desaparecimento de Nicole vem de outro corpo que aparece no necrotério, de um jovem ligado ao passado de Nicole. Livia vai até Megan para pedir ajuda, esperando descobrir mais sobre a noite em que as duas foram levadas. Outras meninas também desapareceram e Livia está cada vez mais certa de que os casos estão conectados.
Mas Megan sabe mais do que ela revelou em seu livro best-seller. Flashes de memória estão se juntando, apontando para algo mais escuro e mais monstruoso do que sua memória descreve. E quanto mais ela e Livia cavam, mais elas percebem que às vezes o verdadeiro terror está em encontrar exatamente o que você está procurando.

Resenha: Nicole Cutty e Megan McDonald são duas adolescentes que estão no ensino médio na pequena cidade de Emerson Bay, na Carolina do Norte. Durante as férias de verão, as duas desapareceram misteriosamente, o que comoveu a cidade e fez com que as autoridades agissem em busca delas. Duas semanas depois, Megan apareceu. Ela conseguiu escapar do cativeiro no meio da floresta e conseguiu ajuda ao chegar na estrada.

Um ano após o ocorrido, Megan continua tentando seguir em frente, levando a vida como pode, e fazendo terapia, e uma das formas que ela e seu psiquiatra encontraram para ajudar na superação do trauma, foi escrever um livro sobre a trágica experiência. Megan acaba se tornando uma celebridade nacional, e é reconhecida por todos como uma verdadeira heroína. Porém, as pessoas parecem ter se esquecido que Nicole ainda continua desaparecida, com exceção de Livia, irmã mais velha da garota, que não perdeu as esperanças de encontrá-la, nem que fosse para determinar a causa de sua morte.

Impulsionada pela tragédia, ela decidiu estudar patologia forense, e um dia acaba se deparando com um corpo de um rapaz com características que não batiam com a sua suposta causa da morte, e durante suas análises ela descobre que se tratava de Casey Delevan, e que ele conhecia sua irmã desaparecida. Livia não hesitou em investigar a vida do rapaz e começa a fazer descobertas tão sinistras quanto importantes, e por mais que as respostas que encontrava possam ser horríveis, ela estava cada vez mais perto de descobrir o que aconteceu com Nicole. Livia procura por Megan e pede sua ajuda para continuar com as investigações, e pensando que seria o mínimo que poderia fazer, principalmente quando está claro que o desaparecimento está ficando de lado, ela decide ajudá-la.

Deixada para Trás é um romance policial com toques de muito suspense e mistério. A narrativa é muito fluída e empolgante e envolve a rotina forense de uma forma muito realista e plausível, o que demonstra que o autor pesquisou exaustivamente para poder construir a trama da forma mais impecável possível. Os detalhes dos procedimentos de Livia durante suas análises e investigações são descritos com maestria, mas sempre com toques de mistério que envolvem o leitor e o convidam a investigar junto com a personagem, descobrindo as coisas junto com ela.

A própria edição já é um convite ao leitor, pois os capítulos se alternam entre presente e flashbacks do passado que antecedem o sequestro, onde a cor da página é acinzentada.
A narrativa é feita de forma a alternar os pontos de vista dos personagens, e ao mesmo tempo em que temos informações vindas de partes cruciais, também temos que nos atentar a pistas deixadas numa tentativa de solucionar o mistério. O livro é dividido em seis partes, e como os capítulos são curtos, a leitura que já tem um ritmo excelente acaba fluindo ainda mais rápido.

O mais interessante é que o quebra-cabeças que o autor propõe é algo totalmente inesperado, e por mais que o leitor tenha suas suspeitas sobre o autor dos crimes, é difícil prever algo e acertar, pois por mais que tudo esteja intrincado, as reviravoltas são constantes, e cada nova descoberta faz com que a gente perca o fôlego, e por isso o livro superou todas as minhas expectativas, seja pela minha aflição ou pela empolgação ao acompanhar o que estava acontecendo.
Pra quem gosta do gênero, o livro é altamente indicado, principalmente por ser viciante. Uma das minhas melhores leituras, sem dúvidas!

A Perversa - Tarryn Fisher

18 de janeiro de 2018

Título: A Perversa - Amor e Mentiras #2
Autora: Tarryn Fisher
Editora: Faro Editorial
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota:★★★★★
Sinopse: Leah Smith finalmente vive um momento muito especial. Conquistou aquele que considera o “homem da sua vida”, mas não está completamente feliz.
Leah se sente insegura, como se fosse sempre a segunda opção e sua vida atual, como um castelo de cartas, pudesse desabar a qualquer momento...
E, mais do que sentir, ela sabe que Caleb nunca a olhou com aquele brilho especial que dirigia a Olivia. Então, se por um lado se sente vitoriosa, por outro, percebe quanto é desgastante e trabalhoso manter a sua conquista.
Agora, oficialmente casada com Caleb, ela vai até as últimas consequências para manter unidos os pedaços de uma vida construída por segredos, mentiras e trapaças. E, quem sabe, amor. Mas não é assim que devemos fazer para lutar por quem amamos?

Resenha: Em A Oportunista, primeiro livro da trilogia Amor e Mentiras, a protagonista Olivia Kaspen tenta reconquistar Caleb, o ex-namorado que sofreu um acidente e perdeu a memória. Porém, antes que a tragédia acontecesse, ele estava arrasado pelo término do namoro com Olivia, e foi neste momento de fraqueza que Leah Smith o conheceu. Ela arquitetou planos e fez de tudo para que Caleb esquecesse Olivia, mas tudo foi por água abaixo quando ele perdeu a memória e ainda se reaproximou da ex, que estava tentando reconquistá-lo. Mas Leah não iria sentar e assistir o homem que ela ama partir com outra mulher, e perdê-lo não era uma opção que ela aceitaria tão fácil. Assim, acompanhamos uma história envolvendo um triângulo amoroso completamente tóxico, com mulheres que só pensam em si mesmas e enxergam uma a outra como obstáculos a ponto de serem capazes de fazer qualquer coisa em nome do que desejam: Caleb.

Aos poucos Leah, sendo a perversa mor que é, manipulou toda a situação e conseguiu por as suas garras afiadas em Caleb mais uma vez. Ela forçou uma gravidez para prendê-lo e acabou conseguindo se tornar sua esposa. Porém ser mãe não é uma tarefa fácil, e manter as aparências de boa mãe é algo que ela não está conseguindo fazer muito bem, principalmente porque ela queria um menino mas teve uma filha, e o desgosto ficou estampado em sua cara. Por mais que ela tenha ganhado o "jogo" e ficado com Caleb como troféu, ela não está realmente feliz. Leah sabe que Caleb não se esqueceu de Olivia e está cada vez mais distante dela, dessa forma, manter sua conquista está sendo muito mais difícil do que ela imaginou, e uma criança não ajudaria a melhorar as coisas...

Assim, acompanhamos a história pelo ponto de vista de Leah, e confesso ter sido extremamente incômodo estar na cabeça de uma personagem manipuladora, egoísta, movida por mentiras, trapaças e obsessão. A vontade é de estapear a cara dela a todo momento, principalmente quando a indiferença pela própria filha fica em evidência. Mas o interessante de acompanhar uma personagem tão cretina assim, é que ela é totalmente humana e próxima da realidade. Ela não aceita perder, não se importa com ninguém que ela considere "inferior" a ela, é extremamente orgulhosa, quer tudo para si, sente necessidade de esfregar na cara dos outros o quanto é "poderosa" quando sempre consegue o que quer e como quer. Quem não conhece uma pessoa dessas, gente?

E mesmo que Olivia já esteja em outra com Noah, Leah ainda a enxerga como eterna rival, atribui todo o seu fracasso à existência dela, e o que lhe resta é nutrir um ódio mortal por aquela que ainda deve fazer parte dos pensamentos de Caleb. É um triângulo disfuncional e por mais que eu bole teorias para o final disso tudo, fico super curiosa pela forma como a autora vai conduzir a história até ele. Sei que ainda tem muita coisa pra acontecer, mais ainda pra descobrir, e muita raiva pra passar.
E ao longo da história, que traz fatos bem trágicos e traumáticos sobre o passado dessa cobra terrível, vemos o que levou Leah a se tornar assim, e num determinado momento é possível até sentir pena dela. Não que isso justifique seus atos hediondos, mas é compreensível até certo ponto que uma pessoa totalmente solitária como ela recorra a medidas extremas como mecanismo de "defesa".

E não pensem que Caleb é um bom moço que está alí gozando de inocência enquanto é disputado por duas mulheres. O homem finge de bobo mas consegue ser canalha num nível estratosférico, e não vejo a hora de ter em mãos o terceiro livro da série para poder confirmar todas as minhas suspeitas contra esse sujeito.

Enfim, a série acaba mostrando uma parte do lado feio e sujo do amor, dando uma visão negativa mas bem realista sobre esse sentimento que pode vir de várias formas, independente da ligação entre os envolvidos. E por sair do clichê e dos estereótipos dos romances e seus personagens em geral, a leitura é bastante surpreendente quando expõe de forma tão crua os defeitos e as fraquezas que as pessoas insistem em esconder.

Um Beijo À Meia-Noite - Eloisa James

17 de janeiro de 2018

Título: Quando a Bela Domou a Fera - Fairy Tales #1
Autora: Eloisa James
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance de época/Releitura
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Kate Daltry é uma jovem de 23 anos que não costuma frequentar os salões da alta sociedade. Desde a morte do pai, sete anos antes, ela se vê praticamente presa à propriedade da família, atendendo aos caprichos da madrasta, Mariana. Por isso, quando a detestável mulher a obriga a comparecer a um baile, Kate fica revoltada, mas acaba obedecendo. Lá, conhece o sedutor Gabriel, um príncipe irresistível. E irritante. A atração entre eles é imediata e fulminante, mas ambos sabem que um relacionamento é impossível. Afinal, Gabriel já está prometido a outra mulher – uma princesa! – e precisa com urgência do dote milionário para sustentar o castelo. Ele deveria se empenhar em cortejar sua futura esposa, não Kate, a inteligente e intempestiva mocinha que se recusa a bajulá-lo o tempo todo. No entanto, Gabriel não consegue disfarçar o enorme desejo que sente por ela. Determinado a tê-la para si, o príncipe precisará decidir, de uma vez por todas, quem reinará em seu castelo.

Resenha: Um Beijo À Meia-Noite é o primeiro livro da série Fairy Tales escrita por Eloisa James. A série traz releituras dos contos de fadas mais famosos da literatura e este é inspirado em Cinderela. Pelas histórias serem independentes e distintas, não é necessário ler os livros na ordem de lançamento (até mesmo por que o lançamento deste primeiro foi feito depois do segundo).

Desde que Kate Daltry perdeu o pai, há sete anos, sua madrasta tomou sua herança, passou a controlar - e esbanjar - as finanças e ainda a prendeu na propriedade da família para que ela se encarregasse das tarefas domésticas e de atender seus caprichos e de sua filha. Obviamente Kate já pensou em largar tudo e partir, mas pensando nos inquilinos que poderiam ser despejados por Mariana, a madrasta, sem ter pra onde irem, ela permanecia na propriedade e aguentava todo tipo de desaforo e humilhação.
Sua meia-irmã, Victoria, está noiva e precisa se casar com uma certa urgência, mas antes de tudo o casamento deveria ser aprovado pelo tio do noivo, o Príncipe Gabriel. Assim, Victoria deveria comparecer ao baile de noivado do príncipe, que estava prestes a se casar com uma princesa russa para que seu dote sustentasse o castelo, e então pedir a aprovação e a benção dele. Mas Victoria sofreu um "acidente" e ficou impedida de ir ao dito baile, e para que os planos do casório não fossem arruinados, Mariana obriga Kate a se passar pela irmã, e, sem ter muita escolha, ela aceita participar da farsa.
Porém, quando Kate e Gabriel se conhecem, alguns sentimentos bem fortes - e incontroláveis - começam a surgir, mas este envolvimento é algo totalmente proibido e cheio de empecilhos. Kate sabe perfeitamente que não deve nutrir sentimentos por esse homem tão lindo, sedutor e irritante, mas quando o desejo e a atração são intensos a ponto de não ser possível sequer disfarçar, o que eles devem fazer?

Embora a história possua alguns elementos inspirados no conto original, Um Beijo À Meia-Noite segue por um caminho diferente utilizando de outros padrões, dando um novo contexto à história da jovem órfã, e isso fica bem óbvio quando a personalidade de Kate fica em evidência. Por mais que ela fosse maltratada pela madrasta e feita de empregada, ela não se submetia a qualquer capricho e, se fosse preciso, enfrentava a megera, principalmente quando queria proteger os inquilinos que precisavam de sua ajuda.
A premissa é bem bacana e o final foi satisfatório e convincente, mas o desenvolvimento da história acaba sendo bem morno, com acontecimentos que se repetem em cenários alternados, e somando isso a introdução que se destina a apresentar os personagens principais de uma forma bem longa, abordando suas vidas tristes e suas insatisfações, as coisas acabam ficando meio arrastadas e a leitura demora a engrenar.

A química entre Kate e Gabriel é intensa e perfeita, mas claro, proibida, e isso acaba refletindo bem o quanto era difícil passar por um casamento arranjado e por conveniência. De um lado Kate queria ficar com ele, mas não tinha o que oferecer além do seu amor. Do outro, o príncipe também fica encantado com Kate e sua personalidade fora dos padrões das moçoilas da época, mas ele como membro da realeza sabe de suas responsabilidades e compromissos, e se casar com a princesa é algo que ele precisa fazer para manter o castelo.

Os personagens são até bem construídos e damos várias risadas com eles, mas não são exatamente um espelho daqueles do conto da Cinderela que conhecemos. Há referências para o sapatinho de cristal, à madrinha que não é uma fada, e até aos bichinhos ajudantes. Kate tem a personalidade forte, pensa nos outros e é corajosa, mas em alguns momentos ela se inferioriza aos outros sem necessidade e entra em conflitos pessoais envolvendo suas próprias escolhas. É compreensível que ela tenha algumas atitudes e pensamentos meio absurdos devido a época, onde as moças se casavam ainda na adolescência e se passassem de uma certa idade já estavam velhas pra isso, mas sendo como é, penso que ela não deveria ter muitas preocupações e bastava que ela deixasse as coisas acontecerem naturalmente.

Enfim, a história tem seus elementos típicos do gênero, os bons e velhos clichês e toques bem colocados de sensualidade, e incluí-los nessa releitura de uma forma tão criativa só me fez admirar ainda mais a autora por seu talento. Pra quem gosta de releituras de contos de fadas e romances de época o livro é super indicado.