Autor: George R.R. Martin
Editora: Suma de Letras
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2019
Páginas: 600
Nota:★★★★★
Sinopse: O verão pode durar décadas. O inverno, toda uma vida. E a guerra dos tronos começou.
Como Guardião do Norte, lorde Eddard Stark não fica feliz quando o rei Robert o proclama a nova Mão do Rei. Sua honra o obriga a aceitar o cargo e deixar seu posto em Winterfell para rumar para a corte, onde os homens fazem o que lhes convém, não o que devem... e onde um inimigo morto é algo a ser admirado.
Longe de casa e com a família dividida, Eddard se vê cada vez mais enredado nas intrigas mortais de Porto Real, sem saber que perigos ainda maiores espreitam a distância.
Nas florestas ao norte de Winterfell, forças sobrenaturais se espalham por trás da Muralha que protege a região. E, nas Cidades Livres, o jovem Rei Dragão exilado na Rebelião de Robert planeja sua vingança e deseja recuperar sua herança de família: o Trono de Ferro de Westeros.
Resenha: Embora a série produzida pela HBO tenha se tornado maior do que os próprios livros aos quais foi baseada, afinal, depois de séculos o autor ainda não terminou de escrever a bendita série, não posso negar que, mesmo que possua suas diferenças, os livros ainda são indispensáveis para os fãs e apreciadores de alta fantasia de qualidade.
A Guerra dos Tronos, primeiro volume da série homônima de George R.R. Martin, introduz o leitor num universo fantástico cuja premissa gira em torno do Trono de Ferro e a ambição de todos aqueles que desejam o poder para governar os Sete Reinos, custe o que custar.
Tudo começa quando alguns acontecimentos macabros fazem com que um Patrulheiro da Noite fuja de seu posto a fim de alertar que um grande perigo se aproximava, porém, ao chegar nas terras de Ned Stark, ele acaba sendo morto por ter quebrado seu juramento de ter deixado a Muralha. Assim, sabemos que, por mais conflitos que irão surgir pela conquista do Trono de Ferro, uma ameaça ainda maior se aproxima cada vez mais, junto com o inverno...
Com esse pano de fundo se desenrolando (e sendo ignorado por todos), vamos até Westeros, o lar dos Sete Reinos, que antes era governado pelo rei Aerys II, da Casa Targaryen. Até que uma grande rebelião é responsável pela queda dos Targaryen. Robert Baratheon, que liderou a rebelião com o apoio de Eddard (Ned) Stark, Jon Arryn e a Casa Lannister, se torna o rei dos Sete Reinos e dono do lendário Trono de Ferro. Depois de vários anos, a morte inesperada de Jon Arryn, que fora nomeado como a Mão do Rei (aquele que assume no lugar no rei durante sua ausência), e a notícia que de dois descendentes de Aerys Targeryan, mesmo que estivessem muito distantes, haviam sobrevivido, deixam o Rei Robert preocupado com o futuro dos Sete Reinos e seu reinado. Ele decide sair de Porto Real junto com sua esposa Cersei Lannister e seus três filhos e seguir para Winterfell, o Reino do Norte governado por Ned Stark, para nomeá-lo como a nova Mão do Rei. Sem poder recusar o convite, Ned não tem outra escolha a não ser deixar sua família, contra a vontade de sua esposa, Catelyn, e seguir para a capital com Robert. Assim, ele não só assumiria os assuntos do rei, como investigaria e descobriria coisas que colocariam sua própria segurança, e a de sua família, em risco.
Do outro lado do mundo, longe dos domínios de Westeros, estão Viserys e sua irmã mais nova Daenerys Targaryen. Viserys tem sede de vingança, e por ser o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro, seu maior objetivo é juntar forças para invadir a capital, tomar o trono de volta e vingar a ruína dos Targaryen. Para isso, ele decide oferecer a irmã ao guerreiro Khal Drogo, líder dos dothraki, a fim de ter controle sobre seu exército para uma futura batalha.
A narrativa é feita em terceira pessoa e se alterna entre os vários personagens que compõe a trama. Além de uma apresentação detalhada de cada um deles no que diz respeito a personalidade e características físicas, também acompanhamos gradualmente suas jornadas e evoluções. Assim, conhecemos mais sobre as diversas jornadas que estão interligadas. E em meio à tramas políticas onde ninguém pode confiar em ninguém, e o desejo de um herdeiro de reconquistar aquilo que é seu por direito, também acompanhamos a saga de Jon Snow, filho bastardo de Ned Stark (todo filho bastardo das terras do norte recebe o sobrenome Snow), que decidiu seguir para a Grande Muralha e fazer parte da Patrulha da Noite por sempre se sentir rejeitado dentro da família. Os demais Starks também são tão importantes. Desde Robb, o primogênito que desempenha um papel crucial na guerra que está por vir; Sansa, a filha de Ned, que se porta como uma donzela e foi prometida a Joffrey, aquele quem ela acredita ser seu príncipe encantado; Arya, que odeia as formalidades e as regras impostas as mulheres, ela gosta de duelar com espadas, se vestir como menino e brincar por aí despertando o horror da irmã; Bran, que acaba sofrendo um acidente grave que muda não só seu destino, como o de todos os Sete Reinos; e Rickon, o caçula. Todos os Starks adotam lobos gigantes (o símbolo da Casa Stark) como animais de estimação, que os seguem e os protegem onde quer que vão fazendo parte da história e enriquecendo suas jornadas.
A Casa Lannister também é tão importante quanto, pois além de estarem aliados aos Baratheon devido ao casamento arranjado de Robert e Cersei, desempenham papeis cruciais para o desenvolvimento da trama. Cersei e Jamie são irmãos gêmeos e levam um relacionamento que vai além do sentimento fraterno. O incesto entre os dois aqui chega a ser doentio, mas é um dos fatores que movem a trama e causa várias reviravoltas, principalmente por causa dos filhos.
Jamie é conhecido como Regicida, pois foi ele que traiu e assassinou Aerys II enquanto ele ainda ocupava o Trono de Ferro. Tyrion é o irmão mais novo, mas, embora sua maior virtude seja a inteligência, ele é rejeitado por ser um anão deformado.
Os irmãos Targaryen, mesmo que estejam longe, também são de extrema importância, pois é a ideia de que eles estão vivos e que podem voltar para reivindicar o trono que faz com que os governantes de Porto Real fiquem em alerta. Viserys é um completo imbecil, arrogante e cheio de si. Ele não se preocupa em humilhar a irmã ou usá-la para seus propósitos. No início, Daenerys é bastante passiva e humilhada, e sofre muito nas mãos dos homens que rodeiam sua vida, seja seu irmão ou o marido com quem ela é obrigada a se casar com seus míseros treze anos de idade, mas, com o passar do tempo, vemos que tanto sofrimento não será em vão. Sei que ela recebe muita ajuda, os ovos de dragão que ela ganha de presente são um exemplo disso, e existem algumas facilitações narrativas que acabam endo convenientes para a situação dela, mas, de longe, ela é minha personagem preferida.
A trama é complexa devido a riqueza de detalhes, aos conflitos políticos, aos jogos de poder e a imensa quantidade de personagens e locais, mas em momento algum senti dificuldade em me situar ou reconhecer qualquer um deles. Inclusive chega a ser meio complicado falar sobre todos os personagens numa resenha sem dar spoilers ou sem tornar o texto gigantesco. A escrita é rica e com vários detalhes, mas de fácil entendimento e bastante fluída, apesar de algumas repetições. Um ponto que acho válido destacar é que não devemos nos apegar a nenhum personagem sequer nesse livro, ou nessa série como um todo. Por mais importante que o personagem possa ser, qualquer um, independente de quem seja, pode morrer a qualquer momento.
Essa edição relançada pela Suma só peca na diagramação, que espremeu o texto a fim do livro ter menos páginas, o que acabou tornando a leitura meio desgastante devido a proximidade entre linhas e parágrafos. Por mais que a história seja incrível, a leitura, nessas condições de diagramação, não deixou de ser cansativa.
No mais, pra quem gosta de alta fantasia, de personagens super bem construídos que vão nos fazer amá-los e odiá-los, de uma história de tirar o fôlego e cheia de reviravoltas, é leitura mais do que recomendada.