Título: A Ponte Entre Reinos - A Ponte Entre Reinos #1
Autora: Danielle L. Jensen
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Fantasia/New Adult
Ano: 2022
Páginas: 416
Nota:
★★★★☆Sinopse: Lara é uma princesa treinada para ser uma espiã letal. Ela tem duas certezas: 1) o rei Aren de Ithicana é seu maior inimigo; 2) ela será a responsável por destruí-lo.
Por ser a única rota possível num mundo assolado por tempestades, a ponte de Ithicana gera poder e riqueza — e a miséria dos territórios vizinhos, entre eles a terra natal de Lara. Então, quando é enviada para cumprir um acordo de paz e se casar com Aren, Lara está decidida a descobrir todas as fraquezas desse reino impenetrável.
Mas, conforme se infiltra em seu novo lar e entende o preço que Ithicana paga para manter o controle da ponte, Lara começa a questionar suas convicções. E, quando seus sentimentos por Aren passam da hostilidade para uma paixão intensa, ela terá de escolher qual reino vai salvar — e qual vai destruir.
Resenha: Localizado ao sul, Maridrina é um reino de miséria, onde a fome e a escassez assolam a população. Em contrapartida, os reinos do norte possuem muita fartura, e as pessoas vivem com o mínimo de dignidade. Porém, por serem reinos continentais, Maridrina e Harendell estão divididos por mares muito extensos, que na maior parte do ano são tempestuosos e mortais, o que invibializa a navegação para realizar rotas comerciais para que o reino do sul receba os suprimentos necessários para a sobrevivência do povo. Entre os continentes, existe o reino de Ithicana, ou o Reino da Ponte, formado por pequenas ilhas compostas por áreas selvagens, perigosas e infestadas por cobras. Essas ilhas cortam o oceano, o que possibilitou a criação de uma ponte imensa que faz a ligação entre os dois continentes. Mas, supostamente, não é isso o que acontece por causa do rei de Ithicana, que tem controle sobre o único meio de acesso que existe, impedindo a prosperidade em Maridrina. A ponte permite o comércio entre reinos vizinhos, e quem controla a ponte controla o comércio.
O rei de Maridrina, Silas, teve vinte filhas com suas concubinas. Desde crianças todas elas viveram reclusas no Deserto Vermelho, sendo submetidas a um treinamento intenso para se tornar espiãs e assassinas letais. Elas passaram a vida inteira acreditando que a miséria que assola Maridrina era culpa do rei tirano e cruel de Ithicana, e que a única forma de salvar seu povo era forjar uma aliança entre os reinos. Assim, por meio de um tratado de paz feito com o reino inimigo, uma das princesas foi prometida em casamento com Aren Kertell, o 37º rei de Ithicana, sem que ele soubesse qual das filhas seria, mas a verdadeira missão por trás desse casamento arranjado era que a princesa escolhida se infiltrasse, usasse suas habilidades secretas de espiã para descobrir as fraquezas do reino, e assassinar Aren para que a ponte fosse invadida e tomada. Após um evento único, Lara Veliant, aos vinte anos, foi a princesa escolhida para cumprir as ordens do pai.
Quando Lara chega a Ithicana com ódio no coração, ela espera viver os piores dias de sua vida até que acabasse com a vida do marido mas, com o passar do tempo, ela percebe que o rei não é nada parecido com quem ela pensava. Aren é leal, corajoso, inteligente e honrado, muito diferente do monstro que ela foi levada a acreditar que ele seria, e que havia algo muito maior por trás do controle da ponte que ela não fazia a menor ideia. O misto de sentimentos que ela passou a ter diante de sua nova condição e das descobertas que fez muda, fazendo com que ela passe a questionar as próprias convicções. A medida que a verdade dolorosa sobre o conflito político dos reinos vem à tona, Lara percebe que as consequências do plano de seu pai serão inevitáveis, e ela vai precisar decidir de que lado irá ficar e por quem lutará.
Antes de mais nada, por mais que a autora tenha classificado o livro como uma "fantasia realista", não acho que A Ponte Entre Reinos seja um livro de fantasia. Magia, elementos sobrenaturais, seres mágicos e afins passam longe daqui. O único elemento de "fantasia" no livro é o mundo alternativo (e bem interessante) que a autora criou pra servir como pano de fundo para o romance entre Lara e Aren em meio a uma trama política cheia de segredos obscuros e absurdos.
Narrado em terceira pessoa e com capítulos que se alternam entre Lara e Aren, o livro instiga o leitor, seja pela curiosidade pela criação do universo de Maridrina e a Ponte que conecta os reinos, assim como o desenvolvimento do romance, aparentemente improvável, entre dois inimigos declarados.
Lara é uma personagem que claramente foi criada para ser forte, fodona e admirável, assim como Aren está alí pra arrancar suspiros com sua bravura feat. gostosura, mas me incomodou um pouco o fato da autora colocar várias conveniências no meio dos acontecimentos pra evidenciar algumas características ou facilitar algumas situações. Lara, mesmo que seja inteligente e sagaz, passa muuuito tempo se fingindo de boba pra não levantar suspeitas, então sobra pouco espaço pra vermos ela demonstrar suas habilidades mortais, e eu senti falta de ver ela em ação pra mostrar o quanto é destemida como a autora apresentou. Por mais que os diálogos e a interação entre o casal fossem dinâmicas e interessantes, a desconfiança entre eles seja genuína, e a alternância das narrativas mostre o ponto de vista de um sobre o outro para sabermos o que se passa na cabeça de cada um, Aren percebeu que estava apaixonado do nada, sem que houvesse um desenvolvimento sólido que justificasse ele ter chegado a essa conclusão. As cenas calientes entre os dois começam a surgir de repente, e cheguei a me perguntar o que eu perdi por não ter entendido como aquilo aconteceu, e por isso achei o romance meio superficial.
Os pequenos momentos de alívio cômico ficam com a avó de Aren, uma velha obcecada com os dentes alheios e que passa horas no banheiro sentada no "trono". Os personagens secundários são bem construidos e tem uma boa presença, principalmente Ahnna, a irmã de Aren que faz parte da guarda do reino e parece esconder muitas coisas. A ambientação, às vezes, é um pouco confusa e em alguns pontos eu não sabia se os personagens estavam em terra firme ou se estavam navegando por aí, só sei que eles enfrentavam bichos e perigos onde estivessem.
A escrita flui bem e é descomplicada, e a história, mesmo que tenha suas falhas, é interessante, e por mais que o clichê do enemies to lovers, casamento arranjado e traições necessárias para um bem maior sejam fatores que estejam presentes, é uma leitura que vale a pena e envolve do começo ao fim. Nas últimas páginas eu comecei a suspeitar da índole de uma personagem em específico, mas as reviravoltas acabaram com minhas suspeitas e percebi que o livro não é nada previsível.
O final fica totalmente em aberto deixando os leitores com a cara na poeira, desesperados pela continuação, loucos pra saber o que vai acontecer, e como Lara vai meter a cara pra conseguir resolver o problema estratosférico envolvendo Aren, Silas e o futuro dos reinos. Sendo assim, pra quem gostou e se empolgou com a história, só resta pedir pelamordedeus pra Seguinte não demorar a publicar o segundo volume, The Traitor Queen. E eu estou bem curiosa.
A Ponte Entre Reinos é o primeiro volume da série (ainda não finalizada) de mesmo nome, escrita pela autora Danielle L. Jensen. Embora a história se passe no mesmo universo, os dois primeiros volumes (A Ponte Entre Reinos e The Traitor Queen), assim como o volume extra (#3.5 The Calm Before the Storm), são dedicados a contar a história de Lara e Aren. The Inadequate Heir, o terceiro livro, traz a história das personagens Keris e Zarrah, até então. Atualmente a autora está escrevendo o quarto volume, que dá continuidade à história das mesmas personagens do terceiro livro, mas ele ainda não possui título definido.