Autora: Leigh Bardugo
Editora: Planeta/Minotauro
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Editora: Planeta/Minotauro
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2021
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: O boi sente o jugo, mas será que o pássaro sente o peso de suas asas? Na aguardada continuação de Sombra e Ossos, Alina e Maly precisam fugir das garras do Darkling após o terrível confronto na Dobra das Sombras. Apesar de finalmente ter se reunido com a pessoa mais importante de sua vida e de se ver livre do controle de Darkling e das pressões da corte, Alina está atormentada pela culpa depois dos acontecimentos na Dobra. Mas não há tempo para reflexões quando o seu principal objetivo é sobreviver. Nessa fuga frenética, em que precisa correr por sua vida e pelo destino de seu país, a Conjuradora do Sol acaba encontrando aliados – e inimigos – em figuras que nunca imaginou, como no corsário misterioso que é muito mais do que aparenta ser. Por sua vez, o Darkling está mais poderoso e determinado do que nunca. Com um novo poder assustador e extremamente perigoso, ele não irá poupar esforços para encontrar Alina e conquistar o trono de Ravka. O cerco está se fechando.
Resenha: Sol e Tormenta é o segundo volume da trilogia Grisha, escrita pela autora Leigh Bardugo, e dá sequência aos acontecimentos finais de Sombra e Ossos. Por esse motivo, a resenha pode ter spoilers do livro anterior!
O livro parte do ponto onde o anterior parou, com Alina e Maly fugindo do Darkling. Por estar sendo caçada por ele, ela esconde seu amplificador para que ninguém veja, e os dois vão tentando ao máximo possível passar despercebidos em meio as pessoas. Como Alina pára de usar seus poderes a fim de não chamar atenção de ninguém, ela começa a ficar pálida e fraca, então Maly continua fazendo papel de protetor, sempre cuidadoso e preocupado. Mas isso não foi o suficiente, e o Darkling não demora a encontrá-los. Com a ajuda do corsário Steamhold e sua tripulação, eles cruzam o Mar Real, e nessa viagem ela encontra tanto inimigos quanto aliados, e a busca por um segundo amplificador começa... E quando ele é encontrado, tudo muda, e Alina decide, com ajuda de Nikolai, o segundo filho do rei, partir pra Osalta numa tentativa de tomar o comando do segundo exército para reunir forças contra as ameaças do Darkling. Porém, devido ao conflito que aconteceu da Dobra das Sombras, muitas pessoas acreditaram que Alina não tinha sobrevivido, então, quando ela chega ao Palácio, ela vai precisar lidar com a desconfiança do rei, que não sabe se ela é capaz de comandar um exército inteiro de Grishas (que também desconfiam dela) e quais são suas reais intenções (já que em sua fuga ela deixou o povo pra trás), e começa a tratá-la como se ela fosse uma pessoa qualquer. Alina, então, vai precisar conquistar a confiança de todos para provar que é capaz de derrotar o Darkling se tiver a ajuda necessária.
Nesse meio tempo, ela acaba tendo acesso ao livro "A Vida dos Santos", e Alina faz uma associação do conteúdo desse livro com a posição em que ela se encontra, um tipo de "santa" da qual as pessoas tem fé e acreditam ser a salvação. Ela acredita que as informações do livro são pistas do que ela deve fazer e seguir, e a partir dalí ela vai em busca desses itens para se fortalecer, numa tentativa de vencer essa guerra.
Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando o ponto de vista de Alina nessa saga contra o Darkling. Ela ganhou um novo poder e começou a refletir sobre tudo, se questionando sobre o que é certo e errado, lidando com o sentimento de solidão constante mesmo que esteja cercada de gente, se sentindo culpada por tudo o que aconteceu e pelo "novo" comportamento de Maly, principalmente quando Nikolai sugere uma aliança com Alina que, embora aparentemente pudesse ajudar nessa jornada, tiraria Maly do sério. Mesmo que ela tome algumas decisões questionáveis e fique num vai e vem de evolução/retrocesso, ela é esperta, pega muitos detalhes úteis no ar, e está aprendendo cada vez mais a se impor quando pensa no quão importante é seu papel nessa guerra terrível, logo ela não poderia se dar ao luxo de se preocupar com as birras (sim, birras ridículas) que Maly faz. O abençoado está mais egoísta, inseguro e infantil do que nunca, acha que namorar com Alina lhe dá o direito de controlá-la ou tomar decisões por ela, não consegue aceitar e lidar com a ideia de que ela se tornou uma pessoa poderosa desde que descobriu ser uma Grisha, fica se lamentando porque sente falta da Alina sem poderes de antes, e fica se fazendo de vítima, se colocando numa posição inferior para que ela se sinta culpada por ele estar infeliz e por ela não colocá-lo em primeiro lugar em sua vida, mesmo que uma fucking guerra gigante esteja pondo a vida de toda a Ravka em risco. Ele parece um peso morto que ela precisa carregar sem motivo nenhum. A criatura não parece entender que a realidade agora é outra, que os poderes dela talvez sejam a única chance que eles tem, e que se apegar no passado ou no que poderia ter sido se fosse diferente não serve de nada. E como Alina ama esse completo imbecil, sua dependência emocional fica evidente, ela realmente se culpa em vez de mandá-lo pastar, e esse "romance" irritante e sem um pingo de química acaba tirando boa parte da graça da história. No começo cheguei a considerar que o problema com Maly pudesse estar na narrativa que traz exclusivamente o ponto de vista de Alina, e quem sabe ela estivesse o interpretando errado, não é mesmo? Penso que se a autora tivesse escrito um mísero capítulo com o ponto de vista de Maly, talvez fosse possível compreender esse comportamento detestável, mas não. Quanto mais páginas se passam, mais birra o dito cujo faz, a ponto dele achar que ir lutar com os Grishas, como se ele fosse um galo de briga querendo mostrar que é dono de si e sabe se virar sozinho, fosse uma boa ideia. É vergonhoso. E a coisa toda fica pior pro lado dele quando Nikolai entra em cena, porque, por mais que ele seja sarcástico e "liso", ele não só incentiva, mas mostra e ensina pra Alina o que é ser uma verdadeira líder, e em companhia dele, ela literalmente brilha e fica cheia de atitude.
Dito isso sobre esse romance miserável que ganhou muito mais espaço do que deveria, basicamente são os personagens secundários que carregam o livro nas costas, principalmente Nikolai que chega roubando todo o protagonismo da história sem pedir licença. A coisa toda fica pior pro lado de Maly quando ele entra em cena, porque por mais que Nikolai seja sarcástico e impossível, ele não só incentiva e apoia, mas mostra e ensina pra Alina o que é ser uma verdadeira líder, e em companhia dele, ela literalmente brilha, pra desgosto e ofuscamento eterno do mala do Maly. Nikolai é super inteligente e carismático, e quando há um diálogo divertido e afiado, pode ter certeza que a fala partiu dele.
O Darkling também tem uma presença marcante nas poucas vezes em que aparece, e ele continua sagaz, implacável, manipulador, e mais cruel do que nunca, seja pelo grande poder que tem, ou pelas estratégias que ele vai colocando em prática acima de tudo e todos pra conquistar seus objetivos sombrios. O fato de Alina ter várias "visões" com ele trazem momentos de bastante tensão pro desenrolar da trama.
No mais, Sol e Tormenta amplia esse universo dos Grisha mostrando todo o potencial que a história tem e ainda pode ter, mas é um volume que, por mais reviravoltas que tenha, se arrasta em muitos pontos sem que nada aconteça, com dramas descartáveis e com esse romance deplorável demais pra se aturar. Não acho que o livro tenha sido atingido com a "maldição do segundo volume", é uma boa continuação, com acontecimentos importantes e necessários para dar prosseguimento à saga, mas se a autora não tivesse gastado tantas páginas tentado enfiar esse romance falido goela abaixo dos leitores, a experiência teria sido muito melhor.
Agora fico aqui, iludida e shippando Alina com Nikolai, e desejando que Maly seja desintegrado e vire pó... Seria pedir muito?