Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 392
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 392
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Passar o verão numa ilha remota não era o plano de Claudine Henry. Ela deveria estar viajando de carro com sua melhor amiga, aproveitando cada minuto antes de ir para a faculdade. Mas depois que seus pais anunciam o divórcio, o mundo dela vira de cabeça para baixo ― e Claude vai parar nesse destino improvável, acompanhando a mãe que tenta se reconstruir depois da separação. Ali, a garota não tem internet, sinal de celular ou amigos. Até que conhece Jeremiah. Com o espírito livre e um passado misterioso, a química entre os dois é imediata e irresistível. Enquanto vivem aventuras pelas praias, dunas e florestas, Claude e Miah tentam não se apaixonar ― afinal, esse relacionamento tem os dias contados. Mas talvez viver esse romance seja exatamente o que Claude precisa para começar a escrever sua própria história feliz...
Resenha: Claudine, ou Claude, é uma adolescente de dezoito anos que vive em Ohio e está terminando o ensino médio. Sua mãe é escritora e é a pessoa mais legal e compreensiva do mundo, seu pai trabalha numa faculdade e adora usar camisas de bandas dos anos 90. Ela também tem uma melhor amiga, Saz, com quem planeja fazer uma viagem fantástica logo depois da formatura, e que sempre está ali para o que der e vier. Claude, como a maioria dos adolescentes, está com os hormônios a flor da pele, e não para de pensar em como e quando será sua primeira vez, e mesmo que ela esteja se guardando pra outro cara, ter um rolo com Shane, um menino que estuda na mesma escola que ela, proporciona a ela algumas experiências preliminares que não só colocam o sujeito em banho-maria, como a deixa mais desesperada por sexo ainda.
Mas, quando seus pais anunciam que estão se divorciando, tudo na vida de Claude muda. Sua viagem com Saz já era, e agora ela precisa acompanhar a mãe, que está arrasada e que só quer ocupar seu tempo, passando algumas semanas numa ilha remota e cheia de histórias, onde seus antepassados viveram. Sem internet e sem sinal no celular, Claude fica sem rumo, até conhecer Jeremiah, um garoto diferente de todos aqueles que ela já conheceu. O interesse é recíproco, a química é inegável, e talvez um relacionamento com prazo de validade seja o que ela precisa pra dar uma guinada na vida...
A narrativa é feita em primeira pessoa e a escrita da autora é bem fluída. As descrições do cenário são ricas e lindíssimas, sendo possível que o leitor sinta a magia da ilha, a brisa do mar, os pés se enterrando na areia ou na lama do pântano, visualize a desova das tartarugas marinhas, se encante pelos vaga-lumes, enfim, é tudo bonito demais.
A autora usa várias metáforas e frases de efeito que funcionam na maioria das situações, muita coisa que aparece nos diálogos de Claude e seus amigos acabam servindo como um tipo de lição de moral, ou pra causar uma reflexão sobre tabus da sociedade que dizem respeito ao machismo, patriarcado, virgindade, sexualidade e afins. No começo não achei muito legal porque é estranho uma personagem tão infantil "militando" por aí, mas a medida que ela vai se reconstruindo, as coisas vão se encaixando melhor.
"A virgindade é uma construção social idiota criada pelo patriarcado"
A história demora um pouco pra engatar e acho que a construção inicial da protagonista seja a maior responsável por isso. Claude é uma adolescente que tem suas questões adolescentes, principalmente a curiosidade por sexo e pela primeira vez por causa dos hormônios incontroláveis, mas o jeito como ela pensa em sexo e virgindade 24hrs por dia, ou a forma como ficava atiçando seu ficante, chega a ser muito cansativo, num ponto que, pra mim, foi até desconfortável, principalmente porque ela se comporta como uma criança, e em alguns momentos eu me esquecia que ela já era maior de idade e pensava o quão preocupante é uma "criança" pensando em sexo daquele jeito. Talvez seja exatamente assim que alguns adolescentes se sintam até que a vida se encarregue de ensinar as coisas, e acho que a intenção da autora tenha sido mostrar essa imaturidade e o quanto isso é irritante e digno de pena, até Claude perceber, de uma forma bem lenta, que o mundo não gira ao redor do seu próprio umbigo. Ainda assim, não deixa de ser um pouco cansativo acompanhar tanta chatice vinda de uma personagem só por uma quantidade considerável de páginas, e eu não via a hora disso acabar. E agradeço por ter acabado.
"Porque depois de sofrer uma perda, você se torna um fantasma no próprio corpo. Você se vê fazendo e dizendo coisas que não faria ou diria normalmente. Você precisa de algo que mantenha seus pés no chão e que prove que você ainda está aqui. Precisa de um jeito de sentir alguma coisa. Qualquer coisa."
O que importa é que enquanto o tempo passa, as experiências que ela tem na ilha vão moldando sua percepção de mundo. Ela começa a descobrir coisas bem interessantes sobre a ilha, sobre a história de seus ancestrais junto com sua mãe (que está lá reunindo vários documentos familiares), sobre o relacionamento de seus pais, e, claro, sobre si mesma. Jeremiah é uma parte muito importante nessa jornada de Claude, pois, por mais desapegado e cheio de segredos que ele seja, a medida que eles se envolvem com mais intensidade, ela começa não só a desvendá-lo gradualmente, mas também começa a enxergar e a entender coisas que antes estavam muito além de sua compreensão limitada. Então, a partir do momento que esse amadurecimento começa a acontecer e as coisas começam a rolar de uma forma mais natural e real, a história vai ficando muito mais interessante, envolvente e emocionante, até mesmo no que diz respeito às questões sexuais de Claude e as expectativas dela com relação a primeira vez, que nem sempre acontece da forma linda e maravilhosa como a gente acha que vai ser. E isso me fez considerar que vale muito a pena passar pelo suplício que é o início da leitura pra ser recompensada depois, e por mais que o desfecho não seja totalmente fechado e tenha me feito ficar triste com a forma como tudo aconteceu e acabou, ainda foi muito satisfatório pra mim porque entendi que não tinha outra forma de ser.
"A vida é um acúmulo de dores. Elas nos preenchem e nos tiram o ar e achamos que nunca mais vamos conseguir respirar. Mas antes de nos darmos conta, somos apenas palavras em um papel, silenciados e adormecidos até que alguém encontre essas palavras e as leia."
Ao final da leitura, a autora escreve seus agradecimentos, e podemos entender o motivo desse livro ser o mais pessoal que ela já escreveu. Ela se baseou nas próprias experiências pra escrever a história de Claude e Miah, e fala disso de uma forma tão íntima e bonita que é impossível não se emocionar. Eu mesma fiquei com os olhos cheios de lágrimas.
Sem Ar é um livro que nos mostra que nem sempre as coisas estão sob nosso controle e que nem sempre conhecemos as pessoas próximas de nós como pensamos conhecer, mas a medida que amadurecemos e vamos tendo novas experiências, principalmente aquelas que parecem tirar nosso chão fazendo tudo desmoronar, somos capazes de nos conectarmos com nosso eu interior, e controlar a maneira como lidamos com situações difíceis e delicadas para seguir com a vida. Claro que temos que pensar no futuro, traçar planos, ter sonhos e objetivos na vida, mas também temos que viver e aproveitar o presente, como se não houvesse amanhã. Ás vezes tudo começa quando a gente pensa que tudo acabou...