Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Gênero: Alta Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 560
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Ano após ano, Corayne assiste sua mãe, uma célebre pirata, partir para o alto-mar e desbravar todos os reinos de Todala, sem jamais poder acompanhá-la. Quando um misterioso imortal e uma assassina de aluguel aparecem dizendo que ela é a última descendente viva de uma poderosa linhagem ― e a única pessoa capaz de salvar o mundo de um perigo iminente ―, ela aproveita a chance para ir em busca de sua própria aventura.
O problema é que o perigo é muito maior do que ela imaginava: um homem sedento por poder, determinado a reabrir os portais que, no passado, levavam para outros mundos, povoados por criaturas sinistras. Com a ajuda de um grupo de bandidos e maltrapilhos, Corayne terá de provar que o heroísmo pode surgir até nos lugares mais inesperados.
Resenha: Destruidor de Mundos é o primeiro volume da trilogia Realm Breaker, escrita pela autora Victoria Aveyard e publicado no Brasil pela Editora Seguinte.
Todala é um reino vasto que está na mira de Taristan. Ele é um homem sedento por poder que está numa missão que envolve abrir os Fusos adormecidos, que são portais para outros reinos. Na batalha épica que inicia a história, Taristan abre um desses Fusos utilizando uma espada especial e liberta criaturas terríveis que acabam aniquilando todos os heróis que tentavam defender Todala. Agora, sem heróis e com o risco de Taristan continuar abrindo os Fusos para desencadear o caos, quem serão os novos heróis que terão que proteger o mundo desse perigo?
Partindo dessa premissa, somos apresentados a Corayne an-Amarat, uma jovem que aparentemente, não tem nenhuma habilidade especial. Desde sempre ela assiste sua mãe, uma mulher forte e destemida, capitã de um navio pirata, partir para desbravar os reinos de Todala contrabandeando tudo que o reino proibe. Sua maior vontade era sair navegando pra viver uma grande aventura, mas sua mãe nunca permitiu que ela a acompanhasse em suas navegações criminosas.
Até que Domacridhan (ou Dom, ou Vedere, ou Ancião), um misterioso imortal de 500 anos, e Sorasa, uma assassina, aparecem dizendo que Corayne é a última descendente de uma linhagem ancestral e poderosa, e que ela é a única pessoa capaz de salvar o mundo do grande perigo que se aproxima. Porém, Corayne não poderia imaginar que essa aventura seria muito mais perigosa do que parece, pois ela não tinha ideia do poder de Taristan e o que ele é capaz de libertar ao abrir os Fusos. Outros personagens também vão aparecendo ao longo da aventura para formar essa guilda, como Andry Trelland, o escudeiro; Valtik, uma bruxa que fala em enigmas chamados; Charlton, um falsificador com um passado secreto; e Sigil, um caçador de recompensas com contas a acertar. Assim, Corayne, com ajuda de seu grupo peculiar, precisa lidar com esse perigo e mostrar que é possível se tornar uma heroína, mesmo que em lugares desconhecidos e de formas inesperadas.
A narrativa é feita em terceira pessoa e os capítulos são divididos pelo ponto de vista de seis personagens. Às vezes o capítulo termina e pula pra um personagem que não está presente naquela cena anterior, e isso acaba cortando a fluidez da situação, principalmente quando é uma cena cheia de ação.
Por ter gostado bastante da série da Rainha Vermelha, eu fui com as expectativas lá nas alturas pra ler Destruidor de Mundos, e me surpreendi pois são estilos totalmente diferentes. Enquanto a primeira série tem aquela pegada distópica juvenil com direito a triângulo amoroso, Realm Breaker é uma alta fantasia que foi inspirada em Senhor dos Anéis e a jornada da Sociedade do Anel. Ela é voltada a um público mais adulto devido ao estilo narrativo, aos personagens e à construção de mundo. A escrita da autora dispensa comentários, mas aqui ela parece ter pecado pelo excesso de detalhes que só enchem a história mas não contribuem muito para o entendimento, e senti que a leitura foi um tanto maçante e difícil em alguns pontos. Entendo que o primeiro volume de uma saga desse tipo costuma ser introdutório para que os leitores tenham o máximo de informações pra compreender esse novo universo, mas quando não há informações "didáticas", ou quando essas informações soam confusas a ponto de deixar o leitor perdido, acaba sendo um problema. É aquele tipo de história que começa e você não entende quase nada (recomendo inclusive a reler o prólogo lá pela metade do livro), fica esperando explicações sobre lá na frente, mas as respostas não vem e você fica a ver navios. Então, se você é aquele tipo de leitor que gosta de devorar livros num único dia, talvez com esse, a coisa não vá funcionar. O mundo é apresentado devagar, e as conexões entre os personagens também, afinal, não se pode confiar em qualquer um que acabou de aparecer, e é preciso construir essa relação de confiança aos poucos. Um ponto legal é que os supostos heróis não são invencíveis, logo eles também precisam de proteção, e isso rende várias cenas bem humoradas na história.
Este também não é um livro sobre o desenvolvimento dos personagens, ele foca mais na construção de suas relações até que se torne algo mais sólido. Apesar de sabermos como os personagens são e como agem, o livro aborda muito mais o funcionamento desse universo, mostrando basicamente qual o papel de cada personagem e o que eles vão fazendo ou aprendendo durante a jornada. Então, é impossível não sentir falta de um maior aprofundamento, principalmente quando um personagem é interessante, então já fiquei ansiosa pelo segundo volume para ter um gostinho a mais de cada um deles..
Embora Corayne seja a protagonista, ela não tem um maior destaque no grupo, pois todos tem sua importância alí. Corayne parece estar deslumbrada com sua primeira viagem e os locais que ela visita, mostrando que ela ainda é bem ingênua, mas ela é inteligente, pensa rápido e tem talento pra ler mapas. Porém, ela ainda não tem a experiência que os outros da guilda tem, então ficamos esperando que ela se torne tão interessante quanto eles.
Há um mapa no livro e eu me vi consultando o bendito a cada minuto, pois são muitas cidades, os personagens ficam num vai-e-vem sem fim, são muitas viagens de navio, e sem um mapa é quase impossível se situar. Mas ainda assim a geografia é impressionante e super bem feita. Alguns termos no início podem ser difíceis de se acostumar, são muitos nomes esquisitos pra memorizar, mas chega num ponto onde você já nem percebe mais essa "dificuldade".
A autora também não romantiza tragédias e situações horripilantes. Enquanto em outras histórias sangrentas e cheias de ação acompanhamos os personagens rindo na cara do perigo, aqui podemos ver como situações de crise extremas deixam os personagens abalados e posteriormente necessitados de cuidados e uma boa recuperação. Eles hesitam, sentem medo e raiva, ficam traumatizados e fragilizados, e isso mostram o quanto são humanos e verdadeiros independente de terem poderes mágicos ou não. Aqui, a preocupação em salvar o mundo da destruição é muito maior do que qualquer coisa, afinal de contas, não tem como fazer nada na vida se o mundo acabar e todos estiverem mortos, embora isso não anule as pequenas expressões de afeto que estão alí, mesmo que bem discretas, mostrando que é impossível se privar de todo e qualquer sentimento, independente das circunstâncias. Então, fiquei muito feliz em não ter romance nesse livro, principalmente considerando o gênero, e acho que mais autores deviam seguir esse exemplo. Não é preciso existir um romance pra se criar boas histórias.
No mais, apesar de ter um tanto arrastado, Destruidor de Mundos é uma fantasia épica incrível e cheia de ação que vai conquistar os fãs do gênero. Recomendo e já estou na expectativa do volume 2.