Autora: Lia Louis
Editora: Paralela
Editora: Paralela
Gênero: Romance
Ano: 2022
Páginas: 304
Nota:★★★☆☆
Ano: 2022
Páginas: 304
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Qualquer coisa poderia ter acontecido naquele dia. Mas Noelle nunca imaginou que uma nevasca fecharia a estrada e ela passaria a noite parada no trânsito, sozinha, sem comida, água ou um carregador de celular. E sequer pensou que, de repente, estaria sentada no carro do charmoso Sam, um norte-americano em uma breve visita à Inglaterra, tendo a melhor conversa de sua vida – por oito horas perfeitas. Mas Sam está a caminho do aeroporto e ambos sabem que, no dia seguinte, seus caminhos se separarão para sempre. Mas e se o destino reservar um plano diferente para eles?
Resenha: Noelle Butterby é uma mulher de 32 anos que parou sua vida e interrompeu todos os seus sonhos pra viver em função de sua mãe, que teve um derrame há 6 anos e desde então está muito fragilizada e não sái mais de casa. Como se isso já não fosse complicado o bastante, Noelle ainda está tentando lidar com o término de seu namoro com Ed, que durou 12 anos.
Depois de uma visita meio mal sucedida em sua antiga faculdade onde seria aberta uma cápsula do tempo, Noelle está voltando pra casa mesmo com vários avisos sobre o mau tempo e a nevasca na Inglaterra. A nevasca inclusive impediu que Noelle recuperasse uma câmera enterrada que ela queria muito e que pertenceu a uma amiga dela que havia falecido. Na volta, as condições do tempo deixaram as estradas engarrafadas e o trânsito completamente parado. Sem bateria no celular, Noelle começa a ficar desesperada já que não tem como ligar pra casa e avisar sua mãe que ela está presa. Até que o inesperado acontece: Sam, um americano muito charmoso que estava a caminho do aeroporto mas ficou preso no trânsito ao lado dela, oferece ajuda e permite que Noelle vá carregar o celular em seu carro. Noelle aceita a gentileza por pura necessidade e entra no carro de Sam, e eles acabam passando 8 horas juntos conversando sobre a vida pra passar o tempo, e esperando que a estrada fosse liberada para que cada um seguisse seu caminho e provavelmente nunca mais se verem. Mas será que esse encontro realmente seria o último?
A história de Oito Horas Perfeitas é baseada no "Akai Ito", ou "Fio Vermelho", uma lenda chinesa que se espalhou pela Ásia há mais de dois mil anos. Essa lenda conta que no momento do nascimento, os deuses amarram um fio vermelho invisível nos tornozelos daqueles que estão predestinados a se encontrarem um dia, verdadeiras almas gêmeas, independente do tempo que leve até isso acontecer. Mais cedo ou mais tarde os caminhos dessas pessoas vão se cruzar, e as coisas vão se encaixar do jeito que foi "escrito". Embora a autora foque bastante nessa questão de destino, não nego que é algo que traz reflexões não só sobre o amor entre duas pessoas que estão descobrindo fatores que podem determinar seus futuros enquanto tentam deixar o passado pra trás, mas também sobre família e amizade, sobre representações relevantes de saúde mental e sintomas de ansiedade, sobre se encontrar, sobre descobrir seu propósito de vida e perseguir seus sonhos.
Noelle é aquele tipo de protagonista que a gente tem vontade de pegar pela mão, e no meu caso me vi um pouquinho nela por essa lado de abrir mão de tudo em prol de outro e deixar a vida passar. A preocupação pela mãe e a forma como ela se sente responsável é sufocante, é pesada, mas também é admirável. Mas, ainda assim não foi um livro que causou um grande impacto emocional em mim porque a maior parte do livro se passa com Noelle e Sam separados enquanto muito nada acontece. As 8 horas, que duram poucas páginas, são o tempo em que eles ficam presos no carro até Sam ir embora e agir como se aquilo não tivesse significado nada e Noelle, que sentiu uma conexão fortíssima alí, fica chateada pela frieza dele. Nem o telefone dela ele pediu e é impossível não se frustar com essa atitude e com várias outras que virão a partir dela. Mas é claro que as coisas não iriam acabar alí, algumas semanas depois eles se encontram por acaso de novo, e mais tarde isso acontece de novo, e de novo, e a gente começa a perceber que aquilo não pode ser mera coincidência e que algo mais forte existe alí, mas como Sam continua seco e evitando Noelle toda vez, não existe tensão romântica, a química é nula, e no final das contas eu nem queria mais saber se eles iriam ficar juntos ou não.
Uma coisa que me deixou bem incomodada é a forma como a autora inseriu e construiu Ed, o ex-namorado de Noelle. Ele foi seguir seus sonhos e depois voltou como se fosse o último biscoito do pacote, falando um monte de merda e querendo reatar o namoro sem se importar se isso era o que Noelle queria, só quis saber do que seria melhor e mais conveniente pra ele. Isso seria uma tentativa de fazer com que Ed fosse um tipo de "vilão" no intuito de ressaltar as qualidades de Sam e fazer parecer que ele era um cara mais legal quando na verdade Sam não fazia nada de especial? Poxa, a gente entende perfeitamente que Sam e Noelle estão presos no passado, seja a acontecimentos ou pessoas ligadas a eles, e isso de alguma forma impede que eles sigam em frente, mas as coisas acontecem de um jeito muito sem sal e infelizmente não consegui torcer por eles.
Eu gostei do livro e da forma como a autora equibra temas mais sérios com temas mais leves, mas com algumas ressalvas. Acho que a ideia que ele passa é mais um questionamento sobre estarmos destinados a algo maior baseado em crenças, ou se a vida se baseia em várias circunstâncias realistas e nossas escolhas nos levam até onde devemos chegar. Sendo assim, se a pessoa é mais cética e não acredita nessas coincidências, talvez a leitura não vá agradar muito, mas para aqueles que costumam ver o copo meio cheio e sempre tentam levar algo de bom de qualquer tipo de experiência, a leitura deve ser melhor aproveitada. A mensagem e a ideia do livro em si é ótima, mas a execução é que não me agradou pois achei a narrativa um tanto enrolada e cheia de conveniências. E nem digo isso pelos clichês, pelos inúmeros encontros e desencontros, ou pelo desfecho previsível, mas porque o livro demora pra engatar e não prendeu minha atenção a ponto de eu simplesmente não ter interesse nos personagens (e nem me importar com suas questões, por mais tristes que sejam).