Sem Ar - Jennifer Niven

10 de setembro de 2021

Título:
Sem Ar
Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 392
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Passar o verão numa ilha remota não era o plano de Claudine Henry. Ela deveria estar viajando de carro com sua melhor amiga, aproveitando cada minuto antes de ir para a faculdade. Mas depois que seus pais anunciam o divórcio, o mundo dela vira de cabeça para baixo ― e Claude vai parar nesse destino improvável, acompanhando a mãe que tenta se reconstruir depois da separação. Ali, a garota não tem internet, sinal de celular ou amigos. Até que conhece Jeremiah. Com o espírito livre e um passado misterioso, a química entre os dois é imediata e irresistível. Enquanto vivem aventuras pelas praias, dunas e florestas, Claude e Miah tentam não se apaixonar ― afinal, esse relacionamento tem os dias contados. Mas talvez viver esse romance seja exatamente o que Claude precisa para começar a escrever sua própria história feliz...

Resenha: Claudine, ou Claude, é uma adolescente de dezoito anos que vive em Ohio e está terminando o ensino médio. Sua mãe é escritora e é a pessoa mais legal e compreensiva do mundo, seu pai trabalha numa faculdade e adora usar camisas de bandas dos anos 90. Ela também tem uma melhor amiga, Saz, com quem planeja fazer uma viagem fantástica logo depois da formatura, e que sempre está ali para o que der e vier. Claude, como a maioria dos adolescentes, está com os hormônios a flor da pele, e não para de pensar em como e quando será sua primeira vez, e mesmo que ela esteja se guardando pra outro cara, ter um rolo com Shane, um menino que estuda na mesma escola que ela, proporciona a ela algumas experiências preliminares que não só colocam o sujeito em banho-maria, como a deixa mais desesperada por sexo ainda.
Mas, quando seus pais anunciam que estão se divorciando, tudo na vida de Claude muda. Sua viagem com Saz já era, e agora ela precisa acompanhar a mãe, que está arrasada e que só quer ocupar seu tempo, passando algumas semanas numa ilha remota e cheia de histórias, onde seus antepassados viveram. Sem internet e sem sinal no celular, Claude fica sem rumo, até conhecer Jeremiah, um garoto diferente de todos aqueles que ela já conheceu. O interesse é recíproco, a química é inegável, e talvez um relacionamento com prazo de validade seja o que ela precisa pra dar uma guinada na vida...

A narrativa é feita em primeira pessoa e a escrita da autora é bem fluída. As descrições do cenário são ricas e lindíssimas, sendo possível que o leitor sinta a magia da ilha, a brisa do mar, os pés se enterrando na areia ou na lama do pântano, visualize a desova das tartarugas marinhas, se encante pelos vaga-lumes, enfim, é tudo bonito demais.
A autora usa várias metáforas e frases de efeito que funcionam na maioria das situações, muita coisa que aparece nos diálogos de Claude e seus amigos acabam servindo como um tipo de lição de moral, ou pra causar uma reflexão sobre tabus da sociedade que dizem respeito ao machismo, patriarcado, virgindade, sexualidade e afins. No começo não achei muito legal porque é estranho uma personagem tão infantil "militando" por aí, mas a medida que ela vai se reconstruindo, as coisas vão se encaixando melhor.
"A virgindade é uma construção social idiota criada pelo patriarcado"
A história demora um pouco pra engatar e acho que a construção inicial da protagonista seja a maior responsável por isso. Claude é uma adolescente que tem suas questões adolescentes, principalmente a curiosidade por sexo e pela primeira vez por causa dos hormônios incontroláveis, mas o jeito como ela pensa em sexo e virgindade 24hrs por dia, ou a forma como ficava atiçando seu ficante, chega a ser muito cansativo, num ponto que, pra mim, foi até desconfortável, principalmente porque ela se comporta como uma criança, e em alguns momentos eu me esquecia que ela já era maior de idade e pensava o quão preocupante é uma "criança" pensando em sexo daquele jeito. Talvez seja exatamente assim que alguns adolescentes se sintam até que a vida se encarregue de ensinar as coisas, e acho que a intenção da autora tenha sido mostrar essa imaturidade e o quanto isso é irritante e digno de pena, até Claude perceber, de uma forma bem lenta, que o mundo não gira ao redor do seu próprio umbigo. Ainda assim, não deixa de ser um pouco cansativo acompanhar tanta chatice vinda de uma personagem só por uma quantidade considerável de páginas, e eu não via a hora disso acabar. E agradeço por ter acabado.
"Porque depois de sofrer uma perda, você se torna um fantasma no próprio corpo. Você se vê fazendo e dizendo coisas que não faria ou diria normalmente. Você precisa de algo que mantenha seus pés no chão e que prove que você ainda está aqui. Precisa de um jeito de sentir alguma coisa. Qualquer coisa."
O que importa é que enquanto o tempo passa, as experiências que ela tem na ilha vão moldando sua percepção de mundo. Ela começa a descobrir coisas bem interessantes sobre a ilha, sobre a história de seus ancestrais junto com sua mãe (que está lá reunindo vários documentos familiares), sobre o relacionamento de seus pais, e, claro, sobre si mesma. Jeremiah é uma parte muito importante nessa jornada de Claude, pois, por mais desapegado e cheio de segredos que ele seja, a medida que eles se envolvem com mais intensidade, ela começa não só a desvendá-lo gradualmente, mas também começa a enxergar e a entender coisas que antes estavam muito além de sua compreensão limitada. Então, a partir do momento que esse amadurecimento começa a acontecer e as coisas começam a rolar de uma forma mais natural e real, a história vai ficando muito mais interessante, envolvente e emocionante, até mesmo no que diz respeito às questões sexuais de Claude e as expectativas dela com relação a primeira vez, que nem sempre acontece da forma linda e maravilhosa como a gente acha que vai ser. E isso me fez considerar que vale muito a pena passar pelo suplício que é o início da leitura pra ser recompensada depois, e por mais que o desfecho não seja totalmente fechado e tenha me feito ficar triste com a forma como tudo aconteceu e acabou, ainda foi muito satisfatório pra mim porque entendi que não tinha outra forma de ser.
"A vida é um acúmulo de dores. Elas nos preenchem e nos tiram o ar e achamos que nunca mais vamos conseguir respirar. Mas antes de nos darmos conta, somos apenas palavras em um papel, silenciados e adormecidos até que alguém encontre essas palavras e as leia."
Ao final da leitura, a autora escreve seus agradecimentos, e podemos entender o motivo desse livro ser o mais pessoal que ela já escreveu. Ela se baseou nas próprias experiências pra escrever a história de Claude e Miah, e fala disso de uma forma tão íntima e bonita que é impossível não se emocionar. Eu mesma fiquei com os olhos cheios de lágrimas.

Sem Ar é um livro que nos mostra que nem sempre as coisas estão sob nosso controle e que nem sempre conhecemos as pessoas próximas de nós como pensamos conhecer, mas a medida que amadurecemos e vamos tendo novas experiências, principalmente aquelas que parecem tirar nosso chão fazendo tudo desmoronar, somos capazes de nos conectarmos com nosso eu interior, e controlar a maneira como lidamos com situações difíceis e delicadas para seguir com a vida. Claro que temos que pensar no futuro, traçar planos, ter sonhos e objetivos na vida, mas também temos que viver e aproveitar o presente, como se não houvesse amanhã. Ás vezes tudo começa quando a gente pensa que tudo acabou...

Venha o que vier - Rainbow Rowell

6 de setembro de 2021

Título:
 Venha o que vier (Any Way the Wind Blows) - Simon Snow #3
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2021
Páginas: 560
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Em Sempre em frente, Simon Snow e seus amigos perceberam que tudo o que sabiam sobre o mundo podia estar errado. E em O filho rebelde, eles se perguntaram se o que estava errado era o que sabiam sobre si mesmos.
Em Venha o que vier, Simon, Baz, Penelope e Agatha procuram um jeito de seguir em frente.
Para Simon, isso significa decidir se ainda quer fazer parte do Mundo dos Magos ― e, se não quiser, o que isso representa para seu relacionamento com Baz?
Enquanto isso, Baz está dividido entre duas crises familiares e sem tempo algum para compartilhar com alguém seus novos conhecimentos sobre vampiros. Penelope adoraria ajudar, mas trouxe um americano normal para Londres e não tem ideia do que fazer com ele. E Agatha? Bom, Agatha Wellbelove já está farta de aventuras.
Venha o que vier leva os quatro amigos de volta à Inglaterra e à Watford e às suas famílias. Cada um a seu modo, todos estão prestes a viver a aventura mais longa e emocionalmente dolorosa de todos os tempos.
A conclusão dessa saga, que começou como uma história sobre o Escolhido, chega revelando segredos, dando as respostas que faltavam e resolvendo todos os mistérios. Venha o que vier é um livro sobre colocar um ponto-final nos lugares certos, sobre catarse e conclusão, sobre escolher seguir em frente apesar dos traumas e dos triunfos que tentam nos definir.

Resenha: Não sei se daqui uns anos Rainbow Rowell vai inventar de escrever mais um volume pra incrementar essa, até então, trilogia, mas enquanto isso, bora considerar que este é o fim.

Recapitulando: A trilogia é uma fantasia YA e LGBTQI+ que traz um universo mágico a lá Harry Potter onde Simon Snow e Basilton Pitch (ou Baz) são inimigos declarados que, em meio a uma guerra iminente contra um poderoso vilão terrível, descobrem ser almas gêmeas.
No segundo volume, algumas maluquices acontecem e, depois de derrotar o mal e ganhar uns "adereços" com isso, Simon se afunda na própria tristeza, e nada que alguém faça ajuda a criatura a sair da fossa, mesmo que eles embarquem numa viagem cheia de aventuras com direito a perseguição de vampiros e outros perigos mais.
Nesse terceiro volume, onde eles estão de volta a Londres, o leitor é levado a acompanhar os personagens em suas trajetórias "particulares", onde Simon e Baz vão investigar o desaparecimento de um feiticeiro importante; Penelope e Shepard partem numa tentativa de quebrar uma maldição; e Agatha e Niahm vão salvar cabras encantadas.
E em meio a essas "missões", juntos, eles vão adquirir experiências, lidar com os próprios conflitos e descobrir mais sobre si mesmos.

A narrativa segue o padrão dos livros anteriores, em primeira pessoa, com capítulos curtos que se alternam entre os personagens, e é uma leitura bastante fluída pra suas quase 600 páginas. Mas, ao finalizar a leitura de Venha o que Vier, fiquei com aquela sensação de vazio e tempo perdido, porque não foi nada daquilo que esperei. Não digo que a leitura e a história foram ruins, mas a quantidade de informação irrelevante e desnecessária que encontrei aqui, e a quantidade de coisas que ficaram sem resposta, e ainda as outras que foram resolvidas em dois minutos, me fizeram acreditar que essa trilogia não precisava se estender desse jeito, e que a história poderia ter ficado só no primeiro livro, mesmo.

Talvez um dos maiores problemas foi a ideia do universo mágico, de Watford, que não teve desenvolvimento nenhum. Acho que o "cenário" dentro desse contexto importa, e se for apresentado ao leitor pra depois ser ignorado como se não tivesse importância nenhuma, deixa uma cratera na trama e aquela sensação de "tá, mas e aí??". É como se a autora tivesse se esquecido que começou um assunto e nunca mais finalizou aquilo ali. Os personagens não se importam com Watford, a própria comunidade mágica não liga pro lugar onde eles aprenderam tudo, e esse descaso com uma parte que, ao meu ver, deveria ser importante para a história, acaba não despertando o interesse do leitor também, só levanta alguns pontos de interrogação e faz a gente se questionar por que foi criada/mencionada se não seria trabalhada com o mínimo de profundidade. E o lance com os pais de Simon, que fiquei esperando uma conclusão mas só fiquei com a cara na poeira?

Não sei se posso dizer que questões que vieram sendo trazidas desde o primeiro volume foram totalmente resolvidas, porque algumas pontas continuaram soltas, e no final eu fiquei só o meme da Nazaré, mas posso afirmar com todas as letras que o toque de bom humor que a autora insere nas cenas e nos diálogos, principalmente os de Penelope e Shepard, e do próprio Baz com seu jeitão único, é algo que realmente instiga a gente a continuar a leitura, porque, embora aconteçam algumas coisas que nos deixe morrendo de ódio ou revirando os olhos pra sempre, a gente sabe que vai acabar rindo de alguma coisa e achando tudo muito fofo.

Esse terceiro volume deixou um monte de brechas pra se concentrar quase que exclusivamente nos relacionamentos dos personagens e resolver as questões entre Simon e Baz no que diz respeito aos seus problemas sérios de comunicação por causa da imaturidade e depressão de Simon, e mesmo que seus desfechos (apesar de corridos demais) tenham sido satisfatórios, mesmo que Simon finalmente tenha conseguido enfrentar e discutir os problemas em vez de sair correndo deles, faltou aquele algo mais. Uma coisa que não posso deixar de comentar é que além da autora levar muita coisa pro lado sexual entre o relacionamento dos protagonistas, parece que os finais felizes daqui obrigatoriamente precisam envolver hormônios e beijos apaixonados entre casais já existentes e/ou recém formados.

Um novo vilão que não se parece em nada com um vilão, a ideia de haver um novo escolhido só pro livro ganhar mais páginas, e a pobre da Agatha que não teve praticamente nada a acrescentar a não ser criar algumas pontes entre um problema e outro em volumes anteriores e agora revelando uma coisa que já era óbvia, acabaram me deixando um pouco desanimada. É meio brochante ler um livro cheio de capítulos que não fazem diferença pro enredo, ou com personagens que vem trazendo os mesmos problemas que vem se arrastando desde o primeiro livro. Talvez o que tenha me feito ficar realmente empolgada foram os capítulos de Penelope e Shepard, pois o plot deles é super legal, e é uma pena que não ganharam espaço o bastante.

Enfim, não vou dizer que fiquei super satisfeita com esse desfecho porque realmente algumas coisas deixaram a desejar. Continuo achando que se tudo tivesse ficado no primeiro livro seria muito melhor, mas já que chegamos até aqui, posso dizer que é, sim, uma leitura válida que estende nosso contato com personagens peculiares e muito queridos.

Resumo do Mês - Agosto

1 de setembro de 2021



E esse mês que parece ter durado 5 minutos? Pisquei e acabou. O que foi isso? #chocada
Como mês passado não fiz resumo, não contei que fui vacinada, e acho que nunca fiquei tão feliz e satisfeita em ter tomado uma agulhada na vida. É engraçado (ou trágico?) como as coisas chegaram num ponto em que tomar uma vacina se transformou num verdadeiro evento. O povo filma, tira foto, comemora, usa fantasia, protesta...
Enfim... Continuo na sofrência com as coisas de casa e ultimamente ando meio desanimada, cansada, desacreditada com tudo, mas talvez seja só uma fase ruim. Nunca pensei que ia viver pra passar por uma pandemia e uma crise dessas, e pelo visto não vai ser nessa vida que vou ver o Brasilsão sair desse buraco.

Mas o que eu queria falar é que até que enfim comecei a liberar as resenhas aqui no blog depois de um tempo que pareceu um século. Foi pouca coisa? Foi, mas melhor esse pouco do que nada.

Sigo capengando, com dor nas costas, meio desvairada e cheia de cabelo branco, mas vamo que vamo.

Espiem:

Caixa de Correio #114 - Agosto

31 de agosto de 2021

Alguém já viu um mês de Agosto passar tão rápido assim? Gente do céu, eu tô bege. Sinto que o dia tem 10hrs a menos do que devia, porque quando pisco já passou. Socorro.
Esse mês a caixinha tá razoável, teve livros e decks novos de tarô, só não teve pop porque os que comprei (de Harry Potter, pra variar) foram anunciados recentemente, então vão demorar uns 3 meses ainda pra chegar porque comprei na pré venda. Depois que deixei de comprar a Molly com A Toca na pré-venda, fiquei traumatizada e me arrependi amargamente. Agora o preço tá tão exorbitante que só vai dar pra comprar se eu ganhar da mega sena ou herdar uma fortuna de algum parente rico e desconhecido. Gente, mais de 2mil reais num pop que lançou nem tem tanto tempo assim, nessa crise que estamos, o povo vendendo almoço pra comprar a janta, é impossível. Sem condições... Quem sabe quando o dólar baixar (é, eu sei, mas pelo menos sonhar é de graça)... #iludida

Enfim... Espiem a caixinha desse mês:

4 Homens em 44 Capítulos - BB Easton

26 de agosto de 2021

Título:
4 Homens em 44 Capítulos
Autora: BB Easton
Editora: Paralela
Gênero: Romance
Ano: 2021
Páginas: 324
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Depois de anos tentando apimentar minha vida sexual, resolvi me contentar com um diário sobre aventuras do passado. Talvez meu marido, um nerd lindo e frio, só não fosse capaz de sentir a paixão que eu esperava, já que era totalmente diferente dos meus ex-namorados supertatuados e tarados. Bom, se eu não podia ter o amor que desejava na vida real, pelo menos podia escrever sobre ele no diário. Seria meu segredinho.
Mas adivinha? Meu marido leu tudo. E sabe o que mais? Depois disso, ele foi tomado pela paixão, se é que você me entende.
A partir daí, resolvi seguir o conselho da minha melhor amiga e usar o diário para manipular o comportamento dele. Eu só queria convencê-lo a: me dar um apelido fofo; me elogiar mais; fazer sexo selvagem e apaixonado; e fazer uma tatuagem completamente amadora do meu nome e/ou rosto em uma parte do corpo bem visível!
Não é pedir demais, é? O que poderia dar errado?

Resenha: 4 Homens em 44 Capítulos, escrito por BB Easton, é um tipo de autobiografia (segundo a própria autora) onde ela relata as experiências sexuais - reais e inventadas - que teve com antigos namorados super cheios de fogo, num diário pra dar jeito no marido. Ken, o dito cujo, embora seja um cara de boas, é um zumbi desprovido de caliência (ou como ela prefere definir: maribô) que não faz nada pra tirar o relacionamento da rotina e mal conversam. E a vida sexual, aquela cheia de loucuras que ela viveu no passado e sente tanta falta que só falta morrer? Que se dane. Já casaram e tiveram filhos, conquistaram o que queriam, logo não existe mais nada que precise ser feito. E a confusão realmente começa quando Ken acha o diário sem querer, começa a ler e fica abismado com o que Brooke, ou BB, andava escrevendo. Ela se desespera acreditando que ele pediria o divórcio depois de ler tantas indecências, mas se surpreende quando ele tenta agradá-la fazendo algumas coisas que ela gostaria e descreveu no tal diário.
Então, nada melhor do que um plano que envolve continuar escrevendo - e inventando - mais um monte de experiências cabeludas e tiradas do além no famigerado diário esperando que Ken continue lendo e mudando o comportamento pra satisfazê-la e agradá-la do jeitinho que ela quer, esquentando as coisas entre quatro paredes e dando um up nesse casamento murcho.

Antes de mais nada, acho que todo mundo já deve saber que o livro inspirou a série Sex/Life, na Netflix. Confesso que tentei assistir, mas numa casa cheia de crianças que não me dão folga e não saem do meu pé nem quando vou no bendito banheiro, fica difícil. Logo, achei que ler o livro seria uma ideia melhor por não ter perigo de algum deles aparecer no meio da noite, do nada, e de repente se deparar com alguma cena imprópria envolvendo caras e bocas, gemidões, e protuberâncias corporais.

Outra coisa é que só depois que terminei esse livro é fui saber que a autora escreveu 4 spin-offs (que não foram publicadas no Brasil), um pra cada homem com quem ela teve esses relacionamentos, Skin, Speed, Star e Suit, mas acho que como minha experiência não foi tão positiva quanto eu gostaria, é bem capaz que eu passe essas leituras se um dia forem lançadas por aqui.

É um livro epistolar muito fluído, que intercala os relatos verdadeiros, as iscas os relatos falsos no diário secreto, e vários emails trocados com a melhor amiga que deu total apoio ao plano contra o marido. Os capítulos são super curtos, narrados em primeira pessoa, e é aquele tipo de leitura que a gente finaliza em poucas horas.
Acho que a ideia da autora era escrever de um jeito super hilário e descolado, com combinações de palavras que formam outras palavras divertidas, relatos e descrições das suas experiências sexuais mirabolantes que fariam a gente sair rolando pelo chão de tanto rir, ou quem sabe ficar com tanto fogo quanto ela, mas não foi o caso... Achei tudo muito forçado, muito sem graça, um exagero danado, preguiça, olhos revirando...

Brooke teve pais hippies que não deram muita atenção ou limites pra filha por estarem mais interessados em curtir um barato. Assim, desde adolescente, ela sempre teve liberdade pra curtir a juventude do jeito mais louco possível, incluindo se envolver com caras esquisitões, desde o que quebrava a cara dos outros porque sim, ou outro que vivia drogado, e o resto que ia cada vez mais ladeira abaixo. E foi com um tipo de cara desses que ela iniciou a vida sexual, com 15 anos. Mesmo sabendo que o primeiro cara era um skin head delinquente e perigoso, BB se deixou levar pela ideia de que ela era a única pessoa importante pra ele, ou melhor, pela experiência e pelo prazer imensurável que ele lhe proporcionava na cama. E sempre que ela conseguia sair fora de um "namoro" com um embuste desses com muito custo, ela arrumava outro que, com o tempo, se mostrava pior, mais abusivo, com mais e mais problemas na bagagem, mas sempre muito bom de cama. Até que, cansada de só se envolver com psicopatas, ela resolveu dar uma chance a Ken, o nerd que não tinha nada a ver com esses malucos e que ela jamais olharia se não fosse a vontade de sair fora desse padrão. O problema é que, mesmo sendo um marido razoável, Ken é frio e desinteressado, e estava a anos luz de distância de ter a mesma pegada dos outros... Não se pode ter tudo nessa vida, não é mesmo, BB?

Sabem aquele ditado que diz "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço"? Pois é, se encaixa bem aqui. Brooke é psicóloga, mas não entra na minha cabeça como pode a mulher não se dar ao trabalho de simplesmente considerar que sentar pra conversar com o marido pra tentar resolver os problemas do casamento poderia ser melhor e mais eficaz do que aplicar psicologia reversa (e barata) no sujeito descerebrado com intenção de manipulá-lo. Ou quem sabe pedir o divórcio logo de vez, já que o casamento já tinha fracassado a eras e a química sempre foi inexistente. A impressão é que ela se casou procurando uma coisa, não encontrou e foi empurrando com a barriga até ter essa ideia mirabolante pra manipular Ken. Posso estar errada, e longe de mim querer militar por aí sobre o assunto, mas acho que "romantizar" ou tentar tornar engraçado relacionamentos tóxicos e abusivos com maníacos depravados com a única qualidade de serem bons de cama, como se isso fosse a maior aventura ever, não é normal ou legal, ainda mais pra chamar atenção do marido, e a leitura acabou me incomodando muito mais do que me divertindo. O bom senso mandou um oi.

Talvez outras leitoras não vejam os problemas que eu vi, ou talvez sejam capazes de enxergar o lado positivo e acharem o livro super divertido e engraçado. Talvez tenha sido coisa de momento e eu, sem muita paciência, não esteja nessa mesma vibe, mas, infelizmente, não funcionou pra mim.

Acorda pra Vida, Chloe Brown - Talia Hibbert

25 de agosto de 2021

Título:
Acorda pra Vida, Chloe Brown - As Irmãs Brown #1
Autora: Talia Hibbert
Editora: Paralela
Gênero: Romance
Ano: 2021
Páginas: 296
Nota:★★★☆☆
Compre: Amazon
Sinopse: Depois de quase ser atingida por um carro em alta velocidade, Chloe Brown se deu conta de que seu obituário seria um tanto entediante. Para reverter essa situação, ela decide montar uma lista de atividades necessárias para finalmente “acordar para a vida”. Mudar assim não é nada fácil, mas, para sua sorte, Chloe encontra alguém que ― mesmo a contragosto ― pode ajudá-la nessa missão. Seu vizinho Red Morgan é um motoqueiro misterioso, que tem várias tatuagens e mais sex appeal que uma estrela de Hollywood.
No entanto, um acordo leva Chloe e Red a se aproximarem e perceberem que suas primeiras impressões um do outro estavam erradas. E que, mesmo com traumas do passado e receios quanto ao futuro, o amor nunca perde a chance de surpreender. 

Resenha: Acorda pra Vida, Chloe Brown, escrito por Talia Hibbert, é o primeiro (e até agora único) volume publicado no Brasil da série As Irmãs Brown. Cada livro vai contar a história de uma das irmãs da família Brown (o que me lembrou demais os livros de Marian Keys e a impagável família Walsh). São eles:
- Acorda pra Vida, Chloe Brown (Get a Life, Chloe Brown)
- Se Liga, Dani Brown (Take a Hint, Dani Brown)
Act Your Age, Eve Brown

Chloe é uma webdesigner de 30 anos que foi diagnosticada com fibromalgia (uma doença que afeta a musculatura e causa dores constantes, distúrbios e outros incômodos) e isso, além de torná-la o mau humor em pessoa, limitou bastante sua vida. A partir daí, Chloe passou a ficar obcecada por controlar e planejar cada passo que dá. Mas, quando ela "quase" sofre um acidente e tem uma experiência de "quase-morte", Chloe percebe que, por viver uma vida tão regrada e milimetricamente planejada, não teve aventuras inesperadas, não teve momentos intensos e inesquecíveis e sua vida é uma monotonia só. Ela sempre se manteve numa zona de conforto e segurança, deixou de ter muitas experiências diferentes, e quando viu sua vida passar como um filme depois do "quase acidente", ela viu o quanto sem graça era tudo aquilo. Sendo assim, ela resolve acordar pra vida, criando uma lista de coisas que precisa fazer antes de morrer, mas que nunca teve coragem. Um dos itens da lista é se mudar da mansão da família e ir morar sozinha, e isso é a primeira coisa que ela decide fazer. E chegando no prédio onde fica o tal apartamento escolhido, ela conhece Redford Morgan, ou só Red, o zelador cheio de tatuagens no estilo motoqueiro, bem diferente dela, e logo de início as farpas já começam a pipocar entre os dois. Chloe, com sua língua ferina, sempre o responde mal, com patadas ou com muito sarcasmo, e Red não deixa de pensar que ela o detesta sabe-se lá Deus por que motivo. Mas, depois que Red ajuda Chloe a sair de uma enrascada onde ela foi salvar um gato mas quem acabou precisando de socorro foi a própria, ela começa a considerar a ideia de que, talvez, ele não seja um completo imbecil e, talvez, ele poderia ajudá-la a realizar algumas das tarefas da sua lista...

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre os pontos de vista de Chloe e Red, e essa alternância é bem marcada pois o jeito de falar de cada um demonstra não apenas suas personalidades, mas a diferença de classe entre os dois e o que isso impacta em suas vidas. Enquanto Chloe é mais certinha (mesmo que grossa), Red é mais desleixado e desbocado. Eu confesso que demorei muito mais do que gostaria pra finalizar a leitura desse livro porque a história não me prendia de jeito nenhum. Talvez o problema tenha sido o excesso de comparações e metáforas, ou a forma como a autora intensifica e engrandece demais os sentimentos e as sensações dos personagens em situações e coisas ínfimas (então quando algo maior acontece, o impacto acaba sendo zero), ou a grosseria de Chloe.
Chloe é negra, gorda, e os sintomas da fibromalgia acabaram afetando a formação de sua personalidade. Ela é rica, empoderada e muito decidida, mas não dá pra ficar o tempo inteiro sorrindo, saltitando e sendo feliz por aí quando fazer atividades simples como escovar os dentes ou dormir são um completo martírio devido as dores que não tem fim, logo o mau humor que ela carrega se justifica até certo ponto. Só acho que, embora ela tenha uma bagagem enorme, as patadas gratuitas que ela dá em Red enquanto ele parece achar tudo lindo e maravilhoso não se justificam. Por mais que a pessoa seja mau humorada, também não dá pra viver dando patadas em todo mundo, principalmente quando a pessoa só está sendo gentil.

A história também não é sobre Chloe ser negra e gorda. Existe, sim, a representatividade da mulher negra, gorda e com alguma limitação, mas a história não gira exclusivamente em torno disso, não existe discussão de raça, não se trata de uma luta por aceitação, não tem nada de problemas ou preconceito relacionados a cor da pele ou ao peso de ninguém. As características físicas de Chloe são apenas características físicas, e ela é uma pessoa como qualquer outra, onde seus conflitos, como o estilo de vida e as dificuldades que ela enfrenta devido a fibromalgia, ou no que diz respeito ao relacionamento com Red (que é branco), não tem ligação nenhuma com aparência. É exatamente assim que a sociedade em que a gente vive deveria enxergar cada indivíduo, e a autora (que também é negra) foi muito feliz em desenvolver a história dessa forma. Então, mesmo que haja temas importantes, a história é um romance, logo o foco está na relação entre Chloe e Red e na ideia de que por mais que ela seja dona de si e tenha tido a iniciativa de mudar de vida, ela precisou da ajuda de Red pra isso. E claro, não posso esquecer de mencionar os momentos mui calientes e até explícitos que eles vivem juntos que fazem dessa leitura indicada pro público adulto. O fogo, meupai.

Red é o oposto de Chloe. Ele passou por um relacionamento muito abusivo e isso abalou não só sua autoestima e sua confiança, mas seu maior dom, que é a pintura. Red está tentando recomeçar, se ajeitando e colocando a vida de volta nos trilhos. É mais comum que num relacionamento tóxico a vítima seja a mulher, mas aqui quem sofreu na mão de uma maluca foi Red. E a gente acaba tomando as dores dele e torcendo muito pra ele ser feliz, porque ele é um cara tão legal e que merece o mundo. Claro que ele tem seus defeitos, tem hora que a noção dessa criatura passa correndo lá atrás, mas é impossível não sentir empatia por ele. Ele inclusive é um dos poucos que percebe a mulher incrível, sensível e engraçada que Chloe é (sim, lá no fundo ela não é uma pessoa tão metida e chata como aparenta), e nem trata ela como coitada. Ele respeita e entende a condição dela de uma forma super bacana. Por isso que quando Chloe o trata mal, a vontade é de dar um sacode nela. Mulher, pelo amor de Deus!

Enfim, as últimas páginas fizeram com que meus sentimentos de antipatia por algumas situações, e até da própria Chloe, chegassem ao fim e percebi que a história, mesmo que tenha demorado pra me prender, valeu a pena. A gente sempre lê esses romances, ainda mais os que trazem as famigeradas cenas hot, com protagonistas de corpo escultural e cabelos esvoaçantes que nem parecem gente como a gente, então acredito que leitoras que tenham as mesmas características de Chloe (olha eu acima do peso aqui), ou que convivam com alguma doença crônica, devam se sentir bastante representadas. Inclusive já fiquei curiosa pelos livros das outras irmãs.
Pra quem quer uma história bem humorada, que faz a gente refletir, e no final deixa aquele quentinho no coração, eu recomendo.