IT - Stephen King

10 de janeiro de 2020

Título: IT
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 1104
Nota:★★★★★
Sinopse: Durante as férias de 1958, em uma pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança... e do medo. O mais profundo e tenebroso medo.
Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permaneceu em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry.
O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Neste clássico de Stephen King, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.

Resenha: Derry é uma cidadezinha no Maine e a cada 27 anos a Coisa, uma criatura maligna e sanguinária, aparece. No verão de 1958, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly, as crianças que formam o Clube dos Otários, tentam impedir novos ataques depois de George, o irmão mais novo de Bill, ser morto brutalmente. Quase trinta anos depois, a Coisa retorna, e Mike, que continua em Derry, entra em contato com seus amigos a fim de reuni-los para que impeçam a Coisa de atacar novamente.

Vou ter que ser sincera em dizer que é meio impossível que um calhamaço de mais de mil páginas não tenha detalhes, trechos ou diálogos expositivos e desnecessários que parecem estar ali só pra engrossar o livro, afinal, quem mais além de Stephen King gastaria sei lá quantas páginas só para descrever um barquinho de papel? Mas a história em si, mesmo tendo sido escrita há mais de trinta anos, ainda é atual por abordar temas delicados que são pertinentes até hoje, e se desenrola de uma forma tão envolvente, conhecemos os personagens tão a fundo, que é impossível não ficarmos fascinados com a leitura e com esse universo envolto por puro horror, cenas de revirar o estômago e outros gatilhos bastante pesados.

A narrativa em si, no mínimo, curiosa, pois embora seja feita em terceira pessoa, é um "autor/personagem" quem está contando a história que transita entre a infância e a fase adulta dos personagens. Diferente dos filmes, que foram divididos entre as fases da vida dos personagens, o livro foi dividido em cinco partes, no início dá o contexto da história com a morte de George, se aprofunda na vida dos personagens já adultos e seguindo suas vidas nos anos 80, e depois retorna aos momentos da infância no final dos anos 50, intercalando a narrativa, mostrando flashbacks ou avançando no tempo, e tudo isso sem ser confuso
"O terror, que só terminaria 28 anos depois (se terminasse), começou, até onde sei ou consigo saber, com um barco feito de uma folha de jornal flutuando por uma sarjeta cheia de água da chuva."
- Pág. 13
King, como de costume, não deixa nenhuma vírgula de fora e descreve os mínimos detalhes a fim de não só construir cada personagem da história, assim como a ambientação para que o leitor possa visualizar tudo o que acontece.
A personificação do medo representado pela entidade mais apavorante da literatura (e do cinema) que aparece em forma de palhaço e outras coisas terríveis mais, é tenebroso e causa, no mínimo, alguns pesadelos na gente.

Como são muitos personagens não vou me alongar muito falando sobre cada um pra não deixar a resenha muito extensa, mas posso resumir a amizade deles como algo bastante crível. É construída aos poucos e se torna bonita e verdadeira. O terror acaba sendo responsável por unir e fortalecer o que eles têm juntos. Eles tem virtudes e defeitos como qualquer um, com o diferencial de algum ponto na personalidade que os destaca mais em relação ao outro.

Não me agradou muito a forma como Beverly foi construída pois ela acabou sendo sexualizada demais, mesmo criança, mesmo sendo abusada, mesmo sofrendo nas mãos do próprio pai. A gente fica esperando alguma coisa de feliz na vida dessa coitada, mas em vão. Não sei se isso era algo comum de ser retratado na época, mas achei desnecessário alguns detalhes sobre ela ser linda e chamar atenção de meninos e homens, além de uma cena ridícula em específico envolvendo elae  os garotos no esgoto que deve estar no livro depois de uma viagem nas drogas muito louca do autor, não tem condições.

Embora a Coisa seja uma criatura assustadora, são as cenas e as descrições de violência e abusos que me deixaram mais abismada. Não vou entrar em detalhes a fim de evitar spoilers, mas o que Henry em companhia de seus comparsas faz com os garotos do Clube dos Otários, ou mesmo com animais indefesos, ou o que Beverly passa com o pai (quando criança) e com o namorado (já adulta) é horrível, de embrulhar o estômago, de dar vontade de chorar e sair gritando. A maioria das cenas envolvendo Henry conseguem ser piores do que as da Coisa, e isso talvez mostre que ele é um tipo de antagonista que consegue ser tão perturbado e causar tanta desgraça na vida alheia que é um adversário à altura do sobrenatural de King quando o assunto é horror.

Derry é uma cidade construída de uma forma tão intensa que pode ser considerada um personagem junto com os demais. O comportamento da maioria dos habitantes é tão horroroso e tão carregado de todo tipo de preconceitos que a pior cidade mal assombrada do mundo parece um parquinho perto daquilo.

Sobre a parte impressa, a edição que li possui a jacket do capítulo dois do filme, mas a capa interna permanece a original. Letras miúdas também não poderiam faltar, mas o trabalho de diagramação em si é ótimo.

Enfim, depois de mais de mil páginas é difícil simplesmente não gostar. O livro tem algumas falhas, sim, mas é um livro de terror clássico e deveria ser leitura obrigatória para os fãs do gênero e do autor. Além das cenas terríveis, a história no geral fala de amizade, dos infortúnios da vida e sobre a batalha travada contra os piores medos das pessoas.

Wishlist #82 - Funko Pop - The Witcher

7 de janeiro de 2020

Agora que empolguei com a série e com os livros, nem preciso falar que esses popinhos baseados no game de The Witcher já entraram pra wishlist, né non? Minha única tristeza é que, por serem antigos, a maioria anda custando os olhos da própria cara, a Yennefer quem o diga #cry, então mesmo querendo, já tô desanimada desde já pra começar esse set... Deus que me proteja, me dê sabedoria e me oriente... Amém.


O Último Desejo - Andrzej Sapkowski

6 de janeiro de 2020

Título: O Último Desejo - The Witcher/A Saga do Bruxo Geralt de Rívia #1
Autor: Andrzej Sapkowski
Editora: Martins Fontes
Gênero: Fantasia
Ano: 2011
Páginas: 320
Nota:★★★★★
Sinopse: Geralt de Rívia é um bruxo. Um feiticeiro cheio de astúcia. Um matador impiedoso. Um assassino de sangue-frio treinado, desde a infância, para caçar e eliminar monstros. Seu único objetivo: destruir as criaturas do mal que assolam o mundo. Um mundo fantástico criado por Sapkowski com claras influências da mitologia eslava. Um mundo em que nem todos os que parecem monstros são maus nem todos os que parecem anjos são bons.

Resenha: O Último Desejo é o primeiro livro da saga do bruxo Geralt de Rívia, ou como ficou mais conhecida, The Witcher, escrito pelo autor polonês Andrzej Sapkowski. Os livros tem uma temática medieval e fantástica, e começaram a ser escritos na década de 80 mas são bastante atuais. Fizeram o maior sucesso como game, e agora estouraram de vez com a adaptação da Netflix.

Narrado em terceira pessoa e em forma de seis pequenos contos e sete interlúdios intitulados como "A Voz da Razão", o autor usa de elementos da mitologia eslava, faz referências - bastante sombrias e distorcidas - recontando alguns contos de fadas clássicos e ainda coloca bastante bom humor em meio a situações inusitadas ou perigosas. Mesmo que sejam pra se tratar de algo sério, muitos diálogos e descrições são muito engraçados devido aos termos que são usados e é impossível não rir. Assim, vamos acompanhando a saga do bruxo Geralt de Rívia, que, na companhia de sua égua Plotka, viaja por várias cidades procurando algum trabalho que envolva dar cabo em monstros apavorantes em troca de algumas moedas como recompensa para seu sustento. Os contos parecem ser relatos sobre o passado do bruxo, e cada aventura, embora se complemente afim de moldar esse universo fantástico, é independente da outra.

Geralt passou um treinamento extensivo enquanto ainda era criança, além de uma mutação que o transformou em bruxo, por isso ele tem características típicas dessa "raça". Olhos amarelos que enxergam no escuro, cabelos brancos, corpo musculoso, mais agilidade, resistência a venenos e doenças e exímias habilidades de combate. De batalhas travadas com estirpes, vampiros, quiquimoras e até uma caçada ao diabo, Geralt não é herói e nem vilão, ele tenta ser justo, agindo de acordo com o código dos bruxos, mas seguindo seus princípios do que é certo e errado, mesmo que isso lhe renda ser chamado de vagabundo e um total de zero recompensas. Logo, não espere que ele mate um monstro quando o mesmo é uma vítima injustiçada ou incompreendida. Como ele também sofre preconceito por ser bruxo, ele procura entender os dois lados da moeda.
Embora ele pareça ser um "fodão" por ser um bruxo, ele tem algumas falhas que demonstram que ainda existe alguma humanidade por alí. Ele bate mas também apanha, se preocupa com o bem estar dos outros, xinga, debocha e é "gente como a gente".

Mesmo que de forma mais resumida, afinal, são contos, o autor consegue estabelecer o funcionamento da sociedade, da política e até da religião, mostrando que a maioria dos humanos tem preconceito com outras raças e criaturas, nos dando um vislumbre de algo bem maior do que pode ter acontecido no passado mas que ainda não foi totalmente aprofundado, talvez devido a história estar sendo apresentada em contos como forma de introdução, assim o leitor pode se familiarizar com os personagens e com o cenário.

Embora o autor não tenha costume de fazer apresentações prévias antes de mencionar um personagem secundário para sabermos quem é, de onde veio ou o que faz, no desenrolar do conto ele apresenta características ou comentários que nos situam para que possamos saber, pelo menos, o mínimo. Assim, conhecemos Jarkier, o bardo, que se torna companheiro de viagem de Geralt e é um alívio cômico com seu jeito sem noção e desbocado; a arquissacerdotisa Nenneke com suas orientações "infalíveis"; a rainha Calanthe que é tão corajosa quanto protetora; e até a feiticeira Yennefer, que parece ter uma história bem complexa mas que só foi apresentada como uma mulher poderosa, destemida e que vai mexer com os sentimentos que Geralt acreditava não ter. Já virei fã dessa mulher.

Ao que tudo indica, somente os dois primeiros livros da série são narrados em forma de contos, e os demais seguem a cronologia dos acontecimentos. Nem preciso dizer que já estou aqui, ansiosa pra continuar acompanhando essa jornada incrível desse bruxão que já me conquistou.
Pra quem se interessou pela série e quer saber das origens da história, gosta de fantasias medievais maravilhosamente bem escritas, fluídas, empolgantes e tão bem humoradas quanto reflexivas, é livro muito recomendado.

O Golpe - Christopher Reich

4 de janeiro de 2020

Título: O Golpe - Simon Riske Series #1
Autor: Christopher Reich
Editora: Arqueiro
Gênero: Policial/Suspense
Ano: 2019
Páginas: 384
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Simon Riske é um espião industrial freelance que, apesar da profissão, consegue ter uma vida relativamente tranquila evitando trabalhos arriscados e sujos e fazendo bicos para bancos, companhias de seguros e o serviço secreto britânico.
Até que o gângster Tino Coluzzi leva a cabo o assalto mais audacioso da história de Paris: o roubo de milhões, em dinheiro vivo, de um príncipe saudita – além de uma carta secreta tão explosiva que pode derrubar governos, redefinir alianças e alterar o equilíbrio de poder no mundo ocidental.
Riske é então contratado pelo governo americano para recuperar o documento, e para isso terá que acertar as contas com um antigo aliado.
No passado, ele e Coluzzi trabalharam juntos, mas a relação criminosa terminou com Riske na prisão. Agora, anos depois, os dois se enfrentam, seguidos de perto por um perigoso policial parisiense, por uma femme fatale russa e o chefe desequilibrado dela – e talvez até pela CIA.

Resenha:  Simon Riske teve um passado conturbado e agora tenta levar uma vida mais sossegada trabalhando em sua oficina, mas, na verdade, ele é um espião industrial com habilidades incríveis e ainda é muito requisitado por bancos, seguradoras e pelo serviço secreto britânico. Como são serviços que pagam bem, ele ainda aceita alguns desses trabalhos, mas dentro das suas próprias regras a fim de evitar maiores riscos. Porém, quando um criminoso se envolve num assalto milionário a um príncipe saudita, Simon é contratado para recuperar uma carta roubada que é importante o suficiente para mudar o cenário político do mundo inteiro e instaurar o caos absoluto se a bendita parar nas mãos erradas...

Esse é aquele tipo de livro que é impossível dar muitos detalhes sem estragar a surpresa, então vou tentar ser o mais sucinta possível pra não dar spoilers mas expressar minha experiência que foi bem positiva. Narrado em terceira pessoa, o enredo em si parece um filme de ação estrelado pelo próprio Jason Statham. Embora tenha alguns floreios e descrições em excesso, a escrita é fluída e empolgante devido ao ritmo frenético de acontecimentos imprevisíveis (?) pelo mundo do crime de Paris, e o autor nos conduz por um caminho, nos leva a acreditar em uma motivação específica, e apresenta reviravoltas mirabolantes depois. Se pensávamos que ia acontecer uma coisa baseado nas informações x e y, pensamos errado. A combinação em excesso de elementos como espionagem, o protagonista genial e super habilidoso, ladrões a solta, a máfia perigosa, traições e amarguras do passado, conspirações e intrigas políticas, perseguições loucas, um psicopata doentio, vingança, uma mulher gostosona (não podia faltar a femme fatale nessa confusão) e entre otras cositas más, torna a trama um tanto exagerada, com enredos simultâneos (se é que isso existe) para render mais sequências para a série.

Eu confesso que nada soa real nessa trama e ela praticamente beira a fantasia, mas tenho que admitir que a escrita do autor é muito boa e ele descreve cenas de ação como poucos. Os personagens, apesar de serem bem estereotipados dentro do gênero (ladrão, espião, mafioso, policial, etc), são bem construídos, principalmente no que diz respeito a personalidade e voz, os vilões tem motivos convincentes para seus propósitos absurdos e no final das contas, O Golpe é um livro que empolga e nos mantém bem entretidos por algumas horas. Pra quem curte suspenses recheados de ação a perder de vista, é leitura que, além de indicada, renderia uma ótima adaptação nas telinhas para os fãs do gênero.

Frank e o Amor - David Yoon

3 de janeiro de 2020

Título: Frank e o Amor
Autor: David Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto
Ano: 2019
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Frank está descobrindo o amor ― e você está prestes a se apaixonar por este livro.
Frank nunca conseguiu conciliar as expectativas de sua família tradicional coreana com sua vida de adolescente na Califórnia. E tudo se complica quando ele começa a sair com a garota de seus sonhos, Brit Means, que é engraçada, inteligente, linda… Basicamente a nora perfeita para seus pais ― caso tivesse origem coreana também.
Para poder continuar saindo com quem quiser, Frank começa um namoro de mentira com Joy Song, filha de um casal de amigos da família, que está passando pelo mesmo problema. Parece o plano perfeito, mas logo Frank vai perceber que talvez não entenda o amor ― e a si mesmo ― tão bem assim.


Resenha:  Frank é um garoto que nasceu na Califórnia, mas seus pais são coreanos e seguem a tradição e a cultura do país de origem deles à risca. Embora eles já vivam nos EUA há anos, eles não parecem estar dispostos a se adaptarem à cultura americana e vivem numa "bolha coreana". Eles são radicais a ponto de Frank nem poder levar seu melhor amigo em casa porque ele é negro, ou um relacionamento só ser aceitável desde que seja com outro coreano, e o maior exemplo disso é a irmã mais velha de Frank, Hanna, que foi expulsa de casa e obrigada a se afastar da família por ter se envolvido com um rapaz que não é coreano. Mas Frank, apesar de querer estar junto com sua família, sonha em poder ser ele mesmo e fazer suas próprias escolhas, e quando ele começa a sair com Brit, sua colega de escola super gente boa, ele vai precisar de um plano já que ela é americana... Então ele se junta a sua, Joy Song, que é coreana e está passando pela mesma situação que ele. Eles vão forjar um namoro para enganar seus pais e poderem sair com seus verdadeiros namorados as escondidas e, a princípio, tudo dá certo, até Frank perceber que ele não entende nada de amor.

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Frank e seu dilema de não ir contra seus pais numa tentativa de mostrar pra eles um rapaz que ele não é, e nem gostaria de ser, ao mesmo tempo que ele passa a se conhecer melhor quando está na companhia de Brit e Joy.

Pra quem acompanhou a série Gilmore Girls, essa história vai soar muito familiar quando pensarmos na personagem Lane (interpretada pela atriz Keiko Agena) e na mãe dela, a Sra. Kim (Emily Kuroda), porém, o livro Frank e o Amor tem alguns pontos mais profundos e agravantes, mas muito necessários para levantar questionamentos e discussões que causem reflexão sobre cultura, família, amor, preconceito e racismo.

Não vou negar que por mais interessante que o livro seja, ele não está livre de alguns clichês românticos e adolescentes de livros do gênero. Talvez o que tenha me agradado mais foi a dinâmica familiar, que é insuportável e é a causa das reflexões que tive. Não consigo me imaginar com pais tão preconceituosos e de mente tão fechada que nem os de Frank, e o autor mostra de uma forma muito crua o que eles pensam sobre quem é "diferente", e chega a ser tão triste quanto horrível.
Nesse relacionamento familiar também vi a dificuldade do próprio Frank em demonstrar seus sentimentos e expor o que ele pensa por medo de ir contra a família. Não acho que os pais tem que ser melhores amigos dos filhos, mas se não existe confiança e abertura para um simples diálogo para que possam chegar a um consenso sobre algum assunto que pode envolver o futuro do menino, pra que ele possa receber orientações ou coisa do tipo e parece estar ali só pra obedecer e nada mais, não se pode esperar que os filhos não se revoltem e saiam por aí fazendo o que não deve. Se não quisessem expor os filhos a outra cultura e a outros modos de vida por não aceitarem aquilo, que tivessem ficado no país deles em vez de irem viver o "sonho americano" enquanto causam pesadelos na vida dos filhos com uma tradição que nos EUA (e em vários lugares do mundo) é ultrapassada. A sensação que fica é que ele não ganhou amor dos pais o suficiente, somente imposições absurdas, então esse é um dos motivos de ele também não saber muito bem o que ele está sentindo.

Alguns trechos de conversas entre os pais de Frank e os pais de Joy são em coreano, e sem uma nota de rodapé com a tradução daquele monte de símbolos que o próprio Frank tem dificuldades em entender, não faço a menor ideia do que estava sendo dito e ficamos tão perdidos quanto o menino. Por um lado é legal mostrar o idioma deles, mas me senti assistindo um filme legendado, daqueles que quando o personagem não fala inglês, não tem legenda e a gente só imagina que boa coisa aquilo não deve ser.

Por ser livro de estreia do autor, achei a escrita fluída e com toques de bom humor na medida certa. O tema escolhido também é muito pertinente na nossa realidade pelo fato de criticar explicitamente o racismo na sociedade, enquanto aborda a diversidade e a cultura entre países tão diferentes.

Pra quem gosta de romances juvenis, com seus vários dilemas e descobertas sobre quem somos nesse mundão, e ainda aprendermos um pouco mais sobre uma cultura diferente e sobre os males do preconceito, é leitura super recomendada.

Top 10 #8 - Melhores Leituras de 2019

2 de janeiro de 2020


Ok, ok, ok. Sei que esse post devia ter saído antes de 2019 acabar, mas, com o desespero que andava minha vida, não consegui fazer um apanhado geral pra poder montar esse bendito a tempo. Mas antes tarde do que nunca. Quem nunca?
Juntei minhas melhores leituras com as da Marina pra criamos essa lista linda, e já adianto que a ordem dela não significa que um livro é melhor que outro (então não vamos numerar nada, só vamos listar os 10 na ordem que as resenhas foram saindo e pronto), afinal, cada um tem a própria experiência com a leitura, e a forma de absorver a história é diferente pra cada um, mas no final das contas, gostamos muito, foram nossas melhores leituras do ano que passou, e indicamos pra todo mundo ler e reler.